Impetrante(s) : FIEMT - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS NO ESTADO DE MATO GROSSO

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1 1 de 5 08/09/ :17 Código: Processo Nº: 0 / 2014 Gerado em: 08/09/ :17 Partes Tipo: Cível Lotação: PRIMEIRA VARA ESPECIALIZADA DA FAZENDA PÚBLICA Livro: Feitos Cíveis Juiz(a) atual:: Roberto Teixeira Seror Assunto: COLETIVO DE NATUREZA PREVENTIVA, COM PEDIDO DE TUTELA LIMINAR Tipo de Ação: Mandado de Segurança->Procedimentos Regidos por Outros Códigos, Leis Esparsas e Regimentos->Procedimentos Especiais->Procedimento de Conhecimento->Processo de Conhecimento->PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO Impetrante(s) : FIEMT - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS NO ESTADO DE MATO GROSSO Andamentos 08/09/2014 Impetrado(a): GERENTE DE INFORMAÇÕES DE OUTRAS RECEITAS DA SECRETARIA FAZENDA DE MATO GROSSO Decisão->Concessão->Liminar Vistos, etc. Trata-se de Mandado de Segurança com pedido de liminar impetrado por FIEMT Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso em face de ato indigitado do coator Gerente de Informações de outras receitas da SEFAZ - DA SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE MATO GROSSO SEFAZ/MT, vindicando, liminarmente, a suspensão da exigibilidade da Taxa de Serviços Estaduais TSE, pela recepção, processamento e resposta a solicitação de cancelamento extemporâneo de NF-e/CT-e/NFC-e, até decisão final deste Writ. Sustenta, que é associação civil criada com intuito de defender os diretos e interesses gerais das indústrias que congrega, bem como para representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses das categorias econômicas e dos respectivos sindicatos, portanto, possui legitimidade para representar seus associados em juízo. Assevera que, em que pese o E. TJMT já ter ratificado a sentença favorável a Impetrante para que seja afastada a exação no que tange a cobrança da TSE de documento de arrecadação utilizado para recolhimento de tributos estaduais (inciso II da do artigo 90 da Lei Estadual 4.547/82), tal taxa vem sido cobrada pela recepção, processamento e resposta a solicitação de cancelamento extemporâneo de NF-e/CT-e/NFC-e, apesar de não estar inserida no rol do artigo 90 da Lei Estadual 4.547/82. Afirma que a cobrança de tal taxa é ilegal, uma vez que não é possível a sua exigência por meio de decreto do poder executivo, que estaria a usurpar funções do Poder Legislativo. Escuda sua pretensão à vista dos requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora.

2 2 de 5 08/09/ :17 Colaciona documentos de fls. 23 a 74. Em petição de fls. 75 a 77, pleiteou o aditamento a inicial, buscando afastar a incidência da TSE no pedido de autorização para envio de arquivo substituto da escrituração fiscal digital EFD, sob os fundamentos já elencados. Em síntese, é o relatório. Fundamento. Decido. O mandado de segurança é o remédio constitucional para proteger direito líquido e certo sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, conforme dispõe o inciso LXIX do art. 5º da Constituição Federal e art. 1º da Lei nº /09: Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. Dispõe ainda a supramencionada Lei que, em seu art. 7º, inciso III, que o juiz ordenará que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, (...). Outrossim, o mandado de segurança, em sede de matéria tributária, é o instrumento colocado à disposição do contribuinte para o controle da validade jurídica da tributação; bem ainda, sendo definido pelo professor Hugo de Brito Machado, como não apenas um instrumento colocado à disposição para o controle de legalidade e da constitucionalidade da exigência do tributo, mas também do lançamento tributário em todas as suas fases e ainda de todo e qualquer ato praticado por autoridade da Administração Tributária. Desde que o direito a ser tutelado seja líquido e certo, será cabível o mandado de segurança contra ato desprovido de validade jurídica, praticado por qualquer autoridade da Administração Tributária, de qualquer dos níveis governamentais. Assim, à vista da nova legislação que passou a disciplinar o mandado de segurança (art. 7º, inciso III, da Lei /2009), para a concessão de medida liminar, mister a presença dos seguintes requisitos: que os fundamentos da impetração sejam relevantes (fumus boni iuris) e a possibilidade do ato impugnado resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida (periculum in mora). Pois bem. Na hipótese, o requerente busca a concessão da medida liminar para o fim de suspender provisoriamente à cobrança da Taxa de Serviços Estaduais pela recepção, processamento e resposta a solicitação de cancelamento extemporâneo de NF-e/CT-e/NFC-e, bem como no pedido de autorização para envio de arquivo substituto da escrituração fiscal digital EFD, sob os fundamentos já elencados, até decisão final deste Writ. Em juízo de cognição sumária, razão parcial cabe ao requerente no que tange ao aspecto material. Os contornos da definição constitucional (artigo 145, inciso II da CF/88) deixam claro que as taxas são tributos retributivos ou contraprestacionais, uma vez que não podem ser cobradas sem que o Estado exerça o poder de polícia ou preste ao contribuinte, ou coloque à sua disposição, um serviço público específico e divisível. Nesse contexto, como tributo que é, a taxa só pode ser criada mediante lei (complementar ou ordinária) ou equivalente (medida provisória), não sendo possível sua instituição por meio de decreto, como ocorreu com a instituição de taxa pela recepção, processamento e resposta a solicitação de cancelamento extemporâneo de NF-e/CT-e/NFC-e, pelo Decreto 2.373/2014 e parágrafo único do artigo 18-D da Portaria n. 136/2014 SEFAZ MT. É o que dispõe o Código Tributário Nacional, em seu artigo 97, vejamos:

3 3 de 5 08/09/ :17 Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Veja jurisprudência de nossos Tribunais sobre o tema: REEXAME NECESSÁRIO - INDÉBITO TRIBUTÁRIO - TAXA DE COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS - MAJORAÇÃO INSTITUÍDA POR DECRETO MUNICIPAL - VEDAÇÃO. A instituição ou majoração de qualquer taxa, sendo esta uma espécie tributária, deve ser feita por lei, jamais por Decreto, conforme previsto no art. 97, inc. II, do Código Tributário Nacional, e art. 150, inc. I, da Constituição Federal.(TJ-MG - REEX: MG, Relator: Antônio Sérvulo, Data de Julgamento: 22/01/2013, Câmaras Cíveis Isoladas / 6ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 01/02/2013) AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA - SERVIÇO DE ESGOTO - COMPULSORIEDADE - TAXA - INSTITUIÇÃO POR DECRETO E PORTARIA - ILEGALIDADE - INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA - RECURSO NÃO PROVIDO.(TJ-MS - AGR: MS / , Relator: Des. João Maria Lós, Data de Julgamento: 11/12/2007, 1ª Turma Cível, Data de Publicação: 08/01/2008) Diante do exposto, presente a fumaça do bom direito a fundamentar o pleito liminar. Da mesma forma, o periculum in mora resta evidente diante do fato de que, em sendo mantida a possibilidade de cobrança da exação, o Impetrante ficará sujeita às sanções impostas pelo Fisco Estadual. Ressalvo, por derradeiro, que a pretensão fiscal permanecerá agasalhada, caso não restar demonstrado, meritoriamente, o pretenso direito líquido e certo apontado pela Impetrante, incidindo, por certo, juros e correção sobre a dívida discutida neste mandamus. ISTO POSTO, e consoante fundamentação supra, Em razão do que foi exposto, DEFIRO a liminar vindicada, para o fim de suspender a exigibilidade da cobrança da taxa de serviço TSE, pela recepção, processamento e resposta a solicitação de cancelamento extemporâneo de NF-e/CT-e/NFC-e, bem como no pedido de autorização para envio de arquivo substituto da escrituração fiscal digital EFD, nos moldes do art. 151, II, do CTN, até o

4 4 de 5 08/09/ :17 julgamento do mérito da presente ordem mandamental. Notifique-se a autoridade coatora, para, no prazo de 10 (dez) dias, prestar as informações de praxe, e na oportunidade intime-a do teor desta decisão. Oficie-se a Procuradoria do Estado sobre a presente decisão enviando-lhe cópia da inicial, para que querendo ingresse no feito (art. 7, II da Lei n /2009). Após, colha-se parecer do Ministério Público no prazo improrrogável de 10 (dez) dias, nos termos do art. 12 da Lei n /2009. Expeça-se mandado, que deverá ser cumprido por Oficial de Justiça plantonista, se necessário. Após, cls. para sentença. Cumpra-se, com urgência. Cuiabá-MT, 02 de Setembro de /09/2014 Concluso p/despacho/decisão De: Primeira Vara Especializada da Fazenda Pública Para: Gabinete - Primeira Vara Especializada da Fazenda 02/09/2014 Juntada de Petição do Autor ADITAMENTO. 02/09/2014 De: Gabinete - Primeira Vara Especializada da Fazenda Para: Primeira Vara Especializada da Fazenda Pública 12/08/2014 De: Primeira Vara Especializada da Fazenda Pública Para: Gabinete - Primeira Vara Especializada da Fazenda 12/08/2014 Concluso p/despacho/decisão 25/07/2014 De: CENTRAL DE AUTUAÇÃO CÍVEL Para: Primeira Vara Especializada da Fazenda Pública 25/07/2014 De: Central de Distribuição (Cível) Para: CENTRAL DE AUTUAÇÃO CÍVEL

5 5 de 5 08/09/ :17 24/07/2014 Distribuição do Processo Distribuído URGENTE em 24/7/2014 às 18:43 Horas para Primeira Vara Especializada da Fazenda Pública Com o Número: