REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
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- Carmem Botelho Franco
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1 REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DAS FINANÇAS Brochura - Plano de Endividamento de
2 I. Introdução Os princípios que orientam o endividamento público em Angola estão consubstanciados na Lei-quadro da Dívida Pública (Lei nº 16/02, de 5 de Dezembro) e no Regime Jurídico da Unidade de Gestão da Dívida (aprovado pelo Decreto Presidencial 169/10, de 9 de Agosto). 02. Baseado nestes princípios orientadores, o Plano Anual de Endividamento Público para 2012 materializa a estratégia de financiamento prevista para a execução do Orçamento Geral do Estado visando, para além da minimização e distribuição dos custos numa perspectiva de longo prazo, a diversificação das fontes de financiamento a disponibilizar para o Tesouro Nacional e a promoção eficiente do mercado financeiro interno. 04. O stock da dívida interna estava avaliado em cerca de US$ 13,6 mil milhões, com o destaque para dívida titulada repartida entre Bilhetes e Obrigações do Tesouro Nacional, que comportam cerca de 85% do peso da dívida interna. II. Carteira da Dívida Pública em finais de Em Dezembro de 2011, o stock da dívida pública, interna e externa, cifrava-se em torno do equivalente a US$ 31,54 mil milhões, conforme ilustra o gráfico a seguir: 05. A dívida externa, constituída essencialmente através de linhas de crédito ao exportador com ou sem garantia petróleo, apresentava-se distribuída da seguinte forma: 2
3 Risco Cambial III. Análise de Risco 06. As políticas recentes sobre a gestão da carteira da dívida pública, ocupam a lista de prioridades do Executivo e estão presentes na Legislação vigente sobre o endividamento público (Lei Quadro da Dívida Pública), especificamente na parte em que dispõem sobre a necessidade de minimizar os custos de financiamento de longo prazo sujeito a níveis prudentes de risco. 07. Estes níveis prudentes de risco podem ser mensurados, de acordo com a boa prática internacional, confrontando a exposição do stock da dívida pública a quatro variáveis principais a saber: risco de variação cambial, o risco de variação da taxa de juros, o risco de refinanciamento, e o risco de liquidez. 09. Segundo a literatura que trata do tema, variações cambiais significativas podem representar um risco substancial para a sustentabilidade da dívida pública, especialmente em situações onde a dívida pública está indexada à uma moeda estrangeira. O raciocínio se baseia no facto de que uma forte depreciação da moeda nacional traz um significativo aumento do serviço dos títulos indexados à moeda estrangeira, sem o concomitante aumento das receitas públicas, que seriam maioritariamente auferidas em moeda nacional, causando assim um défice público que teria que ser coberto com mais endividamento. 10. Em Angola, os títulos indexados ao dólar americano respondem por cerca de 55% do stock dos títulos emitidos em moeda nacional (OT s e BT s), e a possibilidade de ocorrência de situações como a descrita acima é minimizada pelo facto de que aproximadamente 80% das receitas públicas serem também denominadas em dólar. 08. Assim, a proposta desta secção é proceder a uma avaliação do stock de endividamento actual de Angola e verificar a sua sensibilidade aos quatro riscos supracitados. 3
4 Risco do Refinanciamento 11. A análise do perfil dos pagamentos da dívida pública angolana evidencia que a maturidade média dos empréstimos situa-se entre 3 e 4 anos, influenciada principalmente pelo facto de que boa parte da dívida interna está concentrada no curto prazo: em 2012, cerca de 68% dos resgates programados serão de títulos que ostentam maturidades inferiores a 1 ano. 12. Face a este cenário, impõe-se a necessidade de uma estratégia de refinanciamento que não comprometa a disponibilidade de recursos para o desenvolvimento da economia, o que implica a necessidade de renovação dos passivos do Estado de médio prazo (entre dois a quatro anos). 13. Já no que concerne à dívida externa, o seu perfil de vencimento apresenta uma estrutura mais equilibrada, sendo a parcela de curto prazo correspondente apenas a 10% do total. Risco da variação das taxas de juros 21. Como uma grande parte da dívida pública externa é composta por empréstimos com taxas de juro variáveis, altas significativas na evolução das taxas de juros nas economias centrais poderiam encarecer substancialmente o seu serviço anual. 4
5 22. Não obstante, se forem consideradas as declarações recentes dos titulares da Reserva Federal Americana, do Banco da Inglaterra e do Banco Central Europeu, afirmando que as taxas de juros que praticam deverão continuar em níveis próximos de 0% a.a., pelo menos até 2014 o risco de subidas bruscas e elevadas das taxas LIBOR que remuneram boa parte dos empréstimos contraídos por Angola é bastante reduzido. 25. Entretanto, consideradas as receitas no seu todo - petrolíferas e não petrolíferas - constata-se que o peso da dívida em relação às receitas fiscais está bem abaixo de 20%, e com isso praticamente se afasta a hipótese do risco de liquidez. Risco de Liquidez 24. O Risco de Liquidez está intrinsecamente relacionado com a capacidade do Tesouro Nacional em realizar o serviço da dívida com base nos níveis de receita fiscal. Para o presente Plano o rácio do serviço da dívida sobre as receitas fiscais em moeda nacional (excluindo as receitas petrolíferas) estava em torno de 16%, enquanto para a dívida externa este número estava em trono de 84%. 26. Outro ponto a destacar é que, tendo em conta que o stock da dívida pública medido no final de Dezembro de 2011 era de Kz mil milhões, e que o PIB estimado para 2011 é de KZ 9.307,1 mil milhões, o rácio Stock da Dívida Pública sobre o PIB no final do ano transacto se situava em torno de 32%, um patamar relativamente baixo para um país em desenvolvimento. IV. Necessidades de Financiamento 27. De acordo com a Lei do Orçamento Geral do Estado para o Exercício Económico de 2012, o Executivo deve contrair empréstimos, emitir Títulos do Tesouro Nacional e 5
6 realizar outras operações de créditos no mercado interno e externo para fazer face às necessidades de financiamento decorrentes dos investimentos públicos e do serviço da dívida. 28. O Orçamento Geral do Estado para 2012 apurou o montante de Kz 737,37 mil milhões em necessidades financeiras, além das suas receitas fiscais, para fazer face às despesas públicas. Do total a ser financiado, 64% serão resultantes da captação por emissão de Títulos do Tesouro no mercado interno e 36% serão captados por intermédio de linhas de crédito e outras operações. OGE 2012 Valores em Kwanzas OGE 2012 Valores em USD Financiamentos Internos Títulos Outros - - Desembolsos Externos Empréstimos Financeiros - - Linhas de Crédito e Projectos Outros Limites de Endividamento Público 29. A estratégia de contratação de dívida para 2012 considera não somente as necessidades de financiamento identificadas no OGE, mas também o perfil do serviço da dívida pública incidente neste ano e que resulta de emissões em anos anteriores. 30. As projecções do serviço da dívida (interna e externa) realizadas com base no seu stock apurado no final de 2011 denotam uma concentração de fluxos financeiros nos meses de Março, Abril e Novembro, sendo este último o mês em que se observa o maior pico de pagamentos (com um valor estimando de 17 % do serviço da dívida a realizar em 2012). 32. É de realçar que o pico que se verifica no mês de Novembro decorre essencialmente da amortização do principal das Obrigações do Tesouro de Reconstrução Nacional, emitidas em 2007 para financiar o Programa de Investimentos Públicos. Valores em Milhões de KZ Perfil do Serviço da Dívida em 2012 Jan Mar Mai Jul Set Nov Dívida Interna Dívida Externa 33. Conforme ilustra a figura acima a média mensal previsional do serviço da dívida externa é de cerca de Kz 37 mil milhões, enquanto a média do serviço da dívida interna situa-se em torno de Kz 60 mil milhões. 34. O mês que apresenta os maiores valores mensais para o serviço da dívida é Novembro, com cerca de Kz 200 mil milhões (Kz 131 mil milhões para o serviço da dívida interna e Kz 67 6
7 mil milhões para o serviço da dívida Externa). V. Estratégia de Endividamento para o ano de A estratégia adotada neste Plano Anual de Endividamento Público para 2012 está em consonância tanto com os objectivos gerais do Executivo como com as políticas macroeconómicas em curso, e engloba a emissão de títulos para antecipação de receitas orçamentais e para o financiamento do programa de investimentos públicos, a contratação de empréstimos externos e o resgate antecipado de títulos, se as condições o justificarem. Mercado Interno 36. A estratégia de emissão de Títulos da Dívida Pública Interna visa, essencialmente, financiar a execução do OGE, seja através da constituição de dívida flutuante (antecipação de receita), seja através da constituição de dívida fundada para financiar o programa de investimentos públicos. 37. A estratégia para 2012 também procura criar indicadores eficientes para a consolidação de uma curva de taxas de juros com tendência regular, minimizando os custos do endividamento e alongando o seu prazo de maturidade. 38. Os primeiros passos nesta direcção já foram dados em 2011, e garantiram a redução dos custos de colocação dos títulos do Tesouro, que tinham sido fortemente influenciados pelos efeitos nocivos da crise financeira internacional em 2008 e 2009 (Figura n.º 6) 39. Assim, durante 2011, tendo em conta as condições reinantes no mercado interno, foi privilegiada a contratação de dívida de curto prazo, através de leilões semanais de preços, em pequenos lotes. Entretanto, já para 2012 perspectiva-se uma política mais proactiva e focalizada na elevação das maturidades de Títulos da Dívida Pública, promovendo a dinamização do mercado de títulos de longo prazo. Neste contexto foram considerados os seguintes pressupostos: a. Emissão de Bilhetes de Tesouro de acordo com as necessidades reais de antecipação das receitas e apoio à política monetária, nas maturidades de 91, 182 e 364 dias. b. Emissão de Obrigações do Tesouro puramente em Kwanzas, sem qualquer indexante, através do leilão de preços no mercado primário; e c. Emissão de Obrigações do Tesouro indexadas a taxa de câmbio, que gozem de isenção em relação ao limite de exposição cambial. 7
8 VI. Plano Anual de Endividamento Público para Em conformidade com a estratégia apresentada e considerando as fontes de financiamento disponíveis, apresenta-se a seguir o Plano Anual de Endividamento para Dívida Interna Mercado Externo 40. Ao nível do mercado externo, estão previstas várias acções, com destaque para as seguintes: (i) a manutenção das relações com as Agencias de Notação de Risco, visando a melhoria do rating do País e (ii) a criação de mecanismos para dinamizar a revisão do nível de classificação do Risco País junto da OECD, uma vez que o actual nível 6 não traduz os substanciais progressos obtidos por Angola no âmbito económico e social. 41. O perfil de desembolsos de Financiamento Externo considerado teve como base o nível das despesas de capital dos projectos inseridos no PIP de Previsão de emissões de Bilhetes de Tesouro em moeda nacional está estabelecida no valor equivalente à Kz 159 mil milhões. A venda destes papéis será realizada através de leilões semanais de preços e, como já referido anteriormente, procurará minimizar os custos numa perspectiva de longo prazo, garantindo uma distribuição equilibrada dos mesmos, e promovendo o desenvolvimento de uma curva de rendimento regular. A tabela a seguir apresenta a estrutura das emissões de Bilhetes do Tesouro. Composição da Carteira de Bilhetes do Tesouro para 2012 Maturidade/Dias Montante definido para emissão Percentagem Taxa de Juros ,0% 4,00% ,6% 5,00% ,3% 6,25% Total % 44. Das emissões totais previstas de Bilhetes do Tesouro, cerca de 56% (aproximadamente Kz 90 Mil Milhões de Kwanzas) será convertido em dívida fundada. 8
9 Composição da Carteira de Obrigações do Tesouro para 2012 Maturidade/anos Taxa de Juros Emissão Programada Percentagem OT TX indexada a variação de cambial 2 8,0% ,33% 3 8,5% ,11% 4 9,0% ,78% 5 10,0% ,44% Subtotal ,67% OT's em kwanzas 2 8,5% ,21% 3 9,0% ,32% 4 10,0% ,53% 5 10,0% ,28% SubTotal ,33% Total % 45. Emissões de Obrigações do Tesouro em moeda nacional, através de leilões semanais de preços e de quantidades, com prazos de maturidade variando de 2 aos 5 anos, tendo em conta a seguinte estrutura: 46. O quadro supra evidencia a intenção de reservar cerca de 33% das emissões totais de Obrigações do Tesouro em 2012 às emissões de títulos sem nenhum indexante cambial, destinando-se os remanescentes 67% às emissões de Obrigações do Tesouro indexadas à variação cambial. 47. A figura abaixo apresenta as projecções de emissões de Obrigações do Tesouro em
10 constitui no mês com o mais elevado serviço da dívida durante o ano de Dívida Externa 48. A estrutura de emissões apresentada acima visa maximizar as probabilidades de captação de receitas por parte do Tesouro Nacional nos mercados interno e externo através da oferta de títulos com maturidades, composição e taxas de juros atractivas para os potenciais investidores. 49. A projecção do serviço da dívida titulada para 2012 apresenta-se, como já referido anteriormente, com um perfil relativamente irregular, especialmente nos meses de Abril e Novembro, mês este que, devido ao resgate dos papéis emitidos em Novembro de 2007 para o Programa de Reconstrução Nacional, no valor de equivalente a US$1.000 milhões, se 50. Previsão de captação de recursos financeiros através das tradicionais Linhas de Crédito à Exportação, com ou sem garantia de petróleo, e que se encontram disponíveis para os projectos de Investimento Público. 51 Contratação de Financiamentos individuais, com seguro de crédito privado para o financiamento de projectos de investimento com dificuldades de aceder ao crédito bilateral. 52. Feitas estas considerações, as metas previstas para o plano de endividamento de 2012 são apresentadas na tabela resumo infra e nos documentos em anexo. 10
11 QUADRO 4: PLANO PREVISIONAL DE ENDIVIDAMENTO PARA 2012 Descrição 2012 Captação de Recursos financeiros Mercado interno Bilhetes do Tesouro Obrigações do Tesouro Contratos de Mutúo Refinanciamaneto da Carteira de OT's Mercado Externo Desembolsos de Linhas de Crédito Serviço da Dívida Dívida Interna Amortizações Bilhetes de Tesouro Obrigações de Tesouro Amortizações Outras operações Atrasados do PIP de 2008 e Juros e Comissões Juros OT Juros de Outras Operações Dívida Externa Total de Amortizações Amortizações da dívida actual Com garantia Sem garantia Juros e Comissões Juros Com garantia Juros Sem garantia Comissões e despesas bancárias Tendo em conta as correcções e ajustamentos que se farão necessários no período de implementação deste Plano de Endividamento, o Ministério das Finanças, sob a coordenação da Comissão Económica, fará a necessária monitorização e acompanhamento. Kz continuidade da melhoria da estrutura da dívida pública de Angola e são consistentes com as linhas orientadoras e delimitadoras contidas na Lei Quadro da Dívida Pública, nomeadamente no que concerne a minimização dos custos do endividamento numa perspectiva de médio e longo prazo, considerados os níveis prudentes de risco e também a promoção do mercado financeiro local. 55. Assim, as políticas previstas para o endividamento de 2012 promovem a redução da vulnerabilidade do país aos choques externos, promovem a construção de uma carteira da dívida pública sustentável e favorecem o crescimento económico e a estabilidade macroeconómica. 56. O Plano Anual de Endividamento de 2012 não é um documento estático, e será monitorizado e acompanhado pelo Ministério das Finanças, sob a coordenação da Comissão Económica, de maneira a possibilitar a sua avaliação de acordo com as melhores práticas internacionais e os princípios estabelecidos na legislação em vigor, assim como o seu ajaustamento à conjuntura nacional e internacional.. VII. Considerações finais 54. As metas apresentadas no decorrer deste documento denotam a 11
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