Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros. da Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros

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1 PARLAMENTO EUROPEU Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros /2222(INI) PARECER da Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros dirigido à Comissão do Desenvolvimento sobre a preparação do quadro financeiro plurianual relativamente ao financiamento da cooperação da UE com os Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico e com os países e territórios ultramarinos para o período (11.º Fundo Europeu de Desenvolvimento) 2012/2222(INI)) Relatora de parecer: Mariya Gabriel AD\ doc PE v02-00 Unida na diversidade

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3 SUGESTÕES A Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros insta a Comissão do Desenvolvimento, competente quanto à matéria de fundo, a incorporar as seguintes sugestões na proposta de resolução que aprovar: Tendo em conta a Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW) e o seu Protocolo Facultativo, Tendo em conta a Declaração das Nações Unidas sobre a proteção de mulheres e crianças em situação de emergência e de conflito armado e as Resoluções 1325 (2000) e 1820 (2008) do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Tendo em conta o Plano de Ação da União Europeia sobre a Igualdade de Género e a Emancipação das Mulheres no âmbito do Desenvolvimento ( ), Tendo em conta as diretrizes da União Europeia relativas à violência contra as mulheres e à luta contra todas as formas de discriminação de que são alvo, A. Considerando que a política da União em matéria de cooperação para o desenvolvimento é regida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) e que dois desses visam especificamente as mulheres - o ODM n.º 3 (promover a igualdade de género e a autonomia das mulheres) e o ODM n.º 5 (melhorar a saúde materna) e que outros três contribuem diretamente para a melhoria das condições de vida das mulheres e das raparigas o ODM n.º 2 (alcançar o ensino primário universal), o ODM n.º 4 (reduzir a mortalidade infantil) e o ODM n.º 6 (combater o HIV/SIDA, a malária e outras doenças; que estes objectivos contribuem com êxito para a redução da pobreza; B. Considerando que o aumento da pobreza afeta mais mulheres do que homens; C. Considerando que o Acordo de Parceria 2000/483/CE entre os Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico, por um lado, e a Comunidade Europeia e os seus Estados-Membros, por outro, assinado em Cotonu, em 23 de junho de 2000, estabelece que a situação das mulheres e as questões de igualdade de géneros devem ser sistematicamente tidas em conta em todos os contextos, político, económico e social; D. Considerando que o Plano de Ação da União Europeia reconhece a importância que a participação das mulheres e a perspetiva da igualdade de géneros têm no desenvolvimento dos países parceiros e na realização dos ODM; que, na "Agenda para a Mudança", a igualdade entre homens e mulheres constitui uma das prioridades da ação da EU; E. Considerando o aumento generalizado da violência em razão do género, nomeadamente da violência sexual, da exploração e do assassínio de mulheres e raparigas; F. Considerando que as violências sexuais sob a forma de violações em massa, de tráfico de seres humanos e de outras formas de abusos sexuais das mulheres e crianças continuam a ser utilizadas como tática de guerra pelas forças armadas e outros combatentes, designadamente em certos países ACP; que as violações em tempo de guerra foram AD\ doc 3/8 PE v02-00

4 reconhecidas pelas Nações Unidas como «crime contra a humanidade» e que o Conselho de Segurança das Nações Unidas se comprometeu, em 2008, a combater o recurso à violência sexual como táctica de guerra; G. Considerando que diversos estudos realizados demonstram que, se as mulheres beneficiarem de educação e se puderem obter e controlar os seus próprios rendimentos, se produzem vários resultados positivos: diminuição da mortalidade materna e infantil, melhoria da saúde e nutrição infantil e das mulheres, aumento da produtividade agrícola, possibilidade de atenuação das alterações climáticas, abrandamento do crescimento demográfico, expansão das economias e quebra dos ciclos de pobreza; H. Considerando que, quando mais mulheres participam nos processos de resolução de conflitos e processos de construção da paz, desempenham um papel crucial nas negociações de paz, aumentando o alcance da reconstrução, da reabilitação e da construção da paz; 1. Manifesta a sua satisfação face ao reconhecimento, em vários planos de ação e comunicações, do papel central desempenhado no desenvolvimento pela igualdade de géneros e pela autonomização das mulheres e solicita que esta prioridade seja posta em prática concretamente nos programas geográficos; assinala que, enquanto parte desta ajuda, importa que programas específicos tenham em vista a autonomização das mulheres, a sua independência socioeconómica, a não-discriminação, a consecução dos ODM e a prioridade sobrejacente da igualdade de género; reclama igualmente uma melhor coordenação com os programas temáticos financiados através da cooperação INTRA-ACP e através do Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento (ICD); entende que esses programas devem promover o desenvolvimento inclusivo, sustentável e respeitador do ambiente, através do combate às desigualdades sociais e regionais, destacando a importância dos bens públicos globais e do apoio aos grupos da sociedade civil local, mormente as organizações operantes no domínio dos direitos das mulheres; 2. Exorta a Comissão a conferir mais ênfase à saúde materna; salienta a importância da educação e sensibilização na área da saúde sexual e reprodutiva enquanto parte integrante da agenda relativa à saúde das mulheres, não sendo a menor das razões o facto de se tratar do Objectivo de Desenvolvimento do Milénio cujo grau de consecução foi até ao momento o menos satisfatório; reclama, além disso, que sejam imediatamente consideradas medidas para o período posterior a 2015, nomeadamente no que se refere ao ODM 3, relativo à igualdade de género e autonomização das mulheres, e ao ODM 5, relativo à saúde materna e reprodutiva e ao acesso ao planeamento familiar; assinala a importância deste último, em particular no respeitante às medidas que afirmam a promoção e inclusão das saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos das raparigas e mulheres, porquanto este não é só um objectivo autónomo, mas também um importante meio de lutar contra a pobreza e concretizar os ODM; salienta que estas medidas devem sobretudo incidir na problemática da violência contra as mulheres; 3. Congratula-se com a iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) de criar um grupo de trabalho de alto nível responsável pela revisão da Conferência Internacional sobre a População e o Desenvolvimento, nomeadamente no respeitante aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e ao seu direito à saúde reprodutiva, bem PE v /8 AD\ doc

5 como à luta contra o VIH/SIDA; 4. Salienta a importância do objetivo relativo à melhoria da saúde materna para a redução da taxa de mortalidade materna e da consecução do acesso universal aos serviços de saúde reprodutiva, o que implica o respeito pelos direitos de saúde sexual e reprodutiva das mulheres, sem coerção, nem restrições de qualquer tipo; 5. Felicita todos os Estados que atingiram alguns dos OMD, como o objetivo do ensino primário tanto para as raparigas, como para os rapazes; insta a Comissão a adotar as medidas necessárias para divulgar estas realizações, promover a partilha de boas práticas e continuar a apoiar os países que estejam no bom caminho; 6. Insta a UE a promover programas de orientação em que mulheres europeias que prosseguem com êxito carreiras académicas ou profissionais trabalhem em conjunto com mulheres do mundo em desenvolvimento; 7. Afirma a necessidade de votar particular atenção à educação das crianças de ambos os sexos sobre as questões de género desde o início da escolaridade, por forma a mudar progressivamente as atitudes e os estereótipos sociais e a que a igualdade de género se torne num princípio fundamental da sociedade dos países ACP; 8. Chama a atenção para o facto de os progressos relativos ao ODM 2, sobre a educação, serem mistos, porquanto, embora tenham sido realizados progressos em termos de escolarização das raparigas, menos progressos foram obtidos a nível da garantia de que podem concluir os seus estudos; exorta os países ACP e todos os parceiros internacionais a elaborarem e executarem, enquanto prioridade da política de desenvolvimento, todas as medidas necessárias para assegurar que as raparigas concluam o ensino primário e tenham acesso ao ensino secundário e superior; 9. Solicita, assim, que seja concedido um maior financiamento aos programas que visam garantir o acesso de todas as raparigas à educação (tendo em conta que a educação das raparigas constitui uma pedra angular de uma sociedade mais igualitária), fomentando, deste modo, a independência económica das mulheres e redundo a exploração sexual das raparigas e das mulheres em todo o mundo; 10. Considera que alguns países em desenvolvimento realizaram progressos consideráveis no domínio dos direitos humanos, mas condena veementemente o financiamento da UE a países que continuam a criminalizar as mulheres em razão da sua orientação sexual; 11. Recorda que a democracia implica a plena participação das mulheres na vida pública, como enunciado nos instrumentos internacionais e regionais como o Protocolo sobre os Direitos das Mulheres em África, anexo à Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos; 12. Insta, por conseguinte, a Comissão e o Conselho a encorajarem mais os países terceiros a consagrarem expressamente na sua legislação disposições em matéria de protecção dos direitos das mulheres, nomeadamente legislação em matéria de protecção de mulheres e raparigas contra a violência, a garantirem o respeito desses direitos e a implementarem políticas e mecanismos sensíveis à questão do género, a fim de garantir que as mulheres AD\ doc 5/8 PE v02-00

6 participem plenamente e em condições de igualdade na tomada de decisões na vida pública, a nível político, económico, social ou ambiental; 13. Insta a Comissão e o Conselho a incentivarem os países terceiros a desenvolver medidas práticas para ajudar as mulheres vítimas de violência em razão do género, garantindo, para o feito, a disponibilização de centros de acolhimento e aconselhamento das vítimas; 14. Apoia firmemente a inclusão de conselheiros para as questões de género ou de pontos focais género nas delegações da UE e nas missões desenvolvidas no quadro da Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD) e solicita à Vice-Presidente da Comissão/Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança que dote as delegações e missões de recursos adequados e de meios e campos de ação apropriados; 15. Insiste na importância de considerar as mulheres, não só como uma categoria vulnerável da população, mas também como facilitadores activos das políticas de desenvolvimento; realça, a este respeito, que as mulheres desempenham um papel crucial em matéria de nutrição e segurança alimentar não sendo a menor das razões o reconhecimento de que são responsáveis por 80 % da agricultura em África embora continuem a não ter fácil acesso à propriedade das terras que cultivam; destaca igualmente que as mulheres têm competências já comprovadas na resolução de problemas e conflitos, razão pela qual insta a Comissão e os países ACP a reforçarem o papel das mulheres nos grupos de ação e grupos de trabalho; 16. Salienta a importância do combate a todas as formas de violência contra as mulheres e raparigas: assédio, violação e abusos sexuais, prostituição forçada, escravatura sexual, exploração, assassínios de mulheres, mutilação genital feminina, casamentos forçados, violência doméstica, etc.; salienta que o respeito pelos direitos das mulheres, incluindo os seus direitos sexuais e reprodutivos, bem como salvaguarda do respeito pela sua dignidade humana, são essenciais para prevenir e combater a violência em razão do género, proporcionar proteção e aconselhamento apropriado às vítimas, bem como para assegurar que os autores sejam punidos; exorta a Comissão a fazer da luta contra a impunidade dos autores dos referidos atos de violência uma das prioridades da sua política de ajuda ao desenvolvimento; 17. Afirma o papel fundamental das mulheres nos processos de transição democrática, de construção e consolidação do Estado e nos processos de resolução dos conflitos, pacificação e estabilização; incentiva a Comissão, o SEAE e os países ACP a fomentarem políticas tangíveis e voluntárias de promoção da presença das mulheres nas mesas de negociação e nas posições de tomada de decisões políticas e económicas; 18. Afirma que, em conformidade com a Conferência Internacional específica sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Cairo, a proibição da coerção ou pressão em matéria sexual e reprodutiva, e que - tendo em conta os instrumentos internacionais juridicamente vinculativos em matéria de direitos humanos, o acervo comunitário da UE e as competências políticas da UE nesta matéria - não deve ser concedida ajuda da União às autoridades, organizações ou programas que promovam, apoiem ou participem na gestão de ações que envolvam violações dos direitos humanos, tais como o aborto coercivo, a esterilização forçada de homens e mulheres, a determinação do sexo na fase fetal, que dá lugar à seleção pré-natal do sexo, ou o infanticídio, em PE v /8 AD\ doc

7 particular quando essas ações definam as suas prioridades em resposta à pressão psicológica, social, económica ou jurídica; 19. Solicita à Comissão que aplique os indicadores de desempenho estabelecidos no plano de ação da UE sobre a igualdade de género e a autonomização das mulheres no desenvolvimento: 1) pelo menos 80 % dos fundos devem incluir indicadores de género, 2) pelo menos 75 % de todos os projetos ou programas devem ser identificados como tendo o género por principal objetivo (G-2) ou como tendo o género por objetivo significativo (G- 1), e 3) pelo menos 50 % dos programas indicativos plurianuais devem identificar ações relativas à igualdade de género; 20. Insta a Comissão a apresentar ao Parlamento um relatório sobre o progresso da aplicação do plano de ação da UE sobre a igualdade de género e a autonomização das mulheres no desenvolvimento. AD\ doc 7/8 PE v02-00

8 RESULTADO DA VOTAÇÃO FINAL EM COMISSÃO Data de aprovação Resultado da votação final +: : 0: Deputados presentes no momento da votação final Suplente(s) presente(s) no momento da votação final Regina Bastos, Edit Bauer, Emine Bozkurt, Tadeusz Cymański, Edite Estrela, Iratxe García Pérez, Mikael Gustafsson, Mary Honeyball, Rodi Kratsa-Tsagaropoulou, Constance Le Grip, Elisabeth Morin-Chartier, Siiri Oviir, Antonyia Parvanova, Raül Romeva i Rueda, Joanna Senyszyn, Joanna Katarzyna Skrzydlewska, Marc Tarabella, Britta Thomsen, Marina Yannakoudakis, Anna Záborská Vilija Blinkevičiūtė, Minodora Cliveti, Anne Delvaux, Mariya Gabriel, Nicole Kiil-Nielsen, Christa Klaß, Mojca Kleva Kekuš, Katarína Neveďalová, Angelika Werthmann PE v /8 AD\ doc