UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO PÚBLICA

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO PÚBLICA ALAN CASTILHO BEZERRA DA SILVA O PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO LEGISLATIVA NA ASSEMBLEIA DO RN Natal/RN 2018

2 ALAN CASTILHO BEZERRA DA SILVA O PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO LEGISLATIVA NA ASSEMBLEIA DO RN Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN, submetida à banca examinadora como requisito para obtenção do título de mestre em Gestão Pública. ORIENTADOR: Prof. Dr. Fábio Resende de Araújo Natal/RN 2018

3 ALAN CASTILHO BEZERRA DA SILVA O PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO LEGISLATIVA NA ASSEMBLEIA DO RN Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN, submetido à banca examinadora como requisito para obtenção do título de mestre em Gestão Pública. ORIENTADOR: Prof. Dr. Fábio Resende de Araújo Aprovado em / / BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Fábio Resende de Araújo Presidente Orientador Prof. Dr. Lenin Cavalcanti Brito Guerra Membro Examinador Externo - IFRN Profa. Dra. Maria Teresa Pires Costa Membro Examinador Interno UFRN

4 Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Silva, Alan Castilho Bezerra da. O papel do legislativo na definição da agenda governamental: análise da produção legislativa na Assembleia do RN / Alan Castilho Bezerra da Silva f.: il. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão Pública) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-graduação em Gestão Pública. Natal, RN, Orientador: Prof. Dr. Fábio Resende de Araújo. 1. Poder Legislativo - Dissertação. 2. Agenda Governamental - Dissertação. 3. Formulação de Políticas Públicas - Dissertação. I. Araújo, Fábio Resende de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/Biblioteca Setorial do CCSA CDU

5 RESUMO O presente trabalho de dissertação versa sobre a importância do Papel do Legislativo na definição da agenda governamental, com o objetivo de buscar compreender de que modo a produção legislativa dos Deputados Estaduais contribui para a formação da agenda governamental no Rio Grande do Norte. Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa tem abordagem qualitativa, trata-se de um estudo de caso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. O estudo se baseia no modelo de Múltiplos Fluxos (Multiple Streams Model) de Kingdon (2011), considerando suas categorias analíticas: fluxos de problemas, fluxos de soluções, fluxos políticos e a janela de oportunidade. Os dados foram coletados por meio de entrevistas orientadas por questionário semiestruturado com deputados líderes e/ou vice-líderes de bancadas e chefes de gabinetes, assim como foram usadas 2082 proposições apresentadas no Parlamento Potiguar no ano de A verificação de dados se deu por meio de análise de conteúdo, preconizada por Bardin (2011). Os resultados apontaram para um contexto de multiplicidade de ações desenvolvidas nos Gabinetes Parlamentares, identificação de problemas, feedback, formulação e acompanhamento de proposição. Verificou-se, ainda, um desequilíbrio na produção legislativa por mesorregião e as dificuldades para análise de custos quando da formulação dos requerimentos. A pesquisa focou também no papel que o deputado desempenha como articulador na aprovação e no encaminhamento da proposição para inclusão na agenda. Se almeja com o resultado dessa pesquisa contribuir para melhoria da produção legislativa da Assembleia do Rio Grande do Norte, assim garantir o avanço de qualidade das políticas públicas procedidas das proposições apresentadas pelos Parlamentares. Palavras-Chave: Poder Legislativo. Agenda Governamental. Formulação de Políticas Públicas. Assembleia Legislativa.

6 ABSTRACT This dissertation deals with the importance of the Legislative s role in the definition of Governmental Agenda, aiming to try to understand how the legislative production of State Representatives contributes to the formation of the governmental agenda in Rio Grande do Norte. As for the methodological aspects, the research has a qualitative approach, it is a case study in the Legislative Assembly of Rio Grande do Norte. The study is based on Kingdom's Multiple Streams Model (2011), considering its analytical categories: Problem Flows, Policy Flows or Solutions, Political Flows, and the Opportunity Window. Data were collected through semi-structured questionnaire-based interviews with State Representatives that were first and second in command of their Parties and chiefs of staff, as well as the use of 2082 proposals presented at the Potiguar Parliament in It was used content analysis by Bardin (1977) for data verification. The results pointed to a context of multiplicity of actions developed in the Parliamentary Offices, problem identification, feedback, formulation and proposal follow-up. There was also an imbalance in the legislative production by mesoregion and difficulties in cost analysis when formulating the requirements. The research also focused on the role that the deputy plays as an articulator in approving and submitting the proposal for inclusion on the agenda. The aim of this research is to contribute to the improvement of the legislative production of the Assembly of Rio Grande do Norte, thus guaranteeing the quality improvement of the public policies stemming from the proposals presented by the Parliamentarians. Keywords: Legislative Power. Governmental Agenda. Formulation of Public Policies. Legislative Assembly.

7 DEDICATÓRIA Aos meus pais, Luiz Bezerra (in memoriam) e Toinha, que me fizeram gente. À minha avó, Dadá (in memoriam), que me fez re-significar a vida. À minha esposa, Jaiane, pelo amor e apoio sempre presente. Às minhas filhas, Bianca e Sarah, motivos pelo qual trilho este caminho e sigo adiante.

8 AGRADECIMENTOS À minha família, que compreendeu os momentos de estudo e ausência para me dedicar a alcançar este sonho. Ao meu orientador, Prof. Dr. Fábio Resende de Araújo, pelo estímulo e muita paciência, a quem agradeço por ter sido fundamental para conclusão deste trabalho; ao Professor Thiago Dias, pelo apoio e amizade; aos amigos e colegas da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, ao amigo Carlos Russo, diretor da Escola da Assembleia; ao Presidente Deputado Ezequiel Ferreira, ao Vice-Presidente Gustavo Carvalho e à amiga Deputada Estadual Márcia Maia, que me possibilitou chegar até aqui e ajudou nos momentos que precisei me ausentar para dedicar-me a este trabalho.

9 LISTA DE ABREVIATURAS ALRN DEM LDO LOA PC do B PHS PMDB PPA PR PROS PRP PSB PSD PSDB PSL PT PTB TSE Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte Partido Democratas Lei de Diretrizes Orçamentárias Lei Orçamentária Anual Partido Comunista do Brasil Partido Humanista da Solidariedade Partido do Movimento Democrático Brasileiro Plano Plurianual Partido da República Partido Republicano da Ordem Social Partido Republicano Progressista Partido Socialista Brasileiro Partido Social Democrático Partido da Social Democracia Brasileira Partido Social Liberal Partido dos Trabalhadores Partido Trabalhista Brasileiro Tribunal Superior Eleitoral

10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Exemplo Indicadores de Influência na Formação da Agenda Segundo Capella 24 Figura 2 Exemplo de Feedback das Ações e Programas Segundo Capella 25 Figura 3 - Ciclo de Políticas Públicas 32 Figura 4 Administração Financeira Função administrativa 49 Figura 5 Mapa do Rio Grande do Norte dividido por suas Mesorregiões 62 Figura 6 Fluxo de Problemas Aplicado a Realidade dos Requerimentos Produzidos na ALRN 73 Figura 7 Elementos do Feedback Aplicado a Realidade dos Requerimentos Produzidos na ALRN 74 Figura 8 Fluxo de Soluções Aplicada na Produção Legislativa 75 Figura 9 O Modelo de Kingdon Aplicado na Produção Legislativa 85

11 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 Distribuição das proposituras por Mesorregião 63

12 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Tipos de Agenda Segundo Secchi 31 Quadro 2 - Representação Parlamentar na Câmara Federal 43 Quadro 3 - Representação Parlamentar na ALRN 44 Quadro 4 - Deputados Membros da Mesa Diretora - 61º Legislatura 45 Quadro 5 - Composição Dos Cargos de Assessoramento Político e Legislativo de cada Unidade Parlamentar Autônoma 47 Quadro 6 - Distribuição dos Cargos de Gabinete Parlamentar 48 Quadro 7 - Dados Gerais Deputados 66 Quadro 8 - Dados Gerais Chefe de Gabinete 67 Quadro 9 - Blocos da Assembleia Legislativa e seus Respectivos Partidos Políticos

13 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Apresentação das proposituras dos deputados por blocos Ano Tabela 2 Apresentação das proposituras por deputados da ALRN no ano Tabela 3 Cruzamento das proposituras: mesorregiões por blocos 64 Tabela 4 Apresentação das proposituras dos deputados por temáticas 64 Tabela 5 Requerimentos por áreas 65

14 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO OBJETIVOS 21 2 REFERENCIAL TEÓRICO A DINÂMICA DA FORMAÇÃO DA AGENDA PÚBLICA BASEADA NO CONCEITO DE KINGDON Fluxo de Problemas Fluxos de Alternativas e Soluções Fluxos Políticos Janela de Oportunidade A PARTICIPAÇÃO DO LEGISLATIVO NA FORMAÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL A FRAGMENTAÇÃO PARTIDÁRIA E O PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO NO BRASIL A REPRESENTAÇÃO PARTIDÁRIA E A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RN A Representação Partidária na Câmara Federal A Representação Partidária da ALRN Unidades Autônomas do Parlamento Potiguar Funções Administrativas do Gabinete Parlamentar 48 3 METODOLOGIA TIPO DE ESTUDO CAMPO DE PESQUISA SUJEITOS DA PESQUISA COLETA DE DADOS RISCOS E BENEFÍCIOS Riscos da Pesquisa Benefícios da Pesquisa Análise de Dados 59 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES A PRODUÇÃO LEGISLATIVA DOS DEPUTADOS E SUA ABRANGÊNCIA NO RIO GRANDE DO NORTE Conhecendo os Temas das Proposituras PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL FLUXOS DE PROBLEMAS APLICADOS A PRODUÇÃO LEGISLATIVA FLUXOS DE SOLUÇÕES APLICADOS A PRODUÇÃO LEGISLATIVA FLUXOS POLÍTICOS APLICADOS A PRODUÇÃO LEGISLATIVA JANELA DE OPORTUNIDADES APLICADA A PRODUÇÃO LEGISLATIVA 84 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 86 6 REFERÊNCIAS 89 APÊNDICES 94

15 15 1 INTRODUÇÃO Ainda que o Parlamento desperte o interesse de estudiosos sobre suas atividades, a produção legislativa dos deputados ainda carece de pesquisas sobre seus resultados. Comumente, os textos sobre a temática apontam para os conceitos e as funções do Poder Legislativo, pouco versando quanto à abordagem sobre o resultado da produção legislativa e sua contribuição para a formação da agenda pública. Destarte, o conhecimento sobre o resultado da produção legislativa dos gabinetes parlamentares, apesar da sua importância para a sociedade, apresenta-se com vasta possibilidade de ser explorado. Nos tempos do Brasil colônia e império, a câmara municipal acumulava os poderes legislativo, judiciário e executivo (SALGADO, 1985, p ). A Câmara era responsável por todas as decisões pertinentes aos interesses da sociedade local e da Coroa Portuguesa. Portanto, a Câmara, que representa o Poder Legislativo, concentrava todas as decisões pertinentes à agenda pública. Ao longo do tempo, a separação dos poderes em três, consequentemente a descentralização da agenda, tem sido uma discussão permanente. Essa discussão é anterior à própria formação do Brasil como nação, tendo sido iniciada pelo filósofo Aristóteles (2001), na obra A Política, continuada por outros, como Locke (2003), que defendia um Poder Legislativo superior aos demais, e Montesquieu (2000), que trata do Poder Legislativo como o que produz as leis. Percebe-se que, desde as primeiras formulações da divisão dos poderes, o Parlamento está inserido, ocupando lugar decisivo na divisão dos poderes. Para Vecchia (2008, p ), os poderes no Estado Moderno são três: Poder Legislativo que corresponde à função legislativa e consiste no estabelecimento de normas gerais e abstratas que regem a vida em sociedade. Poder Executivo que corresponde à função executiva que vai traduzir em atos de administração pública, vontades abstratas, individualizando e exteriorizando aquilo que a lei determina. Poder Judiciário que corresponde à função jurisdicional com poderes para dirimir possíveis controvérsias que possam surgir por ocasião da aplicação da lei e para garantir o cumprimento das leis. A Carta Magna Brasileira de 1988 aponta que são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (BRASIL, 1988). No Brasil, o Parlamento tem estado intensamente em exposição nos meios de comunicação, seja rádio, televisão, ou mesmo, as redes sociais, tendo suas falhas enfatizadas. Isso tem contribuído para

16 16 impregnar o imaginário popular com o conteúdo divulgado e força o processo de construção de uma avaliação negativa do parlamento (CINNANTI, 2011). O parlamento brasileiro, nas diversas esferas e unidades federativas, tem protagonizado escândalos amplamente repercutidos na mídia, nos quais parlamentares encontram-se envolvidos em corrupção. A recorrência desses eventos levou o Poder Legislativo ao descrédito generalizado, refletindo-se na construção de imagem negativa perante a opinião pública (CINNANTI. 2011, p. 88). Outro momento crítico foi o episódio que efervesceu o parlamento, o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff iniciado no dia 2 de dezembro de 2015, quando o então Presidente da Câmara dos Deputados, recebeu a denúncia por crime de responsabilidade. O relatório da comissão especial na Câmara dos Deputados foi favorável ao impeachment, 38 deputados aprovaram o relatório e 21 foram contrários ao texto. Seu final na Câmara Federal se deu no dia 17 de abril de 2016, quando os deputados reunidos no plenário aprovaram o relatório final com 367 votos a favor e 137 contrários. Coube ao Senado Federal protagonizar, em 12 de maio de 2016, o evento do ato de afastamento da então Presidente Dilma Rousseff, para que a presidenta fosse julgada pela própria casa legislativa, que, em um processo célere, condenou-a, em 31 de agosto daquele ano, por crime de responsabilidade, em uma sessão no plenário do Senado Federal. Com a sentença da perda definitiva do cargo de Presidente da República Federativa do Brasil (NETO, 2016, p. 43) Dilma Rousseff, primeira mulher presidenta do Brasil, foi sentenciada pelos Parlamentares com a perda do mandato. Embora a crise tenha se acentuado com o processo de impeachment da ex-presidente, Braz (2017), reconhece que aquele ato não pode ser considerado um golpe clássico. Isso porque as instituições democráticas burguesas, identificados como os poderes judiciários e o legislativo, avalizaram o processo (BRAZ, 2017, p. 89). No entanto, chamando de o golpe nas ilusões democráticas e a ascensão do conservadorismo reacionário. Portanto, diante dos eventos que envolveram o processo de impeachment, é possível que o momento de ebulição contribua para alteração do ânimo da população brasileira em relação aos políticos e, consequentemente, aos governos executivos nas esferas federal, estadual e municipal, de forma semelhante também em relação aos parlamentares de todos os níveis. Para Barroso (2012), a crise do Poder Legislativo não deve desviar a atenção da real disfunção que aflige a democracia brasileira, a crise de representatividade, legitimidade e funcionalidade do Poder Legislativo. O autor ressaltar que a reforma política é necessária, e por

17 17 conta da crise no Poder Legislativo, acontece a expansão do judiciário, que tem ocupado lugar de destaque nas discussões políticas e éticas nos tempos atuais. No entanto, embora mencione que o Parlamento, no mundo, enfrenta momentos de crise e de perda de legitimidade, Cardozo (2009) enfatiza a importância de o Poder Legislativo ser forte, livre, com garantias constitucionais asseguradas e compreendido como uma realidade indispensável à garantia da liberdade e da democracia. Ainda para Cardozo (2009), estas afirmativas não deixam de ser contraditórias. Contudo, mesmo diante da crise política, o Poder Legislativo ainda é o lugar próprio para as discussões democráticas e detém direitos para se manter na posição de sustentáculo da democracia, é o poder composto de representantes do povo e eleitos pelos brasileiros, como consta no Art. 44º da Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988). Um Parlamento livre, constituído por representantes eleitos, é defendido como uma instituição indispensável para que se estabeleçam limites ao exercício do poder, para o respeito à pluralidade de opiniões e para a formulação de políticas de Estado legítimas, justas e equilibradas. (CAROZO, 2009, p. 81) O parlamento deve representar os interesses plurais do povo, expressar opiniões e contribuir com a formulação de políticas de interesse da nação. Com a nova Carta de 1988, chamada Carta Cidadã, e o novo momento democrático que a população brasileira passou a viver, acentuou-se o processo de acompanhamento da atuação das atividades parlamentares, mediante, por exemplo, os veículos legislativos de comunicação, que foram criados com o objetivo de levar ao cidadão o máximo de informações sobre a atuação parlamentar, a fim de permitir maior visibilidade ao Legislativo e municiar o eleitor e as instituições da sociedade civil com informações sobre os temas analisados e votados no parlamento (BARROS; BERNARDES; LEMOS, 2008). Assim sendo, diante da atenção da população, o poder legislativo brasileiro tem ocupado posição de relevo nas discussões nacionais. Ao Parlamento cabe uma posição privilegiada no cenário dos poderes, sendo o Poder Legislativo o julgador das contas do Poder Executivo, bem como o responsável pela análise dos relatórios sobre a execução dos planos de governo 1 (BRASIL, 1988). Portanto, os deputados dispõem de poder para deliberar sobre ações do Poder Executivo. Cardozo (2009, p.82), escrevendo sobre a crise no Parlamento, observa: 1 Constituição da República Federativa do Brasil, Art. 49º, inc. IX.

18 18 É fato, contudo, que os processos decisórios nos Parlamentos são lentos. E Digamos em defesa do óbvio é de todo natural que assim o seja. Todo e qualquer processo decisório que percorra caminhos colegiados e plurais para a sua constituição é muito mais lento. Exige sempre debate, respeito às opiniões diferentes, formação de convicções e de maiorias decisórias. Aliás, é uma lei natural, intrínseca aos fatos da vida, que as decisões democráticas sejam muito mais lentas do que as autoritárias. Natural que, no Parlamento, o processo de discussão seja vagaroso, pois deve proporcionar debates entre os congressistas, nas comissões técnicas e no plenário, onde alguns deputados resistem em suas teses enquanto outros cedem nas discussões para construção das pautas de variados temas e interesses. São nos debates que se desencadeiam os fluxos de solução para os problemas apresentados pelo próprio parlamentar, pela sociedade ou pelo governo, os quais serão, a partir do consenso ou da maioria, encartados na agenda pública ou no ordenamento jurídico como nova lei. Tratando sobre o conceito de Lei, Nader (2003, p ) escreve: [...] A lei é a forma moderna de produção do Direito Positivo. É ato do Poder Legislativo, que estabelece normas de acordo com os interesses sociais. Não constitui, como outrora, a expressão de uma vontade individual (L`Ètat c`est moi), pois traduz as aspirações coletivas. Portanto, afirma Nader (2003), que é por meio do ato Legislativo que são estabelecidas as normas de interesses sociais. Destarte, os parlamentares são protagonistas do processo de produção legislativa que expressa as vontades coletivas. Entretanto, pode-se indagar: Essa produção atende às aspirações da sociedade que ele, o deputado, representa? Na Câmara Federal, o parlamentar pode atuar na defesa dos interesses da sociedade por intermédio das frentes parlamentares suprapartidárias, destinadas a promover o aprimoramento da legislação federal sobre determinado setor (Câmara Federal, Ato da Mesa nº 69/2005). Assim, o papel do Congresso é central para o processo de formação da agenda, seja porque os parlamentares buscam satisfazer seus eleitores ou porque defendem questões relacionadas a seus posicionamentos político-partidários (CAPELLA, 2006). Logo, os parlamentares desempenham um papel importante no processo de formação das agendas, observando que todos os deputados podem participar das discussões e votações no plenário, oferecer proposições, discutir as matérias, votar e ser votado, encaminhar através da Mesa, pedidos de informações a autoridades estaduais sobre fatos relativos ao serviço

19 19 público, dispondo todos da mesma autoridade e do mesmo poder de escolha por meio do seu voto, podendo se manifestar em defesa dos seus eleitores e de suas convicções. O deputado ainda pode promover, perante quaisquer autoridades, entidades ou órgãos da administração estadual ou municipal, direta ou indireta, os interesses públicos ou reivindicações coletivas de âmbito estadual ou das comunidades representadas. Assim, partindo do pressuposto de que o legislativo é uma instituição igualitária, todos os seus parlamentares podem, independentemente da votação alcançada no pleito eleitoral, exercer seu direito de votar sem a necessidade de observar sua colocação na ordem dos eleitos. Sobre a importância do voto do Parlamentar, escreve Figueiredo e Limongi (2001): Legislativos são instituições igualitárias e majoritárias. No Legislativo, os votos dos representantes eleitos pelo povo têm o mesmo peso, independentemente do número de eleitores que os elegeram, do número de mandatos que já exerceram, do partido a que se filiam etc. Desse modo, os votos recebidos na campanha eleitoral não diferenciam os parlamentares eleitos, todos têm a mesma importância no plenário. Do mesmo modo, o valor do seu voto não é alterado por filiação partidária, posicionamento ideológico, atuação no campo da oposição ou situação. Todos possuem, no seu voto, a mesma autoridade. Sobre as funções do legislativo, Torrens (2013) define que o poder legislativo detém funções de representação, legislação, legitimação da ação governamental, controle, juízo político e constituinte. Portanto, os deputados gozam de forma igualitária de competência para debaterem, no plenário da Casa Legislativa, os temas prioritários que poderão, ou não, ser incluídos nas agendas e posteriormente implementados pelo Poder Executivo, que é o responsável pela implementação das ações. Nesse sentido, faz-se importante destacar o papel do legislativo na formação da agenda: O papel desempenhado pelo Legislativo na formação da agenda é decisivo, pois representa a legislação, a legitimação, o controle e a fiscalização sobre a atividade governamental e se apresenta como o canal de comunicação entre o poder executivo e os governados, tornando efetiva a participação do Parlamento na condução política do governo (TORRENS, 2013 p. 194). Destarte, diante da competência pertinente ao parlamento, no que concerne à sua influência na definição da agenda, os parlamentares desempenham um papel fundamental ligando soluções e problemas, propostas a momentos políticos, eventos políticos a oportunidades de resolução. Portanto, os parlamentares vivenciam intensamente o contexto dos fluxos de problemas, políticos e de soluções. Desse modo, o parlamentar assume papel central

20 20 a ser estudado no modelo de múltiplos fluxos (multiple streams) desenvolvido por John Kingdon (2003). Decidindo desempenhar o papel de articulador de políticas, o deputado poderá ocupar um papel estratégico na construção da agenda pública, a partir da sua participação em discussões, debates, audiências ou sessões e, ainda, transformando suas proposições em requerimentos e as encaminhando ao Poder Executivo, reivindicando ações para atender instituições, municípios e seus munícipes. Capella (2005, p.12) apresenta o empreendedor de políticas como um conhecedor: O empreendedor é o indivíduo especialista em uma determinada questão, geralmente com habilidade em representar ideias de outros indivíduos e grupos; ou ainda que desfruta de uma posição de autoridade dentro do processo decisório, característica que faz com que o processo de formulação de políticas seja receptivo a suas ideias. Como articulador, o deputado poderá, por meio do mandato parlamentar, ocupar um papel importante como empreendedor de políticas os (policy entrepreneurs), de acordo com Capella (2005), empreendedores de políticas são os indivíduos especialistas em um determinado assunto e que representa ideias. Assim sendo, observando a característica de empreendedor, a pergunta de pesquisa do presente estudo pode ser formulada como: diante do importante papel do parlamento é possível considerar que a produção legislativa dos deputados estaduais do Rio Grande do Norte contribui para a formação da agenda governamental? Considerando, então, esses aspectos, este trabalho de pesquisa é um estudo de caso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, tomando como base o modelo de Fluxos Múltiplos de Kingdon (2003), aplicando-o com os deputados estaduais líderes ou vice-líderes de blocos partidários e seus respectivos chefes de gabinete. Assim, o problema de pesquisa do presente trabalho configura-se na identificação dos fluxos de problemas, soluções e políticos que geram oportunidades de mudanças e influenciam a agenda governamental na relação legislativo-executivo. A temática que envolve as ações e a influência do Poder Legislativo apresenta relevância social e científica, tendo em vista a possibilidade de publicações sobre o tema e a influência na formação da agenda pública. Procuramos, neste trabalho, explorar assuntos relacionados às atividades da produção legislativa na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, enfatizando a formação e o modelo de múltiplos fluxos (KINGDON, 2011).

21 OBJETIVOS: GERAL Compreender de que modo a produção legislativa contribui para a formação da agenda governamental no Estado Rio Grande do Norte. ESPECÍFICOS Analisar a produção legislativa dos deputados estaduais no exercício 2016 no Rio Grande do Norte. Identificar como os fluxos de problemas públicos influenciam a produção legislativa. Compreender de que modo são tidos os fluxos de soluções pelo legislativo para os problemas públicos. Analisar como os fluxos políticos do legislativo influenciam as oportunidades de mudanças.

22 22 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capitulo, discutiremos o modelo dos múltiplos fluxos (multiple streams), especificamente quanto à formação da agenda (agenda-setting). A seguir, abordaremos sobre o presidencialismo de coalizão que apresenta como característica um Poder Executivo com muitos poderes e o multipartidarismo, onde o Poder Executivo, no passado governava o país sem qualquer interferência do Congresso (SANTOS, 203), e hoje precisa negociar a formação da agenda e a sua aprovação, obrigando assim o presidente a formar uma coalizão de partidos no congresso para poder implementar ações relacionadas ao seu plano de governo ou problemas que deverão ser enfrentados em determinado momento. Frequentemente, os problemas chegam à atenção das decisões governamentais, não necessariamente por meio de algum tipo de pressão política, mas porque algum indicador mais ou menos sistemático simplesmente mostra que há um problema a ser resolvido (KINGDON, 2011). Desse modo, as proposições poderão surgir mediante a necessidade dos pedidos relacionados aos temas que podem atender às necessidades da população por meio de medidas ou políticas públicas. As políticas públicas também podem ser consideradas como o processo de proposições, intencionalidades e planejamento (PONCE; DITTA; FALAGOLA, 2005). As políticas públicas são diretrizes dotadas de princípios que norteiam as ações do poder público e se constituem como um meio de concretização dos direitos os quais estão codificados nas leis de um país (DIAS; MATOS, 2012). No entanto, para acontecer o processo de tomada de decisão de inclusão das ações na agenda, é preciso atender a três dinâmicas: a dos problemas, a das soluções e a da política, tendo cada fluxo a sua própria dinâmica (CAPELLA, 2005). Quando os fluxos se convergem, abrese a janela política (policy windows), que é uma oportunidade para os defensores das propostas de determinada demanda promoverem suas soluções (KINGDON, 2011). 2.1 A DINÂMICA DA FORMAÇÃO DA AGENDA PÚBLICA BASEADA NOS CONCEITOS DE KINGDON Ao analisar de que maneira um problema da sociedade se torna importante em determinado momento, para despertar a atenção dos deputados e entrar na pauta de discussões até ser incluído na agenda governamental, se verifica como um dos modelos que se adapta à realidade das atividades parlamentares o modelo de Múltiplos Fluxos (Multiple Streams Model) descrito no livro Agendas, Alternatives and Public Policies, de Kingdon (2011), cujas

23 23 categorias analíticas são: fluxos de problemas, fluxos de soluções, fluxos políticos e a janela de oportunidade Fluxo de problemas No fluxo de problemas a atenção governamental se daria em função de três acontecimentos: 1) indicadores que apontam e mensuram a intensidade de uma situação; 2) a ocorrência de eventos, crises, desastres ou uma experiência pessoal; e 3) o feedback oriundo do monitoramento sobre orçamento, custos e gastos (KINGDON, 2011). No fluxo de problemas, busca-se analisar de que forma as questões são reconhecidas como problemas e porque determinado problema passa a constar na agenda governamental e outros são descartados (CAPELLA, 2005). Pode acontecer que os problemas existam e não se manifestem nos indicadores do governo (KINGDON, 2011). O modelo de fluxos de problemas de Kingdon examina como os temas são reconhecidos e os motivos que os levam a compor a agenda do governo (GOTTEMS, et. al, 2013, p. 513). Neste Fluxo, as demandas são transformadas em problemas quando avocam a atenção dos participantes de um processo de decisão, ajustando a necessidade de ação através de três mecanismos fundamentais: indicadores; eventos, crises e símbolos; e feedback das ações e programas (CAPELLA, 2005). A figura a seguir (Figura 1) apresenta quatro elementos, os quais podem ser considerados na composição dos indicadores e que poderão influenciar na decisão de inclusão de determinada demanda na agenda governamental, são os custos do programa, por meio dos quais se discute os valores e disponibilidade de recursos para execução do programa, obra ou ação, a taxa de mortalidade infantil, a folha de pagamento de servidores e a evolução do déficit público.

24 24 Figura 1 Exemplo de Indicadores de Influência na Formação da Agenda Segundo Capella. Custos do Programa Evolução do Déficit Público Indicadores Taxas de mortalidade infantil Folha de pagamento Fonte: Capella (2006. p. 26) adaptado pelo Autor. Para Dias e Matos (2012) outro mecanismo importante a ser considerado no fluxo de problemas é a análise dos eventos de grande amplitude, como as crises, sejam econômicas, políticas, nacionais ou internacionais. Os autores chamam a atenção também para os desastres ou símbolos que concentram a atenção em determinado assunto. São os eventos focais, como crises, desastres ou símbolos que ajudam a concentrar a atenção em determinado assunto, porém, não são suficientes para por si só elevarem um assunto à agenda (ALMEIDA et al. 2013, p. 42). Outro instrumento importante no processo de acompanhamento das atividades de implementação de programas e ações governamentais é o feedback, bem como nos processos de identificação de demandas e reclamações de servidores ou dos cidadãos (CAPELLA, 2016). A ação do feedback na fiscalização de obras e programas é importante principalmente quando estão em desenvolvimento pelo governo. Na Figura 2 apresenta-se 4 ações que poderão compor o processo de feedback: o monitoramento de gastos, o acompanhamento das atividades de implementação, o cumprimento de metas possíveis e possíveis reclamações de servidores os cidadãos.

25 25 Figura 2 Exemplo de Feedback das Ações e Programas Segundo Capella Possíveis Reclamações de Servidores ou Cidadãos Monitoramento dos Gastos Cumprimento de Metas Acompanhamento das atividades Fonte: Capella, (2006. p. 27) adaptado pelo Autor. Para entender este modelo é importante a compreensão que problemas são construções sociais, os quais precisam ser interpretados: Problemas não são meramente as questões ou os eventos externos: há também um elemento interpretativo que envolve percepção. (CAPELLA, 2006, p ). Em se tratando da discussão dos problemas em debate no Parlamento, de acordo com o Regimento Interno da ALRN, artigo 248, todos os deputados podem discutir e votar em plenário a matéria que trata sobre temas dos mais diversos interesses. As matérias podem ser assuntos de interesses dos poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário, ou mesmo dos cidadãos ou representantes de entidades, que reivindicam atenção para demandas de interesse próprio ou coletivo. As discussões dos problemas no Parlamento podem construir as mudanças necessárias para o governo ou para a sociedade e influenciar na construção de uma agenda para atender determinada demanda proveniente da discussão parlamentar Fluxos de Alternativas e Soluções Neste fluxo, a busca por soluções mobiliza os grupos da sociedade no processo de construção de alternativas e soluções. No rol dos interessados estão as comunidades geradoras de alternativas (policy communities) que são compostas por especialistas - pesquisadores, assessores parlamentares, acadêmicos, funcionários públicos, analistas pertencentes a grupos de interesses, entre outros - que compartilham uma preocupação em relação a uma área (CAPELLA, 2005). Para esses grupos chegarem à solução, se faz necessário a discussão quanto à viabilidade técnica, a verificação da aceitação pela comunidade da solução encontrada, e os próprios custos que serão necessários para implantação do programa, obra ou ação de governo (KINGDON, 2011).

26 26 A solução ou alternativa ainda podem ter motivação política e estar relacionada à preocupação dos políticos à reação ou interesses dos seus eleitores (DIAS; MATOS, 2012). A discussão sobre a alternativa ou solução do problema ainda envolve vários atores, entre eles, os assessores, consultores e funcionários do Parlamento, os quais formam comunidades de especialistas que agem, dentro dos interesses de cada gabinete, coordenado pelo Parlamentar. Para Kingdon (2011) as comunidades políticas são compostas de especialistas em uma determinada área de políticas, como por exemplo: saúde, habitação, meio ambiente e segurança pública. Em qualquer uma dessas áreas de política, os especialistas atuam, seja no governo, quanto fora dele, alguns profissionais atuam em equipes de comissões no Congresso. Deste modo, o processo de construção de soluções e alternativas, conta também com atores, que participam anonimamente ou sem poder de decisão. Os atores sem poder de decisão são denominados como atores ocultos, e podem ser, os servidores públicos, os representantes de grupos de interesse, como as organizações não governamentais, os consultores, entre outros (SUMIYA, 2015). Nesse fluxo, as propostas são geradas, debatidas, reformuladas e aceitas para atendimento. Muito desse processo ocorre em comunidades de especialistas. Essas comunidades podem ser bastante fechadas ou muito participativa (KINGDON, 2011). As ideias geradas nesse fluxo não estão necessariamente relacionadas a capacidade de reconhecer problemas específicos (KINGDON, 2011). No processo de solução encontrar-se o conjunto de ideias e propostas levantadas que geram alternativas que poderão ganhar aceitação na rede de políticas. Porém, nesse processo não são todas as ideias que recebem o mesmo tratamento, algumas permanecem intocadas, outras são combinadas a novas propostas e/ou desaparecem (GOTTEMS, et al. 2003). Enquanto algumas propostas de alternativas e soluções não prosperam, outras que atendem aos critérios técnicos, são exequíveis e apropriadas para serem implementadas, com equidade e eficiência, aumentam suas chances de implantação e sobrevivência. (KINGDON, 2011) Fluxos Políticos O fluxo político, diferente dos outros, tem suas próprias dinâmicas e regras. É composto de fatores como oscilações do humor nacional, resultados eleitorais, mudanças na administração, correntes ideológicas ou partidárias no Congresso (KINGDON, 2011). Nesse fluxo, vários grupos influenciam e podem provocar alterações nas articulações do processo de

27 27 formação da agenda, exemplo, os partidos políticos através dos seus parlamentares, eles identificam se o clima político naquele momento é favorável para a alteração da agenda governamental, podendo a mudança proposta ser favorecida ou sofrer restrição (KINGDON, 2011). O clima ou humor nacional (national moodino), as forças políticas organizadas e as mudanças dentro do próprio governo, são três elementos que exercem influência sobre a agenda governamental (CAPELLA, 2006). O clima ou humor nacional (national moodino), é caracterizado por uma situação na qual diversas pessoas compartilham no mesmo período dos mesmos problemas, assim diante de uma grande quantidade de pessoas observando o mesmo problema, pode surgir várias alternativas de solução para a respectiva demanda. O segundo elemento é constituído pelas forças políticas organizadas, nesse caso, exercidas principalmente pelos partidos políticos, onde a adesão ou a oposição pode determinar o consenso ou conflito numa arena política, permitindo assim, aos formuladores de políticas avaliarem se o ambiente é propício ou não a uma proposta (CAPELLA, 2006). Nesse processo os responsáveis pelas decisões tendem a seguir a mesma posição assumida pelas forças políticas, principalmente, quando os grupos se encontram em uma posição de consenso ou conflitos na arena política (ALMEIDA, et al., 2013); O terceiro elemento que pode influenciar as mudanças no governo, são ocasionadas pela chegada de novos ocupantes de chefia, assim provocando a mudança de pessoas em posições estratégicas dentro da estrutura governamental, e consequentemente as mudanças de gestão. Pode ocorrer ainda, as mudanças na composição do Congresso e as mudanças na chefia de órgãos e de empresas públicas. (KINGDON, 2011) Janela de Oportunidade Em determinadas situações, os três fluxos problemas, soluções e político, se convergem, gerando uma oportunidade de mudança na agenda. Neste momento, um problema é reconhecido, uma solução está disponível e as condições políticas tornam o momento favorável para a mudança (CAPELLA, 2005, p.10). Portanto, as mudanças na agenda acontecem quando os três fluxos se convergem, sendo este processo denominado por Kingdon (2003) como coupling (acoplamento), ou seja, a conexão dos fluxos que, por sua vez, ocorrem em momentos em que as policy windows (Janelas de Políticas) se encontram abertas.

28 28 Portanto, a integração dos três fluxos problemas, alternativas e política é denominada como a abertura de uma janela de políticas públicas, que se constitui na oportunidade para que os empreendedores possam apresentar suas propostas (GOTTEMS et al. 2003). O fechamento das janelas pode acontecer após a tomada de alguma decisão, pelo fracasso em buscar uma solução, por mudanças do pessoal envolvido no tema ou simplesmente por não haver uma alternativa de ação disponível. (KINGDON, 2011). No processo de produção legislativa os empreendedores políticos (policy entrepreneurs) são os parlamentares que exercem seu mandato com a disposição de investir recursos para promover políticas que são do interesse da sociedade. Encontramo-nos, assim, em três conjunturas: quando tentam colocar suas preocupações a respeito de certos problemas no topo da agenda, quando promovem suas propostas de soluções durante um processo de discussão no parlamento e quando atuam no campo da política aprovando as proposições e produzindo as conexões (janelas abertas). 2.2 A PARTICIPAÇÃO DO LEGISLATIVO NA FORMAÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL A legislação brasileira, a partir do ano 2009, inovou o processo eleitoral, passando a exigir, como um dos requisitos para registro de candidatura, a apresentação das propostas defendidas pelo candidato a cargo executivo (BRASIL, Lei /2009, Art. 11, 1º). Assim, aquele que se apresenta para disputar o cargo de prefeito, governador ou presidente da república, necessita apresentar, no ato do pedido de registro, seu plano de governo, as propostas que ele defende e que poderão, com a sua vitória, compor a agenda de ações do futuro governo. A discussão envolvendo a futura agenda governamental, como posto, inicia ainda no processo eleitoral, quando os candidatos expõem para a sociedade suas agendas no plano de governo, sendo importante a observância do Plano Plurianual (PPA), que é uma lei de iniciativa do Poder Executivo a qual estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada (BRASIL, Art. 165, 1º).

29 29 O Plano Plurianual (PPA) 2 é encaminhado pelo Executivo ao Congresso até 31 de agosto do primeiro ano de cada novo governo, mas ele só começa a valer mesmo no ano seguinte. Fazendo as contas e somando os quatro anos do PPA, se percebe que o PPA é valido até o final do primeiro ano do governo seguinte. Logo, essa passagem de um governo a outro serve para garantir continuidade administrativa e garanti o funcionamento da máquina estatal. Importante ressaltar que é no PPA que as grandes estratégias do governo são pensadas para um prazo de quatro anos, traduzidas em metas e quantitativos (GAMA, 2009, p. 10). Outra Lei importante é a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que deve ser apresentada até 15 de abril; e a Lei Orçamentária Anual (LOA) até 31 de agosto. No Congresso Nacional, a LDO deve ser aprovada até o dia 17 de julho e o Orçamento até 22 de dezembro, onde serão discutidas através dos debates no Parlamento. A discussão trata dos interesses que formam o convencimento do deputado que aqueles problemas são merecedores da discussão no parlamento e que as propostas orçamentárias que consta na peça são necessárias. Importante ressaltar que anterior a qualquer discussão, a proposição é produzida e encaminhada para deliberação da Assembleia. De acordo com o artigo 214, do regimento da Assembleia, recebida uma proposição, será ordenada em processo, com todas as folhas numeradas e rubricadas, sendo-lhe atribuído número de ordem (ALRN, 2003). As proposições acolhidas podem entrar na pauta da assembleia para discussão, momento em que se buscará encontrar o consenso ou um resultado da maioria dos deputados favoráveis ao encaminhamento, ou não, da propositura para análise do governo, que avaliará sua inclusão na agenda pública governamental. As proposições na Assembleia poderão ser apresentadas pelo Governador do Estado, pelo Tribunal de Justiça, pelo Tribunal de Contas, pela Mesa ou Comissão da Assembleia, pelo Procurador-Geral de Justiça ou pelo cidadão que primeiro assinar o projeto de iniciativa popular (ALRN, 2003). Destarte, determinado problema, em certo momento, atrai a atenção das autoridades ou de seus assessores, podendo passar a ser foco das discussões e, assim, com a influência das autoridades ou de seus auxiliares, possibilitando ser incluído na agenda. Se um problema é identificado por ator político, e esse ator tem interesse na sua resolução, este poderá então lutar para que tal problema entre na lista de prioridades (SECCHI, 2015). 2 CARTILHA DO ORÇAMENTO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. As informações sobre orçamento, PPA LDO LOA podem ser consultadas no sitio da Câmara Federal:

30 30 Os participantes das discussões são chamados de Atores (LOPES et al., 2008) e são identificados em dois tipos: estatais (oriundos do Governo) e privados (oriundos da Sociedade Civil). Os atores estatais desenvolvem funções públicas no Estado e, quando eleitos pelo povo, exercem o mandato, no caso do deputado, de quatro anos 3 (BRASIL, 1988). Investido do mandato, o parlamentar pode influenciar na definição das políticas públicas: Os políticos são eleitos com base em suas propostas de políticas apresentadas para a população durante o período eleitoral e buscam tentar realizá-las. As Políticas Públicas são definidas no Poder Legislativo, o que insere os Parlamentares (vereadores e deputados) nesse processo. Entretanto, as propostas das Políticas Públicas partem do Poder Executivo, e é esse Poder que efetivamente as coloca em prática. (LOPES et al., 2008, p. 8) Oportuno destacar a importância do Poder Legislativo, onde os eleitos trabalham na definição das políticas públicas, ainda que seja o Poder Executivo, por meio do presidente, governador ou prefeito e respectivos auxiliares, que efetivamente produz a implementação das políticas que são apontadas como necessárias na agenda, o Poder Legislativo contribui para a definição da política. Kingdon (2011) apresenta três tipos de agenda, são elas: a agenda não-governamental, a agenda governamental e a agenda de decisão. A agenda não-governamental contém os temas, assuntos e questões que são reconhecidos pelo público e atores, sem, no entanto, receber atenção do Poder Público. A governamental é o espaço onde os temas públicos considerados relevantes são tratados e recebem, determinada atenção dos formuladores de políticas públicas. Entretanto, diante da complexidade e urgência como surgem os problemas, apenas aqueles que se destacam em determinado momento são pautados na agenda. Estes problemas reconhecidos se constituem na agenda de decisão. A agenda pode ser uma lista de assuntos ou problemas aos quais os funcionários governamentais e as pessoas que não participam do governo estão prestando muita atenção em um determinado momento (KINGDON, 2011). A agenda é um conjunto de problemas ou temas entendidos como relevantes, e abordando sobre os tipos de agendas, Secchi (2015) destaca três tipos, conforme indicados no Quadro 1. 3 Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Artigo 44, parágrafo único.

31 31 Política ou Sistêmica Um Conjunto de Problemas que a comunidade política identifica como merecedora de intervenção. Quadro 1 - Tipos de Agenda segundo Secchi (2015) AGENDAS Fonte: SECCHI (2013, p. 46) adaptado pelo Autor Agenda Formal ou Institucional Elenca os problemas ou temas que o poder público já decidiu enfrentar. Ela já faz parte da ação de governo. Agenda da mídia Lista de problemas que recebe atenção especial dos meios de comunicação; Em determinados momentos condiciona as agendas políticas e formal. Como se observa no Quadro 1, a agenda sistêmica, é uma agenda mais geral traz um conjunto de problemas que os políticos consideram importantes para que seja construída determinada solução. Assim, na agenda sistêmica, partindo da lógica política, os parlamentares possuem preferências com relação aos problemas que devem compor a agenda (SANTOS, 2003). Na agenda formal, a lista de assuntos que despertam a atenção do governo recebe grande atenção dos funcionários (SOUZA, 2006). Nessa agenda as propostas se tornam rapidamente superioras, porque podem ser reconhecidas como solução para problemas que estão pressionando uma resolução. Contudo, apesar dos problemas já estarem inclusos na agenda governamental não significa que serão executados. Outra é a agenda da mídia, que diante da força dos meios de comunicação, impõe as agendas política e institucional às pautas que interessam aos veículos de comunicação. Assim, a visibilidade midiática compõe o capital político de vários modos: através de seus efeitos que abarcam as relações entre líderes e os cidadãos comuns, bem como influenciam os processos de valorização, reconhecimento e desgastes públicos do político diante dos cidadãos (NOLETO FILHO, 2014). Assim sendo, nunca na história do planeta a possibilidade de bilhões de pessoas se comunicarem em tempo real foi tão ampla. Na era da informação, a internet diminuiu as fronteiras do globo (OLIVEIRA, 2016). Com isso o poder da mídia ampliou significativamente, o que gera a oportunidade de influenciar através da visibilidade a agenda pública. Para Dias e Matos (2012), os veículos de comunicação de massa prestam um serviço de informação à sociedade, entretanto, formam uma opinião pública sobre determinados temas e até interesses.

32 32 A mídia também desempenha o papel de controle sobre a esfera política e a ação da administração pública, denunciando casos de corrupção e apontando as melhores práticas (SECCHI, 2015). No olhar de Secchi (2015), a mídia é uma categoria de atores importantes, pelo seu papel de difusor de informações, as quais são importantes para a manutenção da própria democracia contemporânea. Na arena midiática, acontece uma disputa incessante entre as várias agendas postas em circulação por diversos atores sociais e políticos, inclusive a própria imprensa que, em momentos excepcionais (como no impeachment dos presidentes Nixon e Collor), pode vir a assumir a posição de ator principal do processo político (AZEVEDO, 2006). Pode-se considerar a agenda como uma relação de assuntos ou dificuldades que em determinado momento despertam a atenção das autoridades dos poderes executivo, legislativo, judiciário, bem como a atenção da própria sociedade. Portanto, quando do procedimento de estabelecimento de uma agenda, percebe-se que, quanto maior a concentração do conjunto de temas, menor o conjunto de problemas, que de fato se torna o foco de atenção. Assim, toda a problemática que envolve, por exemplo, as políticas públicas, quando centralizadas na formação da agenda, poderá ser elencada numa pauta definitiva. A centralidade dos temas na agenda é resultado das discussões entre os grupos que integram o Sistema Político, que apresentam as reivindicações ou executam as ações, as quais serão transformadas em Políticas Públicas. Sobre os participantes desses grupos, eles são denominamos como atores (LOPES; AMARAL; CALDAS, 2008). Para Secchi (2015), o processo de elaboração de políticas públicas (policy-making process), também conhecido como ciclo de políticas públicas (policy cycle), desenvolve-se em sete fases: identificação do problema; formação da agenda; formulação de alternativas; tomada de decisão; implementação; avaliação e extinção. Essas fases podem ser evidenciadas na Figura 3. Figura 3 - Ciclo de Políticas Públicas Fonte: Secchi (2015, p. 43) adaptado pelo Autor.

33 33 O autor enfatiza que o ciclo de políticas públicas raramente reflete a real dinâmica ou vida de uma política pública. As fases geralmente se apresentam misturadas, as sequências se alternam. (SECCHI, 2015). Nomeadamente, o processo de formulação de Políticas Públicas, igualmente chamado de Ciclo das Políticas Públicas, apresenta diferentes fases, das quais, neste trabalho, destacamos quatro, que são as fases que mais se relacionam com a formação da agenda, a saber: Primeira fase - trata da identificação dos problemas que poderá ser feita por todos os interessados. Eles poderão dialogar com os atores da fase da formação da agenda que, no caso deste estudo, são os poderes executivo e legislativo. O diálogo acontece por intermédio de informações prestadas, denúncias ou solicitações para resolução dos problemas que aflijam o grupo, igualmente, os que recebem a solicitação ou denúncia podem proporcionar aos que inicialmente trouxeram a queixa ou o feedback das ações solicitadas. Segunda fase - formação da agenda, devendo-se elencar os problemas compreendidos como relevantes, observando que existem problemas que ganham ou perdem espaço de acordo com o grau ou crise do momento (SECCHI, 2015). Nesta fase, acontece a escolha de prioridades. Terceira fase - fase de formulação, é neste momento em que se apresenta as soluções ou alternativas. Essas soluções se iniciam a partir da introdução do problema na agenda. Nesta fase, vários atores participam da busca pela solução, atores formais e informais, atores individuais e coletivos, atores públicos e privados (DIAS; MATOS, 2012). Quarta fase - Processo de Tomada de Decisão (Escolha das Ações). Esta fase é considerada uma etapa posterior à formulação de alternativas de solução. Representa o momento em que os interesses dos atores são equacionados e as intenções são explicitadas (SECCHI, 2015). Em todas essas fases, percebe-se a necessidade da participação dos poderes Legislativos e Executivo na busca da identificação dos problemas, na seleção dos problemas prioritários, na discussão para alcançar a solução e a tomada de decisão para inclusão, ou não, do problema na agenda governamental. Portanto, é imprescindível a construção do consenso sobre quais problemas são prioridades para sua inclusão agenda. Esse consenso é construído no fluxo político (KINGDON, 2011).

34 34 O acordo político é resultado das alianças que são construídas a partir de um processo de negociação e de troca de apoio no Parlamento. Os grupos de influência, são eles, sindicatos e associações, a mídia, e o próprio processo eleitoral, podem determinar o clima político para a mudança da agenda governamental, podendo tanto favorecer uma mudança, como restringi-la (CAPELLA, 2006). As alianças construídas no parlamento respondem ao momento e aos interesses determinados pelos costumes políticos, que nem sempre estão relacionados aos temas que carece de ser constados na agenda. Sobre a cultura política e agenda legislativa, Vieira (2017, p. 123) aborda: A combinação de um arcabouço normativo, constitucional e legal que garante um amplo poder de iniciativa aos membros individuais do Legislativo com uma cultura política que ainda mensura a qualidade do mandato parlamentar com base em aspectos quantitativos da sua produção legislativa favorece a introdução de um número significativo de proposições na pauta do Congresso Nacional. Destarte, diante da prerrogativa de formulação de requerimentos pelos deputados, em alguns casos, conservadores de uma visão política que mede a qualidade do mandato com a quantidade e não com o resultado de uma produção legislativa, advém uma grande quantidade de proposição e uma baixa capacidade de influenciar a agenda pública. Assim, a baixa produção legislativa ou falta de qualidade das proposições poderá favorecer o desinteresse da população em conhecer os resultados do trabalho dos parlamentares, aumentado, desse modo, o afastamento do povo em relação ao Poder Legislativo e à sua própria produção. Sobre o poder precípuo do Parlamento, escreve Tácito (2012, p.11): A lei é, por excelência, ato que incumbe ao Poder Legislativo. O Parlamento, investido da representação popular, emite, no âmbito traçado pela Constituição, os comandos que estruturam a ordem jurídica. O poder de legislar é atividade precípua do Parlamento que, até mesmo etimologicamente, fala em nome do povo. Os Parlamentares representam o povo, no entanto, existem políticos que habitualmente lutam por interesses concentrados [...], outros interesses difusos [...], e outros que revezam, ora difusos, ora concentrados (SECCHI, 2015, p. 102). Portanto, faz parecer, que os interesses de alguns poderão mudar de acordo com o momento político, a mídia ou até a orientação partidária. Esse posicionamento mutável poderá influenciar no resultado da produção legislativa. No processo de produção legislativa, as iniciativas das leis complementares e ordinárias cabem também a qualquer membro do Parlamento. Quando da apresentação de proposituras, o Parlamentar deve obediência ao texto Constitucional (BRASIL, 1988). Em nenhuma hipótese, a produção legislativa deveria se concentrar no que concerne a interesses exclusivos da base

35 35 política aliada ou apenas a interesses de segmentos que contribuem com a eleição do detentor do mandato. A produção legislativa tem que atender às necessidades da sociedade. A supremacia da lei deveria ser, de acordo com o esquema clássico, a supremacia da Razão sobre o arbítrio dos governantes. Deveria exprimir a vontade geral, que nunca erra, por ser a razão humana despida dos interesses que a descaminham, e, jamais, o predomínio de qualquer grupo, de qualquer vontade particular. (FERREIRA FILHO, 2012, p. 103). Para Nader (2003), a lei é a forma moderna de produção do Direito Positivo. É ato do Poder Legislativo, o qual estabelece normas de acordo com os interesses sociais. Desse modo, quando da discussão da agenda, no gabinete parlamentar, deve-se observar os interesses sociais. Oportuno ressaltar que a Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 6º, apresenta os direitos sociais 4. De tal maneira, diante de um contexto de multiplicidade de ações desenvolvidas nos Gabinetes Parlamentares e a participação dos deputados como atores importantes na construção da agenda governamental, percebe-se a necessidade da pesquisa dos fluxos de problemas, fluxos de soluções e políticos que geram oportunidades de mudanças e as influências do Poder Legislativo na construção da agenda governamental (DIAS; MATOS, 2012). Destaca-se que a formulação da agenda não é função típica do legislativo, pois cabe ao poder legislativo, representando o povo, legislar. No Estado Democrático de Direito, é o legislativo que organiza as demandas da sociedade e as vontades coletivas, bem como as transforma em lei, comandos concretos voltados para pessoas indeterminadas (VECCHIA, 2008). Mendes e Branco (2012) afirmam que a edição de atos normativos primários é função típica do Poder Legislativo. Isto é, a função primeira da Câmara é produzir as normas. No entanto, as funções do legislativo não se encerram no ato da produção das normas. O parlamento figura como parte importante na arena política, especialmente com a atuação dos parlamentares no campo do fluxo político, a partir de articulações, reuniões e até mesmo cobranças ao gestor do poder executivo, entendendo-o como agente de decisão quanto às demandas que serão abarcadas na futura agenda governamental. 4 "Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição." (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

36 36 Oliveira (2005, p. 15) destaca que, na relação entre os poderes executivo e legislativo, não pode acontecer imposições, e o Poder Executivo deve enviar seus projetos ao Congresso: No sistema Presidencialista democrático e bicameral, Presidência, Senado e Câmara são agentes cuja capacidade de veto é constitucionalmente assegurada. O Presidente não pode impor políticas unilateralmente, mas deve enviar seus projetos à apreciação do Congresso. De outra parte, os presidentes sempre têm alguma capacidade de veto sobre iniciativas do Congresso. Entretanto, nem sempre esses atores com a capacidade de veto têm o mesmo poder. O Poder Executivo dispõe de instrumentos que exercem pressão no Legislativo, contudo, o presidente não tem a capacidade de impor as medidas que lhes pareçam necessárias ou convenientes, isto é, a agenda precisa ser discutida com o Parlamento. Poder Executivo e Poder Legislativo são atores que juntos participam da construção da agenda pública. Os atores no processo de política pública são aqueles indivíduos que desempenham um papel relevante na arena política e têm influência na decisão do que entra ou não na agenda (SECCHI, 2015). Desse modo, no processo de construção da agenda pública, os políticos são atores fundamentais e, assim, poderão influenciar diretamente na sua definição. Ressalte-se que, na arena política, os parlamentares desenvolvem papéis relevantes, principalmente nos debates das sessões do Parlamento, que terminam por contribuir para o conhecimento e a participação da sociedade, bem como para a própria continuidade ou mudança de determinada política na agenda do Poder Executivo. De acordo com Dias e Matos (2012, p. 45), os políticos constituem-se atores fundamentais, desempenhando um papel primordial: identificar os problemas e decidir quais políticas são adequadas para combatê-los. Desse modo, o político poderá atuar como ator que influencia na formulação da agenda, sendo essa atuação por meio da articulação política. Ressalta, ainda, que os interesses do Executivo carecem da chancela do Legislativo, mesmo que a agenda já esteja idealizada, ela precisará passar por discussão no Parlamento e fica sujeita às alterações, resultado dos debates e das votações dos deputados. Importante observar que os problemas manifestados pelos grupos da sociedade ou de governos durante os debates no parlamento poderão se transformar em proposituras dos parlamentares que desejam atender às demandas que carecem de inclusão na agenda e que são necessárias para o bem-estar da população. Destaca Vecchia (2008) que, no Estado Democrático de Direito, é o Legislativo que organiza as demandas da sociedade, as vontades coletivas e os comandos concretos voltados para pessoas indeterminadas. Destarte, o legislativo desempenha um papel fundamental na organização dos interesses da população.

37 37 Assim, o Poder Legislativo em um estado democrático, cumpre papel imprescindível perante a sociedade, visto que desempenha funções primordiais para a consolidação do processo, entre elas: a função de representar o povo brasileiro, legislar sobre os assuntos de interesse nacional e fiscalizar a aplicação dos recursos públicos (REIS, 2008). No complicado processo de construção da agenda das políticas públicas, de acordo com Secchi (2015, p. 101), é também possível notar que cada arena tem uma configuração de atores, que podem influenciar no processo de inclusão ou mudanças, quais sejam: Atores governamentais, os políticos, os designados politicamente, burocratas e os juízes, e os atores não governamentais, os grupos de interesse, partidos políticos, meios de comunicação, destinatários das políticas públicas, organizações do terceiro setor e outros stakeholders. O processo de construção da agenda não é um ciclo uniforme, ele pode mudar de acordo com o tema, a urgência ou os interesses de grupos políticos, governo, empresários, mídia, ambiente, eventos da natureza e da própria sociedade. A agenda poderá ser alterada de acordo com a política ou necessidade do momento. Para Secchi (2015) é necessária a identificação do problema, e geralmente essa identificação é feita pelos próprios grupos afetados, ou pelos meios de comunicação quando fazem as denúncias de situações alarmantes ou de oportunidades de melhora. O reconhecimento do problema é fundamental para a configuração da agenda. As chances de uma determinada proposta ou assunto entrar em uma agenda são marcadamente melhoradas se estiverem conectadas a um problema importante. Alguns problemas são vistos como tão urgentes que estabelecem agendas por si mesmos (KINGDON. 2011). Portanto, às vezes, o reconhecimento de um problema urgente é suficiente para ganhar um lugar proeminente na agenda política (KINGDON, 2011). De tal forma, faz-se importante destacar a necessidade da participação de diversos atores no processo de formação, como associações, sindicatos e parlamentares, os quais devem atuar na discussão para estabelecer uma agenda que atenda ao interesse da maioria dos cidadãos. E nesse processo de construção da agenda, o poder legislativo desenvolve funções importantes, tais como representar, legislar, articular, acomodar interesses, garantir legitimidade e controle do Executivo (DIAS; MATOS, 2012). Dessas funções, destaque para a representação e a legislação das ações que estão mais diretamente ligadas ao processo de formulação de políticas públicas. Ainda de acordo com os autores Dias e Matos (2012, p ),

38 38 Caso um problema seja identificado por algum ator político, como, por exemplo, os partidos políticos, os gestores públicos ou as organizações do terceiro setor, e esse ator tem interesse na resolução de tal problema, este poderá então lutar para que o problema entre na lista de prioridades de atuação. Essa lista de prioridade é conhecida como agenda. Assim identificada a demanda, os políticos, quando despertam o interesse, articulam o ingresso do problema na agenda e, diante da capacidade do poder de representação e fiscalização exercida pelo Parlamento, o Poder Executivo precisa abrir a negociação com o próprio Legislativo para ter sua agenda aprovada. Essa aprovação implica a possibilidade de ajustes na proposta. Portanto, quando submetida ao processo legislativo, a proposta do Executivo está sujeita a mudanças e aprimoramentos (SILVA; ARAÚJO, 2010). Considerando os aspectos da participação dos políticos, Secchi (2013) observa que, quando se está investido de cargos no Executivo ou no Legislativo, possui-se legitimidade para propor e fazer acontecer políticas públicas de grande impacto social. Ressalte-se que, no exercício do mandato, o parlamentar poderá, atuando como empreendedor, buscar alternativas para demandas da sociedade ou da sua própria base de sustentação política. Na relação entre os poderes executivo e legislativo, não pode acontecer imposições e o Poder Executivo deve enviar seus projetos para o Congresso (OLIVEIRA, 2005). Portanto, a relevância do Poder Legislativo para a sociedade é importante e motiva o interesse em desenvolver pesquisa focada no papel do Legislativo na definição da agenda governamental do Executivo, pois fica clara a necessidade do Parlamento como partícipe da formulação da agenda pública. Portanto, a relevância do Poder Legislativo para a sociedade é importante e motiva o interesse em desenvolver pesquisa focada no papel do Legislativo na definição da agenda governamental, pois fica claro a necessidade do Parlamento como partícipe da formulação da agenda pública. 2.3 A FRAGMENTAÇÃO PARTIDÁRIA E O PRESIDENSIALISMO DE COALIZÃO NO BRASIL Abranches (1998, p. 15) foi o primeiro a utilizar a expressão presidencialismo de coalizão, e abordando a especificidade do modelo brasileiro, sobre o tema escreveu: O Brasil é o único país que, além de combinar a proporcionalidade, o multipartidarismo e o presidencialismo imperial, organiza o Executivo com base em grandes coalizões. A esse traço peculiar da institucionalidade concreta brasileira chamarei, à falta de melhor nome, presidencialismo de coalizão.

39 39 Observa-se, então, a necessidade de o governo praticar a construção de alianças e a troca de apoios para conseguir a estabilidade necessária para governar. Nesse processo de construção, o Poder Executivo necessita de maioria no Parlamento para as medidas necessárias para implementação de políticas de interesse do povo. Em se tratando do papel do legislador municipal, o vereador, não se restringe a apresentação de proposições. Ela amplia à medida que o Parlamentar incumbe a fiscalização dos atos do Poder executivo ou indica obras e serviços de interesse coletivo, pois deve ser autêntico o elo entre os cidadãos e os órgãos que compõem a administração pública municipal (MACHADO, 2017). O sistema presidencialista brasileiro é caracterizado como sendo um presidencialismo de coalizão. De forma resumida, o presidencialismo de coalizão apresenta como característica um Poder Executivo com muitos poderes, o multipartidarismo, e a eleição de presidentes com votação maior do que aquela obtida pelo seu partido no pleito legislativo. Assim, o presidente vê-se obrigado a formar uma coalizão de partidos no congresso, que será distinta daquela apresentada no período eleitoral. O sistema presidencialista nasce no Brasil desprovido de uma prática de freios e contrapesos entre os diversos agentes políticos. No passado o executivo governava o país sem qualquer interferência do Congresso (SANTOS, 2003). Nesse viés de discussão de subalternidade entre os poderes executivo e legislativo, fica demonstrado que as dificuldades no sistema presidencialista persistem desde seu início. Acerca disso, Santos (2003) explana uma posição de dependência, na qual os congressistas atendiam as demandas de interesse, com prioridade do executivo. Portanto, o presidencialismo de coalizão não é apenas um modo de fazer política ou de governar. É um arranjo institucional. E, nesse sentido, como qualquer arranjo institucional, cunha um sistema que gera estímulos capazes de determinar ou influenciar de modo bastante significativo a conduta dos cidadãos e governantes (SCHIER, 2016). Assim sendo, em meio ao dilema institucional do presidencialismo de coalizão, Abranches (1988, p ) apresenta três momentos típicos da formação da aliança, são eles: Primeiro, a constituição da aliança eleitoral, que requer negociação em torno de diretivas programáticas mínimas, usualmente amplas e pouco específicas, e de princípios a serem obedecidos na formação do governo, após a vitória eleitoral. Segundo, a constituição do governo, no qual predomina a disputa por cargos e compromissos relativos a um programa mínimo de governo, ainda bastante genérico. Finalmente, a transformação da aliança em coalizão efetivamente governante, quando

40 40 emerge, com toda força, o problema da formulação da agenda real de políticas, positiva e substantiva, e das condições de sua implementação. Se no passado o Poder Executivo demonstrava ser mais forte, embora não se descarte a força do presidente na atualidade, no novo modelo constitucional inserido com a promulgação da Carta Magna de 1988, o poder legislativo ganhou força. De acordo Figueiredo e Limongi (2001, p. 42), com a nova Carta, o Poder Legislativo recuperou poderes que antes tinha perdido. Com a Constituição de 1988, o Congresso recuperou muitos dos poderes subtraídos pelas sucessivas reformas constitucionais impostas pelos governos militares. Além disso, em diversos pontos o Congresso teve seus poderes ampliados em relação àqueles consagrados pela Carta de A nova Carta permite ao Congresso contribuir de maneira efetiva para a formulação de políticas públicas. Assim sendo, com a autoridade da nova Carta Magna de 1988, segundo o que narram Figueiredo e Limongi (2001), o poder legislativo ganhou condição para contribuir de forma efetiva para a formulação de políticas públicas. Vale ressaltar o extenso caminho de discussão até a definição da agenda. O processo se inicia com a campanha eleitoral, depois da vitória da coalização ou do candidato, são escolhidos os auxiliares do governo, para finalmente iniciar a discussão dos temas que serão elencados na agenda. É oportuno destacar que, embora o presidente e seus auxiliares possam iniciar a elaboração da agenda, faz-se necessário, para o sucesso da iniciativa, a discussão com os atores representantes de associações, ONGs, sindicatos e outros interessados, como Ministério Público, Tribunais de Justiça, Tribunais de Contas dos Estados e Assembleias, neste último caso, as discussões passam pelos deputados estaduais. Ainda de acordo com os autores, a mais importante conquista do congresso consagrada pela nova Constituição foi a redefinição de sua participação no processo e no controle das finanças públicas. Relata Figueiredo (2001, p.42) que: A mais importante das conquistas do Congresso consagrada pela nova Carta é sem dúvida a redefinição de sua participação no processo orçamentário e no controle das finanças públicas. Como se sabe, os governos militares restringiram ao mínimo a atuação do Legislativo nessa área. Entre as novas atribuições e poderes reservados ao Legislativo, cabe destacar a maior abrangência dos orçamentos a serem enviados pelo Executivo à apreciação do Legislativo, a maior capacidade deste último para emendar o orçamento enviado, o fortalecimento do Tribunal de Contas e a maior participação do Congresso na nomeação dos membros desse tribunal. A Nova Carta de 1988 permitiu ao legislativo a mais importante conquista: a sua participação no processo orçamentário e no controle das finanças públicas (OLIVEIRA, 2005,

41 41 p. 11). Sendo de responsabilidade do Poder Executivo a elaboração do Plano Plurianual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Competindo ao Poder Legislativo discutir, propor emendas, aprovar as propostas orçamentárias e depois julgar as contas apresentadas pelo chefe do Poder Executivo. Portanto, as casas legislativas ocupam um papel relevante também na fiscalização e na discussão do orçamento do Estado 5 (BRASIL, 1988). Destaca-se que o Brasil adota o sistema presidencialista de governo, em que o presidente é o Chefe de Estado e de Governo, cuja responsabilidade, entre outras, é a de escolher os ministros. No presidencialismo, o presidente exerce o Poder Executivo, enquanto os outros dois poderes (Legislativo e Judiciário) possuem autonomia e atuam de forma independente e harmônica entre si 6 (BRASIL, 1988). A Constituição da República Federativa do Brasil determina que o número total de deputados, bem como a representação por estado e pelo Distrito Federal, deve ser estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se os ajustes necessários no ano anterior às eleições, para que nenhuma das unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta deputados 7 (BRASIL, 1988). A representação no Congresso é de 513 deputados federais e 81 senadores: Os deputados são 513, e os senadores, 81. Em teoria, a Câmara representaria diretamente o povo, cabendo ao Senado a representação dos estados. Não é bem assim, porém. Em primeiro lugar, não há deputados nacionais, eleitos na circunscrição do país como um todo, mais sim bancadas estaduais de deputados federais, o que faz com que estes também se vejam como representantes das unidades da federação no plano nacional. Em segundo lugar, mais importante, a representatividade popular da Câmara é em parte invalidada por não respeitar, na fixação do tamanho das bancadas estaduais, a proporcionalidade perfeita com o tamanho das populações estaduais (CINTRA et. al, 2015, p. 84) Nesse sentido, vê-se que, no artigo 45, 1, da Constituição da República Federativa do Brasil, cominada com a Lei Complementar nº 78, de 1993, o número de deputados por estado e pelo Distrito Federal deve ser proporcional à população. Sabendo-se que cada unidade da Federação pode eleger de 8 (mínimo) a 70 (máximo) deputados 8 (BRASIL, 1988; BRASIL, 1993). No sistema Presidencialista democrático e bicameral, Presidência, Senado e Câmara são agentes cuja capacidade de veto é constitucionalmente assegurada. Por um lado, o Presidente não pode impor políticas unilateralmente, devendo enviar seus projetos para apreciação do 5 Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Art. 48. Inc. II. 6 Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Art. 2º. 7 Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Art Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Art. 45, 1º; Lei Complementar nº 78, 1993.

42 42 Congresso. Por outro, os presidentes sempre têm alguma capacidade de veto sobre iniciativas do Congresso. Entretanto, nem sempre esses atores com a capacidade de veto têm o mesmo poder. 2.4 REPRESENTAÇÃO PARTIDÁRIA E A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RN. No Brasil a representação partidária apresenta uma variedade de agremiações políticas, proporcionando assim diferentes opções de filiação no campo da militância político-partidária. Mesmo que o processo político brasileiro enfrente crises, os partidos políticos têm um espaço representacional que lhes permite diretamente ter a autoridade de tomar decisões para a sociedade (HOCHSTETLER; FRIEDMAN, 2008). No entanto, embora as agremiações reúnam simpatizantes de causas parecida, não podemos entender os partidos políticos como grupos de indivíduos que concordam entre si, não importa a questão em pauta (FREITAS, 2008). A estrutura administrativa da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte envolve entre outros órgãos os Gabinetes dos Deputados que são considerados unidades autônomas. Sendo nessas unidades autônomas, desenvolvidas funções administrativas e políticas de responsabilidade exclusiva do respectivo deputado responsável pelo gabinete A Representação Partidária na Câmara Federal A representação partidária brasileira conta com trinta e cinco partidos registrados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos quais, vinte e cinco contam com representantes 9 na Câmara Federal. Este desenho se configura um processo de fragmentação partidária, o que torna complexo a permanente necessidade de negociação política que envolve os próprios parlamentares e os partidos políticos, os Poderes Legislativo e Executivo. Embora pareça exagerado o número total de trinta e cinco partidos com registros no Tribunal Superior Eleitoral, outros 72 (setenta e dois) estão em processo de formação 10. A seguir, no Quadro 2, é possível ver os partidos que contam com representação e o número de deputados federais que formam cada bancada na Câmara Federal. Oportuno destacar que os dados do Quadro 2, que apresenta 9 Disponível em: < Acesso em outubro de Disponível em: < Acesso em fevereiro de 2018.

43 43 os partidos e blocos com representação parlamentar na Câmara Federal e o número de deputados em suas bancadas, são referentes ao mês de fevereiro de Quadro 2 - Representação parlamentar na Câmara Federal PARTIDO/BLOCO BANCADA NOME DO PARTIDO/BLOCO PMDB 61 Partido do Movimento Democrático Brasileiro PT 57 Partido dos Trabalhadores PP. AVANTE 52 Bloco Parlamentar PP. Avante PSDB 47 Partido da Social Democracia Brasileira PSD 38 Partido Social Democrático PR 37 Partido da República PSB 32 Partido Socialista Brasileiro DEM 30 Democratas PTB, PROS, PSL, PRP 26 Bloco Parlamentar PTB, PROS, PSL, PRP PRB 22 Partido Republicano Brasileiro PDT 21 Partido Democrático Trabalhista PODE 16 Podemos SD 14 Solidariedade PCdoB 11 Partido Comunista do Brasil PSC 11 Partido Social Cristão PPS 9 Partido Popular Socialista PHS 7 Partido Humanista da Solidariedade PV 6 Partido Verde PSOL 6 Partido Socialismo e Liberdade REDE 4 Rede e Sustentabilidade PEN 3 Partido Ecológico Nacional S. PART. 3 Sem Partido Total 513 Fonte: Adaptado pelo Autor A Representação Partidária da ALRN No Estado do Rio Grande do Norte, 33 (trinta e três) das 35 (trinta e cinco) agremiações partidárias com registro no TSE Tribunal Superior Eleitoral contam com registro junto ao Tribunal Regional Eleitoral 11, das quais, 11 (onze) têm representantes na Assembleia 11 Disponível em: < Acesso em março de 2018.

44 44 Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, cuja composição é de 24 (vinte e quatro) deputados estaduais. No Quadro 3 se apresenta o número de agremiações, bancada e a representação parlamentar na Casa Legislativa Potiguar, cabe ressaltar que os dados constantes no quadro 3 são referentes a composição do Parlamento no mês de março do ano Quadro 3 - Representação parlamentar na ALRN Partido/Bloco Bancada Nome do Partido PMDB 3 Partido do Movimento Democrático Brasileiro PROS / DEM 4 Partido Republicano da Ordem Social / Democratas PSD 4 Partido Social Democrático SD/ PR / PHS 3 Solidariedade / Partido da República / Partido Humanista da Solidariedade PSB 3 Partido Socialista Brasileiro PSDB 5 Partido da Social Democracia Brasileira PC do B 1 Partido Comunista do Brasil PT 1 Partido dos Trabalhadores Fonte: Adaptado pelo autor. Diferente das demais agremiações que contam com representação no Parlamento Potiguar, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), cada um com 1 12 (um) representante na Assembleia Legislativa, não participam de nenhum Bloco Parlamentar. Com isso, deixam de participar ou ter representante na reunião 13 de lideranças e de utilizar as prerrogativas de líder Unidades Autônomas do Parlamento Potiguar No Rio Grande do Norte, a Assembleia da Província foi instalada em 2 de fevereiro de 1835, enquanto o Conselho Geral da Província do Rio Grande do Norte se reuniu pela última vez no dia 31 de janeiro de A Assembleia da Província do Rio Grande do Norte 12 Não tem Líder a Bancada com apenas um Deputado ALRN - REGIMENTO INTERNO - RESOLUÇÃO 46/90 (Consolidado por determinação da Resolução Nº 010/2003) - Art. 54, 5º. 13 Participar das Reuniões de Lideranças ALRN - REGIMENTO INTERNO - RESOLUÇÃO 46/90 (Consolidado por determinação da Resolução Nº 010/2003) - Art. 55, V. 14 Disponível em: < Acesso em fevereiro de 2018.

45 45 funcionou de 2 de fevereiro de 1835 até 16 de setembro de Inicialmente, em 1835, o parlamento potiguar foi denominado como Assembleia Legislativa Provincial; em 1891, como Poder Legislativo; em 1892, como Congresso Legislativo; em 1898, manteve-se como Congresso Legislativo Estadual ou Congresso Estadual; em 1948, como Palácio Amaro Cavalcanti; e finalmente em 1971, intitulou-se como Palácio José Augusto. No dia 31 de janeiro de 1983, o deputado Carlos Augusto Rosado, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, com os demais deputados da 52ª Legislatura, inauguraram as instalações do Palácio José Augusto, sede atual. Apresentada a resumida história de criação da Assembleia Legislativa, destacamos a estrutura organizacional da Casa, esculpida na Resolução 050/2012, em que é apresentada a seguinte organização administrativa: I- Plenário (gabinetes dos deputados e comissões permanentes); II- Mesa Diretora; III- Gabinete da Presidência. Quadro 4 - Deputados Membros da Mesa Diretora - 61º Legislatura Presidente Ezequiel Ferreira PSDB 1º Vice-Presidente Gustavo Carvalho PSDB 2º Vice-Presidente José Adécio DEM 1º Secretário Galeno Torquato PSD 2º Secretário Hermano Moraes PMDB 3º Secretário George Soares PR 4º Secretário Carlos Augusto Maia PSD Fonte: Adaptada pelo autor. De acordo com o artigo 6º do Regimento Interno da ALRN, a Mesa diretora da Assembleia Legislativa é o órgão colegiado cuja função é dirigir os trabalhos legislativos e administrativos (ALRN, 2003). A Casa Legislativa Potiguar é composta por 24 (vinte e quatro) deputados estaduais (RIO GRANDE DO NORTE, Constituição Estadual, Art º), cada qual ocupando um gabinete, com estrutura própria de funcionários, sendo esse o ambiente de atendimento aos cidadãos potiguares ou a entidades representativas que buscam a atenção do parlamentar para suas reivindicações.

46 46 Os Gabinetes dos Deputados são unidades administrativas autônomas, nos termos da norma (Lei do Estado do Rio Grande do Norte, Art. 7º, nº 5.744, de 4 de janeiro de 1988), a lei assegura que é de competência do Deputado a administração de seu Gabinete. Para o funcionamento do Gabinete, o parlamentar deve requisitar à Assembleia Legislativa os meios materiais necessários e, igualmente, indicar quem deve ser nomeado para assessorá-lo (Lei do Estado do Rio Grande do Norte, Nº , de 27 de outubro de 2017, Art. 1º, 5º). Assim, cabe ainda ao deputado, a responsabilidade da indicação de servidores para a sua assessoria, ficando os serviços desses sob sua inteira responsabilidade (Regimento Interno da ALRN, Art. 16, IX). Quanto aos servidores lotados nos Gabinetes dos Deputados, bem como àqueles de assessoramento político à Mesa que estejam à disposição daqueles, há suas tarefas individuais fixadas pelo responsável (Lei do Estado do Rio Grande do Norte, Nº , de 27 de outubro de 2017, ART. 2º). Nesse processo em que o Deputado ocupa a posição de administrador de gabinete, ocasiona-se uma série de responsabilidades que exige uma equipe de assessoramento qualificada e alguns conhecimentos além da atividade política. Embora a responsabilidade da administração da Unidade recaia sobre o parlamentar, ele dispõe de uma equipe para prestar-lhe assessoramento em questões legislativas, administrativas e políticas, inclusive em atividades externas de interesse do mandato parlamentar. destaca-se: Sobre o trabalho dos membros dos Poderes Legislativo e Executivo que são eleitos, [...] todo representante eleito, seja membro do poder Executivo ou do Legislativo, não trabalha sozinho, e ao ocupar suas funções tanto no Executivo quanto no Legislativo, conta com um quadro de servidores temporários que lhe atenderão ao longo de seu mandato e que são de sua confiança (DIAS; MATOS 2012, p. 47). Sobre a escolha dos auxiliares, escreveu Nicolau Maquiavel, na célebre obra O Príncipe (2003, p.136): A escolha dos ministros por parte de um príncipe não é coisa de pouca importância: os ministros serão bons ou maus, de acordo a prudência que o príncipe demonstrar. A primeira impressão que se tem de um governante e de sua inteligência, é dada pelos homens que o cercam. Quando estes são eficientes e fieis, pode-se sempre considerar o príncipe sábio, pois foi capaz de reconhecer a capacidade e de manter fidelidade. Mas quando a situação é oposta, pode-se sempre fazer dele mau juízo, porque seu primeiro erro terá sido cometido ao escolher os assessores. Portanto, observando a impossibilidade de uma atuação solitária por parte do parlamentar, parece ser necessária a escolha de uma equipe de assessores competentes para desempenhar funções que possam contribuir para a construção de um mandato exitoso.

47 47 No quadro a seguir, apresenta-se o quadro de cargos que são ocupados por servidores de acordo com a Lei Nº , de 27 de outubro de 2017, que dispõe sobre a estrutura organizacional das unidades parlamentares autônomas da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte. De acordo com a Lei, a unidade autônoma tem a configuração seguinte. Quadro 5 - Composição dos Cargos de Assessoramento Político e Legislativo de cada Unidade Parlamentar Autônoma DESCRIÇÃO DO CARGO QTD VENCIMENTO REPRESENTAÇÃO Chefe de Gabinete Parlamentar 01 Vide Lei nº 9.485/11 Vide Lei nº 9.485/11 Coordenador de Escritório de 01 Vide Lei nº Vide Lei nº Apoio Parlamentar 9.485/ /11 Assessor Especial Parlamentar 03 Vide Lei nº Vide Lei nº 9.485/ /11 Assistente Parlamentar 03 Vide Lei nº Vide Lei nº 9.485/ /11 Auxiliar Parlamentar 05 Vide Lei nº Vide Lei nº 9.485/ /11 Auxiliar Político 14 R$ 1.026,00 R$ 684,00 Fonte: Lei do Estado do Rio Grande do Norte Nº , Anexo I, de 27 de outubro de 2017 A composição demonstrada no Quadro 5 (cinco) traz inovação na composição dos cargos das unidades autônomas. Destaque para o Coordenador de Escritório de Apoio Parlamentar. O referido escritório de apoio é uma extensão do gabinete parlamentar que funciona fora do prédio-sede da Assembleia Legislativa, se busca nesse espaço oferecer um ambiente que proporcione um melhor desempenho da equipe do mandato parlamentar. Oportuno ressaltar que o escritório de apoio parlamentar tem seus gastos custeados exclusivamente pela verba de indenização de despesas do exercício do mandato de cada Deputado (Lei do Estado do Rio Grande do Norte, Nº , Art. 7, de 27 de outubro de 2017). Ainda no quadro 5 (cinco), apenas o auxiliar político tem seu vencimento e representação demonstrado. A seguir, para conhecimento, apresentamos no quadro 6 (seis) a antiga composição do gabinete parlamentar (unidade autônoma) quando vigorava a Lei Nº 9.485, de 31 de maio de Com a edição da nova norma, a composição demonstrada no quadro 6 (seis) deixou de existir.

48 48 Quadro 6 - Distribuição dos Cargos de Gabinete Parlamentar QUANTIDADE DENOMINAÇÃO DO CARGO 01 Agente Administrativo Parlamentar 01 Assessor Chefe de Gabinete 01 Assessor Técnico de Gabinete 01 Assessor Especial Parlamentar 01 Assessor Técnico Parlamentar 02 Assistente Político 01 Auxiliar Parlamentar 01 Assistente Técnico de Comunicação 01 Secretário de Gabinete Parlamentar 01 Motorista de Gabinete Parlamentar 01 Técnico de Processamento de Dados Parlamentar Fonte: Lei Nº 9.485/2011, anexo I. Os números referentes aos cargos do Gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa diferem do Gabinete do Deputado, conta, para os fins do assessoramento, com lotação igual ao dobro estipulado nas referentes leis (Lei do Estado do Rio Grande do Norte, nº 9.485/2011, Art. 3º, 2011 e nº / 2017) Funções Administrativas do Gabinete Parlamentar A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte é composta por 24 deputados estaduais, cada qual ocupando um gabinete, sendo este o ambiente que atende os cidadãos que buscam a atenção do parlamentar para os seus reclamos. É no gabinete 15 parlamentar que se desenvolve todo o trabalho de articulação, pesquisa e elaboração das proposições apresentadas pelos Deputados no plenário. No rol de atividades dos Deputados Estaduais, no que se refere à administração do gabinete parlamentar, compete a administração financeira cujos recursos são provenientes da verba de custeio da atividade parlamentar e podem ser utilizados para aquisição de materiais de 15 Os Gabinetes Parlamentares serão integrados por um Grupo Específico de Apoio às Atividades de Representação Político-Parlamentar, competindo-lhes exercer atividades de natureza político-administrativa próprias, cuidando da organização dos trabalhos, do expediente, da participação nas Sessões ou Audiências internas ou públicas da Assembleia Legislativa e de suas Comissões, além de desenvolver outras tarefas que não exorbitem os limites de sua atividade (Lei Nº , de 27 de outubro de Art. 1º).

49 49 escritório e impressos, livros, divulgação de atividades do parlamentar, locação, despesas de ligações pelo uso de telefonia móvel, despesas efetuadas com expedição de cartas, telegramas, material gráfico, entre outros. O processo de solicitação de ressarcimento se inicia a partir da comprovação, mediante documentos comprobatórios das despesas (nota fiscal e recibo). O Deputado ou responsável solicitará a indenização pelas despesas à Divisão do Núcleo de Fiscalização e Finanças. O ressarcimento será em nome do deputado ou servidor lotado no Gabinete (Ato da Mesa nº 1951/2016, art. 2º, incisos III, IV e XI; Regimento Interno da ALRN, Art. 3). Figura 4 - Administração Financeira Função administrativa Fonte: Regimento Interno da ALRN, Art. 47 3º; Ato da Mesa nº 1951/ adaptado pelo autor. Como se vê na Figura 4, a verba de custeio da atividade parlamentar, identificada também como verba de ressarcimento, segue de forma permanente entre a compra de matérias; comprovação de gastos, que deve ser comprovada com nota fiscal e recibo; implantação no sistema informatizado da ALRN; solicitação de ressarcimento das despesas efetuadas por meio de requerimento padrão e o reembolso. Cabe destacar que todos os atos, de acordo com a norma, são de responsabilidade do Deputado Estadual (Lei do Estado do Rio Grande do Norte, Nº 9.485, de 31 de maio de 2011). Com o objetivo de atender aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência 16 (BRASIL, 1988), a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte disponibiliza, em seu sitio eletrônico 17, todas as informações referentes às despesas realizadas pelos deputados estaduais e aos respectivos valores da verba de ressarcimento. Concernente à produção legislativa, as 24 (vinte e quatro) unidades autônomas, denominadas Gabinetes Parlamentares, são independentes para a produção de proposituras ou 16 Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Art

50 50 mesmo pronunciamentos ou qualquer pesquisa que possa ser de interesse daquele deputado responsável pela unidade autônoma. Cabe ao parlamentar e à sua equipe a formulação de pronunciamentos ou proposituras, sendo o deputado aquele que definirá a prioridade ou não dos temas de pronunciamentos que serão levados para a tribuna, ou as matérias que se constituirão em proposituras e que serão encaminhadas para tramitação no Parlamento até a aprovação ou rejeição. Tratando-se das proposituras, elas estão descritas no artigo 202 do Regimento Interno da ALRN, Resolução 46/90 (Consolidado por determinação da Resolução Nº 010/2003). Art Proposição é toda a matéria sujeita à deliberação da Assembleia. 1º - As proposições podem consistir em proposta de emenda à Constituição, projeto de Lei, projeto de Decreto Legislativo, projeto de Resolução, emenda, subemenda, indicação, requerimento, recurso, parecer, relatório e proposta de fiscalização e controle. 2º - O Presidente não fará tramitar a proposição que não esteja redigida com clareza, em termos explícitos e concisos, de forma a identificar a vontade legislativa ou a providência objetivada, ou a que contenha expressões ofensivas a quem quer que seja. 3º - Autor da proposição é o Governador do Estado, o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas, a Mesa ou Comissão da Assembleia, o Procurador-Geral de Justiça, o cidadão que primeiro assinar o projeto de iniciativa popular, ou o Deputado que a assinar em primeiro lugar, sendo de apoiamento as assinaturas que se seguirem, salvo se o Regimento exigir determinado número delas. Dentro do rol das proposituras estão os requerimentos, elementos de estudo desta pesquisa. Orientador dos atos internos da Casa, Regimento Interno da ALRN, Resolução 46/90, Resolução 46/90 (consolidado por determinação da Resolução Nº 010/2003), versa, em seu Art. 16, que a todo deputado compete: I oferecer proposições, discutir as matérias, votar e ser votado; II encaminhar, através da Mesa, pedidos de informações a autoridades estaduais sobre fatos relativos ao serviço público ou úteis à elaboração legislativa, observados os artigos 211 a 216 deste Regimento; III usar da palavra, nos termos regimentais; IV integrar as Comissões e representações externas e desempenhar missão autorizada; V examinar quaisquer documentos em tramitação ou existentes no arquivo, podendo deles tirar cópias ou obter certidões; VI utilizar-se dos serviços da Assembleia, desde que para fins relacionados com suas funções; VII receber em sua residência ou em seu gabinete o Diário Oficial do Estado e o Boletim Informativo da Assembleia, bem como, em Plenário, os avulsos de toda a matéria incluída na ordem do dia; VIII promover, perante quaisquer autoridades, entidades ou órgãos da administração estadual ou municipal, direta ou indireta, os interesses públicos ou reivindicações coletivas de âmbito estadual ou das comunidades representadas; IX indicar à Mesa, para nomeação em Comissão, servidores de sua confiança, bem como requisitar servidores da Assembleia para a sua assessoria, nos termos da Lei ou Resolução, ficando os serviços dos mesmos sob sua inteira responsabilidade;

51 51 X realizar outros cometimentos inerentes ao exercício do mandato ou atender a obrigações Político-partidárias decorrentes da representação. Como exposto, assegura o Regimento Interno a todo Deputado a competência de apresentar proposições; discutir as matérias; votar e ser votado; encaminhar, por meio da Mesa, pedidos de informações a autoridades estaduais sobre fatos relativos ao serviço público ou úteis à elaboração legislativa (Regimento Interno da ALRN, Art. 16, I, II). Logo, fica demonstrado que o deputado estadual pode participar dos debates no plenário, colocar os assuntos em discussão, igualmente podendo sugerir emendas aos projetos apresentados, opinar e votar as matérias levadas para discussão, usar da palavra, nos termos regimentais, integrar as Comissões e representações externas e desempenhar missão autorizada (Regimento Interno da ALRN, Art. 16, III e IV). Quanto aos requerimentos, o Regimento Interno, em seu capítulo IV, artigos , trata dos que estão sujeitos apenas a despacho do Presidente; requerimentos de informações e requerimentos sujeitos à deliberação do Plenário: Seção I - DOS REQUERIMENTOS SUJEITOS APENAS A DESPACHO DO PRESIDENTE - Art Serão verbais ou escritos, e imediatamente despachados pelo Presidente [...]. Seção II - DO REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES - Art Serão escritos e despachados no prazo de cinco (05) dias pelo Presidente, ouvida a Mesa, e publicados com a respectiva decisão no Boletim Oficial da Assembleia [...]. Seção III - DOS REQUERIMENTOS SUJEITOS À DELIBERAÇÃO DO PLENÁRIO - Art Independem de publicação, serão escritos e, depois lidos no expediente, submetidos ao Plenário na mesma sessão, dispensado anúncio prévio, os requerimentos nos quais se realiza solicitações [...]. Os requerimentos atendem aos atos ou efeito de pedir por meio de petição por escrito ou verbais. Se sugere que no requerimento 18 conste o pedido ou informação sobre determinado problema ou assunto. Compete, também, aos deputados estaduais, no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte, a fiscalização contábil financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Estado e de todas as entidades da administração direta e indireta (RIO GRANDE DO NORTE, Constituição Estadual, Art. 52, 1989). Atinente à competência fiscalizatória, de acordo com o artigo 16, do regimento interno da Assembleia, no âmbito interno, o deputado poderá examinar quaisquer documentos em 18 Disponível em: < Acesso em fevereiro de 2018.

52 52 tramitação ou existentes no arquivo da Assembleia Legislativa, podendo tirar cópias ou obter certidões (ALRN, 2003). Quanto ao controle externo, cabe ao Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado: O controle externo, a cargo da Assembleia Legislativa, é exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas, anualmente, pelo Governador do Estado, mediante parecer prévio, a ser elaborado em sessenta (60) dias, a contar do seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores dos três Poderes do Estado e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, inclusive das fundações, empresas públicas, autarquias e sociedades instituídas ou mantidas pelo Poder Público, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão e contratação de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, bem como as concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Assembleia Legislativa, de Comissão técnica ou de inquérito, ou em razão de denúncia, inspeções e auditorias de natureza financeira, contábil, orçamentária, operacional e patrimonial nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pelo Estado a Município e a instituições públicas ou privadas; VI - prestar as informações solicitadas pela Assembleia Legislativa sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelece, dentre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; VIII - assinar prazo para que o órgão ou entidade fiscalizada adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; IX - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Assembleia Legislativa; X - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados, sugerindo, se for o caso, intervenção em Município (RIO GRANDE DO NORTE, Constituição Estadual, Art. 53, inc. I X, 1989). Para Moraes (2004), a Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo e, no processo de construção da agenda dos governos, diante do poder de representação exercido pelos deputados, é comum que os grupos organizados busquem no Parlamento apoio para inclusão de suas reivindicações na agenda do Poder Executivo. Os deputados, posicionados como defensores das reivindicações, solicitam ao governo, por meio de requerimento aprovado em plenário, a inclusão do serviço, programa ou ação, para o grupo ou mesmo município de interesse (Regimento Interno da ALRN, Art. 217). Para Dias e Matos (2012, p.39), existe uma configuração da cena política: Na cena política configurada pelo Estado e pelos órgãos de governo em todas as esferas de atuação existem indivíduos, grupos, organizações, movimentos, partidos

53 53 que influenciam as políticas públicas, quer seja no processo de construção, quer na sua implantação e nos desdobramentos. Ou seja, quando os cidadãos ou instituições procuram os parlamentares para defenderem suas causas podem, sim, influenciar na inclusão de determinado pedido na pauta de prioridades do Poder Legislativo.

54 54 3 METODOLOGIA A metodologia é parte fundamental na construção da dissertação, é neste capitulo onde se identifica o método utilizado para realização da pesquisa. De origem grega, a palavra método significa o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade (RUIZ, 2001, p. 137). Turato assevera que [...] o método científico é o modo pelo qual os estudiosos constroem seus conhecimentos no campo da ciência, sendo compreensível que, na realidade, o método seja basicamente (filosoficamente) único para todos os saberes. (TURATO, 2003, p. 149). 3.1 TIPO DE ESTUDO Este estudo tem por objetivo compreender de que modo a produção legislativa dos gabinetes parlamentares da ALRN contribui para a formação da agenda governamental no Estado do Rio Grande do Norte. A pesquisa proposta tem abordagem qualitativa, trata-se de um estudo de caso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte por meio do modelo de Fluxos Múltiplos de Kingdon (2011) com os deputados estaduais que exercem a liderança de bloco ou partido, na impossibilidade, o vice-líder poderá participar, bem como seus respectivos chefes de gabinete. Observando que toda pesquisa implica no levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregadas (MARCONI; LAKATOS, 2010). Nos utilizamos ainda, de pesquisa documental (análise de documentos cedidos, legislação e publicações), através de dados públicos, para analisar a quantidade e tipos de proposições produzidas pelos deputados estaduais no ano de O que nos incentiva a realizar este estudo é a necessidade de analisar a produção legislativa dos deputados estaduais em exercício e seus respectivos gabinetes, verificando de que forma identificam os fluxos de problemas, soluções, oportunidades de mudanças e influência política existentes na relação legislativo-executivo. 3.2 CAMPO DE PESQUISA Por estarem diretamente ligados ao povo, optou-se pelos Gabinetes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, tendo em vista que o gabinete é o ambiente que

55 55 acolhe o cidadão com suas demandas que serão apresentadas, através das proposições, a Casa Legislativa, cujo papel é atender e expressar as aspirações do povo. Cabe ressaltar que o autor deste trabalho atua como servidor da Casa Legislativa Potiguar, o que proporcionou, diante das atividades laborais, a facilidade de acesso aos gabinetes da instituição, por conseguinte, a possiblidade maior de obtenção dos dados necessários para a conclusão desta pesquisa. 3.3 SUJEITOS DA PESQUISA Considerando a importância do poder legislativo na construção da agenda governamental, a presente pesquisa foi realizada com os deputados estaduais que ocupam a função de líder ou vice-líder de bloco ou partido e seus respectivos chefes de gabinetes. A escolha se deu motivada pela importância da posição estratégica dos sujeitos da pesquisa, uma vez que se apresentam como atores detentores de informações fundamentais para o desenvolvimento do estudo. No entanto, ressaltamos que todos os entrevistados permanecerão anônimos, em razão da assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de Autorização para Gravação de Voz, formalizando a participação na pesquisa. A Assembleia Legislativa do RN é composta por 24 Deputados que se agrupam em oito blocos parlamentares do seguinte modo: 1. Bloco Partido Social Democrático (PSD) - 4 Deputados: Líder (PSD); Vice-Líder (PSD); Deputado Membro 1 (PSD) e Deputado Membro 2 (PSD). 2. Bloco Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) - 3 Deputados: Líder (PMDB); Vice-Líder (PMDB) e Deputado Membro 1 (PMDB). 3. Bloco Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e do Partido Democratas (DEM) 4 Deputados: Líder (PROS); Vice-Líder (DEM); Deputado Membro 1 (PROS) e Deputado Membro 2 (DEM). 4. Bloco Partido Solidariedade, Partido da República e Partido Humanista da Solidariedade 3 Deputados: Líder (Solidariedade); Vice-Líder (PR) e Deputado Membro 1 (PHS). 5. Bloco Partido Socialista Brasileiro (PSB) 3 Deputados: Líder (PSB); Vice-Líder (PSB) e Deputado Membro 1 (PSB).

56 56 6. Bloco Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) 5 Deputados: Líder (PSDB); Vice-Líder (PSDB); Deputado Membro 1 (PSDB); Deputado Membro 2 (PSDB) e Deputado Membro 3 (PSDB). 7. Bloco da Minoria 1 Deputado: Líder (DEM). 8. Bloco da Liderança do Governo 1 Deputado: Líder (PSD). A escolha pelos líderes ou vice-líder de blocos e seus respectivos chefes de gabinete, configurando a princípio 16 sujeitos intencionados para pesquisa, foi motivada devido à importância da posição estratégica dos sujeitos de pesquisa, uma vez que, os deputados apresentam-se como elementos definidores da pauta de discussão do Parlamento, investidos de prerrogativas para dispensar exigências e formalidades regimentais para agilizar a tramitação das proposições, por isso, esses atores são detentores de informações fundamentais para o desenvolvimento do estudo. Outro aspecto para o número de sujeitos pretendidos é a representatividade de partidos políticos. Há também nesta escolha de sujeitos o entendimento que esse número foi suficiente para esgotamento das categorias analíticas. No entanto, ressaltamos que todos os entrevistados tiveram as informações cedidas em sigilo, sendo analisado apenas o conjunto dos dados. Os entrevistados precisaram atender aos seguintes critérios de inclusão: Estar exercendo a função de Deputado Líder ou Vice-Líder de Bloco Político ou ser Chefe de Gabinete deste parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Aceitar participar da pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Autorização para Gravação de Voz. E serão considerados como critérios de exclusão: Não exercer atividade como Deputado Líder ou Vice-líder de Bloco Político ou não ser Chefe de Gabinete deste parlamentar na Assembleia Legislativa do RN. Servidores que se recusarem a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e, quando a entrevista for gravada, o Termo de Autorização para Gravação de Voz.

57 57 Inicialmente estimamos um total de 16 participantes, no entanto, diante de diversas tentativas realizadas pelo pesquisador e seguidos adiamentos por parte dos participantes que concederiam as entrevistas, fechamos em um total de 11 entrevistados. Sendo: 4 (quatro) parlamentares Líderes, 1 (um) Vice-líder, que serão identificados na pesquisa com o código D mais um número aleatório, e 6 chefes de gabinetes, identificados com o código CG mais número aleatório. 3.4 COLETA DE DADOS Nesta pesquisa, utilizou-se o modelo de Múltiplos Fluxos (Multiple Streams Model) de Kingdon para elaboração de roteiros da pesquisa semidirigidas, ordenadas por formulário específico. Os protocolos utilizados na pesquisa foram: Apêndice 1 Termo De Consentimento, Apêndice 2 Carta De Apresentação (Entrevistas), Apêndice 3 Guia Orientador Entrevistas Deputado Estadual, Apêndice 3 - Guia Orientador Chefe De Gabinete e, quando autorizada ou possível, entrevistas gravadas. Para Manzini (2014), a entrevista semiestruturada está focada em determinado assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões intrínsecas às conjunturas da entrevista. Assim sendo, a proposta de investigação utilizou-se de entrevistas, as quais se mostraram indispensáveis para uma análise sistemática e subjetiva do estudo, associadas às observações, às bibliografias pertinentes à gestão, autonomia e produção legislativa dos gabinetes parlamentares, utilizando-se também livros, artigos, dissertações e teses. A coleta de dados aconteceu a partir da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP), da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A aprovação está registrada sob o número de CAAE: , conforme indica o Anexo 1. Termo de Autorização para Gravação de voz, conforme indica o anexo 2. A pesquisa foi autorizada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, através da carta de anuência assinada pelo Presidente Deputado Ezequiel Ferreira, conforme Anexo 3. Carta de anuência assinada pelo Vice-Presidente Deputado Gustavo Carvalho, conforme Anexo 4. A coleta foi realizada por meio de entrevistas conduzidas por roteiros semiestruturados (apêndices 1 e 2) e as perguntas elaboradas a partir do modelo teórico de fluxo de problemas de Kingdon (2011). As entrevistas foram gravadas em áudio e posteriormente realizadas as transcrições e análises das respostas. Quando não foi

58 58 possível realizar a gravação por impedimentos diversos, os entrevistados responderam o formulário elaborado pelos pesquisadores. A pesquisa foi realizada por meio de entrevista semidirigida guiada por um roteiro com perguntas divididas em duas partes: uma primeira sobre o perfil do entrevistado (idade, escolaridade, cargo, se já havia ocupado outro cargo no serviço público, e tempo de instituição) e uma segunda com perguntas que tratam das circunstâncias de como os problemas públicos chegam até o parlamento, do fluxo de soluções para os problemas demandados da sociedade e do fluxo político existente na resolução desses problemas. Assim sendo, de forma complementar à proposta de investigação, além das entrevistas, utilizou-se dados secundários das proposituras na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, indispensáveis para uma análise sistemática e subjetiva do estudo. 3.5 RISCOS E BENEFÍCIOS Riscos da Pesquisa A previsão de riscos foi mínima, poderia ter tido constrangimento por parte dos entrevistados no momento de responder a algumas das perguntas. O risco de constrangimento também poderia provir do entrevistado se sentir avaliado quanto ao seu trabalho. Entretanto, os participantes foram esclarecidos que esse não era o objetivo da pesquisa. Por tais motivos, fizemos a entrevista em local reservado, de preferência sem a presença de outras pessoas. Asseguramos que as informações seriam analisadas em conjunto e que não iríamos identificar os sujeitos participantes da pesquisa nem sua sigla partidária. Poderia, ainda, acontecer um desconforto referente ao tempo gasto em responder o questionário, cuja duração estimada era de aproximadamente 20 a 30 minutos Benefícios da Pesquisa Como benefício, a informação obtida com este estudo terá utilidade científica para a área de administração pública e de apoio técnico para a Assembleia Legislativa do RN, que terá um estudo de como sua produção legislativa ocorre e como ela impacta a definição de prioridades no Governo do Estado do RN. Ao término do estudo, um relatório final da pesquisa realizada será encaminhado ao Presidente da Assembleia Legislativa com o propósito de ser disponibilizado para os demais parlamentares.

59 59 O benefício direto para os participantes da pesquisa será de ter seus processos de produção legislativa registrados para uma análise conjunta da atuação da Assembleia Legislativa do RN e promover a reflexão da necessidade de articulação entre Legislativo e Executivo. Com acesso ao estudo final, será possível conhecer de forma geral o funcionamento das proposituras, quais fatores interferem nelas e utilizar os pontos positivos encontrados para gestão estratégica de seus gabinetes Análise de Dados Bardin (2011) escreve que a utilização da análise de conteúdo prevê três fases fundamentais, são elas: pré-análise, na qual iniciamos os primeiros estudos para início da pesquisa; a exploração do material, em que é feita a classificação, categorização e codificação; e a fase do tratamento dos resultados - a inferência e a interpretação. A análise desse trabalho de pesquisa se deu pela técnica de análise de conteúdo, preconizada por Bardin (2011), tendo este sido iniciado com a identificação de documentos e dados referentes à produção legislativa dos deputados estaduais no ano de Para se alcançar o resultado pretendido foi elaborado formulários para entrevista dos parlamentares e chefes de gabinetes que, após estas, autorizaram o uso dos dados. Realizada a coleta dos dados, buscou-se interpretá-los, sendo esta a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo às respostas, vinculandose a outros conhecimentos (MARCONI; LAKATOS, 2010). O estudo se consubstanciou por meio de estatística descritiva da análise dos formulários respondidos pelos entrevistados e da análise dos pedidos contidos nos requerimentos apresentados e aprovados pelos deputados na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e encaminhados ao Poder Executivo. Na fase de tratamento se buscou associar as respostas e dados a abordagens em vista da necessidade de mensurar o papel do Legislativo na definição da agenda governamental, a partir da análise da produção legislativa na Assembleia do RN.

60 60 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Citando a realidade das atividades parlamentares, compreende-se que os Deputados, primeiro, reconhecem os problemas e compreendem a necessidade, ou não, de inclusão na agenda, posteriormente, discutem as propostas por meio dos debates e produzem os requerimentos que serão encaminhados ao Poder Executivo, passando antes pelo processo de articulação política até sua aprovação e efetivação. O capítulo de análise de dados se divide duas partes. Na primeira parte analisamos a produção legislativa dos deputados da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e, na segunda, o papel do legislativo na definição da agenda governamental, na qual apresentaremos os resultados de entrevistas feitas com os deputados líderes de bloco ou partido, e seus respectivos chefes de gabinetes. Na ausência dos líderes a entrevista pôde ser com o vice-líder. Os dados foram tratados em dois momentos. Em um primeiro, foram apresentadas as proposituras dos parlamentares e sua interferência na agenda do governo durante o ano de 2016 e, em um segundo, as entrevistas dos deputados sobre a pauta e fluxo para as proposituras no Parlamento. 4.1 A PRODUÇÃO LEGISLATIVA DOS DEPUTADOS E SUA ABRANGÊNCIA NO RIO GRANDE DO NORTE Os Deputados Estaduais da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, no ano de 2016, ficaram agrupados em 5 (cinco) blocos 19 parlamentares. A maior bancada foi formada pelo PSDB com cinco deputados estaduais que juntos apresentaram 641 proposições. As proposições apresentadas têm repercussão tanto no âmbito de cidades, regiões e no próprio estado. Avançando, identificou-se que o PSDB foi a bancada que apresentou o maior número de proposições, com 37,05% das 1730 apresentadas pelos Deputados durante o ano de 2016, como indicado na Tabela Os Deputados são por representação partidária ou Blocos Parlamentares, que constituem as Bancadas, cabendolhes escolher o Líder. ALRN - REGIMENTO INTERNO - RESOLUÇÃO 46/90 (Consolidado por determinação da Resolução Nº 010/2003) - Art. 54.

61 61 Tabela 1 Apresentação das proposituras dos deputados por blocos Ano 2016 BLOCO DEPUTADOS QUANTIDADE PERCENTUAL PSDB ,05% PSB-SSD ,27% PSD ,92% PMDB ,82% PHS-PCdoB-PT ,94% TOTAL OBS % Fonte : Elaborado pelo autor a partir de dados da AL/RN, Ao analisar na Tabela 2 o desenvolvimento de cada parlamentar individualmente, percebe-se que o DEPUTADO 06, ultrapassa em quase 50% o número de proposituras apresentadas pelo segundo colocado, aqui identificado como DEPUTADO 17. Desse modo, diante do número de proposições apresentado pelo DEPUTADO 06, conclui-se que sua produção legislativa termina influenciando nos números do seu bloco parlamentar. Tabela 2 - Apresentação das proposituras por deputados da ALRN no ano de 2016 DEPUTADO QUANTIDADE PERCENTUAL ,40% ,30% ,20% ,40% ,00% ,70% ,10% ,30% ,20% ,10% ,60% ,30% ,70% ,30% ,90% ,30% ,00% ,50% ,40% ,40% ,40% ,30% ,20% ,10% TOTAL: %

62 62 Fonte : Elaborado pelo autor a partir de dados da AL/RN, Na Tabela 2 os números para identificação não têm relação com números de gabinete parlamentar ou com os códigos utilizados na análise de dados. Os números utilizados neste campo se mostram apenas para apresentação visual da respectiva produção. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral - TSE 20, o eleitorado potiguar, no mês de dezembro de 2017 era de , dos quais são eleitores da cidade do Natal, capital do Estado. O Estado do Rio Grande do Norte é formado por 167 municípios, sendo 4 (quatro) mesorregiões identificadas como Agreste Potiguar, Central Potiguar, Leste Potiguar e Oeste Potiguar, como identificado no mapa do RN. Figura 5 Mapa do Rio Grande do Norte dividido por suas mesorregiões Fonte: Analisando as proposições por mesorregião, foi identificado que do total de 2082 proposições apresentadas no Parlamento estadual, 29,40% se relacionavam a ações de 20 Acesso em fevereiro de 2018.

63 63 abrangência Estadual e de interesses dos três poderes, e 70,60% se relacionavam a ações para cidades específicas. No Gráfico 1, é possível ver que a mesorregião Central Potiguar, composta por 37 (trinta e sete) municípios 21 e população estimada em habitantes, teve a maior incidência de proposituras com um total de 30,68%; enquanto a mesorregião Agreste Potiguar, formada por 43 municípios e uma população estimada em habitantes, recebeu 28,78% das proposições; a mesorregião Leste Potiguar, com uma população estimada em habitantes, formada pelos municípios de Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Ceará Mirim, e mais 20 (vinte) cidades alcançou 20,75% da produção legislativa; e a mesorregião Oeste Potiguar com 62 municípios e habitantes teve a menor, quantidades de requerimentos, 19,80%. O dado que desperta maior atenção são os dados relacionados a mesorregião Leste Potiguar, que ocupa o terceiro lugar. Esta mesorregião conta com a maior quantidade de habitantes e é onde está localizada a capital do estado e sua região metropolitana. Gráfico 1 - Distribuição das proposituras por mesorregião MESORREGIÕES 19,80% FRÉQ. 20,75% 28,78% OESTE POTIGUAR LESTE POTIGUAR AGRESTE POTIGUAR CENTRAL POTIGUAR 30,68% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% Fonte : Elaborado pelo autor a partir de dados da AL/RN, Na análise que tratou do cruzamento dos dados das proposituras da mesorregião por blocos, além de identificar que a mesorregião com maior incidência de proposituras foi a 21 Disponível em: < Acesso em fevereiro de 2018.

64 64 Central Potiguar, com 46,10%, percebeu-se que o bloco do PSDB produziu, nesta mesorregião, o total de 15,70%; o resultado geral na mesorregião Agreste Potiguar, alcançou 43,50%, sendo o PSDB o partido com o maior número de proposições, 13,90%; na região Leste Potiguar, 31,10%, enquanto o bloco PSDB foi o que mais fez requerimentos para região 7,20%; Oeste Potiguar, 12,00%, essa região o bloco que mais produziu proposições foi PSB/SSD alcançando o número de 5,80% dos requerimentos encaminhados. Tabela 3 - Cruzamento das proposituras: mesorregiões por blocos. MESORREGIÃO/BLOCO PMDB PSB- SSD PSD PSDB PHS- PCdoB-PT TOTAL CENTRAL POTIGUAR 4,80% 3,00% 1,40% 15,70% 0,80% 46,10% AGRESTE POTIGUAR 1,10% 7,80% 7,30% 13,90% 1,50% 43,50% LESTE POTIGUAR 1,40% 6,90% 4,80% 7,20% 2,00% 31,10% OESTE POTIGUAR 3,50% 5,80% 3,90% 2,60% 4,60% 12,00% TOTAL 10,80% 23,50% 17,40% 39,40% 8,90% 100,00% Fonte : Elaborado pelo autor a partir de dados da AL/RN, Conhecendo os Temas das Proposituras Na análise dos dados por tipo de solicitação, tendo em vista o objetivo do trabalho, foram analisados apenas os requerimentos que são encaminhados ao Poder Executivo, com perspectivas de inclusão na agenda governamental, e as moções, totalizando 1240 dos Como pode ser visualizado na Tabela 4 foram apresentadas proposituras para atender demandas relacionadas ao combate à escassez de água (13,95%), seguida pelas moções de pesar (10,80%), construção e recuperação de estradas e pontes (12,04) e da segurança pública (10,70%). Quando se analisa os dados e os temas que mais são solicitados para inclusão na agenda, aparecem infraestrutura, segurança pública, educação e saúde. Tabela 4 - Apresentação das proposituras dos deputados por tipo de solicitação REQUERIMENTOS QUANT. % PERFURAÇÃO, INSTALAÇÃO DE POÇOS E ABASTECIMENTO ,95% DE ÁGUA MOÇÕES ,45% CONSTRUÇÃO E/OU RECUPERAÇÃO DE ESTRADAS E PONTES ,04% AUMENTO DE EFETIVO E VIATURA ,54% REFORMA E CONSTRUÇÃO DE ESCOLA, AUMENTO DE 101 6,87% EDUCADORES PROJETOS SOCIAIS* 86 5,85% AMBULÂNCIA 69 4,69% IMPLANTAÇÃO E/OU RECUPERAÇÃO ASFÁLTICA 68 4,63%

65 65 IMPLANTAÇÃO, CONSTRUÇÃO E/OU REFORMA DE 48 3,27% DELEGACIA PAVIMENTAÇÃO, DRENAGEM DE RUAS E SANEAMENTO 46 3,13% CONSTRUÇÃO OU REFORMA DE QUADRA E/OU GINÁSIO 45 3,06% POLIESPORTIVO MÉDICOS, MEDICAMENTOS, ESTRUTURA HOSPITALAR E 43 2,93% COMBATE A MOSQUITO SOLICITAÇÃO A ÓRGÃOS PÚBLICOS 38 2,59% OPERAÇÃO TAPA-BURACOS 37 2,52% CERTIFICAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA 35 2,38% PROGRAMA ITINRANTE "DEFENSORIA NA COMUNIDADE" 32 2,18% INSTALAÇÃO DE REDUTORES DE VELOCIDADE E FAIXA DE 23 1,56% PEDESTRE IMPLANTAÇÃO DE RESTAURANTE POPULAR, CEASA, IDEMA 13 0,88% E POLO TEXTIL CENTRAL DO CIDADÃO 12 0,82% CONSTRUÇÃO DE CASAS POPULARES 11 0,75% INSTALAÇÃO DE TORRE DE TELEFONE MÓVEL E PARADA DE 8 0,54% ONIBUS ILUMINAÇÃO PÚBLICA 8 0,54% TRANSPORTE ESCOLAR 8 0,54% SOLICITAÇÃO DE TITULAÇÃO DE ASSENTAMENTO 6 0,41% CONSTRUÇÃO DE MATADOURO 4 0,27% LIMPEZA DO CANTEIRO CENTRAL 4 0,27% INSTALAÇÃO DE CAIXAS ELETRÔNICOS E CORREIOS 3 0,20% INSTALAÇÃO DE TORRE DE TORRE DE TELEFONIA MÓVEL 2 0,14% TOTAL % *Vila Cidadã, Compra Direta, Microcrédito. Do leite, Vale Livros, Proerd - Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da AL/RN, No levantamento a seguir, percebe-se uma grande concentração de requerimentos apresentados com pedido na área de infraestrutura, no total foram 786 (setecentos e oitenta e seis). Em seguida, os requerimentos somam 235 (duzentos e trinta e cinco) na área de segurança. Depois, temos a produção na área de educação, com 154 (cento e cinquenta e quatro), e saúde, com 112 (cento e doze). Tabela 5 - Requerimentos por áreas REQUERIMENTOS QUANTIDADE PERCENTUAL INFRAESTRUTURA ,07% SEGURANÇA ,26% EDUCAÇÃO ,97% SAÚDE 112 8,70% TOTAL ,00% Fonte : Elaborado pelo autor a partir de dados da AL/RN, 2016.

66 66 Na análise dos requerimentos encaminhados pelo Poder Legislativo ao Poder Executivo no ano de 2016, se pode verificar que as solicitações são muitas e tratam de pedidos diversos. Na área da infraestrutura os pedidos são para construção e recuperação de estradas, recuperação de pontes, perfuração e instalação de poços, entre outros. Na área de segurança pública, as proposições solicitam aumento de efetivo policial, viatura para os municípios e reforma de delegacias. Na área de educação os pedidos mais comuns são para reforma das escolas da rede estadual de ensino. Enquanto na área da saúde pública, se destaca a solicitação de ambulância para transporte de pacientes no interior do Estado. 4.2 PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL Os dados a seguir são resultado da pesquisa realizada com 4 deputados líderes, 1 deputado vice-líder, e 6 chefes de gabinetes que responderam às perguntas referentes aos fluxos de problemas, políticos e de soluções. As posições externadas expressam o entendimento dos deputados líderes e dos chefes de gabinetes que atuam na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Cabe destacar que a intenção era entrevistar 8 deputados e 8 chefes de gabinete, diante da impossibilidade de realizar o total proposto na inicial, concluímos o trabalho com as entrevistas de 5 (cinco) deputados e 6 (seis) chefes de gabinete como descrito nos quadros 7 (sete) e 8 (oito): Quadro 7 - Dados Gerais Deputados PERGUNTAS DADOS ENTREVISTADOS IDADE MÉDIA FORMAÇÃO 5 DEPUTADOS 51 ANOS GRADUAÇÃO LEGISLATURAS 2 JÁ TINHA OCUPADO ALGUM CARGO PÚBLICO NO PODER EXECUTIVO OU LEGISLATIVO? Todos Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados das entrevistas (2017).

67 67 Quadro 8 - Dados Gerais Chefe de Gabinete PERGUNTAS DADOS ENTREVISTADOS IDADE MÉDIA FORMAÇÃO QUANTO TEMPO EXERCE A FUNÇÃO DE CHEFE DE GABINETE? JÁ TINHA OCUPADO ALGUM CARGO PÚBLICO NO PODER EXECUTIVO OU LEGISLATIVO? 6 PESSOAS 42 ANOS GRADUAÇÃO 15 MESES 5 PESSOAS Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados das entrevistas (2017). Os dados apresentados nas Quadros 8 e 9 apresentam o perfil dos deputados líderes ou vice-líderes de bloco parlamentar e seus respectivos chefes de gabinete. As entrevistas que se seguem aconteceram com os líderes de Bancadas no ano 2017, cuja composição difere do ano Quadro 9 - Blocos da assembleia legislativa e seus respectivos partidos políticos 2017 Partido/Bloco Bancada Nome do Partido PMDB 3 Partido do Movimento Democrático Brasileiro PROS / DEM 4 Partido Republicano da Ordem Social / Democratas PSD 4 Partido Social Democrático SD/ PR / PHS 3 Solidariedade / Partido da República / Partido Humanista da Solidariedade PSB 3 Partido Socialista Brasileiro PSDB 5 Partido da Social Democracia Brasileira Fonte : Elaborado pelo autor a partir de dados da AL/RN, FLUXOS DE PROBLEMAS APLICADOS A PRODUÇÃO LEGISLATIVA Neste fluxo, analisa-se como os problemas são identificados pelos parlamentares e assessores e como atua o deputado na fiscalização da obra requerida como solução para o problema. É oportuno ressaltar que, em se tratando do Poder Legislativo, além do evento, da crise ou do desastre, esses problemas precisam passar por fluxos de discussões, por meio de reuniões e debates nos gabinetes, onde os servidores propõem e elaboram, com a orientação do

68 68 deputado, as matérias legislativas, tais como proposições, pareceres, votos, requerimentos, recursos, emendas, projetos de lei, decreto legislativo, de resolução, requerimentos e moção de apoio que visem beneficiar o Estado ou a região específica, nas comissões e no plenário para, assim, alcançar uma resolução. Iniciado o processo de identificação do problema, seja in loco ou não, pelo próprio deputado ou pelos assessores, se considera esse o momento do despertamento do formulador de políticas para aquela questão. No entanto, dada a complexidade e o volume de questões que se apresentam a estes formuladores, apenas algumas delas são realmente consideradas num determinado momento. (CAPELLA, 2005, p. 3). Então quando os entrevistados foram questionados sobre de que modo são identificados os problemas que entram na agenda do mandato a fim de se tornarem uma proposição, conforme o entrevistado D17, os problemas podem ser identificados no diálogo com a população. É nesse momento que inicia o processo de identificação do problema (KINGDON, 2011). Geralmente, nós temos o habito de estar em contato permanente com os municípios, a população, segmentos sociais. E esses problemas são identificados no diálogo com a população que apresenta as demandas, seja na área da saúde, educação e a partir daí nós redigimos o requerimento e é apresentado na sessão ordinária (Entrevistado D17). Entende-se, como posto, que os problemas também são identificados em contato direto com a população e pelas lideranças ligadas ao mandato e que atuam nos municípios. Portanto, identificada a demanda, o deputado e sua equipe produzem o requerimento e apresentam na sessão ordinária. Sobre o questionamento acerca de como a equipe de assessoramento trabalha na identificação das demandas, foi respondido pelo entrevistado D16: Existem três formatos básicos. O primeiro é a observação que a gente faz nas visitas a bairros, municípios. A gente faz uma observação em blocos. Segundo demandas que são trazidas pelas lideranças, em especial pelas redes sociais. É onde a gente mais recebe demanda, a gente tem uma atuação muito forte nas redes sociais, e chegam muitas demandas e a gente pega essas demandas e materializa em requerimentos. E a terceira é pelo noticiário, a um acompanhamento da acessória de imprensa no noticiário no estado todo, e a gente capta algumas demandas que surgem nas cidades através dessas observações (Entrevistado D16). Percebe-se, na resposta do entrevistado D16, uma inovação no processo de identificação das demandas, as redes sociais. Segundo o entrevistado, pelas redes sociais, chegam muitas demandas e a gente pega essas demandas e materializa em requerimentos. Portanto, as redes sociais cumprem papel informativo para o conhecimento do problema pelo Deputado. Ou seja,

69 69 os problemas são também apresentados a partir das redes sociais, o que possibilita a ação rápida do parlamentar que se apresenta para atuar na discussão da solução do referido problema. Percebe-se, no resultado das entrevistas, que as redes sociais têm sido um canal utilizado para identificação dos problemas que chegam aos gabinetes parlamentares. Contudo, de acordo com o entrevistado CG4, essas demandas são analisadas pela equipe de assessoramento que estuda a sua viabilidade e apresenta ao deputado para que possa ser produzida a proposição. Porém, podemos considerar que a produção legislativa conta com a participação da sociedade, que se utiliza dos meios tecnológicos para participar da atividade parlamentar. Essas proposições, após serem aprovadas, devem ser encaminhadas ao Poder Executivo para medidas cabíveis. Os entrevistados, ao serem consultados sobre o que fazem quando o documento não é incluído na agenda do governo, referiram de modo geral que há uma nova tentativa para inserção do requerimento como renovação do pedido. E que fazem a cobrança para execução do requerimento por meio de pronunciamentos em plenário, renovação do pedido e reunião com titulares da referida pasta. Embora o problema tenha sido identificado, discutido e se tornado uma proposição aprovada pelo Poder Legislativo e encaminhado ao Poder Executivo, muitas vezes, segundo o entrevistado D16, não é atendido pela escassez de recursos ou pelo fato de o parlamentar estar no campo de oposição ao governo. Quando nós fazemos esse requerimento ele é lido em plenário na assembleia e a presidência encaminha esse requerimento para a secretaria competente ou até para governadoria. O que nós vemos é que primeiramente em virtude da falta de orçamento, falta de dinheiro do governo do estado na atualidade esses requerimentos muitas vezes eles não são atendidos. (Entrevistado D16). Portanto, faz-se necessário o acompanhamento da proposição, que sai do legislativo para os órgãos do poder executivo e poderá, ou não, de acordo com os recursos ou interesses políticos, ser efetivada. É muito importante que a fiscalização aconteça não apenas só em relação ao requerimento que foi deferido, ou seja, que o governo aceitou inclui-lo na sua programação. É importante que o parlamentar possa cumprir a sua missão que é de fiscalização das obras, serviços e programas do Executivo. Nós podemos fazer isso não apenas visitando à execução da obra, procurando ver como está funcionando o programa, certificando com a própria comunidade se o programa está acontecendo, se está sendo bem recebido pela população e a partir daí nós podemos usar a tribuna da assembleia para elogiar, para criticar, apontar falhas, apontar erros na execução daquela ação, como podemos usar também requerimentos para pedir informações

70 70 necessárias: quantas pessoas estão sendo atendidas, como é que está sendo o processo de avaliação e monitoramento. Porque esse processo de monitoramento e de avaliação o Executivo tem que fazer também, nossa missão é de fiscalização, mas monitoramento e avaliação têm que ser feito de forma permanente pelo Executivo (Entrevistado D17). Portanto, investido do mandato resultado da vontade popular, o deputado pode usar a tribuna da assembleia para criticar, apontar falhas e erros na execução daquela de determinada ação. No processo de construção de políticas, os políticos constituem-se atores fundamentais, pois seu papel primordial é identificar os problemas públicos e decidir quais políticas públicas são adequadas para combatê-los (DIAS; MATOS, 2012, p. 45). Para alguns entrevistados, determinadas demandas não são inclusas na agenda por inviabilidade econômica ou falta de orçamento. Oportuno observar o papel do parlamentar no processo de fiscalização e aprovação do Plano Plurianual PPA, da Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e da Lei Orçamentária Anual - LOA, tendo em vista que todas essas leis contam com a participação e voto do parlamentar que pode influenciar no resultado da agenda governamental. Espera-se que no ato da formulação dos requerimentos sejam observadas as leis que tratam do orçamento público. Porém, o entrevistado D16 pontua que a pressão popular pode acelerar o atendimento da demanda. Tento dar acompanhamento, mas é complexo, porque fica dependendo do executivo. Mas eu publicito os requerimentos de maneira muito intensa nas mídias sociais, isso faz com que as secretarias recebam a pressão popular em torno da demanda e muito requerimento eu consigo tirar do papel via pressão popular (Entrevistado D16). Segundo Dias e Matos (2012, p. 57), os assim chamados grupos de pressão ou de interesses são conjuntos de indivíduos que procuram defender nos órgãos governamentais certo interesse ou causa comum, observa os autores, utilizando para isso os meios legítimos e tolerados. Neste rol estão as organizações e movimentos organizados. Os entrevistados ainda citaram que o meio de monitorar as obras, serviços e programas, é a própria população dos municípios onde o Poder Executivo Estadual está implementando o conteúdo dos requerimentos. Também foi citado que geralmente o acompanhamento é feito pela equipe do gabinete e por lideranças ligadas ao deputado. A agenda do parlamento pode, a qualquer momento, sofrer alterações de acordo com os eventos, de ordem política, econômica ou catastróficas, isso pode mudar a pauta de debates e matérias do parlamento. Igualmente, o foco dos deputados e dos gabinetes alteram e abrem diálogos com grupos específicos para tratar da produção legislativa.

71 71 Nós estamos vivendo, por exemplo, uma grande crise na segurança pública do Rio Grande do Norte, e é claro que diante dessa crise da segurança pública é importante sim que façamos requerimentos, pronunciamentos, que possamos visitar também e dialogar com todos os atores que atuam nesse processo que são operadores da segurança pública. Então o nosso mandato tem conversado com agentes da polícia civil, aqueles que fazem a polícia militar do RN, associações da polícia militar, civil, ITEP, agentes penitenciários também. É importante que a gente possa estar em contato permanente diante de uma crise (Entrevistado D17). Para outro entrevistado, em situações de crise, é importante que o mandato parlamentar esteja em consonância com os anseios da sociedade. Entende-se que essa harmonia entre o parlamento e a sociedade poderá resultar numa produção legislativa adequada com a vontade do povo. O mandato parlamentar precisa estar em consonância com os anseios da sociedade. Então, é natural que os debates e a agenda da Assembleia Legislativa sejam modificados ou se molde às necessidades mais urgentes, por exemplo, questões relacionadas à seca e segurança pública, não somente por meio de debates em plenário, mas apresentação de requerimentos, projetos e maior prioridade a ações relacionadas no Orçamento do estado (Entrevistado D21). Dessa forma, fica claro que o mandato parlamentar precisa atuar em permanente contato com a sociedade para trabalhar três mecanismos do fluxo de problemas: os indicadores; os eventos, as crises e os símbolos; e feedback (CAPELLA, p. 4). Desse modo, os parlamentares precisam identificar as demandas para a partir da análise dos indicadores formular a proposição que será discutida em debates nas comissões e no plenário, que encaminhará ou não, para análise do Poder Executivo que decidirá ser favorável ou não, pela inclusão ou implementação na agenda governamental. Sobre os eventos de visibilidade, em alguns momentos, esses demandam novos requerimentos, às vezes, inclusive, acentuam-se. De acordo com o entrevistado D21, a intensificação de agenda do deputado, de reuniões e participação em eventos normalmente fazem aumentar a demanda de requerimentos. Como exemplo de crise, em 2016, o Rio Grande do Norte teve um homicídio a cada quatro horas e vinte e cinco minutos 22 totalizando o alarmante número 1988 mortos de forma violenta. Nos anos de 2014 e 2015 os números foram respectivamente de 1622 e 1520 pessoas mortas 23. Com isso, os dados de acompanhamento da violência chamaram a atenção da mídia, 22 Disponível em: < 4h25/368079>. Acesso em fevereiro de Disponível em: < Acesso em fevereiro de 2018.

72 72 do governo e dos parlamentares que produziram 235 requerimentos em um ano, na área de segurança pública conforme apresentado no quadro 7 desse trabalho. legislativa. O entrevistado D16 corrobora com a tese de que a crise chama a atenção para a produção Na área de segurança, agora ela é uma demanda universal em todos os municípios, porque você tem problemas naturalmente, problemas diferentes em cada município. Mas hoje existe um problema universal que é a questão da segurança, a falta de aparato na área de segurança. [...] eu tenho requerimento na área de segurança nos 167 municípios do Rio Grande do Norte, eu apresentei requerimento na área de segurança foi demandado por todos os municípios. Essa demanda só ocorreu nesse volume na área de segurança. Na pesquisa se percebeu que na área de segurança pública, no ano de 2016, os requerimentos encaminhados ao Poder Executivo, focalizaram no aumento de efetivo policial, reforma e construção de delegacias nos municípios. Feita a proposição e encaminhada ao Executivo, os entrevistados informam que o seu acompanhamento ocorre por meio de assessores, lideranças e da própria população. Essas informações obtidas poderão servir para avaliação de políticas e programas desenvolvidos nas cidades e também poderá servir de argumento para novas proposituras. Segundo o entrevistado D16, ele dispõe de um aplicativo por meio do qual recebe muitas demandas: Isso ocorre das pessoas nos demandarem acercas de políticas públicas que não estão funcionando, essa demanda chega. [...] A gente tem um aplicativo que usa para isso e uma política muito forte de rede social, de interação com a sociedade. Por isso que eu apresento muito requerimento, porque eu tenho um canal, se você não cria o canal a sociedade não sabe como chegar (Entrevistado D16). Questionado se a produção legislativa do gabinete busca atender à necessidade de algum segmento específico, região ou município, ou se está relacionada com a base política do deputado, do grupo de 6 (seis) Chefes de Gabinete entrevistados 3 (três), correspondente a 50% responderam que os mandatos atuam com mais intensidade em regiões que formam a base política do deputado. Ou seja, a base política, em tese, recebe mais atenção dos deputados. A pergunta foi reforçada quando se questionou como se baseia a formulação de requerimentos, se era na viabilidade técnico-jurídico, nos indicadores ou informações e pedidos da base política. Para o entrevistado CG1 os três formam o conjunto da resposta: São as três. A base política é uma das vias pela qual o parlamentar tem acesso as regiões mais remotas, a questão do técnico-jurídico é obrigatória, mas é para um segundo passo para a formulação. Os indicadores que a gente tem principalmente é o número de pessoas que procuram, você entende o problema diante da individualização do problema (Entrevistado CG1).

73 73 Mais uma vez destaca-se a posição da base política, é uma das vias pela qual o parlamentar tem acesso às regiões. Destarte, sem esse apoio, dificulta-se a identificação dos problemas. Para a mesma pergunta, outros responderam que a demanda vem da base política. No parlamento as discussões dos debates pautam os meios de comunicação. Diante desse fato, foi perguntado se a mídia influencia, de alguma maneira, a produção legislativa, e a respostas de todos os Chefes de Gabinete foi que sim. Destacou-se ainda o papel importante da mídia na divulgação dos problemas da população, possibilitando, assim, aos parlamentares, o conhecimento das demandas que serão transformadas em proposições. Na Figura 6, o fluxo de problemas é composto por elementos que tratam da identificação das demandas que serão levadas ao parlamento para discussão. Este processo acontece através da base política e dos assessores os quais apresentam a demanda ao próprio deputado que poderá, ainda, identificar o problema in loco. Neste roteiro as crises também são subsídios para construção de proposições e posicionamentos políticos. Identificados os problemas e formulada a proposição são encaminhados ao plenário para os debates que poderão repercutir e sofrer influência ou se tornar pauta da mídia. Figura 6 Fluxo de Problemas Aplicado a Realidade dos Requerimentos Produzidos na ALRN Fonte: Dados da Pesquisa adaptado pelo Autor Outro item importante no Fluxo de Problemas (KINGDON, 2011) é o feedback apontado como um instrumento fundamental no processo de acompanhamento de demandas.

74 74 Diante disso, foi perguntado se existia feedback entre o gabinete e os cidadãos ou as instituições que buscavam resolução de demandas no parlamento. Para o entrevistado CG4, o feedback acontece com os agentes que têm interesse: Enviamos cópias dos requerimentos aos agentes que têm interesse na viabilidade de determinadas demandas. Além disso, produzimos informes através da nossa assessoria de comunicação, através dos meios de comunicação e redes sociais (Entrevistado CG4). No resultado final, todos afirmaram que existe feedback entre o gabinete e os cidadãos, e isso acontecia de maneiras variadas, por meio do contato por telefone, Whatsapp, s e pessoalmente. Oportuno destacar que o feedback como demonstrado na figura 8, pode funcionar como um realimentador de informações entre cidadão gabinete - deputado cidadão. As informações recebidas neste processo podem substancializar o posicionamento do deputado sobre determinado problema no município. Figura 7 Elementos do Feedback Aplicado a Realidade dos Requerimentos Produzidos na ALRN Fonte: Dados da Pesquisa adaptado pelo Autor No fluxo de problemas se discute como são identificadas as demandas que entram na agenda do mandato para formulação de proposição, seu envio e acompanhamento, os eventos, as crises e o feedback que contribuem para a construção da proposição que será debatida em plenário e, sendo aprovada, é encaminhada ao Poder Executivo.

75 75 Entende-se que o ato de envio da proposição aprovada ao Poder Executivo, é o momento da confirmação da necessidade da atenção do respectivo problema, que foi identificado, e revela quem está sendo afetado pelo problema e qual a magnitude do problema e suas consequências. (COHEN E MATINEZ, 2004, p. 22). Portanto, o acolhimento da demanda pelo Executivo é o ápice do trabalho legislativo FLUXOS DE SOLUÇÕES APLICADOS A PRODUÇÃO LEGISLATIVA Nesse fluxo o processo de construção de solução envolve diversos atores, como apresentado na Figura 8, embora alguns sejam avaliados como participantes sem poder de decisão. Neste grupo estão os assessores, consultores e funcionários do Parlamento, os quais formam comunidades de especialistas que realizam pesquisas de interesses de cada gabinete parlamentar. Ainda nesta figura, se apresenta os membros da comunidade, os quais participam do processo de construção da solução de problemas através das audiências públicas no Parlamento, e a mídia, a qual desenvolve um papel importante no processo de publicitação e mobilização da sociedade. Figura 8 Fluxo de Soluções Aplicada na Produção Legislativa Fonte: Dados da Pesquisa adaptado pelo Autor Portanto, o processo de solução do problema passa por diversas etapas até sua inclusão na agenda governamental. A agenda é definida como um conjunto de assuntos sobre os quais o

76 76 governo e pessoas ligadas a ele concentram sua atenção em determinado momento (KINGDON, 2003). Quando foi questionado sobre como a comunidade pode participar do processo de construção da proposição que melhor atenda aos seus interesses, o entrevistado D16, afirmou que através do nosso aplicativo, podendo inclusive apresentar projetos de lei e emendas constitucionais com coletas de assinaturas. Percebe-se, na resposta o viés inovador do entrevistado D16, que utiliza os recursos tecnológicos para receber as demandas do cidadão. Outras respostas de como a comunidade pode participar foi pronunciada pelo entrevistado D17: A comunidade pode participar através das audiências públicas, da participação direta com nossas redes sociais, encaminhamento de , do nosso site, do próprio Facebook, presencialmente vindo ao gabinete também. Enfim, são várias formas da comunidade participar para a realização das proposituras. O entrevistado D7 em sua resposta sobre a participação da comunidade no processo de construção dos requerimentos, reforça que ela pode acontecer através das redes sociais e de visitas ao gabinete. Para o entrevistado D5 as redes sociais são uma forma de participação popular, além de audiências públicas e pessoalmente no gabinete ou em reuniões externas. Para os chefes de gabinetes a comunidade pode participar mediante fornecimento de informações sobre demandas, sendo possível fazer isso por intermédio do site da Assembleia, das redes sociais ou mesmo indo ao gabinete. Portanto, quanto à participação popular na produção legislativa, em se tratando do fluxo de soluções, a comunidade dispõe de ferramentas inovadoras para participar, como as redes sociais ou o modelo tradicional, dirigindo-se ao gabinete parlamentar. Cabe destacar que é no ambiente do gabinete onde se atende os cidadãos, por vezes representados por entidades, que buscam a atenção do parlamentar para as suas reivindicações. Portanto, diante da busca das soluções para as diferentes demandas que chegam ao gabinete parlamentar poderá existir a necessidade de ser realizado estudos de viabilidade técnica para a formulação de proposições. De acordo com o entrevistado D16: Quando a gente sente que esse requerimento exige um estudo maior, a gente entra sim em contato com um técnico, com algum responsável dependendo da demanda a gente sempre faz uma análise. Para o entrevistado D7, quando se tratam de demandas provenientes do setor público, elas são apresentadas no gabinete com as respectivas viabilidades técnicas. Geralmente, a

77 77 maior parte das demandas se baseiam em necessidades apontadas por gestores municipais, que apresentam, sim, viabilidades técnicas em seus pedidos. O entrevistado D17, ressalta que sim, principalmente quando se trata de projeto de Lei 24 : Claro que sim. Principalmente quando se trata de um projeto de lei, determinados projetos de lei é necessário que nós possamos fazer um estudo de viabilidade técnica. [...] E aí passamos a adequar a realidade do RN. Então esses estudos técnicos eles são sempre necessários principalmente quando trata se de um processo de lei. Os projetos de lei são proposições destinadas a criar leis novas ou a alterar outras já em vigor (BOTELHO, 2013). Assim sendo, diante da complexidade de um projeto de lei, cujo objetivo é incrementar o ordenamento jurídico criando uma solução para determinado problema, faz-se pertinente o estudo técnico para apresentação de projeto do tipo. Segundo o CG3, após recebimentos dos pleitos, organizamos em qual propositura deverá ser apresentado. Se projeto de lei ou requerimento normal. Esta ação se justifica, pois, como posto, um projeto de Lei está sujeito a atos formais e a sanção do Governador. Ainda no fluxo de soluções, foi perguntado se, diante da complexidade das proposituras, instituições de ensino e pesquisa dão suporte às propostas sugeridas. De acordo com o entrevistado D17: Sim. Dão sim. Por exemplo, nós fizemos uma audiência pública em determinado ano para discutir o aumento da dengue aqui no RN. Participaram dessa audiência professores da universidade do RN, representações de médicos que atuavam no enfrentamento à dengue e essas instituições depois deram sugestões em relação ao projeto de lei para criação de uma política estadual de combate à dengue. Para o entrevistado D5: Sim. O projeto que dispõe sobre a criação do piso salarial e estabelece carga horária de trabalho semanal dos assistentes sociais foi sugerido por uma comissão composta por profissionais da área, os quais atendi pessoalmente em meu gabinete. O entrevistado D21 respondeu que sim: Sim. Lei estadual de defesa de direito dos consumidores para determinar a fixação de data e turno para entrega de bens e serviços, por exemplo, foi sugerida pela direção do Procon da Assembleia diante do alto índice de reclamações. Outro projeto voltado 24 Art Além da proposta de emenda à Constituição, os projetos são: I - de Lei, destinados a regular as matérias de competência do Poder Legislativo, com sanção do Governador do Estado.

78 78 para a proteção de crianças e adolescentes mediante identificação em hotéis, pousadas e similares foi sugerido pelo Sindicato dos guias de turismo. É perceptível que, para assuntos complexos os deputados respondentes recebem orientações especializadas de grupos interessados no resultado. Desse modo, configura-se neste fluxo o pensamento de Secchi (2013), em que afirma que cada arena tem uma configuração de atores com prevalência de alguns e ausência de outros. Quando se trata da proposição apresentada pelo Deputado ela pode ser de interesse de determinados grupos, comunidades ou segmentos. Dessa forma, possibilita-se questionar como eles podem participar do processo de solução ou execução do problema ou da ação. Segundo o entrevistado D16 os interessados podem, por meio do acompanhamento do requerimento e da pressão popular concretizar o pedido contido na proposição: Se ele fiscalizar a sequência do requerimento, ele pode pegar a demanda que foi institucionalizada através de um instrumento do deputado, ele pega uma cópia, ele vai ao órgão, ele pressiona, ele cria uma pressão popular via rede social ou fisicamente. Então esse instrumente facilitaria enormemente a demanda sair do papel, ela se materializar. O entrevistado D17 assevera que, quando o parlamentar é comunicado do interesse, ele se mobiliza por intermédio de audiências públicas e reuniões para discutir a respeito da propositura que deve ser produzida: Sim, aí tem que haver a comunicação, acontecendo a comunicação o parlamentar, no caso sabendo do interesse desses grupos, então nós sentamos para discutir. Já aconteceu isso, de ser procurada por grupos de comunidade, já teve audiências pública para discutir, reuniões mais específicas com grupo menor para discutir determinada propositura. E no caso para que eles pudessem participar desse processo de solução e execução do problema ou da ação propriamente dita. De acordo com os entrevistados D16 e D17, os interessados podem contribuir a partir da comunicação da demanda, do acompanhamento do requerimento feito pelo parlamentar e encaminhado ao Poder Executivo e por meio da fiscalização da ação, obra ou do serviço do governo. Todo esse procedimento pode fomentar o feedback entre os envolvidos no processo. Diante da importância da participação dos grupos interessados no processo de produção do requerimento e do seu acompanhamento foi perguntado qual era a importância da aceitação da comunidade quanto à obra, ao serviço ou programa que está sendo realizado. Para o entrevistado D16, a participação é fundamental:

79 79 Eu não tenho nenhuma dúvida quanto maior a presença da sociedade dentro do legislativo pressionando, fiscalizando melhor, as demandas são atendidas. Eu não tenho nenhuma dúvida disso, isso é crucial. Não vamos conseguir ter melhor atuação de Legislativo, Executivo sem uma participação firme e consistente da sociedade no atendimento de demanda. O entrevistado D21 destaca que diante de tantas carências ainda presentes na vida das comunidades, dificilmente se encontra resistência. Contudo, é de suma importância a aceitação da obra, ação ou melhoria para o sucesso da medida. Para os entrevistados D5 e D7, a aceitação da sociedade é importante. Sobre a pergunta, o entrevistado D17 respondeu que: Quando a gestão é feita de forma democrática, preparando a comunidade, discutindo com a comunidade aquela ação que vai acontecer naquela localidade. Então a comunidade participa e tem aceitação ou não. Diante das respostas, pode-se concluir que a aceitação da obra por parte da comunidade é fundamental. Do contrário, o governo pode fazer um projeto e não iniciar a obra por causa da rejeição da população, mesmo que ela se apresente como importante para a cidade. Foi perguntado se no momento da formulação da proposição era feita a avaliação dos custos, obras e serviços. O entrevistado D17, respondeu que sim. A justificativa para a resposta foi o atendimento de um estudo realizado pela equipe do mandato sobre determinado programa. No entanto, o respondente reconhece que a competência para o estudo é do Poder Executivo. O entrevistado D21 apresentou um novo elemento, as emendas parlamentares que são encartadas no Orçamento Geral do Estado: Normalmente não levamos em consideração os custos para obras específicas. Mas, por exemplo, no caso de emendas parlamentares, nos baseamos pelo custo de obras semelhantes para destinar uma rubrica que possa fazer frente aos custos. O orçamento geral do Estado do Rio Grande do Norte, para o ano de , aprovado em 17 de dezembro de 2015, somou quase R$ 12 (doze) bilhões. Do total, cada deputado apresentou emenda individual de R$ 1,8 milhão, totalizando R$ 43,2 milhões. Neste caso, o deputado indica até R$ 1,8 milhão para obras ou ações de prioridade do mandato. As respostas relacionadas ao fluxo de soluções, convergiram para a afirmação que a sociedade pode participar do processo de construção de soluções, mediante o fornecimento de informações sobre os problemas, podendo esta participação acontecer através do site da 25 Disponível em: < Acesso em fevereiro de 2018.

80 80 Assembleia, das redes sociais dos parlamentares ou mesmo comparecendo ao gabinete. Se sabe ainda que é comum que cidadãos apresentem propostas sobre demandas aos parlamentares quando das atividades externas da assembleia. Assim sendo, em se tratando do fluxo de soluções, a comunidade pode e dispõe de caminhos diversos para participar das discussões de soluções. Desse modo, na busca das soluções para os diferentes problemas que chegam ao gabinete parlamentar, principalmente quando os assuntos são de temas complexos ou tratam de custos do programa, obras ou serviços, poderá ser necessária a realização de estudo de viabilidade técnica para a formulação das proposituras. Nessa fase de formulação de alternativas, os burocratas subsidiam os políticos com seus conhecimentos técnicos para a formulação de soluções para os problemas públicos. (SECCHI, 2015) FLUXOS POLÍTICOS APLICADOS A PRODUÇÃO LEGISLATIVA Este fluxo corre de acordo com suas próprias dinâmicas e suas próprias regras. É composto de fatores como oscilações de humor nacional, resultados eleitorais, mudanças de administração, mudanças de distribuições ideológicas ou partidárias no Congresso e campanhas de pressão de grupos de interesse (KINGDON, 2011). Assim, diante de posicionamentos divergentes no campo político partidário, numa arena de 24 (vinte e quatro) protagonistas, os deputados estaduais, com liderança de 8 deles (líderes), o trabalho para aprovação da proposição no âmbito do parlamento acontece de maneira geral da seguinte forma, primeiro os requerimentos são protocolizados, posteriormente, são lidos no plenário durante sessão ordinária; e, em seguida, votados. Após aprovação os requerimentos são encaminhados ao Poder Executivo, e o deputado poderá, se necessário, iniciar o trabalho de convencimento dos atores do Executivo, para que aconteça o atendimento para a solução do problema que é de interesse de determinados grupos. Neste processo pode ocorrer a necessidade do contato entre deputado e os gestores, por telefone ou audiências com a participação de todos os atores interessados na resolução (Entrevistado D21). Quando do processo de discussão das proposições no plenário, de acordo com o entrevistado D5, não são analisados os custos das obras ou ações sugeridas na proposição. Para

81 81 o entrevistado D16 cabe ao governo a avaliação dos custos. O plenário 26, que é composto por todos os deputados, e sobretudo as comissões temáticas, são espaços para discutir a viabilidade de medidas sob os mais variados aspectos: político, econômico e social (Entrevistado D7). No caso do humor negativo da sociedade em relação à obra, ao serviço ou programa que está sendo realizado, as forças políticas podem influenciar ao ponto de mudar a agenda do governo. Quando a participação popular é alta ela muda a agenda do governo positiva e negativamente. Sobre a pergunta respondeu o entrevistado D17: As construções de presídios, essas construções geralmente se a um movimento muito forte para não construir em determinado local que é próximo a área urbana, a população se mobiliza. E dependendo da mobilização o governo sim pode mudar a agenda deles em relação à determinada obra. Vou dar outro exemplo, existe uma cadeia pública, centro de detenção provisória, em São Paulo do Potengi e a capacidade digamos que era para 16 presos e tinha já 30. E o governo queria ampliar ainda o número de presos nesse centro de detenção provisória, que inclusive funciona próximo a escolas e tudo mais. Então houve uma grande mobilização da comunidade que impediu o governo de fazer essa ampliação. O entrevistado trouxe à tela um item da agenda do governo, que é fundamental para a segurança pública, a construção de presídio. Nesse depoimento, constata-se que a mobilização popular e a articulação política podem alterar a agenda do governo. Igualmente, discorre o entrevistado D16: Participação popular. Eu apresentei um requerimento aqui uns 60 dias atrás para que não fosse feita a obra da Engenheiro Roberto Freire. Eu tive mais de 3 mil compartilhamentos no meu facebook de um vídeo desse meu pronunciamento, fora milhares de vezes que isso rodou no WhatsApp. A gente tem um cálculo que mais de 600 mil pessoas viram esse vídeo, uma semana depois ele saiu da agenda. O governo deu entrevista e tirou essa obra que já estava licitada, que estava pronta para sair ele tirou da agenda por força desse requerimento. Quando a participação popular é alta ele muda a agenda do governo positiva e negativamente. De acordo com o entrevistado D7, as forças políticas devem atuar em favor dos interesses da população, e o governo, por sua vez, também deve atuar com independência. Para o entrevistado D21, os casos mais comuns são de conflitos envolvendo o Governo e os servidores. E, segundo ele, os deputados atuam como intermediadores de um entendimento visando à conciliação. O entrevistado D5 pondera que caso as obras sejam verdadeiramente 26 ALRN - REGIMENTO INTERNO - RESOLUÇÃO 46/90 (Consolidado por determinação da Resolução Nº 010/2003) -Art O Plenário, composto por todos os Deputados, exerce com exclusividade a função legislativa da Assembleia, exceto nos casos em que este Regimento atribui tal competência às Comissões.

82 82 necessárias, dificilmente serão modificadas, contudo, ainda de acordo com o entrevistado, diante da pressão popular o governo já recuou: Em relação a obras, caso sejam verdadeiramente necessárias, dificilmente serão modificadas. Podemos citar o exemplo recentemente de unidades prisionais. No caso de recuo em relação a obras, podemos citar o exemplo da Avenida Engenheiro Roberto Freire, em Natal. Há vários anos o Governo do Estado possui o projeto e, inclusive, a garantia dos recursos, mas não executou diante da pressão popular e de segmentos como comerciantes. Percebemos, neste fluxo, de acordo com as respostas, que a articulação política, a mobilização e a pressão popular são fundamentais para provocar alteração na agenda governamental de maneira que atenda aos interesses da população. Portanto, segundo o entrevistado D16, nesse processo político o parlamentar deve atuar utilizando todos os mecanismos adequados para defender a execução do programa, da obra ou ação. O entrevistado D17, corrobora que o parlamentar deve utilizar todos os mecanismos adequados para defender a execução do programa, da obra ou serviço. O parlamentar atua de acordo com suas próprias armas, o parlamenta usa a tribuna da casa para defender, procura divulgar o seu pronunciamento nos órgãos de imprensa local, nos blogs, utiliza suas redes sociais, o parlamentar também escuta a comunidade, leva a comunidade para se envolver. Ele usa todos os mecanismos legítimos para defender a execução de determinado programa, obra ou ação. No processo de articulação política cada deputado atua de acordo com seu perfil. Para o D7: O parlamentar tem o dever de reverberar os anseios da população, usando os mais diversos meios: Redes sociais, pronunciamentos, requerimentos e reuniões com órgãos e gestores pertinentes. Enquanto o entrevistado D21, pontua que fazemos reuniões, se necessário, pronunciamento. Mas, por meu perfil, procuro atuar mais nos bastidores. Na mesma linha respondeu o entrevistado D5, fazemos reuniões e pronunciamento. As reuniões e os pronunciamentos são momentos de discussão e construção das alianças que são estabelecidas a partir de um processo de troca de apoio e negociação política. Nesse momento, os grupos de influência, sindicatos, associações, a mídia, as pressões do Legislativo e o próprio processo eleitoral, entre outros fatores, determinam o clima político para a mudança da agenda governamental, podendo tanto favorecer uma mudança como restringi-la. (CAPELLA, 2006). O governo é transitório e está sujeito a mudanças após resultado eleitoral. Segundo o entrevistado D21, normalmente, as mudanças do governo estadual impactam mais na

83 83 descontinuidade de obras e ações. A cada nova gestão, é preciso retomar o debate. Portanto, a cada novo gestor, é iniciado um novo fluxo político, reiniciando também as articulações. Um novo governo tem uma nova escala de prioridade, uma nova agenda governamental. Ele faz uma agenda com determinada escolha que pode a qualquer momento mudar o que vai ser priorizado: segurança, saúde, educação ou recurso hídrico. Então, segundo o entrevistado D16, a agenda do governo muda a demanda. Embora sejam previstas mudanças na agenda de um futuro governo, o entrevistado D7 pontua que toda mudança deve ser observada, uma vez que elas podem se traduzir em mudanças estruturantes, que retiram da pauta do governo medidas adotadas em outras ocasiões. Durante o processo de mudanças as coligações 27 partidárias geralmente não influenciam a continuidade de proposituras. O entrevistado D21 reconhece a possibilidade de acontecer influência, no entanto, ressalta que o problema é a falta de continuidade das gestões. Contrariamente, o entrevistado D16 afirma que as coligações partidárias não influenciam: Não, porque tem uma cultura no Brasil que as alianças partidárias, infelizmente são meramente eleitorais. Os últimos governadores eleitos, todos, foram eleitos com minoria na assembleia legislativa e já tomaram posses com maioria da assembleia legislativa. Então as alianças partidárias elas não têm nenhuma conexão em linha geral e infelizmente com as alianças que governam. Contrariando o pensamento de que os partidos se coligam com objetivos eminentemente eleitoreiros, o entrevistado D7 aponta que as Coligações partidárias abrigam determinadas identidades e linhas de atuação que, notadamente, podem se traduzir na continuidade ou não de determinadas proposituras. Observando o momento das coligações, este é um momento eleitoral, desse modo, um ano atípico no encaminhamento de proposituras. O Entrevistado D21, justifica que o ano eleitoral é atípico em função das vedações legais, a legislação eleitoral: Sim. O ano eleitoral, mais precisamente o período da campanha, é atípico em função das vedações legais para algumas ações, e também há uma redução da apresentação de requerimentos e projetos pelos deputados em função de terem que se dividir com as atividades da campanha. 27 As normas para as eleições estão na Lei 9.504/1997, e os artigos 7º, 8º e 9º tratam das convenções para a escolha de candidatos.

84 84 Assim sendo, diante da legislação, recomenda o entrevistado D7 que anos eleitorais devem ser observados com parcimônia, para que determinadas iniciativas não sejam encaradas como obras de caráter eleitoreiras. Contestando, o fato de ser ano eleitoral não influencia na produção legislativa, apesar de a agenda, neste ano, ser mais política, o entrevistado D16 afirma: Não, como a gente tem um método próprio isso não influencia. Claro que nossa agenda pessoal muda, e isso faz com que caia um pouco naturalmente, você tem uma agenda mais política do que qualquer outra coisa. Mas a gente como tem um método muito perene de requerimentos, você não tem esse problema. Se você sair da minha sala tem um mapa do RN ali em cima, Requerimentos, a gente faz um acompanhamento com mapeamento cidade por cidade. A gente não deixa nenhuma cidade de fora, quando a cidade não nos demanda a gente vai pesquisar na cidade atrás de requerimento. Aqui temos equipe específica e métodos, por isso que nunca há mais variações. Neste fluxo predomina a atuação política, em que o parlamentar age como empreendedor focado no convencimento de outros atores que estejam envolvidos no processo decisório, através da construção de alianças políticas, buscando satisfazer a necessidade da opinião pública e dos eleitores, e empreendendo no trabalho de mobilização e articulação para através de suas ações alcançar a inclusão do problema na agenda governamental. Ainda neste fluxo, quanto ao ano eleitoral, a agenda focaliza os eventos políticos eleitorais, logo, se percebe que o ano eleitoral é atípico com tendências para redução da produção legislativa JANELA DE OPORTUNIDADE APLICADA A PRODUÇÃO LEGISLATIVA No modelo de Múltiplos Fluxos (Multiple Streams Model) de Kingdom (2011), os fluxos de problemas, soluções e político, despejam suas concepções de problemas, suas propostas e forças políticas na oportunidade de escolha, e os resultados dependem da combinação de elementos presentes e de como os vários elementos são conectados. Uma característica da oportunidade de mudança abertura das janelas no modelo de Kingdon é seu caráter transitório. Sejam provocadas por eventos programados ou não, as oportunidades de acesso de uma questão à agenda não perduram por longos períodos de tempo. Da mesma forma que as janelas se abrem, elas também se fecham. A oportunidade de mudança na agenda cessa quando um dos fluxos se desarticula com relação aos demais (CAPELLA, 2005, P.11). Portanto, no processo de produção legislativa a janela é aberta no momento da aprovação da proposição, não significando que o problema identificado na proposição e que ganhou relevância com sua aprovação, dispõe de garantias de efetividade. Pois a decisão final

85 85 de atendimento de inclusão do problema na agenda governamental, caberá ao próprio Poder Executivo. Deste modo, baseado no modelo de Kingdom (2003), adaptado a partir de Capella (2006), apresenta-se, na Figura 9, o modelo para aplicação na produção legislativa. FIGURA 9- O Modelo de Kingdom aplicado na produção legislativa Fonte: Adaptado pelo autor a partir de CAPELLA (2006, p. 32). De acordo com a Figura 9, o modelo desenvolvido por Kingdon (2003) apresenta três fluxos, fluxos de problemas, fluxo de políticas ou soluções e o fluxo político e, ainda, a chamada janela de oportunidade, que produz a oportunidade de mudança até finalizar com a inclusão do pedido do deputado na agenda governamental.

86 86 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a conclusão do presente trabalho, podemos fazer algumas observações sobre o Papel do Legislativo na definição da Agenda Governamental, tendo como objeto a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Oportuno ressaltar que os objetivos específicos desse trabalho foi analisar a produção legislativa, através das proposições dos deputados estaduais no exercício 2016 na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Se buscou identificar como os fluxos de problemas públicos influenciam a produção legislativa dos parlamentares e como acontece os fluxos de soluções e políticos no âmbito do legislativo. Neste estudo, enfatizamos a importância do Parlamento na configuração dos Poderes da República e na construção da agenda pública, principalmente no que se refere à descentralização das decisões, observando que mesmo em momentos de crises, o Parlamento é o local próprio para debates entre os contrários e onde se acolhe as demandas de interesse da sociedade e dos próprios Poderes. Destacamos que o Poder Legislativo brasileiro ocupa posição importante na arena da formação da agenda pública, cabendo ao parlamentar atuar na defesa dos interesses da sociedade. No processo de contestação o Parlamento é o local próprio para debater os temas de interesse público com vistas a implantação de políticas públicas na agenda governamental. O debate acontece através das audiências públicas, comissões temáticas e no plenário. Verificamos que o Deputado pode, ou porque não dizer, deve ouvir a população a respeito das demandas que carecem de soluções e assim, a partir da sua participação em debates e nas sessões, desempenhar um papel de articulador de políticas, ocupando um papel estratégico na construção da agenda pública através de sua produção legislativa, encaminhando suas proposições ao Poder Executivo, reivindicando ações para atender os interesses da população. Quando através do fluxo de problemas são identificados os problemas que aflige determinada população, poderá o deputado, a depender do interesse e, compreendendo que medidas são necessárias para a solução daquela demanda, transformar a referida questão em proposição, que deve ser apreciada, votada e encaminhada para inclusão na agenda. Assim, quando as demandas da sociedade são reivindicadas pelo Parlamentar e aprovada pelo Parlamento, ganha maior importância e desperta a atenção do Poder Executivo. Essas proposições poderão também resultar da mobilização de grupos da sociedade que podem apresentar suas reivindicações aos Parlamentares para encaminhamento ao Poder Executivo. Neste trabalho quando analisamos o direcionamento da produção dessas proposições, se percebe que a mesorregião central potiguar do Rio Grande do Norte, recebeu o maior número

87 87 de requerimentos enviados ao Poder Executivo no ano de 2016, enquanto a mesorregião Leste Potiguar, onde está localizada a capital do estado a cidade de Natal, foi a terceira que mais recebeu requerimentos. Este resultado apresenta incongruência pois, a mesorregião leste potiguar concentra cidades da região metropolitana da capital, com isso um elevado número de problemas, e um número consideravelmente maior de habitantes em relação a mesorregião central potiguar. Contudo, se constata que as proposições que são encaminhadas ao Poder Executivo, resultado da identificação, das discussões e da formulação no Parlamento alcança os mais diversos municípios do Rio Grande do Norte e apontam soluções para os mais diversos problemas. Se percebe ainda, nos números de proposições apresentados na pesquisa, que a produção legislativa entre os deputados apresenta grande disparidade, onde alguns deputados produzem uma quantidade de requerimentos muito maior que outros. Entretanto, se percebe a atenção dos parlamentares com mais intensidade para os problemas relacionado às áreas de infraestrutura, segurança e saúde. Numa análise mais apurada da apresentação das proposições por tipo de solicitação se identifica uma grande fragmentação de pedidos, com destaque para perfuração e instalação de poços e abastecimento de água. Destarte, destacamos que o papel do Parlamentar é complexo, e a quantidade de proposições podem não significar resultados para a população. Importante saber, que as atividades atípicas do deputado, superam significativamente seu papel de legislador que aprova as normas que produz resultados no ordenamento jurídico. Assim, não temos, como imagina a maioria da população, um deputado que se restringe ao ato meramente formal de suas atividades típicas que devem ser desempenhadas na Casa Legislativa. Nesse novo modelo de atuação parlamentar, ainda que não possamos medir a influência no resultado da produção legislativa, se percebe que as redes sociais, como respondido nas entrevistas dessa pesquisa, ocupam um papel importante no processo de apresentação de demandas aos gabinetes. Entendemos que as redes sociais podem colaborar e até influenciar significativamente a produção legislativa dos deputados, contudo, se faz importante um acompanhamento continuo das redes e um feedback permanente entre as partes, no caso, o parlamentar e o cidadão. Outro fato que desperta a atenção é o número de requerimentos, o que poderá, por pressão política ou mobilização da sociedade, alterar a agenda de obras, ações ou serviços do Poder Executivo. Igualmente, desperta a atenção o reconhecimento nas respostas das entrevistas, que não existe estudo de viabilidade financeira para a produção do

88 88 requerimento, assim, muitas vezes os requerimentos que não observaram a própria lei orçamentária, se torna inócuo. Ao final, diante do resultado desta pesquisa quanto aos números de proposições dos Deputados e como acontece o processo de produção legislativa através dos fluxos de problemas, fluxos soluções, fluxos políticos e as janelas de oportunidade, concluímos que, embora reconheçamos que o papel central do parlamento é ecoar a voz do povo, e assim influenciar na formação da agenda governamental, asseveramos que o atual modelo de produção legislativa, quanto à relação legislativo-executivo, não dispõe de garantias de execução ou atendimento dos requerimentos formulados, aprovados e encaminhados pelo Poder Legislativo ao Poder Executivo. Ou seja, todo o trabalho de identificação, discussão de solução e articulação política, se torna prejudicado quando não acontece o atendimento da demanda ou a inclusão do problema na agenda governamental.

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94 94 APÊNDICES APÊNDICE 1 TERMO DE CONSETIMENTO Declaro, por meio deste termo, que concordei em participar da pesquisa de campo referente à dissertação de mestrado profissional O PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL DO EXECUTIVO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO LEGISLATIVA NA ASSEMBLEIA DO RN, desenvolvida por Alan Castilho Bezerra da Silva, aluno do mestrado em Gestão Pública PPGP/UFRN. Fui informado (a), ainda, que a pesquisa é orientada pela Profa. Dra. Dinah dos Santos Tinoco e co-orientada pelo Prof. Dr. Fabio Resende de Araújo e que poderei esclarecer eventuais dúvidas também através dos s: castilho.advocacia@yahoo.com.br e resende_araujo@hotmail.com Afirmo que aceitei participar voluntariamente, sem receber qualquer incentivo financeiro ou ter qualquer ônus e com a finalidade exclusiva de colaborar com a pesquisa. Fui informado (a) dos objetivos estritamente acadêmicos do estudo, que, em linhas gerais, trata de compreender de que modo a produção legislativa contribui para a formulação da agenda governamental. A entrevista será gravada para posterior transcrição. Na hipótese de impossibilidade, a pesquisa será respondida através de formulário, sendo o acesso e a análise dos dados realizados exclusivamente pelo pesquisador. Em nenhum momento será divulgada a identidade do entrevistado. Os dados coletados serão utilizados apenas nesta pesquisa e os resultados divulgados na dissertação de mestrado, eventos e/ou revistas científicas, comprometendo-se o pesquisador a enviar cópia da dissertação concluída para compor o acervo da instituição. Declaro estar ciente do inteiro teor deste Termo de Consentimento e estou de acordo em participar do estudo proposto. Atesto recebimento de uma cópia assinada deste termo., de Assinatura do(a) participante Assinatura do Pesquisador

95 95 APÊNDICE 2 CARTA DE APRESENTAÇÃO (ENTREVISTAS) Caro (a) entrevistado (a), Agradecemos mais uma vez por sua valiosa colaboração na pesquisa O PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL DO EXECUTIVO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO LEGISLATIVA NA ASSEMBLEIA DO RN. Para melhor aproveitamento da entrevista que se inicia, pedimos que considere os seguintes aspectos que serão abordados quanto: 1. Componentes da dimensão dos fluxos administrativos: 1.1. Gestão de Gabinete 1.2. Autonomia do Gabinete 2. Componentes da composição dos fluxos da política 2.1. Processo de formulação dos requerimentos 2.2. Processo de elaboração das proposições 2.3. Participação social

96 APÊNDICE 3 GUIA ORIENTADOR ENTREVISTAS - DEPUTADO O PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL DO EXECUTIVO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO LEGISLATIVA NA ASSEMBLEIA DO RN. INFORMAÇÕES GERAIS Idade: Formação (Escolaridade): A quanto tempo exerce o Mandato de Deputado estadual? Quantas legislaturas? Já tinha ocupado algum cargo público no Poder Executivo ou Legislativo, qual? FLUXOS DE PROBLEMAS Como são identificados os problemas que entram na agenda do mandato a fim de se tornarem uma proposição (requerimento)? Após a aprovação de requerimento ele é encaminhado ao Poder Executivo, quando o documento não é incluído na agenda do governo, o que o Deputado pode ou deve fazer? Após a decisão do governo em deferi o pedido do requerimento como atua o Deputado na fiscalização da execução da obra, serviço ou programa? Como as crises de ordem política, econômica ou eventos catastróficos podem mudar a pauta de matérias do Parlamento? Que eventos de visibilidade demandam novos requerimentos? Em algum momento isto se acentua por algum motivo?

97 Indicadores de estudos nacionais, regionais e locais impulsionam novas proposituras? O monitoramento das políticas em alguma medida é usado para definir prioridades de proposituras? Caso seja usado é possível exemplificar? O feedback do andamento de políticas e programas é usado como argumento para novas proposituras? Se sim é possível exemplificar? Momentos de crise demandam mais proposituras? FLUXOS DE SOLUÇÕES Como a comunidade pode participar do processo de construção da proposição (requerimento) que melhor atenda aos seus interesses? É feito algum estudo de viabilidade técnica para a realização de proposituras? Se sim, exemplifique. Instituições de ensino e pesquisa dão suporte as proposituras sugeridas? Caso positivo exemplifique. Sendo a demanda apresentada pelo Deputado de interesse de determinados grupos, comunidades ou segmentos, como eles podem participar do processo de solução ou execução do problema ou ação? Qual a importância da aceitação da comunidade quanto a obra, serviço ou programa que está sendo realizado? Como ela é percebida? De algum modo a aceitação da comunidade inviabilizou proposituras? É possível exemplificar? Na formulação das proposições os custos do programa, obras ou serviços são avaliados? Caso sim exemplifique.

98 FLUXO POLÍTICO Como acontece o trabalho para aprovação da proposição (requerimento) no âmbito do Parlamento? Como acontece o trabalho de convencimento dos atores do Poder Executivo, Governador ou secretario, para que aquela demanda apresentada e que é de interesse de determinados grupos, comunidades ou segmentos seja atendida? No processo de discussão no plenário os custos de programa, obras ou serviços, que constam como solicitação na propositura (requerimento) são analisados? Caso sim, exemplifique. Diante do humor negativo da sociedade em relação a obra, serviço ou programa que está sendo realizado, como poderia as forças políticas influenciarem ao ponto de mudar a agenda do Governo? Exemplifique situações que tiveram essa influência. Como atua o parlamentar quando se trata de defender a execução de determinado programa, obra ou serviço? Mudanças de governo impactam em que medida o andamento de propostas? Mudanças de que nível de governo (federal, estadual ou municipal) impactam mais as proposituras? De que modo as coligações partidárias influenciam a continuidade de proposituras em momentos de mudança de governo? O ano eleitoral é um ano atípico no encaminhamento de proposituras? Se há mudanças o que determina estas na sua opinião?

99 APÊNDICE 4 GUIA ORIENTADOR ENTREVISTAS CHEFE DE GABINETE O PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL DO EXECUTIVO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO LEGISLATIVA NA ASSEMBLEIA DO RN. INFORMAÇÕES GERAIS Idade: Formação (Escolaridade): A quanto tempo exerce a função de chefe de gabinete? Já tinha ocupado algum cargo público no Poder Executivo ou Legislativo, qual? FLUXOS DE PROBLEMAS Como a equipe de assessoramento trabalha na identificação das demandas que serão analisadas e se constituirão em proposição? Após a formulação da propositura (requerimento) quais as dificuldades até a decisão do poder executivo em inclui-la na agenda governamental? A produção legislativa do Gabinete busca atender a necessidade de algum segmento especifico, região ou município especifico? Sim qual? Está relacionada com a base política do Deputado? No processo de atendimento aos cidadãos ou instituições que buscam o gabinete existe feedeback? Como acontece, é possível exemplificar?

100 FLUXOS DE SOLUÇÕES Como a comunidade pode participar do processo de construção da proposição (requerimento) que melhor atenda aos interesses da sociedade? É feito algum estudo de viabilidade técnica para a formulação de proposituras (requerimento)? Se sim, exemplifique. Ter viabilidade técnico-jurídico é critério imperioso para formulação do requerimento? Como se baseia a formulação de requerimentos do Gabinete é na viabilidade técnicojurídico, os indicadores de crises ou informações e pedidos da base política? A mídia influencia de alguma maneira a produção legislativa? Se sim, exemplifique. FLUXOS POLÍTICO As decisões no âmbito do Gabinete são compartilhadas? Se sim, exemplifique. Como a equipe faz o acompanhamento dos processos de interesse do cidadão ou mesmo da base de sustentação política do Deputado junto aos órgãos do Poder Executivo? O ano eleitoral é um ano atípico no encaminhamento de proposituras? Se há mudanças o que determina estas na sua opinião? Na formulação das proposituras (requerimentos) os custos do programa, obra ou serviço são avaliados? Caso sim, exemplifique.

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105 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI COMI TÊ DE ÉTICA EM PESQUISA CEP /FACISA TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ Eu,, depois de entender os riscos e benefícios que a pesquisa intitulada O PAPEL DO LEGISLATIVO NA DEFINIÇÃO DA AGENDA GOVERNAMENTAL DO EXECUTIVO: ANÁLISE DA PRODUÇÃO LEGISLATIVA NA ASSEMBLEIA DO RN poderá trazer e, entender especialmente os métodos que serão usados para a coleta de dados, assim como, estar ciente da necessidade da gravação de minha entrevista, AUTORIZO, por meio deste termo, os pesquisadores professor Dr. Fábio Resende de Araújo e o mestrando Alan Castilho Bezerra da Silva a realizarem a gravação de minha entrevista sem custos financeiros a nenhuma parte. Esta AUTORIZAÇÃO foi concedida mediante o compromisso dos pesquisadores acima citados em garantir-me os seguintes direitos: 1. poderei ler a transcrição de minha gravação; 2. os dados coletados serão usados exclusivamente para gerar informações para a pesquisa aqui relatada e outras publicações dela decorrentes, quais sejam: revistas científicas, congressos e jornais; 3. minha identificação não será revelada em nenhuma das vias de publicação das informações geradas; 4. qualquer outra forma de utilização dessas informações somente poderá ser feita mediante minha autorização; 5. os dados coletados serão guardados por 5 anos, sob a responsabilidade do(a) pesquisador coordenador da pesquisa professor Dr. Fábio Resende de Araújo e após esse período, serão destruídos e, 6. serei livre para interromper minha participação na pesquisa a qualquer momento e/ou solicitar a posse da gravação e transcrição de minha entrevista. Natal, Rio Grande do Norte, / / Assinatura do participante da pesquisa Assinatura e carimbo do pesquisador responsável

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