REFORMA POLÍTICA ANÁLISE DAS PRINCIPAIS PROPOSTAS

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1 REFORMA POLÍTICA ANÁLISE DAS PRINCIPAIS PROPOSTAS

2 Análise Reforma Política Discute-se no Congresso Nacional a Reforma Política, com alterações no sistema eleitoral brasileiro em diversos pontos, como: - Cláusula de desempenho; - Financiamento de campanha,; - Federações partidárias; e - Sistema de eleição do Poder Legislativo (municipal, estadual e federal). Das proposições em discussão: o Câmara dos Deputados: Na Câmara, a discussão concentra-se em 3 itens: Comissão Especial da Reforma Política, PEC 77 e PEC 282. As duas primeiras são relatadas pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP), enquanto a última é de relatoria da deputada Shéridan Oliveira (PSDB-RR). o Senado Federal: O Senado aguarda que a Câmara dos Deputados conclua as votações sobre as três propostas supracitadas para, após recebe-las, possa dar início em suas tramitações na Casa. Contudo, os senadores aprovaram a urgência do PLS 206/2017, de autoria do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que trata sobre o Financiamento Eleitoral.

3 o Câmara dos Deputados: Comissão Especial da Reforma Política Regulamentação do Fundo Eleitoral Mecanismos de arrecadação financeira dos partidos para finalidade eleitoral e partidária - PEC 77 PEC 282 Distritão (embora não constasse no texto original do relator, a proposta foi inserida durante sua votação na Câmara. Pelo sistema, a ser adotado em 2018 e 2020, são eleitos os candidatos mais votados; formato majoritário, como ocorre ao Senado) Distrital Misto: a partir de 2022, as eleições para deputado (federal e estadual) e vereador serão realizadas por este formato. Metade dos eleitos é pelo voto majoritário mais votados a outra metade por voto em lista partidária preordenada Criação do Fundo Eleitoral (a proposta inicial, rejeitada pelo Plenário, previa um fundo no montante de 0,5% da Receita Corrente Líquida do país, totalizando R$ 3,6 bilhões) Cláusula de barreira Fim das Coligações a partir de 2018 Acesso ao Fundo Partidário e Tempo de TV - - Fidelidade partidária - - Federação Partidária o Senado Federal: PLS 206/2017: Cria o Fundo Eleitoral

4 Análise Principais Pontos - Criação do Fundo Eleitoral: Em decorrência da polêmica em torno da matéria, com a forte pressão da opinião pública, a proposta inicial de se criar um fundo constitucionalmente vinculado a 0,5% da Receita Corrente Líquida do país foi rejeitada no Plenário. Embora publicamente muitos parlamentares posicionem-se contrários à criação do Fundo Eleitoral pela pressão da opinião pública o entendimento da maioria é da necessidade de se criá-lo. Nos bastidores discute-se, ainda que contidamente, a ideia de retomar o financiamento empresarial como forma de suprir a necessidade financeira para custear as eleições. Impacto no Sistema Político-Eleitoral: Elevado. Desde que foram proibidas pelo STF as doações de empresas às campanhas eleitorais, os partidos buscam alternativas para se custear as campanhas eleitorais no Brasil que possuem um elevado custo, figurando dentre as mais caras do mundo. Aprovação: Possível. Embora seja alvo de muita polêmica e críticas da opinião pública, a classe política consensualmente compreende a necessidade de se viabilizar uma fonte de renda para as campanhas eleitorais do próximo ano. Neste sentido, os recursos podem ser viabilizados 1- no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), relatada pelo deputado Vicente Cândido; 2- Projeto de Lei do Senado, de autoria do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), 3- aumento do Fundo Partidário, que poderá ser feito durante apreciação da Lei Orçamentária Anual (LOA) na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Discute-se, também, a volta da doação privada em campanhas eleitorais, contudo, esta proposta possui tenra possibilidade de aprovação. - Regulamentação do Fundo Eleitoral: A necessidade de se criar um Fundo Eleitoral é, praticamente, consensual entre os parlamentares. Contudo, o formato/critério para distribuição do Fundo tem gerado divergência entre os deputados. A proposta do relator Vicente Cândido prevê como critério para distribuição do Fundo: 2% igualmente entre os partidos, 49% de acordo com os votos válidos obtidos em 2014 para as eleições de deputado federal,

5 34% de acordo com o tamanho da bancada do partido na Câmara dos Deputados, e 15% de acordo com o tamanho da bancada do partido no Senado Federal. Uma segunda proposta para distribuição do Fundo Eleitoral foi apresentado pela deputada Renata Abreu (PODEMOS-SP), no qual o montante é distribuído aos partidos seguindo o seguinte critério: 2% igualmente entre os partidos e 98% de acordo com o tamanho da bancada do partido na Câmara dos Deputados. Há, ainda, uma terceira proposta em tramitação porém, no Senado Federal proposta pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), no qual o Fundo Eleitoral é distribuído aos partidos de acordo com os seguintes critérios: 20% de todo o Fundo é reservado, pelo TSE para as eleições do segundo turno, os 80% restantes são distribuídos aos eleitores os quais, por plataforma a ser desenvolvida pelo TSE, direcionariam o valor de sua cota ao partido/candidato que preferir. Discute-se, também, que o Fundo Eleitoral deva ser distribuído considerando somente os votos válidos de 2014 para a eleição da Câmara dos Deputados critério este adotado para a distribuição do Fundo Eleitoral. Pela proposta, 5% do Fundo Eleitoral é distribuído igualmente aos partidos e 95% na proporção dos votos por eles obtidos em Impacto no Sistema Político-Eleitoral: Elevado. Desde que foram proibidas pelo STF as doações de empresas às campanhas eleitorais, os partidos buscam alternativas para se custear as campanhas eleitorais no Brasil que possuem um elevado custo, figurando dentre as mais caras do mundo. Aprovação: Possível. Embora seja alvo de muita polêmica e críticas da opinião pública, a classe política consensualmente compreende a necessidade de se viabilizar uma fonte de renda para as campanhas eleitorais do próximo ano. Neste sentido, os recursos podem ser viabilizados 1- no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), relatada pelo deputado Vicente Cândido; 2- Projeto de Lei do Senado, de autoria do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), 3- aumento do Fundo Partidário, que poderá ser feito durante apreciação da Lei Orçamentária Anual (LOA) na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Discute-se, também, a volta da doação privada em campanhas eleitorais, contudo, esta proposta possui tenra possibilidade de aprovação.

6 - Mecanismos de arrecadação financeira dos partidos: Objetivando criar mecanismos para que os partidos políticos possam gerar caixa para o custeio das campanhas eleitorais, o relator Vicente Cândido (PT-SP) inseriu em seu texto a possibilidade de que as legendas possam realizar, por exemplo, bingos com a finalidade de angariar fundos para as eleições. A proposta, considerada polêmica, tem enfrentado resistência por diversos deputados. Contudo, não tem sido tratada como prioritária, o que sinaliza facilidade para que seja rejeitada ou mesmo retirada. Impacto no Sistema Político-Eleitoral: Baixo. Embora sejam mecanismos para angariar fundos, a participação financeira da população no sentido de contribuição aos partidos é muito baixa na história do Brasil. Assim sendo, embora possa ser aprovada, a medida não impacta significativamente os recursos financeiros dos partidos. Aprovação: Parcialmente possível. Alguns mecanismos de arrecadação financeira enfrentam mais resistência e possivelmente possam cair, como a possibilidade de que os partidos possam realizar bingos. - Distritão: A proposta inserida na Comissão que avaliava a PEC 77 conta com o apoio de alguns grandes partidos, como o PMDB, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM- RJ). Embora seja um modelo de transição, a ser utilizado somente nas eleições de 2018, a proposta está dividida na Câmara. Na última sessão do Plenário, notou-se manobras regimentais do presidente Rodrigo Maia no intuito de pressionar a aprovação deste item, contudo, a estratégia não logrou êxito. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB- CE) posicionou-se favorável ao distritão desde que seja temporário, ou seja, um modelo de transição adotado somente em Impacto no Sistema Político-Eleitoral: A curto prazo, baixo. É considerado um mecanismo do status quo, ou seja, contribui para a manutenção dos atuais quadros políticos no Legislativo federal. Aprovação: Pouco provável. Apesar de contar com o apoio de caciques políticos e tendo posicionamento favorável do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a proposta necessita de um elevado quórum para aprovação (308) e tem sido alvo de duras críticas da opinião pública. Assim sendo, embora seja uma medida que a princípio beneficie a atual legislatura, sua aprovação pode gerar perda de votos para o pleito do ano que vem. Em 2015, a mesma medida, à época defendida pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi rejeitada por 267 votos a 210 e 5 abstenções.

7 - Distrital Misto: Este modelo é consensual entre os parlamentares na Câmara, pela ausência de tempo hábil para que o TSE realize a formatação dos distritos para adotar o sistema distrital misto, a Câmara estendeu sua aplicação a partir de Todavia, sua aprovação está inerentemente ligada à aprovação do polêmico distritão. Impacto no Sistema Político-Eleitoral: Incerto. A medida nunca foi testada no país, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teria que discutir o formato da divisão dos distritos eleitorais. Pela proposta, haveria maior proximidade do eleitor com seus eleitos nos distritos, contudo, deve considerar-se, também, se o modelo contaria com coligações. Aprovação: Possível. Embora sejam necessários ao menos 308 votos, a proposta não tem enfrentado resistência entre os parlamentares. Embora sua aprovação esteja, de certo ponto, correlacionada ao distritão modelo de transição é possível que o distrital misto possa de fato ser implementado. A opinião pública se mostra favorável ao modelo. - Cláusula de barreira: A proposta apresentada pela deputada Shéridan Oliveira (PSDB- RR) prevê a adoção de uma cláusula de barreira gradativa até se chegar ao teto em Pela proposta, a cláusula exigida para que os partidos tenham acesso ao Fundo Partidário e Tempo de Televisão e Rádio é: 2018: obter 1,5% dos votos válidos para as eleições da Câmara dos Deputados, distribuído em ao menos 9 estados com ao menos 1% em cada um. Ou, eleger ao menos 9 deputados distribuídos em, ao menos, 9 estados; 2022: obter 2% dos votos válidos para as eleições da Câmara dos Deputados, distribuídos em ao menos 9 estados com ao menos 1% em cada um. Ou, eleger ao menos 12 deputados distribuídos em, ao menos, 9 estados; 2026: obter 2,5% dos votos válidos para as eleições da Câmara dos Deputados, distribuídos em ao menos 9 estados com ao menos 1,5% em cada um. Ou, eleger ao menos 15 deputados distribuídos em, ao menos, 9 estados; 2030: obter 3% dos votos válidos para as eleições da Câmara dos Deputados, distribuídos em ao menos 9 estados com ao menos 2% em cada um. Ou, eleger ao menos 18 deputados distribuídos em, ao menos, 9 estados. A regra de transição aliada ao instituto da Federação partidária, atende, segundo a relatora, a partidos menores cujas exigências estipuladas pela cláusula de barreira seriam de difícil obtenção. Na figura das federações, os partidos poderiam constituí-la com o

8 objetivo de alcançar as exigências propostas no texto, contudo, a federação deve permanecer até o final da legislatura, com atuação conjunta dos partidos nela reunidos. Impacto no Sistema Político-Eleitoral: A curto prazo, baixo. A longo prazo, elevado. A medida foi apresentada como um mecanismo para reduzir a quantidade de partidos políticos presentes na Câmara dos Deputados atualmente são 27. Com a cláusula de 2030, possivelmente nosso sistema partidário contará com 7 partidos. Aprovação: Pouco provável. Embora conste a figura das Federações Partidárias, uma via alternativa para os partidos que não alcancem a cláusula, a medida necessita de ao menos 308 votos, muitos dos quais de partidos que excluídos pela cláusula proposta. - Fim das Coligações a partir de 2018: Apesar de, publicamente, contar com o apoio de considerável número de parlamentares, na prática, a adoção do modelo inviabiliza a eleição de larga maioria dos parlamentares da atual legislatura. Dentre as instituições, Senado e Judiciário (STF e TSE) são os principais apoiadores da medida. Na Câmara dos Deputados, o relatório da deputada Shéridan prevê a extinção desta figura no sistema eleitoral brasileiro, embora aprovado na comissão, o fim das coligações dificilmente é aprovado no Plenário da Casa. Impacto no Sistema Político-Eleitoral: Elevado. A medida impactaria significativamente na distribuição das atuais cadeiras na Câmara dos Deputados. Simulações realizadas com os dados das Eleições de 2014 apontam que somente 4 partidos beneficiariam com a proposta: PMDB (ganharia 36 cadeiras), PT (ganharia 32 cadeiras), PSDB (ganharia 14 cadeiras) e PSB (ganharia 7 cadeiras). Aprovação: Pouco provável. Embora tenha o apoio da opinião pública, a proposta sofre resistência na Câmara dos Deputados uma vez que ampla maioria dos parlamentares eleitos necessitaram do Quociente Eleitoral obtido por suas coligações para garantirem o assento na Casa.

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