História oral e memória das políticas públicas municipais de esporte e lazer: a experiência do CEMEL/SMEL/PBH.
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- Cássio Amaro Domingues
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1 História oral e memória das políticas públicas municipais de esporte e lazer: a experiência do CEMEL/SMEL/PBH. RITA MÁRCIA DE OLIVEIRA * MARILITA APARECIDA ARANTES RODRIGUES ** A preservação da memória das políticas públicas de esporte e lazer foi incluída na política municipal ligada a essas áreas, realizada pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer da Prefeitura de Belo Horizonte (SMEL/PBH), a partir de 2012, com a implantação do Centro de Memória do Esporte e do Lazer (CEMEL). A criação de centros de memória ligados a instituições é relativamente recente. Márcia Pazin, analisando a importância desses centros para as instituições e para sociedade, esclarece: Nascidos a partir do conceito de centros de documentação nome técnico dado às entidades responsáveis pela coleta, análise e preservação de informações sobre determinado tema, esses centros de memória têm se desenvolvido de forma significativa ao longo dos anos 2000 como mecanismo de preservação da memória das organizações, sejam elas empresas ou entidades, visando, entre outras coisas, potencializar o seu uso como ferramenta estratégica de gestão (PAZIN, 2015, p. 1). Assim, a implantação do CEMEL foi uma decisão de grande importância não só para a preservação da memória institucional, mas, também, para a constituição de uma política pública para a preservação das memórias do esporte e do lazer para Belo Horizonte. Pensado como um centro de documentação e informação sobre a memória 1 dessas áreas na cidade o CEMEL, um misto de acervo arquivístico, museológico e bibliográfico, tem a missão de salvaguardar os documentos ligados à essa memória. Mas, mais do que isso, o centro de memória tem ainda a função de: [...] pensar na trajetória da instituição a fim de elaborar formas de utilizar o conhecimento adquirido e produzir novos conteúdos, difundindo valores e refletindo a cultura organizacional. O trabalho de documentação e o de memória exigem competências distintas, mas complementares [...]. As duas competências são fundamentais para, a partir do conhecimento e do entendimento de tudo o que é produzido pela instituição, definir quais são os documentos históricos relevantes e que devem ser reunidos no acervo (INSTITUTO ITAÚ CULTURAL, 2013, p. 9). * Secretaria Municipal de Esporte e Lazer SMEL/Centro de Memória do Esporte e do Lazer CEMEL. Mestre. ** Secretaria Municipal de Esporte e Lazer SMEL/Centro de Memória do Esporte e do Lazer CEMEL. Doutora. 1 Memória, segundo Le Goff, entendida como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas (LE GOFF, 1992, p. 423).
2 2 Com isso, os principais objetivos do CEMEL estão voltados para: a) formular e implementar uma política de preservação da memória do esporte e lazer para a cidade de Belo Horizonte; b) recuperar e preservar a memória das políticas públicas de esporte e lazer realizadas pelos órgãos que foram e são por elas responsáveis; c) desenvolver estudos e pesquisas sobre a história do esporte e do lazer na cidade, recebendo, recuperando, reconstruindo, ordenando, preservando e divulgando documentos e artefatos diversos relativos à essa memória; d) estabelecer condições adequadas para disponibilização de fontes para a realização de pesquisas sobre essas temáticas; e) realizar seminários, exposições, mostras, que tematizem a memória do esporte e do lazer e f) articular, em parceria com a Fundação Municipal de Cultura, a criação do Museu Municipal do Esporte de Belo Horizonte. Com a competência inicial voltada à recuperação, preservação, pesquisa e comunicação acerca da memória institucional das políticas públicas de esporte e lazer do município de Belo Horizonte, o CEMEL almeja constituir-se no lugar da memória 2 esportiva e do lazer da cidade, viabilizando a criação de coleções específicas relacionadas a essas áreas. Ainda em fase inicial de organização do seu acervo, que está sendo formado por documentos textuais, iconográficos, sonoros, audiovisuais, objetos e bibliográficos, tem recebido apoio do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH), que é o órgão da Prefeitura responsável pela gestão, guarda, preservação e acesso dos documentos produzidos ou recebidos pelo poder executivo municipal. No CEMEL, o fundo relativo às políticas de esporte e lazer do município, após passar pelo processo de digitalização e disponibilização em banco de dados, será encaminhado para a guarda do APCBH. Se um centro de memória é um espaço privilegiado para a produção e a reprodução do conhecimento, caberá ao CEMEL recolher, reunir, conservar e difundir registros da história e da memória do esporte e do lazer em Belo Horizonte, de forma a institucionalizar e consolidar no seu espaço um conjunto de ações voltadas para a preservação, a investigação e a comunicação do seu acervo. Com o objetivo de aprofundar e confrontar informações existentes nas fontes documentais recuperadas; revelar intencionalidades de gestores e outros participantes das intervenções públicas municipais na área do esporte e do lazer em Belo Horizonte e produzir fontes e saberes sobre essa temática, o CEMEL vem desenvolvendo projetos que se valem dos 2 Cf. NORA, 1993.
3 recursos da história oral. A princípio, visavam subsidiar a área da pesquisa, mas com reflexos, também para as áreas de preservação e comunicação de seu acervo. 3 Processos de investigação do CEMEL Para cumprir sua função como espaço de construção e socialização de informações sobre a memória das políticas públicas municipais de esporte e lazer de Belo Horizonte, é imprescindível para o CEMEL desenvolver um processo permanente de investigação para subsidiar suas outras atividades de preservação e comunicação. Sua equipe de pesquisadores compactua com o entendimento de Mario Chagas sobre a pesquisa. Para ele, ela [...] compreendida como produção de conhecimento pode PARTIR do documento, mas pode também CHEGAR a definir novos documentos. A pesquisa é a garantia da possibilidade de uma visão crítica sobre a área da documentação, envolvendo a relação homem-documento-espaço, o patrimônio cultural, a memória, a preservação e a comunicação (CHAGAS, 2009, p. 39). O desenvolvimento de pesquisas no CEMEL privilegia estudos sobre a memória do esporte e do lazer na cultura da cidade, especialmente a das políticas públicas municipais no setor. Trata-se de um processo de investigação contínuo para subsidiar não só as atividades ligadas à organização e disponibilização do seu acervo, mas, também, ao processo de avaliação das políticas da SMEL. Além disso, há de se considerar, conforme argumenta Julião (2006, p. 94), que o objetivo prioritário de museus, e acrescentamos aqui as instituições afins como os centros de memória, deve ser sempre a interação entre o acervo e o usuário. Portanto, para essa autora, um precedente trabalho de investigação e reflexão sobre o acervo tende a transformar a consulta do usuário em uma experiência muito mais atraente e enriquecedora. Além de uma simples transmissão de informações, a propositura de um conceito, precedido de uma minuciosa análise investigativa, torna a disponibilização do acervo repleta de sentidos. Continuando seu raciocínio, ela reforça que a implementação de um programa de pesquisa institucional permanente é capaz de restituir o papel dos museus e instituições afins em espaços destinados à construção e disseminação do conhecimento na sociedade. Assim, como espaço de produção e disseminação de conhecimento, o CEMEL, no desenvolvimento do seu processo de investigação vem utilizando, para além das fontes ligadas ao seu acervo, os recursos da história oral.
4 4 A criação do Projeto Memória Viva Criado em 2014, o projeto Memória Viva valoriza a oralidade na preservação e divulgação da memória do esporte e do lazer na cidade. Fundamenta-se no aporte teóricometodológico da história oral, quando são realizadas entrevistas com pessoas que vivenciam ou vivenciaram acontecimentos ligados a essas áreas em Belo Horizonte. Objetiva a construção de fontes ou documentos que subsidiam as pesquisas do CEMEL e que compõem o seu acervo. Dependendo da proposta de trabalho a história oral é entendida a partir das suas atribuições: como um método de investigação científica, como fonte de pesquisa ou técnica de produção e tratamento de depoimentos gravados. Como vem sendo empregada de diferentes formas e em diferentes campos disciplinares, sua especificidade está no fato de apresentar inúmeras possibilidades metodológicas e cognitivas e se prestar a diversas abordagens, se movendo num terreno multidisciplinar (ALBERTI, 2005; TOMPSON, 1992). As pesquisas realizadas no CEMEL, ligadas ao projeto Memória Viva, adotam a compreensão de história oral que, conforme Alberti consiste em: [...] um método de pesquisa (histórica, antropológica, sociológica, etc.) que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participaram de, ou testemunharam, acontecimentos, conjunturas, visões de mundo, como forma de se aproximar deste objeto de estudo. Como consequência, o método de história oral produz fontes de consulta (entrevistas) para outros estudos, podendo ser reunidas em um acervo aberto a pesquisadores. Trata-se de estudar acontecimentos históricos, instituições, grupos sociais, categorias profissionais, etc., à luz de depoimentos de pessoas que deles participaram ou os testemunharam (ALBERTI, 2005, p. 18). Dois grandes projetos de pesquisa vêm alimentando o Memória Viva, que hoje conta com aproximadamente 70 entrevistas. O primeiro, já concluído, que será relatado neste trabalho, teve como objetivo resgatar a trajetória histórica das políticas públicas de esporte e lazer, principalmente a gestão dos programas sociais, desenvolvidas pelos órgãos municipais de Belo Horizonte que foram e são responsáveis pelo seu desenvolvimento. O segundo, ainda em andamento, está sendo realizado por meio de uma parceria da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer com a Fundação Municipal de Cultura. O estudo,
5 5 intitulado Inventário do Futebol Amador de Belo Horizonte, procura reunir uma série de informações e dados históricos sobre os clubes e campos de futebol amador na cidade, com o objetivo de subsidiar tanto o desenvolvimento das políticas públicas de esporte, quanto as medidas voltadas para o registro e a preservação do patrimônio cultural do município. Estão sendo realizadas entrevistas com representantes de times de futebol amador da cidade. Os depoimentos coletados e transcritos comporão a base de dados do CEMEL, ainda em fase de organização, quanto aos processos de alimentação e consultas. Todo o conteúdo das entrevistas ao ser transformado em documento escrito para ser inserido no banco de dados, será disponibilizado para consulta de pesquisadores e demais interessados na memória esportiva e do lazer da cidade. Usos da história oral nos processos de investigação do CEMEL A experiência de uso da história oral no projeto de pesquisa de abordagem mais institucionalizada, responsável por analisar a trajetória histórica das políticas públicas municipais de esporte e lazer que foram desenvolvidas pelos diferentes órgãos da administração pública de Belo Horizonte é foco de análise desse estudo. A proposta investiga as diferentes formas em que o esporte e o lazer se organizaram nas administrações públicas dessa cidade, procurando conhecer e compreender as principais características das intervenções públicas realizadas nesses setores, a partir de suas relações com os contextos sociais de cada época. Para a realização da pesquisa foram utilizadas, inicialmente, informações extraídas de fontes documentais como relatórios anuais dos prefeitos, legislações específicas da área e estudos já produzidos sobre as intervenções do poder público municipal na cidade. A associação de depoimentos orais com fontes documentais escritas seria uma possibilidade significativa de entendimento sobre a realidade a ser estudada, com a recuperação de informações não contidas em outras fontes de pesquisas consultadas, considerando a experiência e percepções de quem, de alguma forma, vivenciou o fato. Ao abordar a implantação de programas de memória institucionais, Márcia Pazin destaca a importância da história oral para o resgate da história profissional e pessoal, lembrando que o conhecimento de uma organização está nos seus documentos e também na sua equipe. Para ela, o conhecimento presente nas experiências das pessoas é um saber não
6 registrado, não documentado, e representa uma parcela importante do conhecimento das organizações. Por isso é um conhecimento volátil, que se perde rapidamente ou permanece escondido na cabeça daquele que o detém. Ao registrar a memória oral de seus funcionários, as instituições produzem um registro fixo de uma parte desse conhecimento, que permite seu acesso futuro. Por isso, os projetos de história oral precisam valorizar o conhecimento de cada membro da equipe ao longo de sua jornada profissional (PAZIN, 2013, p. 75). Alberti reforça essa importância e ressalta que essa metodologia [...] permite a reconstrução de organogramas administrativos, o esclarecimento de funções de diferentes órgãos, a recuperação de processos de tomada de decisão e investigações sobre o esprit de corps dos funcionários e sobre as relações entre diferentes gerações de trabalhadores. As entrevistas podem também ajudar a esclarecer o conteúdo, a organização e as lacunas de arquivos existentes nas instituições (ALBERTI, 2004, p. 25). 6 Inicialmente, o objetivo das entrevistas atendia a uma demandou de busca de novas fontes que possibilitassem uma visão mais ampliada dos processos vividos pelas políticas públicas. Assim, as etapas do trabalho iniciaram-se com um levantamento e consulta às diversificadas fontes documentais e outras formas de registros sobre essas intervenções com o intuito de melhor conhecê-las e, também, para identificar pessoas que estiveram envolvidas com sua trajetória. No caso deste projeto, constatou-se que os principais entrevistados seriam servidores e ex-servidores que tiveram uma atuação nas intervenções públicas municipais no setor de esporte e lazer de Belo Horizonte. Após a identificação desses possíveis colaboradores, essas pessoas foram contactadas e convidadas para nos concederem uma entrevista. O roteiro foi elaborado de acordo com as informações prévias extraídas das fontes levantadas e dos registros que compõem o acervo do CEMEL e as perguntas priorizam problemas e questões relacionadas com o objeto de estudo. A adoção da entrevista temática 3 se mostrou a melhor opção, uma vez que, para o projeto do CEMEL tornava-se muito importante elucidar e aprofundar questões referentes ao desenvolvimento das políticas públicas municipais de esporte e lazer considerando, não somente o que era visível nas fontes documentais que privilegiavam, muitas das vezes, a visão dos gestores públicos do alto escalão. 3 De acordo com Alberti (2005, p. 37) as entrevistas temáticas são aquelas que versam prioritariamente sobre a participação do entrevistado no tema escolhido.
7 7 Segundo Alberti (2005. p. 38), esse tipo de entrevista é adequado para o caso de temas que têm estatuto relativamente definido na trajetória de vida dos depoentes, como por exemplo, um período determinado cronologicamente, uma função desempenhada ou o envolvimento e a experiência em acontecimentos e conjunturas específicos. Nesse caso, o tema pode ser extraído da trajetória de vida do entrevistado tornando-se o centro e objeto da entrevista. Também, de acordo com Meihy (2005), a história oral temática é quase sempre utilizada como técnica de coleta de dados por ser a que mais permite articular diálogo com outros documentos e outras fontes de coleta, além de partir de um assunto ou tema específico e previamente estabelecido para captar uma versão do tema elaborada pelo entrevistado. A entrevista semiestruturada foi a opção adotada por permitir que informações não previstas, aflorassem durante a sua realização, uma vez que não há imposição de uma ordem rígida de questões. O entrevistador propõe a temática ou a situações do objeto de estudo e o entrevistado fala sobre aquele tema proposto com base no seu repertório de conhecimentos e informações. Conforme as disponibilidades dos entrevistados foram agendadas as datas das entrevistas em locais de suas livres escolhas para a realização. Ao final, era solicitado a assinatura de um termo de cessão de uso pleno do conteúdo originário da entrevista. O processamento das entrevistas, de forma a se constituírem em documentos textuais, seguiram os seguintes procedimentos: a) a transcrição da narrativa uma passagem do documento oral para a forma escrita primeira versão escrita do documento que é realizada segundo padrões adotados pelo CEMEL. Geralmente, o processo de transcrição é realizado por alguém que esteve presente na entrevista; b) conferência de fidelidade, avaliando se o que está na gravação foi transcrito corretamente; c) realização de uma pesquisa para conferir as informações; d) copidesque, que dá ao depoimento oral a forma escrita, respeitando no escrito o que foi dito. O documento final passa, a partir de então, a fazer parte do acervo do CEMEL. A utilização da história oral no processo de investigação do CEMEL tem permitido enriquecer o resgate da história das políticas públicas municipais nesse setor, revelando intencionalidade ocultas das autoridades públicas e de outras pessoas que participaram da elaboração e execução delas, e articulações presentes no processo de tomada de decisão em
8 8 relação a uma determinada política, além de contribuir para uma melhor compreensão do contexto social e político no qual estava inserida do momento. Em muitos casos contradizem um documento oficial, interferem no curso do processo investigativo ao sugerir novas abordagens sobre o tema. O surgimento desses diferentes pontos de vista, muitas vezes, contrários quando se privilegia somente a versão dos gestores, propicia, conforme argumenta Thompson (1992, p.26), uma reconstrução mais realista e mais imparcial do passado, uma contestação ao relato tido como verdadeiro. Essa valorização da voz das pessoas menos privilegiadas, para ele, constitui um dos méritos da história oral em favor da mensagem social da história como um todo. Os conteúdos transcritos vêm se tornando ferramentas importantes no processo de avaliação das políticas públicas municipais no setor do esporte e do lazer ao produzirem informações que permitem uma análise mais detalhada das ações que foram desenvolvidas ou em desenvolvimento. Além do mais, muitas vezes a história oral foi a principal fonte disponível sobre uma determinada intervenção, pois pode ser observado que, desde a instituição de um setor por parte do poder público municipal, para lidar com as questões do esporte e lazer, muito pouco se fez no sentido de preservar os documentos produzidos pelos órgãos que foram e são responsáveis pela área. Merece destaque as informações sobre o primeiro órgão criado na cidade para articular políticas ligadas ao esporte o Conselho Municipal de Esportes (CME) criado em A grande maioria das informações sobre ele foi obtida via a história oral. Outra contribuição importante do uso da história oral no projeto do CEMEL é o fato das entrevistas indicarem outras pistas, que têm sido importantes para aprofundar o estudo de um determinado tema; alterar seu enfoque; sugerir outros colaboradores e apontar novos caminhos de investigação. Nesse sentido, os recursos proporcionados pela história oral têm permitido uma melhor fundamentação nos estudos sobre a memória das ações municipais no esporte e no lazer. Com isso, o projeto ganha consistência ao produzir fontes e saberes com narrativas de ex e atuais servidores da SMEL, tornando-as mais atraentes e confiáveis. Os documentos produzidos pelas narrativas das pessoas, estão recebendo tratamento adequado para que se constituam em fontes de pesquisa para pesquisadores e demais pessoas interessadas na
9 9 temática. Esse acervo estará disponível em uma base de dados on-line de forma a facilitar o seu acesso. Para além disso, o acervo tem sido enriquecido no desenvolvimento dos projetos que fazem uso da história oral, uma vez que, paralelamente a realização das entrevistas, são realizadas, também, atividades voltadas para a coleta de outras fontes como fotografias, documentos e artefatos, dentre outros. Enfim, a história oral é uma possibilidade de reconstruir a história das políticas municipais de esporte e lazer por meio de múltiplas versões. Ela pode proporcionar informações significativas sobre o passado. Mas, como a memória revela lembranças coletivas e interpretações particularizadas, pode apresentar falhas, distorções, esquecimentos ou mesmo acréscimos. Se o que fica dessa memória do passado passa a ser percebido pela elaboração historiográfica, o CEMEL tem desenvolvido suas pesquisas no entrelaçamento da memória com a história, acreditando como Jacques Le Goff que a memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado, para servir o presente e o futuro (LE GOFF, 1992, p. 477). Assim, o CEMEL vem procurando dar mais consistência ao seu trabalho de produção de fontes e saberes sobre a memória e a história do esporte e do lazer na cidade, se propondo a ser o lugar de guarda, preservação e divulgação do que seja considerado representativo dessa memória. Referências Bibliográficas: ALBERTI, Verena. Manual de história oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, p. ALBERTI, Verena. Ouvir contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004, 196p. CHAGAS, Mário de Souza. Em busca do documento perdido: a problemática da construção teórica na área da documentação. Cadernos de Sociomuseologia, [S.l.], v. 2, n. 2, maio Disponível em: < Acesso em: 08 jul INSTITUTO ITAÚ CULTURAL. Centros de memória: manual básico para implantação. São Paulo: Itaú Cultural, 2013, p. 9.
10 JULIÃO, Letícia. Pesquisa histórica no museu. In: CADERNO de diretrizes museológicas. Brasília: Ministério da Cultura/Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/ Departamento de Museus e Centros Culturais. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Cultura/Superintendência de Museus, 2006, 2 ed. p. 94. LE GOFF, Jacques. História e Memória. Tradução Bernardo Leitão, et all. 2. ed. Campinas: UNICAMP, 1992, p MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de história oral. São Paulo: Loyola, 5. ed, NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Revista Projeto História. São Paulo: Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/PUC, n.10, dez. 1993, p PAZIN, Márcia. A importância dos centros de memória para as instituições e para sociedade. 9ª Jornada Cultural. Itaú Cultural/Centro de Memória Bunge. Belo Horizonte: Casa Fiat de Cultura, 2015, p. 1. PAZIN, Márcia. Memória e conhecimento. In: INSTITUTO ITAÚ CULTURAL. Centros de memória: manual básico para implantação. São Paulo: Itaú Cultural, 2013, p.75. THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
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