A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO DOS PRAZOS DE VALIDADE E FABRICAÇÃO DOS PRODUTOS SOB A ÓTICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
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- Benedito Borba de Vieira
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1 A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO DOS PRAZOS DE VALIDADE E FABRICAÇÃO DOS PRODUTOS SOB A ÓTICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
2 2 A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO DOS PRAZOS DE VALIDADE E FABRICAÇÃO DOS PRODUTOS SOB A ÓTICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LIMERPAK - TECNOLOGIA EM DATADORES
3 3 INTROITO Não há como falar sobre prazo de validade e fabricação dos produtos sem adentrar na seara consumerista, vez que ambos estão intrinsecamente associados. O Direito do Consumidor foi positivado em nosso ordenamento jurídico através da Lei nº 8.078/1990, ante a necessidade de regulamentação das relações de consumo hodiernas, patrocinadas pelas inovações tecnológicas e transformações de mercado, reflexo de nosso atual arquétipo de consumo em massa. Assim, a produção em larga escala se insurgiu, sendo esta a regra adotada para atender aos anseios da sociedade, que necessitava de bens e serviços diversificados e variados no menor tempo possível. Todavia, em contrapartida a esta vertiginosa crescente, surgiram novas necessidades de regulamentação dos procedimentos adotados, não com o fito de impedir o crescimento econômico, mas tão somente adequá-lo, a fim de obstar (ou diminuir) o cometimento dos mais diversificados abusos. Portanto, é nesse contexto, diante das novas interferências a direitos indisponíveis que o Código de Defesa do Consumidor se impôs, resguardando princípios reflexos da Constituição Federal de 1988, mormente aqueles ligados à segurança, à informação, à saúde, dentre outros, com escopo de otimizar a qualidade dos serviços e produtos disponibilizados no mercado de consumo e, no mesmo compasso, diminuir a exposição dos danos, mesmo que em potencial, de tais bens ou serviços. Trata-se o Código de Defesa do Consumidor de uma das legislações brasileiras mais importantes, por realmente funcionar em vários aspectos, vez que prevê questões de direito material e processual em suas normas, otimizando a sua aplicação prática no ordenamento jurídico brasileiro, seja através de órgãos administrativos fiscalizadores, seja por meio do próprio cidadão consumidor. Quando se fala em CDC (Código de Defesa do Consumidor), temos praticamente duas figuras: i) o FORNECEDOR de produtos e/ou serviços; e, ii) o CONSUMIDOR propriamente dito, parte vulnerável e, também, via de regra, hipossuficiente desta relação, razão pela qual o CDC lhe confere amplos direitos, a fim de facilitar a defesa do consumidor junto às interpretações legais. Ainda, apenas a título de esclarecimentos, o conceito acima, definido pela legislação vigente, embora pareça simples, causa confusões e interpretações das mais diversas, contudo, em termos gerais, somente será considerado consumidor aquele que utilizar o produto/serviço como destinatário último (Teoria Finalista) da cadeia de relação de aquisição de bens e/ou serviços, exaurindo-se, nele, consumidor. Trata-se o Código de Defesa do Consumidor de uma das legislações brasileiras mais importantes. Introdução
4 4 LIMERPAK - TECNOLOGIA EM DATADORES DAS SANÇÕES E PENA- LIDADES APLICÁVEIS 05
5 5 O Código de Defesa do Consumidor é um compêndio de normas variadas, um microssistema jurídico por assim dizer, por isso seu conceito de plenitude, vez que abrange questões de natureza cível, administrativa e, inclusive penal, bem como trata de direitos individuais e coletivos. No presente caso (necessidade de manter a informação do prazo de validade de seus produtos), os fornecedores (produtor ou comerciante) estão suscetíveis a uma vasta gama de responsabilizações, podendo compor o polo passivo de uma ação cível e ser condenado por eventuais danos cometidos a um determinado consumidor, e, aqui, quando se fala em danos, não necessariamente serão aqueles caracterizados, já que a simples exposição ao perigo já abre margens de interpretação do Poder Judiciário quanto à gravidade de exposição ao risco discutido. É nesse contexto que se insere a atual importância de manter atualizado o estoque, com a devida verificação dos prazos de validade dos produtos expostos, bem como sua inserção, vez que também e, principalmente, a ausência de informações serão repelidas pela autoridade competente com a mesmo rigor dos produtos encontrados com prazo de validade vencido. Em recente julgado, uma empresa foi condenada a efetuar o pagamento de danos morais no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais) pelo fato de expor determinado consumidor a risco, ao vender uma embalagem de maionese com prazo de validade expirado, no valor de R$ 5,25 (cinco reais e vinte e cinco centavos). Apenas do ponto de vista cível, já resta evidenciada que a sanção aplicada é rigorosa, e, se um caso individualizado já gerou condenação neste patamar, imagine se todos aqueles que compraram as unidades compostas deste estoque vencido reivindicassem seus direitos? Por outro lado, sob o enfoque administrativo há também severas penalidades que a empresa poderá sofrer, caso disponibilize para venda produtos com a data de validade expirada e/ou sem informação da mesma. O Código de Defesa do Consumidor é categórico ao listar tais penalidades, as quais são aplicadas pela autoridade competente, inclusive, sob a fiscalização do Ministério Público, avaliando, qual medida melhor se adequa ao caso concreto. Nesse contexto, a comercialização de produto sem o prazo de validade expresso em sua embalagem ou com data de validade ilegível, viola os dispositivos do artigo 6º, inciso III e artigo 31, ambos do Código de Defesa do Consumidor, que assim estatuem: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. A inobservância dos dispositivos acima, poderá resultar nas seguintes sanções previstas no artigo 56, do CDC, a saber:
6 6 LIMERPAK - TECNOLOGIA EM DATADORES Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas: I - multa; II - apreensão do produto; III - inutilização do produto; IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente; V - proibição de fabricação do produto; VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; VII - suspensão temporária de atividade; VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; XI - intervenção administrativa; XII - imposição de contrapropaganda.
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8 8 Consoante se observa do referido artigo, são várias as sanções aplicáveis, cada qual se amoldará conforme o caso concreto, com a devida apreciação da autoridade competente, que irá impor, em tese, a medida sancionatória proporcional, sendo as mais graves a de interdição total do estabelecimento e cassação da licença para funcionamento, bem como proibição de comercializar determinado produto ou sua cassação de registro junto ao órgão competente, situação esta que, se configurada, colocará em xeque a própria existência funcional e econômica da empresa. LIMERPAK - TECNOLOGIA EM DATADORES Com relação à multa a ser aplicada, traduzindo em valores, a autoridade competente, em tese, deverá utilizar os critérios estabelecidos no parágrafo único, artigo 57, do CDC, traduzidas na tríade: i) gravidade da infração; ii) vantagem auferida; iii) condição econômica do fornecedor; sendo, portanto, estes os limites legais, interpretação extremamente subjetiva, não desconsiderando também, eventuais e hipotéticos abusos que possam vir a ser cometidos por uma penalidade desproporcional. Conclui-se neste tópico que a ausência de uma simples medida, qual seja, INFORMAÇÃO SOBRE PRAZO DE VALI- DADE, poderá resultar em consequências catastróficas para o penalizado, somado ao fato da própria insegurança jurídica, conferindo sempre à autoridade competente o poder de dosar qual a melhor medida punitiva para o infrator, as quais, inobstante a dosimetria legal, ainda carece de objetividade prática, o que poderá resultar também na exposição do empresário (fornecedor, comerciante, produtor) a uma severa desestabilização econômica, ou até mesmo decretação de falência. 09
9 9 DA RESPON- SABILIDADE (OBJETIVA E SOLIDÁRIA) A responsabilidade no direito serve para definir a extensão das obrigações e a quem compete reparar e/ou indenizar algum dano, assim, no presente tema, emergem as responsabilidades OBJETIVA e SOLIDÁRIA. A responsabilidade OBJETIVA é mais abrangente, como nos casos da relação de consumo, sendo necessários dois requisitos para responsabilizar o fornecedor, bastando demonstrar apenas o nexo de causalidade e o dano para caracteriza-la, razão pela qual a culpa (leia-se, imperícia, negligência e imprudência) é prescindível nesses casos. Portanto, o fornecedor, mesmo não agindo com culpa, responde pela reparação e/ou indenização ao consumidor, principalmente em casos de acidente de consumo, também chamado pelo direito de fato do serviço ou produto. Ademais, a responsabilidade advinda do Código de Defesa do Consumidor é SOLIDÁRIA, conforme se extrai do artigo 7º, parágrafo único; artigo 18; e, artigo 25, 1º, todos da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor). Ao dizer que a responsabilidade é solidária, entende-se que o consumidor poderá exigir de todos aqueles envolvidos na cadeia de consumo a reparação ou indenização total de um dano, ou seja, em via de regra o consumidor direciona sua pretensão sobre aquele que detém melhores condições financeiras, cabendo a este, apenas o chamado direito de regresso contra o principal responsável, não podendo infirmar-se de suas obrigações e responsabilidades perante o consumidor.
10 10 LIMERPAK - TECNOLOGIA EM DATADORES CON CLU SÃO
11 11 Diante de todo o exposto, o recomendável é o FORNECEDOR efetuar a manutenção periódica de seus equipamentos de marcação de data de validade e fabricação, sendo de suma importância a qualidade e procedência dos mesmos, além de aumentar a fiscalização sobre os produtos em seu estoque. A PREVENÇÃO, portanto, aliada a uma boa organização interna e tecnológica, sem sombra de dúvidas sairá muito mais em conta do que o risco de sofrer qualquer sanção, seja ela administrativa, cível e/ou penal, ante as imprevisibilidades das extensões punitivas, vez que cabe ao agente fiscalizador ou Poder Judiciário a aplicação da correlata multa ou condenação. SOBRE JÚLIO CARDOSO HIGASHI é advogado membro do corpo jurídico da SOCIEDADE DE ADVOGADOS POLLO, OLIVEIRA E QUILES, graduado pela Faculdade de Direito de Franca (FDF), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), militante nas áreas cível, empresarial e consumerista ( br).
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