Responsabilidade Civil e Criminal nas Ações Ambientais. João Emmanuel Cordeiro Lima

Transcrição

1 Responsabilidade Civil e Criminal nas Ações Ambientais João Emmanuel Cordeiro Lima

2 Responsabilidade jurídica ambiental. - Responsabilidade jurídica é dever resultante de uma violação a um norma jurídica (ambiental). - Modalidades de responsabilidade: civil, criminal e administrativa. - Um mesmo fato pode resultar na responsabilização em mais de uma esfera - A Constituição Federal consagrou a tríplice resposabilidade em matérial ambiental como regra: art (...) 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

3 Esfera criminal - Lei 9.605/98 Art. 60.Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Esfera administrativa - Decreto 6.514/2008 Art. 66.Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ ,00 (dez milhões de reais).. Esfera cível Lei 6.938/81 Art. 14, 1º: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.

4 Responsabilidade civil (por danos ambientais) - Deve haver dano (dano ao meio ambiente propriamente dito, dano moral, dano interino e danos a terceiros). - Responsabilidade objetiva (independe de culpa) e solidária. - Atividade e flexibilização do nexo de causalidade: 13. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa fazer, quem não se importa que façam, quem financia para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem. (REsp /SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/10/2007, DJe 02/12/2009) Atenção para compra de matériaprima! - Os sócios e administradores: responsabilização direta e ampla desconsideração da personalidade jurídica. - Caso concreto: lançamento de efluente inadequadamente tratado em rio (TRF-4 - AC: 4473 SC , Relator: CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ, Data de Julgamento: 19/10/2004)

5 Responsabilidade ambiental criminal - Violação das normas previstas na Lei 9.605/98 e em outras leis esparsas (ex. arts. 54, 56 e 60, relativos a poluição, armazenamento e licença) - Responsabilidade penal das pessoas físicas e jurídicas (I - multa; II - restritivas de direitos; ( ex: suspensão parcial ou total de atividades; interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;); III - prestação de serviços à comunidade ( ex.: custeio de programas e de projetos ambientais) - Teoria da dupla imputação e a mudança de posicionamento do STF. - Responsabilidade por omissão: diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

6 - O foco é a reparação e não o encarceramento. A maior parte dos crimes é considerado de menor potencial ofensivo nos termos da Lei 9.099/95, que criou os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. - Instâncias independentes. Resolver uma não necessariamente resolve a outra. Caso concreto: (...) O agente que lança resíduos líquidos industriais no rio, sem o devido tratamento e em desacordo com as exigências legais, comete o crime de causar poluição, previsto no art. 54, 2º, V, da Lei 9.605/98. (...) (TJ-SC - APR: SC (Acórdão), Relator: Carlos Alberto Civinski, Data de Julgamento: 19/08/2013, Primeira Câmara Criminal Julgado, )

7 Responsabilidade ambiental administrativa - Amplitude: art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. - Objetiva ou subjetiva? - Responsabilidade direta dos sócios e administradores. - Prescrição: I advertência; II - multa simples; III - multa diária; IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; V - destruição ou inutilização do produto; VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII-embargo de obra ou atividade; VIII-demolição de obra; IX - suspensão parcial ou total de atividades;

8 Caso concreto: (...) 3. Poluição ambiental Armazenamento de resíduos industriais. A autora não foi autuada por armazenar matéria prima no solo, mas por depositar resíduos industriais diretamente no solo, sem a devida precaução. Nos termos dos art.51e52doden 8.468/76, não é permitido depositar, dispor, descarregar, enterrar, infiltrar ou acumular no solo resíduos, em qualquer estado da matéria, desde que poluentes; e o solo só poderá ser utilizado como resíduo final de resíduos de qualquer natureza, se na forma adequada, sendo vedada a simples descarga ou depósito em propriedade pública ou particular. Tais resíduos são poluentes 'per se*, dada a natureza orgânica (restos de matéria têxtil) ou inorgânica (lodo), pois focos de alteração da biota e da proliferação de microorganismos, insetos e pequenos animais. Autuação válida. - Sentença de improcedência. Recurso da autora desprovido. (Relator(a): Torres de Carvalho; Comarca: São Paulo; Data do julgamento: 10/07/2008; Data de registro: 16/07/2008; Outros números: )

9 Medidas de mitigação de risco - Diagnóstico de riscos ambientais. - Adoção de medidas preventivas para riscos sensíveis, inclusive com auditorias periódicas. - Regulação de riscos ambientais em contratos com terceiros (inclusive compra de matéria-prima), especialmente para caso fortuito e força maior. - Atuação imediata em caso de dano causado por terceiros para reconhecimento de boa-fé. - Delimitação de atribuições em documentos societários e normativas internas para fins de responsabilização criminal. - Definição de Instruções Normativas para atendimento de fiscalização.

10 Agradeço a atenção de Todos. João Emmanuel Cordeiro Lima joaoemmanuel@nascimentomourao.adv.br