Dissertação de Mestrado

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1 Dissertação de Mestrado REAVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS REALIZADO PELO DNPM AUTOR: LEONARDO PEDROSA ORIENTADOR: Prof. Dr. Romero César Gomes (UFOP) MESTRADO ACADÊMICO EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA UFOP Ouro Preto, Agosto de 2017.

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4 AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus, que ilumina a todos nós, trazendo luz nos momentos de escuridão. Ao orientador Prof. Dr. Romero César Gomes, pela compreensão, amizade e apoio e ensinamentos. À minha esposa Fernanda e meu filho Thiago, pela paciência, pela compreensão durante este período. aqui. Aos meus pais, pelo apoio e ensinamentos, sem o qual eu nunca chegaria até Aos meus irmãos André e Janaína (in memorian), que sempre acreditaram e me deram força para continuar. A todo o DNPM/MG, em especial ao meu amigo Alexandre, pela ajuda nos momentos necessários. Aos colegas e funcionários e professores do NUGEO, pelo apoio e ensinamentos. A tantos outros, que direta ou indiretamente me auxiliaram atingir os objetivos nestes dois anos de intenso trabalho e dedicação. Por fim, mas não menos importante, à minha querida escola, a Escola de Minas, por me ensinar, me fazer ver o significado maior de engenheiro, com orgulho verdadeiro. iii

5 RESUMO O setor mineral é estratégico para a economia do Brasil. No entanto, a extração de bens minerais, em geral, gera uma grande quantidade de resíduos, os quais, em grande quantidade são armazenados em barragens. Os rompimentos dessas estruturas têm levantado preocupação em relação à segurança das barragens. Nesse contexto, o Governo Federal implantou a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) no ano de Dentre os temas abordados nessa política foi proposto um sistema de classificação das barragens em relação aos riscos e danos que essas estruturas apresentam. O Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM através da PNSB classifica as barragens em relação à Categoria de Risco, aspectos Características Técnicas, Estado de Conservação e Plano de Segurança e em relação ao Dano Potencial Associado. No entanto, as barragens onde os acidentes aconteceram apresentavam baixo risco nessa classificação. Portanto, este estudo teve o objetivo de verificar a eficiência do sistema de classificação das barragens. O estudo foi realizado em quatorze barragens de rejeito, localizadas no estado de Minas Gerais, nas quais foram realizadas vistorias em campo a fim de verificar se as informações prestadas pelo empreendedor retratam a real situação do empreendimento. Além disso, verificar se existe necessidade de adequação no atual sistema de classificação. Os resultados encontrados em relação à Categoria de Risco, parâmetro Estado de Conservação, revelam que em 100% das barragens, a pontuação informada pelo empreendedor foi menor que a constatada na vistoria. Mesmo com o aumento da pontuação, somente 21% das barragens mudaram de classificação em relação ao CRI (Índice de Categoria de Risco). Em relação ao DPA (Dano Potencial Associado) 36% das barragens tiveram uma nova classificação. Em relação à Classificação Final, que correlaciona o CRI e DPA, 50 % das barragens tiveram uma nova classificação. Portanto, é possível considerar que a PNSB foi um grande avanço na gestão da Segurança das Barragens, no entanto, precisa de adequações a fim de minimizar os riscos inerentes à atividade. Palavras Chave: PNSB, DNPM, Classificação de Barragens, CRI e DPA. iv

6 ABSTRACT The mineral sector is strategic for the Brazilian economy. However, the extraction of mineral goods, in general, generates a large amount of waste, which, in large quantity are stored in dams. The recent disruption of such structures as the accident at the B1 Dam of the company Herculano Mineração and mainly with the dam of the company Samarco Fundão has raised concern about the safety of the dams. In this context, the Federal Government implemented the National Dams Safety Policy in Among the themes addressed in this policy was proposed a classification system of dams in relation to the risks and damages that these structures present, where the DNPM classifies the dams In relation to Risk Category, Factors Technical Characteristics, State of Conservation and Safety Plan and in relation to Associated Potential Damage. Nevertheless, in the dams that happened accidents like B1 and Fundão these presented low risk in this classification. Therefore, in order to verify the efficiency of the dam classification system, a study was carried out in fourteen waste dams, located in Minas Gerais, in which field surveys were carried out to verify if the information provided by the entrepreneur portrays the real situation Of the enterprise, and, in addition, verify if there is need of adequacy in the current classification system. In fact, the results show that the system presents flaws, among which the results found in relation to the Risk Category, State of Conservation parameter, where in 100% of the dams, the score reported by the entrepreneur was lower than that found in the survey. Even with the increase of the score, only 21% of the dams changed their classification in relation to the CRI. Regarding DPA, 36% of the dams had a new classification. Regarding the Final Classification, which correlates CRI and DPA, 50% of the dams had a new classification. Therefore, I consider that the PNSB was a great advance in the management of Dams Safety, however, it needs adjustments in order to minimize the risks inherent in the activity, since we know that working at zero risk is practically impossible. Keywords: PNSB, DNPM, Classification of Dams, CRI and DPA. v

7 LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Geração média de rejeito em porcentagem Figura 2.1 Cava utilizada para armazenamento de rejeito de responsabilidade da empresa Rio Verde Mineração Ltda. após o rompimento Figura 2.2 Localização da Cava 1 e do domínio da ruptura Figura 2.3 Localização da Barragem São Francisco Figura 2.4 Foto da barragem no ano de 2002, antes dos acidentes Figura 2.5 Saída do vertedor com lançamento de lama no Córrego Bom Jardim Figura 2.6 Impactos causados pela ruptura Figura 2.7 Impactos causados pela ruptura da Barragem São Francisco Figura Obras de recuperação da barragem Figura 2.9 Vista do maciço da barragem de rejeito São Francisco após a ruptura Figura 2.10 Vista aérea da barragem São Francisco, após ruptura Figura 2.11 Posto de combustível, localizada na cidade de Miraí, alagado Figura 2.12 Voluntários realizando limpeza das ruas de Miraí Figura 2.13 Plantações alagadas a jusante da barragem Figura 2.14 Imagem de satélite mostrando a localização da barragem B1 em relação a cidade de Itabirito/MG. Fonte: Google Earth Figura 2.15 Imagem satélite da Barragem B1 antes da ruptura Figura 2.16 Imagem satélite indicando o local onde ocorreu a ruptura na Barragem B1(Fonte: Google Earth) Figura 2.17 Equipamentos da empresa soterrados Figura 2.18 Bombeiros realizando buscas Figura 2.19 Barragens de responsabilidade da empresa Samarco Mineração S/A Figura 2.20 Distrito de Bento Rodrigues após a ruptura da Barragem do Fundão Figura 2.21 Grande turbidez no Rio Doce na cidade de Governador Valadares Figura 2.22 Lama da barragem do Fundão chegando ao mar Figura 2.23 Obras sendo realizadas após o rompimento da Barragem Fundão Figura 2.24 Obras sendo realizadas após o rompimento da Barragem Fundão Figura 3.1: Principais Distribuições por estados das barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem (DNPM, 2016) Figura Barragens de Mineração inseridas na PNSB por classe (DNPM, 2016) Figura 3.3 Distribuição das Classes de barragens de mineração do PNSB Figura 3.4 Distribuição de barragens de mineração no estado de Minas Gerais Figura 3.5 Classificação das barragens de mineração de MG inseridas na PNSB por Categorias de Risco (DNPM, 2016) Figura 3.6 Classificação das barragens em relação ao DPA alto, médio e baixo em porcentagens Figura 3.7 Classificação das barragens de em relação ao volume Figura 3.8 Distribuição das barragens localizadas em Minas Gerais em relação às Classes A, B, C, D e E Figura 5.1 Tipos de alteamentos normalmente utilizados (Gomes, 2010) vi

8 LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM, 2002) Tabela 2.2 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM, 2002) Tabela 2.3 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM/2002) Tabela 2.4 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM/2002) Tabela 2.5 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM/2002) Tabela 2.6 Sistema de Classificação de Barragem utilizando DN nº 062/2002 (COPAM/2002) e DN 87/2005 (COPAM, 2005) Tabela 2.7 Critérios de classificação de barragens segundo Resolução n 143/2012 (BRASIL/2012) Tabela 2.8 Matriz utilizada para classificar barragens - Categoria de Risco x Dano Potencial Associado Tabela 2.9 Matriz utilizada para classificar barragens - Categoria de Risco x Dano Potencial Associado Portaria n /2017 (DNPM, 2017) Tabela 2.10 Faixas de pontuação do CRI utilizadas para classificar as barragens em alto, médio e baixo Risco, após a publicação da Portaria /2017 (DNPM, 2017) Tabela 2.11 Classificação de barragens quanto as Características Técnicas Tabela 2.12 Classificação de barragens quanto as Características Técnicas Tabela 2.13 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Tabela 3.1 Classificação de barragens quanto às características técnicas Tabela 3.2 Classificação de barragens quanto às características técnicas Tabela 3.3 Classificação de barragens quanto às características técnicas Tabela 3.4 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Tabela 3.5 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Tabela 3.6 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Tabela 3.7 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Tabela 3.8 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Tabela 3.9 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Tabela 3.10 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Tabela 3.11 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Tabela 3.12 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Tabela 3.13 Classificação de barragens quanto ao Dano Potencial Associado Tabela 3.14 Classificação de barragens quanto ao Dano Potencial Associado Tabela 3.15 Classificação de barragens quanto ao Dano Potencial Associado Tabela 3.16 Classificação de barragem Quanto ao Dano Potencial Associado Tabela 3.17 Classificação das barragens em relação às Categorias de Risco Tabela 3.18 Faixas de pontuação do CRI utilizadas para classificar as barragens em Alto, Médio e Baixo Risco Tabela 3.19 Faixas de classificação do DPA utilizadas para classificar as barragens em alto, médio e baixo dano potencial associado Tabela 3.20 Matriz Categoria de Risco x Dano Potencial Associado Tabela 3.21 Barragens de Mineração no Brasil cadastradas no DNPM em Tabela 3.22 Classificação das Barragens de Mineração por Categoria de Risco Tabela 3.23 Classificação das Barragens de Mineração pelo Dano Potencial Associado vii

9 Tabela 3.24 Classificação das Barragens pelo Porte do Empreendimento Tabela 3.25 Classificação em relação à Categoria de Risco Tabela 3.26 Classificação em relação ao Dano Potencial Associado Tabela 4.1 Características das Barragens de Mineração Pesquisadas Tabela 4.2 Dados obtidos em relação às Características Técnicas Tabela 4.3 Dados obtidos em relação ao Estado de Conservação Tabela 4.4 Dados obtidos em relação ao Plano de Segurança da Barragem Tabela 4.5 Variação da pontuação em relação à Categoria de Risco Tabela 4.6 Classificação em Relação à Categoria de Risco Tabela 4.7 Dados obtidos em relação ao Dano Potencial Associado Tabela 4.8 Classificação em Relação ao Dano Potencial Associado Tabela 4.9 Classificação das Barragens de Mineração Tabela 4.10 Classificação utilizando parâmetros técnicos pela FEAM Tabela 4.11 Classificação em relação ao Dano Potencial Associado segundo a FEAM Tabela 4.12 Classificação das barragens junto a FEAM Tabela 5.1 Proposta de classificação de barragens quanto às Características Técnicas Tabela 5.2 Proposta de classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Tabela 5.3 Classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Tabela 5.4 Classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Tabela 5.5 Classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Tabela 5.6 Classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Tabela 5.7 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Tabela 5.8 Classificação de barragem Quanto a Categorias Técnicas Tabela 5.9 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Tabela 5.10 Matriz proposta de Categoria de Risco x Dano Potencial Associado Tabela 5.11 Dados obtidos em relação às Características Técnicas DNPM Novo Tabela 5.12 Dados obtidos em relação ao Estado de Conservação DNPM Novo Tabela 5.13 Dados obtidos em relação ao Plano de Segurança DNPM Novo Tabela 5.14 Classificação em Relação à Categoria de Risco DNPM Novo Tabela 5.15 Dados obtidos em relação ao Dano Potencial Associado DNPM Novo Tabela 5.16 Classificação em Relação ao Dano Potencial Associado DNPM Novo Tabela 5.17 Classificação Final das Barragens de Mineração após adequações Tabela 5.18 Variação da pontuação em relação as Características Técnicas das barragens Tabela 5.19 Variação da pontuação em relação ao Estado de Conservação da barragem Tabela 5.20 Variação da pontuação em relação ao Plano de Segurança da barragem Tabela 5.21 Variação da pontuação em relação ao Dano Potencial Associado viii

10 LISTA DE SIMBOLOS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANA Agência Nacional de Águas ANEEL Agência Nacional de Energia APP Área de Proteção Permanente CBDB Comitê Brasileiro de Grandes Barragens CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres CMP Cheia Máxima Provável CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente COPAM Conselho de Política Ambiental COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia CRI Categoria de Risco CT Características Técnicas DN Deliberação Normativa DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral DPA Dano Potencial Associado EC Estado de Conservação FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBRAM Instituto Brasileiro de Mineração IGAM Instituto Mineiro de Gestão de Águas ICOLD International Comissionon Large Dam MPF Ministério Público Federal NA Nível d água NBR Normas Brasileiras Regulamentadoras NRM Normas Reguladoras de Mineração ONGs Organização Não Governamental PAE Plano de Aproveitamento Econômico PAEBM Plano de Ação Emergencial Barragem de Mineração ix

11 PIB Produto Interno Bruto PMP Precipitação Máxima Provável PNSB Política Nacional de Segurança de Barragem PSB Plano de Segurança de Barragem RAL Relatório Anual de Lavra RPSB Revisão Periódica de Segurança de Barragem SIAM Sistema Integrado de Informação Ambiental SIGBM Sistema Integrado de Gestão em Segurança de Barragens de Mineração SIH Secretaria de Infraestrutura Hídrica SNISB Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens SISEMA Sistema Estadual de Meio Ambiente SEMAD Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável TAC Termo de Ajustamento de Conduta. ZAS Zona de Auto Salvamento ZSS Zona de Salvamento Secundário WMO - World Meteorological Organization x

12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL LEGISLAÇÃO RELATIVA A BARRAGENS DE REJEITOS OBJETIVOS DO TRABALHO ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO HISTÓRICO DA POLÍTICA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM INTRODUÇÃO LEGISLAÇÕES RELACIONADAS À SEGURANÇA DAS BARRAGENS PORTARIA Nº 237, DE 18 DE OUTUBRO DE NORMAS REGULADORAS DA MINERAÇÃO NRM 19 DE 2001 (DNPM, 2001) DELIBERAÇÃO NORMATIVA N 62/2002 (COPAM, 2002) DELIBERAÇÃO NORMATIVA DN N 87/2005 (COPAM, 2005) NORMA BRASILEIRA ABNT NBR /2006 (ABNT, 2006) DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM N 124, DE 09 DE OUTUBRO DE 2008 (COPAM, 2008) LEI DE 20 DE SETEMBRO DE 2010 POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGEM (BRASIL, 2010) RESOLUÇÃO CNRH N 143, 10 DE JULHO DE 2012 (BRASIL, 2012) RESOLUÇÃO CRNH N 144, 10 DE JULHO DE 2012 (BRASIL, 2012) PORTARIA DNPM Nº 416, 03 DE SETEMBRO DE 2012 (DNPM, 2012) PORTARIA DNPM N 526, 09 DE DEZEMBRO DE 2013 (DNPM, 2013) PORTARIA DNPM N , 17 DE MAIO DE 2017 (DNPM, 2017) HISTÓRICO DOS ACIDENTES RECENTES RELACIONADOS COM BARRAGENS DE REJEITOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS RIO VERDE MINERAÇÃO S.A MINERAÇÃO RIO POMBA CATAGUASES LTDA HERCULANO MINERAÇÃO LTDA SAMARCO MINERAÇÃO S/A SISTEMA NACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS CATEGORIAS DE RISCO CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS ESTADO DE CONSERVAÇÃO PLANO DE SEGURANÇA DA BARRAGEM DANO POTENCIAL ASSOCIADO FATOR PERDA DE VIDAS HUMANAS xi

13 3.5.2 FATOR IMPACTO AMBIENTAL FATOR IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO FATOR VOLUME DO RESERVATÓRIO PROCEDIMENTOS DE VISTORIA TÉCNICA DE BARRAGENS PARA CLASSIFICAÇÃO DNPM E CLASSIFICAÇÃO FEAM ANÁLISE PROCESSUAL VISTORIA TÉCNICA DE CAMPO CLASSIFICAÇÃO DNPM DE BARRAGENS POR MEIO DE VISTORIAS DE CAMPO CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS PELOS CRITÉRIOS DA FEAM PROPOSTA DE UMA POLÍTICA DE APLICAÇÃO DO SISTEMA DNPM DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS REESTRUTURAÇÃO DO DNPM PROPOSTA DE REAVALIAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DNPM SISTEMA PROPOSTO DNPM DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS CONCLUSÕES SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS xii

14 CAPÍTULO 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL Por apresentar grande diversidade geológica, o Brasil propicia a existência de jazidas de vários minerais, tanto metálicos como não metálicos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM, 2015), as substâncias metálicas representaram, aproximadamente, 76% do valor total da produção comercializada brasileira, com destaque para o alumínio (bauxita), o cobre, o estanho (cassiterita), o ferro, o manganês, o nióbio, o níquel e o ouro, que, juntos, corresponderam a 98,5% do valor da produção comercializada. Em 2014, a mineração representou cerca de 5% do Produto Interno Bruto PIB movimentando o valor de US$ 40 bilhões. No comércio exterior, a indústria extrativa mineral contribui com mais de US$ 34 bilhões em exportações de minérios, sendo o minério de ferro responsável por 75% do valor. Minas Gerais é o mais importante estado minerador do país, sendo responsável por 53% da produção brasileira de minerais metálicos e 29% no geral, estando presente em mais de 250 municípios mineiros. Portanto, a mineração é uma das principais fontes econômicas brasileiras e contribui diretamente para a melhoria da qualidade de vida da população, principalmente nos municípios onde a atividade mineradora é de destaque (IBRAM, 2015). Para extrair o elemento de interesse, principalmente das substâncias minerais metálicas, são utilizados processos de concentração mineral, em que normalmente são adicionados água e produtos químicos, para liberar o elemento de interesse. A polpa não aproveitável resultante desse processo, constituída de água e partículas sólidas com granulometrias variáveis, é chamada de rejeito (ICME, 1998). A disposição desses rejeitos constitui um grande problema ambiental, pois em função principalmente da 13

15 exploração crescente de jazidas de baixos teores, resulta em elevados volumes de rejeitos gerados (Araújo, 2008). A Figura 1.1 apresenta a geração média de rejeitos (somente partículas sólidas) para as substâncias alumínio (bauxita), cobre, estanho (cassiterita), ferro, manganês, nióbio, níquel e ouro, as principais substâncias produzidas no Brasil. No beneficiamento do alumínio 28,7% da matéria bruta é considerada rejeito, 97,8% para o cobre, 99,9% para o estanho, 27,7% para o ferro, 36,6% para o manganês, 99,2% para o nióbio, 97,9% para o níquel e quase 100% para o ouro. Ou seja, das principais substâncias produzidas no Brasil cinco apresentam geração de rejeito acima de 97% em relação à produção bruta. 100,0% 97,8% 99,9% 99,2% 97,9% 99,9% 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 28,7% 27,7% 36,0% 20,0% 10,0% 0,0% Figura 1.1 Geração média de rejeito em porcentagem. Fonte: DNPM (2016) A geração média de rejeitos no beneficiamento do minério de ferro foi estimada em 27,7%. No entanto, considerando somente as produções desse minério em Minas Gerais, que normalmente utiliza-se beneficiamento úmido, devido aos teores mais baixos do seu minério, esse valor subiria para 34%, mesmo não sendo 100% utilizado beneficiamento úmido. Para minérios com teores mais altos, utilizando beneficiamento a seco, bastante utilizado no estado do Pará, a geração de resíduos cairia para 7%. O 14

16 beneficiamento a úmido necessita de barragens para contenção da polpa, constituída de água e partículas sólidas não aproveitadas. Já no beneficiamento a seco, como o rejeito gerado não contém água, este pode ser disposto em pilhas, não havendo necessidade de barragens. Os valores apresentados na Figura 1.1 foram obtidos subtraindo a produção bruta ROM da produção beneficiada, para cada substância, através de informações disponíveis no Anuário Mineral Brasileiro de Portanto, não foi considerada a água que é adicionada no processo de beneficiamento. Para dispor esses rejeitos, normalmente são construídas barragens que são estruturas que têm a finalidade de reter água e partículas sólidas provenientes dos processos de beneficiamento de minério e que não são aproveitadas. Normalmente, estas apresentam grandes volumes de armazenamento, podendo conter elevado grau de toxidade, além de partículas dissolvidas e em suspensão, metais pesados e reagentes químicos (Lozano, 2006). As barragens de rejeitos apresentam particularidades em relação às barragens utilizadas para armazenamento somente de água, pois como são utilizadas para reter água e partículas sólidas. Ao longo da vida útil do empreendimento, o enchimento do reservatório é gradativo, normalmente o maciço do reservatório não é construído de uma única vez, mas sim em etapas. À medida que se torna necessário uma maior capacidade no reservatório, alteamentos no maciço do reservatório são realizados. Essa técnica propícia à diluição dos custos da construção e operação da barragem ao longo do tempo. Diferentemente, em uma barragem para geração de energia, é necessária a capacidade máxima do reservatório desde o início da atividade. Nesse caso, normalmente o maciço da barragem é construído em uma única etapa. O processo de alteamento das barragens de rejeitos pode assumir configurações diversas, cada uma apresentando suas próprias características, requisitos, vantagens, desvantagens e riscos. São utilizados três métodos construtivos de alteamento, montante, jusante e linha de centro, podendo ocorrer também à conjugação entre os métodos. 15

17 Rupturas associadas a barragens de contenção de rejeitos de grande porte têm ocorrido recentemente, particularmente para alteamentos a montante: Mineração Rio Verde (alteamento para montante), Mineração Rio Pomba Cataguases (alteamento para jusante), Mineração Herculano Ltda. (alteamento para montante) e, mais recentemente, na Mineração Samarco S/A (alteamento para montante). 1.2 LEGISLAÇÃO RELATIVA A BARRAGENS DE REJEITOS Até a ocorrência do acidente na barragem denominada Cava 1 de responsabilidade da Mineração Rio Verde Ltda., localizado no município de Nova Lima/MG, não existia uma legislação específica que tratasse da gestão da segurança envolvendo barragens de rejeito. Diante das repercussões sociais e ambientais do acidente, e por ser o estado de Minas Gerais um território onde a atividade mineradora é à base da economia, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEMAD, por meio da Fundação de Meio Ambiente FEAM, iniciou em 2001 um amplo debate sobre a gestão de barragens. Como resultado houve a publicação da Deliberação Normativa COPAM n 62/2002, que constituiu o primeiro marco na legislação ambiental estadual que dispõe sobre os critérios de classificação de barragens de contenção de rejeitos, de resíduos e de reservatório de água. A Deliberação Normativa 62/2002 sofrem adequações através da Deliberação Normativa n 87/2005 (COPAM, 2005) e da Deliberação Normativa n 124/2008 (COPAM, 2008). Apesar disso, acidentes relevantes envolvendo barragens de rejeito continuaram ocorrendo em Minas Gerais. Nos anos de 2006 e 2007 ocorreram dois acidentes na Barragem São Francisco de responsabilidade da empresa Rio Pomba Cataguases Ltda. localizada no município de Miraí/MG. Com o objetivo de melhorar a gestão da segurança das barragens em nível nacional, o Governo Federal implantou a Política Nacional de Segurança de Barragem PNSB, através da Lei n /2010, (BRASIL, 2010) das Resoluções n 143/2012 (BRASIL, 2012) e n 144/2012 (BRASIL, 2012) e das Portarias n 416/2012 (DNPM, 2012) e n 16

18 526/2012 (DNPM, 2012). A Lei n /2010 (BRASIL, 2010) é aplicada à acumulação de água para quaisquer usos, não somente para as barragens de rejeitos, mas para toda disposição final ou temporária de usos múltiplos, hidrelétrica e resíduos industriais, desde que enquadram ao definido no artigo 1 dessa lei. Um dos grandes avanços dessa lei foi definir as entidades responsáveis pela regulação e fiscalização da segurança das barragens, para todas as possibilidades de uso. Assim, ficou definido que para fins de disposição de rejeitos provenientes das usinas de beneficiamento de minérios, a fiscalização caberia ao Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM. No entanto, mesmo após a instituição da Política Nacional de Segurança de Barragens aconteceram mais dois acidentes relevantes envolvendo barragens de rejeito, como o ocorrido na Barragem B1 da empresa Mineração Herculano Ltda., localizada em Itabirito/MG no ano de 2014, e o ocorrido na Barragem Fundão, da empresa Mineração Samarco S/A., em novembro de Segundo Saldiva (2015), o acidente com a barragem do Fundão é a maior tragédia ambiental de toda a história do Brasil. De acordo com a classificação realizada pelo DNPM, através da Política Nacional de Segurança de Barragens, a Barragem B1 foi classificada no ano anterior à sua ruptura como Classe E, ou seja, risco baixo e Dano Potencial Associado baixo. A Barragem do Fundão estava classificada como Classe C, ou seja, categoria de risco baixo e dano potencial associado alto. Como essas estruturas apresentavam risco baixo de ruptura e, mesmo assim, vieram à ruptura, é oportuno propor uma revisão do sistema de classificação das barragens atualmente realizada pelo DNPM, pois um sistema de classificação que retrata de fato a situação da barragem poderia ligar um alerta sobre possíveis riscos de ruptura e nesse caso, tomar medidas para evitar o acidente. 1.3 OBJETIVOS DO TRABALHO O principal objetivo deste trabalho é avaliar a eficácia do sistema de classificação de barragens de mineração, realizado atualmente pelo DNPM. Com isso, será possível verificar se essa classificação retrata, de fato, a real situação das barragens de mineração 17

19 inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens. Especificamente, pretendese: Revisar as legislações relacionadas à segurança das barragens, principalmente a partir do ano de 2001, quando foi publicada a primeira legislação específica sobre barragens de mineração, através da Portaria n 237/2001 (DNPM, 2001). Comentar sobre as principais características do sistema de classificação de barragens adotado na Política Nacional de Segurança de Barragem, através da Resolução CNRH n 143/2012 (BRASIL, 2012). Realizar vistoria de campo em 14 (quatorze) barragens de mineração localizadas no estado de Minas Gerais. Essa amostra representa aproximadamente 5% das barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem no estado Minas Gerais. Propor adequações no atual sistema de classificação de barragens, a fim de que este possa retratar a situação em que a barragem encontra. 1.4 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO Além dessa introdução, na qual foram abordadas as considerações iniciais do estudo, as justificativas e os objetivos da dissertação, o trabalho contém mais cinco capítulos. No Capítulo 2 é apresentada uma revisão histórica sobre a legislação relacionada à segurança de barragens de mineração, dando destaque ao sistema de classificação de barragens adotado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM). Aborda-se também um breve comentário sobre os principais acidentes ocorridos com barragens de mineração no Brasil, entre 2001 e O Capítulo 3 descreve o sistema de classificação de barragens proposto na Política Nacional de segurança de Barragem, através da Resolução CNRH n 143/2012 (BRASIL, 2012). Assim, são elencadas as principais características dos parâmetros. Além disso, apresenta-se o cenário das barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança das Barragens. 18

20 O Capítulo 4 expõe os resultados obtidos através da realização da vistoria in loco das estruturas. Além disso, é realizada uma comparação entre os dados informados pelo empreendedor no relatório anual de lavra e os coletados in loco, tanto junto ao DNPM como a FEAM. O Capítulo 5 propõe adequações no atual sistema de classificação das barragens de mineração, como a inclusão de novos parâmetros a serem utilizados a fim de torna-la mais condizente com a realidade. Com base nessa nova proposta, realiza-se nova classificação das barragens de mineração. Por fim, no Capítulo 6, são apresentadas as principais conclusões obtidas nesta dissertação, incluindo-se também recomendações para pesquisas futuras. 19

21 CAPÍTULO 2 2. HISTÓRICO DA POLÍTICA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM 2.1 INTRODUÇÃO Segundo Ávila (2012), as barragens de rejeitos no Brasil tiveram seu início há cerca de 300 anos. Naquela época não existia qualquer preocupação com o meio ambiente, tanto por parte dos órgãos públicos quanto dos empreendedores. A partir de 1930, começaram a surgir às primeiras barragens de contenção de rejeitos com a finalidade de amenizar os problemas ambientais e os confrontos com a comunidade agrícola. As barragens construídas geralmente eram projetadas transversalmente ao curso d água, levando em consideração apenas a possibilidade de inundações. No entanto, quando fortes chuvas ocorriam, poucas destas barragens permaneciam estáveis. Não era comum a utilização de critérios técnicos e engenheiros envolvidos no projeto. A partir da década de 40, a disponibilidade de equipamentos de alta capacidade para movimentação de terras, especialmente em minas a céu aberto, tornou possível a construção de barragens de contenção de rejeitos com técnicas de compactação e maior grau de segurança, de maneira similar às barragens convencionais. Assim, na década de 50, muitos dos princípios fundamentais de geotecnia já eram compreendidos e aplicados em barragens de contenção de rejeitos (Ávila, 2012). Na década de 1970, as questões ambientais passaram a intervir decisivamente nos projetos. No entanto, somente em 1981 foi publicada a Lei nº 6.938/81 (BRASIL, 1981), que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente. Anteriormente, cada estado ou município tinha autonomia para eleger as suas diretrizes políticas em relação ao meio ambiente de forma independente, embora na prática poucos realmente demonstrassem interesse pela temática (Farias, 2006). Segundo Sirvinskas (2005), a Lei nº 6.938/81 (BRASIL, 1981), definiu conceitos básicos como o de meio ambiente, de degradação e de poluição e determinou os 20

22 objetivos, diretrizes e instrumentos, além de ter adotado a teoria da responsabilidade. De acordo com Carneiro (2003), a política ambiental é a organização da gestão estatal no que diz respeito ao controle dos recursos ambientais e à determinação de instrumentos econômicos capazes de incentivar as ações produtivas ambientalmente corretas. A inserção dos estudos dos impactos gerados pelas barragens no cenário jurídico iniciou-se no Brasil por meio do art. 2º da Resolução 1, de 23/01/1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, (CONAMA, 1986), nos seguintes termos: dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, a ser submetido à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente. No entanto, esses estudos eram voltados para obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos. A resolução n 237, de 19 de dezembro de 1997, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 1997), é uma das principais diretrizes que acompanham o licenciamento ambiental, estabelecido pelo Programa Nacional do Meio Ambiente. Nela se busca atualizar e legitimar o procedimento do licenciamento. No primeiro artigo da resolução n 237/1997 (CONAMA, 1997), estão presentes definições importantes que até então não existiam, tais como: Licenciamento Ambiental, Licença Ambiental, Estudos Ambientais e Impacto Ambiental Regional. A licença mencionada por esta resolução, diz respeito não só ao controle da poluição que os empreendimentos podem causar, mas, também à boa prática de utilização dos recursos naturais disponíveis (Barbiero, 2014). A construção de barragens sujeitas a licenciamento ambiental, conforme a resolução nº 237/1997 (CONAMA, 1997), exige grande conhecimento técnico e obediência a criteriosas normas de segurança, que vão desde a elaboração do projeto à execução e manutenção das obras, exigindo assim, cautela com relação à logística a ser utilizada tanto na execução como na manutenção do empreendimento, sendo que as companhias seguradoras passam a atuar de forma efetiva na fiscalização da sua segurança (Machado, 2007). 21

23 2.2 LEGISLAÇÕES RELACIONADAS À SEGURANÇA DAS BARRAGENS De fato, somente em 2001 surgiu a primeira legislação específica relacionada com as barragens de rejeitos, através da publicação da Portaria do DNPM n 237/2001 (DNPM, 2001), que trata das Normas Reguladoras da Mineração, sendo a NRM 19 específica para disposição de estéril, rejeitos e produtos PORTARIA Nº 237, DE 18 DE OUTUBRO DE NORMAS REGULADORAS DA MINERAÇÃO NRM 19 DE 2001 (DNPM, 2001). Com o objetivo de conciliar o desenvolvimento da atividade mineral com a produtividade, preservando o meio ambiente e garantindo a saúde e segurança dos trabalhadores, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) publicou a Portaria nº 237/2001 (DNPM, 2001), criando as Normas Reguladoras da Mineração NRM. Dentre as Normas, destaca-se a NRM-19, que trata sobre a disposição de estéril, rejeitos e produtos, a qual deve estar prevista no Plano de Aproveitamento Econômico - PAE, sendo precedida de estudos geotécnicos, hidrológicos e hidrogeológicos. Prevê também que as barragens devem ser projetadas, implementadas e monitoradas por profissional legalmente habilitado autorizado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agricultura - CREA. De acordo com a NRM 19, constatada situação de risco grave e iminente de ruptura da barragem as áreas de risco devem ser evacuadas, isoladas e todo o pessoal potencialmente afetado deve ser informado imediatamente. Não foram apresentadas as diretrizes a ser seguida para definir os limites das áreas de riscos localizadas a jusante da barragem. Ainda de acordo com a NRM 19, durante o alteamento e construção dos sistemas de disposição deve ser feito o monitoramento da estabilidade dos mesmos e dos impactos ao meio ambiente. A construção de barramento para acumulação de rejeitos líquidos deve ser precedida de projeto técnico, caracterizando as alternativas para o local da 22

24 disposição do barramento; estudos de geotecnia, hidrologia e hidrogeologia; garantias sobre o grau de confiabilidade da impermeabilização; caracterização do material a ser retido no barramento e da sua construção; descrição do barramento e dimensionamento das obras componentes do mesmo; avaliação dos impactos ambientais e medidas mitigadoras; monitoramento do barramento e efluentes; medidas de abandono do barramento e uso futuro; e cronograma físico e financeiro. No caso de alterações da geometria da barragem ou na metodologia de estocagem, esta não poderá ser realizada sem prévia comunicação ao Departamento Nacional de Produção Mineral DELIBERAÇÃO NORMATIVA N 62/2002 (COPAM, 2002) Após o rompimento da barragem Cava 1, de responsabilidade da empresa Rio Verde Mineração S/A., a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEMAD, por meio da Fundação Estadual de Meio Ambiente FEAM iniciou em, 2001, um amplo debate, sobre a gestão de segurança das barragens de rejeito, que teve a participação de empreendedores, consultores da área, representantes do IBRAM, DNPM, CREA, ONGs e COPAM. Essas discussões culminaram com a publicação da Deliberação Normativa DN n 62/2002 (COPAM, 2002), que contempla sistema de cadastramento e classificação das barragens, sendo considerado, na época, um marco na legislação ambiental do estado de Minas Gerais. Em seu artigo 1º a Deliberação Normativa nº 62/2002 (COPAM, 2002) apresentou algumas definições relacionadas à gestão da segurança das barragens, tais como: Barragem é definida como qualquer estrutura (barragem, barramento, dique ou similar) que forme uma parede de contenção de rejeitos, de resíduos e de formação do reservatório de água; Dano Ambiental é qualquer perda temporária ou permanente provocado por ruptura ou mau desempenho da estrutura da barragem. O potencial de dano é função das características intrínsecas da barragem: altura, volume de reservatório, existência de vidas humanas e/ou de instalações de valor econômico a jusante, e possibilidade de impacto sobre o meio ambiente, 23

25 independentemente da eficácia do sistema de gestão dos riscos que seja aplicado; Risco é a probabilidade e severidade de um efeito adverso para a saúde, para a propriedade ou para o meio ambiente. O risco é avaliado em função das condições de implantação da barragem e da eficácia do sistema de gestão; Volume do reservatório é o volume total do material, líquido e/ou sólido, depositado após a construção da barragem e durante os possíveis alteamentos, nele incluindo o material de assoreamento, vinculado ou não às atividades do empreendimento. Para isto, sempre se deve tomar como base a topografia da fundação do reservatório (COPAM, 2002). A classificação indicada nesta deliberação utiliza os critérios altura, volume, ocupação humana a jusante, interesse ambiental a jusante, instalações na área de jusante, estimando as consequências em relação ao dano ambiental em caso de uma ruptura. De acordo com a classificação das barragens são estabelecidos prazos para realização de auditorias técnicas periódicas, que devem ser realizadas por consultor externo ao quadro de funcionários da empresa. Os relatórios gerados nessas auditorias devem levantar as condições físicas e estruturais das barragens e atestar se as mesmas apresentam condições seguras de estabilidade. Caso não apresente, o relatório deve conter um plano de ações com prazo para implantação de melhorias, a fim de corrigir as falhas e garantir a estabilidade das estruturas (Duarte, 2008). Os critérios técnicos abordados nessa deliberação normativa utilizados para realizar a classificação das barragens são a altura da barragem (H) e o volume do reservatório (VR). Cabe salientar que se entende por altura da barragem a medida na maior seção transversal da barragem, calculando-se o desnível entre a cota da crista da barragem até a cota do pé do talude de jusante (FEAM, 2008). Assim, de acordo com a Tabela 2.1, dependendo da altura do maciço, a barragem obtém uma pontuação entre 0 e 2. Essa deliberação normativa entende que o porte da barragem é definido através da altura do barramento. A barragem que apresente uma altura inferior a 15 m é considerada de 24

26 pequeno porte, logo não é computado pontos para essa situação. Mas para barragem com altura superior a 30 m essa é classificada como uma barragem de grande porte, logo recebe a pontuação máxima referente a esse critério que são 2 (dois) pontos. Para barragens intermediárias a pontuação recebida será igual a 1 (um) ponto. Tabela 2.1 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM, 2002) Fator Altura Altura do maciço (H) Porte da barragem Valor (V) <15m Pequeno 0 15 < H < 30 Médio 1 H > 30 Grande 2 Fonte: Adaptado COPAM (2002). O volume do reservatório é definido pela DN COPAM n 062/2002 (COPAM, 2002) como sendo o volume total de material, seja líquido ou sólido, disposto após a construção da barragem. É importante tomar como base a topografia da fundação do reservatório, para calcular o volume de material armazenado. A Tabela 2.2 refere-se ao volume do reservatório, o qual é dividido em três faixas, sendo que cada faixa receberá um valor (V) dependendo do volume armazenado, também variando de zero a dois pontos, sendo a maior pontuação para as barragens que armazenam maior quantidade de material, ou seja, mais de 5 milhões de m³. Tabela 2.2 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM, 2002) Fator Volume Volume do Reservatório (VR) Porte do reservatório Valor (V) <500 mil m³ Pequeno mil<vr<5 milhões m³ Médio 1 >5 milhões m³ Grande 2 Fonte: Adaptado COPAM, (2002). O reservatório será considerado de pequeno porte caso o volume armazenado seja inferior a 500 mil m³, se o volume armazenado estiver entre 500 mil e 5 milhões de m³, o porte do reservatório será médio e de grande porte, caso o volume armazenado for maior que 5 milhões de m³. 25

27 Observa-se um grande intervalo utilizado para classificar as barragens de grande porte; pois barragens com reservatórios entre 6 milhões de m³ e 60 milhões de m³, ou seja, dez vezes mais, recebem a mesma pontuação nesse critério. Além dos critérios técnicos utilizados para realizar a classificação das barragens, altura e volume, são utilizados também critérios relacionados aos danos que uma ruptura em uma barragem pode causar. São três os critérios utilizados pela DN n 62/2002 (COPAM, 2002), sendo: Ocupação humana a jusante da barragem; Interesse ambiental a jusante da barragem; Existência de instalações na área a jusante da barragem. Um dos critérios mais importantes consiste na ocupação humana a jusante da barragem, pois este critério está relacionado à perda de vidas humanas. De acordo com a Tabela 2.3, esse critério é classificado em inexistente, eventual e grande. Tabela 2.3 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM/2002) Fator Ocupação Humana a Jusante da Barragem Ocupação humana a jusante da barragem Valor (V) Fonte: Adaptado COPAM (2002). Inexistente 0 Eventual 2 Grande 3 O fator será classificado como inexistente quando de fato não existir habitações ocupando áreas a jusante da barragem, pontuação no item igual a zero. Caso não existam habitações ocupando áreas a jusante da barragem, mas existam passagens ou locais de permanência eventual de pessoas, o fator será classificado como eventual com pontuação igual a 2. O fator será considerado elevado no caso de ocupação de pessoas a jusante ou de estocagem e resíduos classe I ou II, com pontuação igual a 3. Em relação ao interesse ambiental de áreas localizadas a jusante da barragem, ou seja, acontecendo uma ruptura na barragem qual a sua relevância em relação ao meio 26

28 ambiente. A Tabela 2.4 apresenta os valores utilizados em cada item. Este fator será classificado como pouco significativo quando a área a jusante apresentar descaracterizada das suas condições naturais, nesse caso a pontuação recebida será igual a 0 (zero); será classificada como significativa, quando apresentar interesse ambiental relevante, nesse caso a pontuação recebida será de 1 ponto; será considerada elevada quando a área apresentar interesse ambiental relevante e armazenar resíduos classe I e II, nessa situação a pontuação recebida será de 3 pontos. Tabela 2.4 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM/2002) Fator Interesse Ambiental a Jusante da Barragem Interesse Ambiental a Jusante da Barragem Valor (V) Fonte: Adaptado COPAM, Pouco Significativo 0 Significativo 1 Elevado 3 A Tabela 2.5 está relacionada à existência de residências, indústrias, plantações ocupando área localizada a jusante da barragem que nesse caso será classificada em Inexistente, Eventual e Grande. Tabela 2.5 Critérios para classificação de barragens, DN nº 062/2002 (COPAM/2002) Fator Instalações a Jusante da Barragem Instalações a Jusante da Barragem Valor (V) Inexistente 0 Baixa concentração 1 Fonte: Adaptado de COPAM (2002). Alta concentração 3 Logo será classificada como inexistente quando não existirem instalações ocupando área a área a jusante da barragem, nesse caso a pontuação recebida será igual a 0 (zero); para regiões que exista pequena concentração de instalações residenciais, agrícolas, industriais ou de infraestrutura. Nesse caso a pontuação recebida será de 1 ponto e a classificação será de baixa concentração. No caso de alta concentração a pontuação recebida será de 3 pontos. 27

29 De posse das respectivas pontuações, segundo o artigo 3.º da DN n.º 62/2002 (COPAM, 2002), as barragens serão classificadas em três categorias, utilizando o somatório dos valores (V) dos parâmetros apresentado nas Tabelas 2.1, 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5. A barragem será classificada de baixo potencial de dano ambiental Classe I quando o somatório desses valores for menor ou igual a dois (V 2). Para valores encontrados no intervalo maiores que 2 até 5 (2 < V 5) será Classe II e a barragem classificada como de médio potencial de dano ambiental e valores acima de cinco (V>5) será classificada de alto potencial de dano ambiental Classe III DELIBERAÇÃO NORMATIVA DN N 87/2005 (COPAM, 2005) A fim de melhorar a gestão de segurança de barragens foi criado um Grupo de Trabalho para discutir sobre as melhorias necessárias na Deliberação Normativa DN n 62/2002 (COPAM, 2002). O resultado desse estudo foi à publicação da Deliberação Normativa - DN n 87/2005 (COPAM, 2005), que alterou alguns pontos da DN n 62/2002 (COPAM, 2002), sendo os pontos mais relevantes a Periodicidade das Auditorias Externas de Segurança e a alteração ocorrida no critério de classificação de barragem ocupação humana a Jusante. A obrigatoriedade das auditorias técnicas de segurança, que devem ser feitas em todas as barragens, necessitam ser independentes, ou seja, precisam ser feitas por profissionais externos ao quadro de funcionários da empresa, utilizando como critério de periodicidade a sua classificação. A seguir consta a periodicidade a ser considerada: - Para as barragens Classe III, a auditoria será realizada anualmente; - Para a barragem Classe II, a auditoria será realizada a cada dois anos; - Para a barragem Classe I, a auditoria será realizada a cada três anos. Essas auditorias são realizadas por profissionais independentes para garantir clareza e evitar conflitos de interesse com a empresa. Outro ponto importante tratado foi em relação à ocupação humana a jusante, por considerar os critérios de classificação muito rigorosos quando tratam de barragens que 28

30 armazenam rejeitos ou resíduos, quando são barragens de pequeno porte. Com a finalidade de revisar esse item foi proposta a seguinte alteração: i. Inexistente: não existem habitações na área a jusante da barragem, V=0; ii. Eventual: significa que não existem habitações na área a jusante da barragem, mas existe estrada vicinal ou rodovia de permanência eventual de pessoas, V=2. iii. Existente: significa que existem habitações na área a jusante, vidas humanas poderão ser atingidas, barragem armazena rejeitos ou resíduos sólidos classificados na Classe II B, segundo a NBR /2004, V=3; iv. Grande: significa que existem habitações na área a jusante, portanto, vidas humanas poderão ser atingidas, e a barragem armazena rejeitos ou resíduos sólidos classificados como Classe I ou Classe II A, NBR /2004, V=4. Portanto, a tabela 2.6 traz resumidamente os dois critérios técnicos e três critérios ambientais utilizados para classificar as barragens de acordo com a DN n 62/2002 (COPAM, 2002) e DN n 87/2005 (COPAM, 2005). Tabela 2.6 Sistema de Classificação de Barragem utilizando DN nº 062/2002 (COPAM/2002) e DN 87/2005 (COPAM, 2005) CARACTERÍSTICAS DANO AMBIENTAL Altura Volume Ocupação Humana Interesse Ambiental Instalações Pequena (0) Pequeno (0) Inexistente (0) Pouco significativo (0) Inexistente (0) Média (1) Médio (1) Eventual (2) Significativo (1) Baixa concentração (1) Alta (2) Grande (2) Existente (3) Elevado (3) Alta concentração (2) Grande (4) Fonte: Adaptado DN nº 062/2002 (COPAM/2002) e DN 87/2005 (COPAM, 2005) 29

31 2.2.4 NORMA BRASILEIRA ABNT NBR /2006 (ABNT, 2006) O objetivo da NBR /2006 (ABNT, 2006) é definir os requisitos mínimos para elaboração e apresentação de projeto de barragens para disposição de rejeites de beneficiamento, contenção de sedimentos e reservatório de água, em mineração, visando atender às condições de segurança, operacionalidade, economicidade e desativação, minimizando os impactos ao meio ambiente. Dentre os requisitos para elaboração e apresentação do projeto, merecem destaque a ficha técnica da barragem, os estudos locacionais e o maciço da barragem. No item relacionado à ficha técnica da barragem devem ser informadas as características técnicas da barragem como altura, elevações de base e de crista, comprimento e largura da crista, ângulo de talude geral, altura das bancadas, largura de bermas, ângulos de taludes entre bermas, altura dos taludes entre bermas, volumes do maciço e reservatório, vida útil operacional, área ocupada pelo reservatório e área de desmatamento (ABNT, 2006). Outro item importante a ser levado em consideração na realização do projeto construtivo é a realização de um estudo locacional, ou seja, as opções locacionais para implantação do empreendimento, devendo apresentar justificativa para o local escolhido. Para a escolha do local devem-se levar em consideração os impactos ambientais, sociais, econômicos e também a possibilidade de perdas de vidas humanas em um possível rompimento da barragem (ABNT, 2006). Em relação ao projeto do maciço a NBR /2006 (ABNT, 2006) define os fatores de segurança que devem ser considerados para análises de estabilidade, em que o fator de segurança mínimo para talude geral, talude montante e talude jusante é de 1,50, sendo que esse valor refere-se a tensões efetivas. Em relação às estruturas do sistema extravasor é importante relatar os elementos geométricos, os materiais a serem utilizados na sua construção, os dados de locação, a sequência executiva e os acabamentos necessários. Recomenda-se observar os seguintes critérios gerais quando do projeto do sistema extravasor: 30

32 a) Durante a operação das barragens ou sua construção por etapas, considerar vazão afluente calculada para tempo mínimo de recorrência de 500 anos, verificado para 1000 anos, sem borda livre; b) Para desativação, considerar a vazão efluente calculada com base na precipitação máxima provável (PMP), sem borda livre. Os instrumentos utilizados no controle das barragens devem ser locados em plantas de detalhe, conter as especificações técnicas e os detalhes construtivos dos instrumentos de monitoramento da barragem. Esses instrumentos devem prever, no mínimo, controle das vazões da drenagem interna, dos níveis de água no interior do maciço da barragem e das suas fundações. Todos os instrumentos devem definir as faixas de tolerância admitida, tendo em vista as análises de estabilidade (ABNT, 2006) DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM N 124, DE 09 DE OUTUBRO DE 2008 (COPAM, 2008) A fim de complementar a Deliberação Normativa COPAM n 87/2005 (COPAM, 2005), foi publicada a Deliberação Normativa n 124/2008 (COPAM, 2008) que dispõe sobre critérios de classificação de barragens de contenção de rejeitos, de resíduos e de reservatório de água em empreendimentos industriais e de mineração no Estado de Minas Gerais. De acordo com a DN n 87/2005 (COPAM, 2005), a data para disponibilizar o Relatório de Auditoria Técnica de Segurança de Barragens é 6 de março de cada ano, conforme frequência definida em função do Potencial de Dano Ambiental de cada estrutura. Empreendedores responsáveis pela segurança das barragens alegaram que esse período ainda é chuvoso, portanto as auditorias poderiam ficar comprometidas, devido à alteração nos dados levantados, principalmente em relação à presença de água no maciço, podendo indicar a saturação do solo ou existência de surgência de água na estrutura. Para solucionar essa questão, de acordo com o artigo 1 da DN N 124/2008 (COPAM, 2008), o Relatório de Auditoria Técnica de Segurança deverá estar disponível no 31

33 empreendimento a partir do dia 1 de setembro do ano de sua elaboração. Já a Declaração de Condição de Estabilidade, referente à última atualização do Relatório de Auditoria Técnica de Segurança, deverá ser apresentada à Fundação Estadual do Meio Ambiente FEAM, até o dia 10 de setembro. Portanto, o Relatório de Auditoria Técnica de Segurança deverá estar disponível no empreendimento a partir de 1 de setembro de cada ano, ou seja, após o período de chuvas, e, além disso, o empreendedor deverá protocolar na Fundação Estadual de Meio Ambiente - FEAM a Declaração de Condição de Estabilidade de acordo com o último relatório de auditoria, até o dia 10 de setembro de cada ano de sua elaboração LEI DE 20 DE SETEMBRO DE 2010 POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGEM (BRASIL, 2010) Com a participação de diversos órgãos fiscalizadores como a Agência Nacional de Águas - ANA, a Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, O Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM, dentre outros, após muitas discursões o Presidente da República sancionou a Lei /2010, que estabeleceu a Política Nacional de Segurança de Barragens e criou o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens - SNISB. Fazem parte da Política Nacional de Segurança de Barragem, além da Lei n /2012 (BRASIL, 2010) a Resolução nº 143/2012 (BRASIL, 2012) elaborada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos CNRH que estabeleceu os critérios gerais de classificação de barragens por categoria de risco, dano potencial associado e pelo volume do reservatório e Resolução n 144/2012 (BRASIL, 2012). Para as barragens relacionadas ao setor mineral o Departamento Nacional de Produção Mineral elaborou as Portarias nº 416/2012 (DNPM, 2012) que criou o sistema de Cadastro Nacional de Barragens de Mineração, e dispõe sobre o Plano de Segurança, Revisão Periódica de segurança e Inspeções Regulares e Especiais de Segurança das Barragens de Mineração e a Portaria nº 526/2013 (DNPM, 2013), que estabelece o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Ação de Emergência das Barragens de Mineração PAEBM. 32

34 A Lei n /2010 (BRASIL, 2010) aplica-se a barragens destinadas a acumulação de água para quaisquer usos, inclusive para as barragens, diques e cavas exauridas relacionadas ao setor mineral. No entanto, para que uma barragem esteja inserida na Política Nacional de Segurança de Barragem esta deverá apresentar pelo menos uma das seguintes características: A altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15m (quinze metros); A capacidade do reservatório maior ou igual a m³; Reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas; Categoria de dano potencial associado, médio ou alto. Das características utilizadas para verificar se a barragem está inserida na Política Nacional de Segurança de Barragem, duas são de ordem técnica, relacionadas à altura e o volume armazenado no reservatório. Tem-se também uma relacionada ao tipo de resíduo, sendo os resíduos perigosos de acordo com a Classe II e por último, e não menos importante, é a característica relacionada ao dano causado caso haja uma ruptura do barramento. Observa-se que a lei não se preocupa somente com a segurança de barragens de grande porte, mas também com aquelas que armazenam resíduos perigosos e que possam provocar danos, sociais, econômicos, ambientais ou de perda de vidas. Estando a barragem inserida na Política Nacional de Segurança de Barragem, de acordo com o art. 5 da lei a fiscalização da segurança dessas barragens, caberá à entidade outorgante dos direitos minerários, no caso, barragens relacionadas ao setor de mineração o órgão responsável pela segurança da barragem é o Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM. A referida Lei criou obrigações tanto para os órgãos fiscalizadores quanto para os empreendedores, nos artigos 16º e 17º, respectivamente. Destaca-se como obrigação do órgão fiscalizador criar e manter cadastro das barragens sob sua jurisdição para incorporação ao Sistema Nacional de Informação sobre Segurança de Barragens 33

35 (SNISB) e exigir do empreendedor o cadastramento e a atualização das informações relativas à barragem. Havendo risco imediato à segurança ou qualquer acidente ocorrido sob sua jurisdição o órgão fiscalizador deverá informar imediatamente a Agencia Nacional de Águas ANA e ao Sistema Nacional de Defesa Civil. As ações relacionadas aos referidos artigos foram abordadas nas Portarias n 416/2012 (DNPM, 2012) e n 526/2013 (DNPM, 2013) elaboradas pelo DNPM, sendo que todas as ações cobradas já foram implantadas. Em relação ao empreendedor da barragem, as principais obrigações são: Providenciar a elaboração e a atualização do Plano de Segurança da Barragem, observadas as recomendações das inspeções e as revisões periódicas de segurança; Realizar as inspeções de segurança; Elaborar as revisões periódicas de segurança; Cadastrar e manter atualizadas as informações relativas à barragem. Elaborar o Plano de Ação Emergência - PAE, quando exigido; O PAE deverá ser elaborado para todas as Barragens de Mineração classificadas pelo DNPM com dano potencial associado alto, ou a qualquer Barragem de Mineração quando solicitado formalmente pelo DNPM. As barragens inseridas na política são classificadas em relação à categoria de risco, dano potencial associado e pelo seu volume. A lei prevê a classificação em relação à categoria de risco em função das Características Técnicas, Estado de Conservação e Plano de Segurança da Barragem e em relação ao Dano Potencial associado em relação ao seu volume, potencial de perdas de vidas humana, impactos ambientais, econômicos, sociais decorrentes de uma ruptura. De acordo com a Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012), o volume foi incluído nos parâmetros relacionado ao Dano Potencial Associado. Para tratar as informações sobre segurança de barragens referente à coleta, ao tratamento, armazenamento e recuperação de informações, foi criado o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB), que é um sistema de 34

36 registro informatizado das condições de segurança de barragens em todo o território nacional. O SNISB contempla barragens em construção, em operação e desativadas de acordo com o art. 13 da Lei n /2010 (BRASIL, 2010) RESOLUÇÃO CNRH N 143, 10 DE JULHO DE 2012 (BRASIL, 2012) Esta resolução estabelece critérios gerais de classificação de barragens por categoria de risco, dano potencial associado e pelo volume do reservatório, em atendimento ao art. 7 da Lei n , de 20 de setembro de 2010 (BRASIL, 2010). Quanto à categoria de risco, as barragens são classificadas de acordo com aspectos da própria barragem que possam influenciar na ocorrência de acidente em uma barragem. Já em relação ao dano potencial associado este está relacionado com o dano que pode ocorrer devido a um rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau funcionamento de uma barragem, independentemente da sua probabilidade de ocorrência, podendo ser graduado de acordo com as perdas de vidas humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais. Essa classificação foi proposta para barragens que acumulam água. Para barragens de resíduos e rejeitos, houve uma alteração em relação às características técnicas em que os fatores a se considerar foram somente a altura do barramento, comprimento da barragem e vazão de projeto. Segundo a normativa, o órgão fiscalizador adotará pontuação máxima caso o empreendedor da barragem não prestar informação sobre determinado critério, sobre categoria de risco e dano potencial associado. No período máximo de cinco anos caberá ao órgão fiscalizador reavaliar, se assim considerar necessário, a classificação da barragem. A Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012) utiliza os critérios categoria de risco, danos potenciais e volume para realizar a classificação das barragens, os quais são subdivididos conforme a Tabela

37 Tabela 2.7 Critérios de classificação de barragens segundo Resolução n 143/2012 (BRASIL/2012). Classificação Características Fator Categoria de Risco Quanto ao dano potencial Quanto ao volume Características técnicas Estado de Conservação Plano de Segurança Muito pequeno Altura do barramento; Comprimento da barragem; Tempo de recorrência. Confiabilidade das estruturas extravasora; Confiabilidade das estruturas de captação; Percolação; Deformações e recalques Deterioração dos taludes Existência de documentação de Projeto; Qualificação dos profissionais Procedimentos de inspeções de segurança e de monitoramento; Regra operacional dos dispositivos de descarga da barragem; Relatórios de inspeção de segurança com análise e interpretação; Existência de População a jusante Existência de unidades habitacionais Existência de infraestrutura ou serviços Existência de equipamentos de serviços públicos essenciais; Existência de áreas protegidas definidas em legislação; Inferior a m³ Pequeno Entre 500 mil de m³ e 5milhões de m³ Médio Entre 5 e 25 milhões de m³ Grande Entre 25 e 50 milhões de m³ Muito Grande Superior a 50 milhões de m³ Fonte: Elaborado pelo autor com base na Resolução nº 143/2012 (BRASIL, 2012). 36

38 Em relação ao volume do reservatório há uma grande discrepância com a classificação realizada pelo COPAM, pois de acordo com o COPAM a classificação mais alta utilizada é uma barragem grande, ou seja, armazena acima de 5 milhões de m³ e esse valor de acordo com a Resolução n 143/2012 (DNPM, 2012) a faixa mais alta de classificação é uma barragem muito grande, a qual armazena mais de 50 milhões de m³. O detalhamento do sistema de classificação das barragens de mineração, inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem PNSB é abordado no Capítulo 3 desse trabalho RESOLUÇÃO CRNH N 144, 10 DE JULHO DE 2012 (BRASIL, 2012) A Resolução n 144/2012 (BRASIL, 2012) estabeleceu as diretrizes para implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens. O art. 4º dessa Resolução indica os documentos necessários que devem compor o Plano de Segurança da Barragem, elaborado pelo empreendedor. A periodicidade de atualização, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento dos Planos de Segurança de Barragens devem ser estabelecidos pelo órgão fiscalizador, em função da categoria de risco, do dano potencial associado e do seu volume. Com os dados referentes ao Plano de Segurança da Barragem, os órgãos fiscalizadores fornecerão as informações sobre a barragem cadastrada a Agencia Nacional de Águas - ANA, que irá elaborar o Relatório de Segurança de Barragens, que alimentará o Sistema Nacional de Informação sobre Segurança de Barragens SNISB PORTARIA DNPM Nº 416, 03 DE SETEMBRO DE 2012 (DNPM, 2012) A Portaria DNPM n 416/2012 (DNPM, 2012) apresenta uma definição mais ampla para as barragens utilizada para armazenar rejeitos, as chamadas Barragem de Mineração, como sendo barragens, barramentos, diques, reservatórios, cavas exauridas com barramentos construídos, associados às atividades desenvolvidas com base em direito minerário, utilizados para fins de contenção, acumulação ou decantação de 37

39 rejeito de mineração ou descarga de sedimentos provenientes de atividades em mineração, com ou sem captação de água associada, compreendendo a estrutura do barramento e suas estruturas associadas. De acordo com a Lei n /2010 (BRASIL, 2010), os órgãos fiscalizadores devem criar um cadastro nacional de todas as barragens sob sua responsabilidade. Para atender a essa demanda o DNPM utilizou o sistema RALWEB. Esse sistema é utilizado para que o empreendedor detentor de título de lavra apresente até 15 de março informações da atividade desenvolvida no ano anterior. Com a implantação da Política Nacional de Segurança de Barragem o DNPM criou uma aba no sistema para que o empreendedor informe também a dados referentes às barragens sob sua reponsabilidade. A Portaria n 416/2012 (DNPM, 2012), em seus a Art. 3º e 4, definiu que o empreendedor que possui Barragens de Mineração, em construção, em operação ou desativadas, é obrigado a cadastrar no sistema do Relatório Anual de Lavra RAL, disponível no sítio do DNPM na internet, todas as barragens sob sua responsabilidade e que o cadastro deverá ser realizado anualmente, no prazo fixado para entrega do RAL. Caso apresente justificativa, o DNPM poderá solicitar que o empreendedor retifique a informação prestada no cadastro. De posse desses dados o DNPM, utilizando a Tabela 2.8, classifica as Barragens de Mineração, quanto à categoria de risco e dano potencial associado, em cinco níveis, Classes A, B, C, D e E. O DNPM pode rever a classificação das barragens a cada cinco anos, ou em menor período a seu critério. Tabela 2.8 Matriz utilizada para classificar barragens - Categoria de Risco x Dano Potencial Associado Dano Potencial Associado Categoria de Risco Alto Médio Baixo Alto A B C Médio B C D Baixo C D E Fonte: Adaptado DNPM/

40 O empreendedor deverá realizar também, quinzenalmente, ou em menor período, a seu critério, Inspeções de Segurança Regular de rotina na barragem sob sua responsabilidade. Anualmente, o empreendedor deverá realizar Inspeção Anual de Segurança Regular de Barragem, e em seguida, deverá elaborar o Relatório de Inspeção Regular da Barragem e emitir a Declaração de Estabilidade da Barragem a qual deve ser protocolada no DNPM anualmente até 20 de setembro de cada ano. Quando, durante as vistorias de rotina, forem constatadas anomalias importantes na Barragem de Mineração, pontuação maior ou igual a 6 (seis) pontos em relação ao estado de Conservação, o empreendedor deverá realizar Inspeções de Segurança Especiais, com periodicidade semanal, até que a anomalia detectada seja extinta ou controlada. A Inspeção Final de Segurança Especial de Barragem que ateste a extinção ou o controle da anomalia deverá conter relatório conclusivo assinado pelo responsável técnico, atestando a liberação da barragem para sua operação. O DNPM deverá ser informado da extinção ou do controle da anomalia. De acordo o art. 7 da Portaria n 416/2012 (DNPM, 2012), o Plano de Segurança da Barragem é instrumento da Política Nacional de Segurança de Barragens, de implementação obrigatória pelo empreendedor, cujo objetivo é auxiliá-lo na gestão da segurança da barragem. Esse plano é composto ordinariamente por 4 (quatro) volumes, respectivamente: Volume I- Informações Gerais; Volume II - Planos e Procedimentos; Volume III - Registros e Controles; Volume IV - Revisão Periódica de Segurança de Barragem. Somente quando o empreendimento apresentar Dano Potencial Associado Alto ou em qualquer caso, a critério do DNPM, o Plano de Segurança da Barragem deverá, ainda, ser composto pelo volume V, referente ao Plano de Ação de Emergência. Todas as barragens de mineração, construídas a partir da data de publicação desta Portaria, deverá conter projeto como construído as built. 39

41 PORTARIA DNPM N 526, 09 DE DEZEMBRO DE 2013 (DNPM, 2013) A Portaria DNPM n 526/2013 (DNPM, 2013) foi elaborada pelo DNPM e trata das obrigações, procedimentos normalizadores para elaboração dos Planos de Ações Emergenciais. Dentre as obrigações imputadas aos empreendedores tem-se a de, em consonância com o artigo 7º, entregar cópias físicas do PAEBM para as Prefeituras e Defesas Civis municipais e estaduais afetadas, além de cópia digital para o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres - CENAD. O Plano de Ação Emergência de Barragem de Mineração - PAEBM deve ser um documento técnico, mas de fácil entendimento elaborado pelo empreendedor. Devem ser identificadas as situações de emergência que possam por em risco a integridade da barragem, as ações imediatas necessárias e os agentes a serem notificados de tais ocorrências, com o objetivo de evitar ou minimizar danos com perdas de vida, às propriedades e às comunidades a jusante. Outra obrigação expressa no referido normativo legal é que o PAEBM deve estar disponível, como deve dar a sua atualização e revisão, assim como as qualificações dos profissionais que elaborarão e o executarão. Para as Barragens de Mineração em operação anterior à publicação desta portaria, classificadas pelo DNPM com dano potencial associado alto de acordo com Anexo I da Resolução CNRH nº 143, de 2012, já devem possuir o PAEBM desde 11/06/ PORTARIA DNPM N , 17 DE MAIO DE 2017 (DNPM, 2017) Durante a fase final de elaboração desse estudo foi publicada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral a Portaria n (DNPM/2017), que tem o objetivo de aprimorar e aperfeiçoar a legislação relacionada à segurança das barragens de mineração. Com a publicação da citada portaria, foram revogadas as Portarias nº 416/2012 e nº 526/2013, que tratam sobre o mesmo tema. 40

42 Dentre os temas alterados nessa nova Portaria, destaca-se: Foi criado um Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração SIGBM, onde o empreendedor cadastra as barragens de mineração. Este sistema está integrado com o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração. Antes o cadastro era realizado através do sistema RALWEB. Em relação à matriz utilizada para realizar a classificação das barragens, essa sofreu alteração, passando de uma matriz simétrica, onde categoria de risco e dano potencial associado possuía mesmo peso, para uma matriz onde a categoria de risco possui peso maior que 0 dano potencial associado, como pode ser observado na tabela 2.9. Tabela 2.9 Matriz utilizada para classificar barragens - Categoria de Risco x Dano Potencial Associado Portaria n /2017 (DNPM, 2017) Dano Potencial Associado Categoria de Risco Alto Médio Baixo Alto A B C Médio B C D Baixo B C E Fonte: Adaptado DNPM/2017. De acordo com Neves (2017), esta alteração deixou a classificação mais restritiva nas classes em que as barragens se enquadram. Criou a obrigatoriedade de o empreendedor elaborar mapa de inundação com a finalidade de auxilia-lo na classificação referente ao Dano Potencial Associado (DPA), em até 12 meses após a data de início da vigência desta Portaria. Criou também a obrigatoriedade de implementação de sistema de monitoramento nas barragens de mineração, em até 24 meses após a publicação dessa portaria. Para as barragens com DPA alto, com população a jusante e construída ou alteada pelo método a montante, o empreendedor é obrigado a manter monitoramento com acompanhamento em tempo integral. As 41

43 informações advindas do sistema de monitoramento, devem estar disponíveis para as equipes ou sistemas das Defesas Civis estaduais e federais e do DNPM, sendo que para as barragens de mineração com DPA alto, estas devem manter vídeo-monitoramento 24 horas por dia, devendo armazenar essas informações pelo prazo mínimo de noventa dias. A Portaria n 416/2012 (DNPM/2012) já trazia a obrigatoriedade de apresentação do Volume V que trata do PAEBM do Plano de Segurança de Barragens para barragens de mineração com DPA alto. De acordo com a nova portaria torna obrigatório também a elaboração do PAEBM para barragens com DPA médio com existência de população a jusante ou com impacto ambiental atingindo pontuação 10 em seu quadro de classificação. Além disso, torna obrigatório o PSB de toda barragem de mineração construída antes da promulgação da Lei n.º (BRASIL/2010), que não tenha o projeto as built, ter o projeto como está as is, no prazo máximo de dois anos, a partir da publicação dessa portaria. A Revisão Periódica de Segurança de Barragens deve ser realizada sempre que ocorrer mudança na classe de rejeitos depositados ou quando ocorrerem alteamentos ou nos períodos de 3, 5 ou 7 anos, sendo que a primeira Revisão deve ser feita em 6, 12 ou 18 meses após a entrada em vigor da Portaria nº /2017 (DNPM/2017), a depender do DPA das barragens existentes. Para o caso de barragens de mineração alteadas continuamente, independente do DPA, a Revisão Periódica de Segurança de Barragem- RPSB será executada a cada dois anos ou a cada 10 metros alteados, prevalecendo o que ocorrer antes, com prazo máximo de seis meses para a conclusão da citada Revisão. De acordo com a Portaria n 416/2012 (DNPM/2012) o prazo era de 5, 7 e 10 anos, observa-se uma diminuição dos prazos. No caso de retomada de Barragens de Mineração por processo de reaproveitamento de rejeitos, o empreendedor deverá executar previamente a RPSB, sob pena de interdição imediata da estrutura. 42

44 As Inspeções de Segurança Regulares, que tinham obrigatoriedade de ser elaborada anualmente, passa a ser semestral, sendo que uma delas deve ser elaborada, obrigatoriamente, por empresa externa contratada para este fim; Os Extratos de Inspeção Regulares que eram enviados ao DNPM pelo RAL no ano subsequente, agora são enviados quinzenalmente via SIGBM, permitindo mais gerencia pelo órgão, sendo que o não envio de quatro extratos subsequentes ao DNPM ensejará a interdição da barragem de mineração; Torna obrigatório a elaboração, por parte dos empreendedores, de treinamentos internos, no máximo a cada seis meses, com seus colaboradores. Além disso, deve apoiar e participar de simulados de situações de emergência realizados, em conjunto com prefeituras, organismos de defesa civil, equipe de segurança da barragem, demais empregados do empreendimento e a população compreendida na Zona de Auto Salvamento (ZAS), devendo manter registros destas atividades no Volume V do PSB; Obrigatoriedade do empreendedor de alertar a Zona de Auto Salvamento (ZAS) com sirenes e outros equipamentos de alerta, e a Zona Salvamento Secundária (ZSS) caso inquerido pelas Defesas Civis federais ou estaduais, sempre que ocorrerem situações de emergência em nível 3; O empreendedor, ao ter conhecimento de uma situação de emergência, deve avaliá-la e classificá-la, por intermédio do coordenador do PAEBM e da equipe de segurança de barragens, de acordo com os seguintes Níveis de Emergência: I. Nível 1 Quando detectada anomalia que resulte na pontuação máxima de 10 (dez) pontos em relação ao Estado de Conservação e para qualquer outra situação com potencial comprometimento de segurança da estrutura; II. Nível 2 Quando o resultado das ações adotadas na anomalia referida no inciso I for classificado como não controlado ; ou III. Nível 3 A ruptura é iminente ou está ocorrendo. 43

45 O não cumprimento das obrigações previstas nesta Portaria e a apresentação de informações inverídicas ao DNPM sujeitará o infrator às penalidades estabelecidas no art. 100, II, c/c art. 54 do Decreto nº /1968 (BRASIL, 1968), e art.9º, caput e incisos IV, VI e VII, e 1º e 2º da Lei nº 7.805/1989 (BRASIL, 1989). Em relação às faixas de pontuação referente à Categoria de Risco houve um pequeno aumento na pontuação referente às três faixas de classificação alto, médio e baixo, como pode ser comparado na tabela 2.10: Tabela 2.10 Faixas de pontuação do CRI utilizadas para classificar as barragens em alto, médio e baixo Risco, após a publicação da Portaria /2017 (DNPM, 2017). Categoria de Risco CRI Alto 65 ou EC = 10 Médio 37 a 65 Baixo 37 Fonte: Adaptado Resolução /2017 (DNPM/2017) Houve também a inclusão dos fatores Método Construtivo e Auscultação para realizar a classificação das barragens de mineração em relação as suas características técnicas, conforme Tabelas 2.11 e Tabela 2.11 Classificação de barragens quanto as Características Técnicas Fator Método Construtivo, Portaria n /2017 (DNPM/2017). Método Construtivo Pontuação Etapa única 0 Alteamento Jusante 2 Linha de Centro 5 Alteamento a montante ou desconhecido 10 Fonte: Adaptado da Portaria /2017 (DNPM, 2017). 44

46 Tabela 2.12 Classificação de barragens quanto as Características Técnicas Fator Auscultação, incluído após a publicação da Portaria /2017 (DNPM/2017). Fator Auscultação Pontuação Existe instrumentação de acordo com o projeto técnico 0 Existe instrumentação em desacordo com o projeto, porém em processo de instalação de instrumentos para adequação ao projeto Existe instrumentação em desacordo com o projeto sem processo de instalação de instrumentos para adequação ao projeto Barragem não instrumentada em desacordo com o projeto 10 Fonte: Adaptado da Portaria /2017 (DNPM, 2017). 2 6 Outro ponto alterado em relação à Categoria de Risco foi em relação ao parâmetro Plano de Segurança, Fator Documentação de Projeto. Algumas barragens não possuem projetos, portanto, houve a inclusão do item como está, que é um projeto que retrata a situação atual da barragem, mesmo que essa não possua projetos anteriores. A Tabela 2.13 traz a nova classificação em relação ao Fator Documentação de Projeto. Tabela 2.13 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Fator Documentação do Projeto, alterado após a publicação da Portaria n /2017. Documentação de Projeto Pontuação Projeto executivo e como construído 0 Projeto executivo ou como construído 2 Projeto básico 5 Projeto conceitual 8 Não há documentação de projeto 10 Fonte: Adaptado da Portaria n /2017. (DNPM/2017) Segundo Neves (2017), após mais de quatro anos da publicação da Portaria nº 416/2012 (DNPM, 2012) e três anos da publicação da Portaria nº 526/2013 (DNPM, 2013) o DNPM verificou a necessidade de aperfeiçoar seus atos. Esta tendência de aprimorar seus normativos no sentido de elevar os índices de segurança das barragens não é 45

47 apenas notada no DNPM ou, em maior escala, no Brasil, mas também em outros países e órgãos que detém estas estruturas como itens estratégicos de sua economia. 2.3 HISTÓRICO DOS ACIDENTES RECENTES RELACIONADOS COM BARRAGENS DE REJEITOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS De acordo com o histórico de acidentes de barragens da ICOLD (2001), as principais causas de rompimento de barragens são problemas de fundação, capacidade inadequada dos vertedouros, instabilidade dos taludes, falta de controle de erosões, deficiência no controle e inspeção pós-operação e falta de procedimentos de segurança ao longo da vida útil da estrutura. Em Minas Gerais, houve nos últimos 15 anos cinco acidentes com barragens de mineração com grande relevância, sendo o primeiro em 2001 na barragem identificada como Cava1, que armazenava rejeito de minério de ferro da empresa Mineração Rio Verde Ltda. localizada no município de Nova Lima/MG. Em 2006 e 2007 houve os acidentes com a barragem de rejeito de bauxita da empresa Mineração Rio Pomba Cataguases Ltda. localizada em Miraí/MG. Já em 2014 ocorreu o acidente na barragem de rejeitos de minério de ferro identificada como B1 de responsabilidade da empresa Herculano, localizada no município de Itabirito/MG. E por último um dos maiores, se não o maior, desastre ambiental da história de Minas Gerais que foi o rompimento da barragem Fundão da empresa Samarco Mineração S/A. localizada no munícipio de Mariana/MG. A seguir é apresentado um breve relato sobre as principais características desses acidentes RIO VERDE MINERAÇÃO S.A. Em 22/06/2001 ocorreu o rompimento da Barragem identificada por Cava 1 pertencente à empresa Rio Verde Mineração S.A, localizada no município de Nova Lima/MG. A mineradora utilizava uma antiga cava para disposição dos rejeitos provenientes do beneficiamento de minério de ferro, que depois de totalmente preenchida, foi alteada pelo método de montante em mais de 20 metros (Cunha, 2014). A Figura 2.1 identifica o local onde ocorreu o rompimento. 46

48 Figura 2.1 Cava utilizada para armazenamento de rejeito de responsabilidade da empresa Rio Verde Mineração Ltda. após o rompimento. A Figura 2.2, é uma imagem de satélite de 27/11/2002 onde identifica o local do acidente, assinalado Cava 1 e o caminho percorrido pela lama. Observa-se também a proximidade do local com a rodovia BR 040. Figura 2.2 Localização da Cava 1 e do domínio da ruptura Fonte: Google Earth. O acidente provocou o vazamento de 600 mil m³ de rejeito que causou a morte de cinco operários que trabalhavam na barragem. A lama percorreu um trecho de 47

49 aproximadamente 6 km a jusante da barragem, atingindo a estrada municipal que liga a BR 040 ao distrito de São Sebastião de Águas Claras, causando a interrupção do tráfego. Impactos ambientais de grande magnitude também foram causados, pois o vazamento atingiu uma área de aproximadamente 43 hectares de Mata Atlântica preservado no vale do córrego Taquaras (FEAM, 2008). Passados aproximadamente 1 ano e 5 meses do acidente ainda era possível identificar na imagem de satélite, Figura 2.2, o caminho percorrido pela lama no vale. Para análise das possíveis causas do acidente a SEMAD instituiu um grupo de Trabalho formado por representantes da FEAM, IGAM, DNPM, COPASA, CEMIG, CREA, Ministério Público Estadual, Prefeitura Municipal de Nova Lima, Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Organizações não governamentais atuantes no município e consultores. De acordo com esse grupo, que foi coordenado pela FEAM, as possíveis causas do acidente foi: dique alteado a uma cota acima do previsto em projeto; inclinação muito acentuada dos taludes do dique; problemas na implantação do projeto como falta de investigação geotécnica, elaboração de projetos, construção controlada e monitoramento; lançamento inadequado de rejeitos, o qual formou um lago junto ao corpo da estrutura e gerou condições de instabilidade que levaram ao rompimento da seção de maior altura (FEAM, 2008). De acordo com a FEAM (2008), o rompimento da barragem levou à proposição de uma legislação específica em relação à gestão da segurança das barragens, que resultou na publicação das Deliberações Normativas do COPAM: DN n 62/2002 (COPAM, 2002), DN n 87/2005 (COPAM, 2005) e pela DN n 113/2007 (COPAM, 2007) MINERAÇÃO RIO POMBA CATAGUASES LTDA Em um intervalo menor que um ano a empresa Mineração Rio Pomba Cataguases Ltda. teve dois acidentes na barragem São Francisco. Essa barragem era localizada no município de Miraí/MG, sendo utilizada para disposição dos rejeitos provenientes do 48

50 beneficiamento do minério de bauxita da Empresa Rio Pomba Cataguases Ltda. A Figura 2.3 é uma imagem de satélite do local onde a barragem foi construída. Figura 2.3 Localização da Barragem São Francisco A barragem São Francisco era uma barragem convencional de terra, em operação há aproximadamente 12 anos, apresentando uma altura de 31,5m e comprimento de 100,0m. A capacidade de armazenamento de seu reservatório era de aproximadamente 3,5 milhões de m³ de rejeito de bauxita. A Figura 2.4 ilustra a barragem antes da ocorrência dos acidentes ocorridos nos anos de 2006 e Figura 2.4 Foto da barragem no ano de 2002, antes dos acidentes. Fonte: Arquivo DNPM. O primeiro acidente na Barragem São Francisco ocorreu em 1 de março de 2006, quando cerca de 400 milhões de litros de lama misturada com óxido de ferro e sulfato 49

51 de alumínio vazaram no córrego Bom Jardim (Figura 2.5) e atingiram o Rio Fubá, que deságua no Rio Muriaé, um dos afluentes do Paraíba do Sul (Balbi, 2007). Figura 2.5 Saída do vertedor com lançamento de lama no Córrego Bom Jardim. Fonte: Parecer Técnico DIMIM 057/2006 A mancha de lama causou a morte de muitos peixes e inutilizou áreas agricultáveis e de pastagens (Figuras 2.6 e 2.7). Figura 2.6 Impactos causados pela ruptura da Barragem São Francisco Fonte: Arquivo DNPM. Figura 2.7 Impactos causados pela ruptura da Barragem São Francisco Fonte: Arquivo DNPM. De acordo com a Fundação Estadual de Meio Ambiente FEAM (2008), o acidente foi provocado pelo deslocamento das placas reguladoras do vertedouro tipo tulipa, gerando uma fenda de 5 cm de largura e 96 cm de comprimento. Logo após o acidente, a empresa responsável pela barragem iniciou as obras de recuperação da barragem, como pode ser observado na Figura

52 Figura Obras de recuperação da barragem. Fonte: Arquivo DNPM. Em dezembro de 2006 a empresa retornou as operações na barragem São Francisco, após ter cumprido grande parte das ações contidas no TAC Termo de Ajustamento de Conduta elaborado pelo Ministério Público Estadual MPF e pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM, 2008). O segundo acidente com a barragem São Francisco da empresa Rio Pomba Cataguases Ltda. ocorreu dias após a retomada destas operações, na madrugada do dia 10 de janeiro de 2007 (Figuras 2.9 e 2.10). Figura 2.9 Vista do maciço da barragem de rejeito São Francisco após a ruptura. Fonte: Arquivo DNPM Figura 2.10 Vista aérea da barragem São Francisco, após ruptura. Fonte: Arquivo DNPM A barragem São Francisco encontrava-se no seu limite e, com as fortes chuvas que caíram em janeiro de 2007 na região, cerca de 2 milhões de m³ de lama, contendo água 51

53 e argila, vazaram (Sá, 2007), invadindo as cidades de Miraí e Muriaé, chegando aos rios Fubá e Muriaé, atingindo, assim, outras cidades mineiras e fluminenses (G1, 2007). Esse acidente, apesar de não ter tido vítimas fatais, gerou grande impacto, inundando cerca de 400 estabelecimentos residenciais e comerciais, deixando cerca de pessoas desalojadas e desabrigadas, (Figuras 2.11 e 2.12). Figura 2.11 Posto de combustível, localizada na cidade de Miraí, alagado. Fonte: Arquivo DNPM Figura 2.12 Voluntários realizando limpeza das ruas de Miraí. Fonte: Arquivo DNPM O vazamento causou também a inundação de várias propriedades rurais localizadas as margens do Córrego Bom Jardim danificando áreas agrícolas e causando solapamento das margens do córrego Bom Jardim, Figuras 2.12 e Devido à alta turbidez das águas dos córregos Bom Jardim e Fubá e dos demais sistemas hídricos localizados a jusante, o abastecimento de água foi comprometido (FEAM, 2008). Figura 2.12 Áreas alagadas a jusante da Barragem. Fonte: Arquivo DNPM. Figura 2.13 Plantações alagadas a jusante da barragem. Fonte: Arquivo DNPM. 52

54 Para avaliar as causas que levaram a ruptura da barragem, a FEAM contratou especialista em segurança de barragem, que em seu laudo apontou que o nível de água do reservatório não atingiu sua cota máxima e a ruptura ocorreu por erosão do solo, tanto do maciço quanto da ombreira. O vertedouro de emergência localizado na ombreira direita não suportou a passagem do elevado fluxo de água. Após o acidente de 2006, a empresa construiu um novo vertedouro, no entanto, por este está numa cota superior, não chegou a ser acionado. Atualmente está barragem encontra-se desativada, em processo de recuperação da área degradada. A empresa construiu nova barragem em outro local para dispor o rejeito gerado nas suas instalações de beneficiamento HERCULANO MINERAÇÃO LTDA Em setembro de 2014, o rompimento da Barragem B1, de responsabilidade da empresa Herculano Mineração Ltda. causou a morte de três operários, que foram soterrados. A barragem B1 armazenava rejeitos do beneficiamento do Minério de Ferro, estando localizada no município de Itabirito, na região central de Minas Gerais, (Figura 2.14). Figura 2.14 Imagem de satélite mostrando a localização da barragem B1 em relação a cidade de Itabirito/MG. Fonte: Google Earth A Figura 2.15 mostra uma imagem de satélite de junho de 2014, ou seja, antes da ruptura da barragem e a Figura 2.16 mostra uma imagem de novembro de 2014, após a ruptura da barragem. Observa-se na Figura 2.15 a existência de diques que podem ter contribuído para o rompimento da barragem. 53

55 Figura 2.15 Imagem satélite da Barragem B1 antes da ruptura. Fonte: Google Earth Figura 2.16 Imagem satélite indicando o local onde ocorreu a ruptura na Barragem B1(Fonte: Google Earth) As Figuras 2.17 e 2.18 apresentam aspectos da ruptura e dos trabalhos de buscas de vítimas potenciais do acidente. Figura 2.17 Equipamentos da empresa soterrados. Figura 2.18 Bombeiros realizando buscas. O rompimento da barragem B1 atingiu um riacho e deixou 300 residências sem fornecimento de água e de energia elétrica. Além disso, causou graves impactos ambientais em córregos da bacia hidrográfica do Rio das Velhas, que abastece a região metropolitana de Belo Horizonte (Andrade, 2014). De acordo com o Laudo elaborado pela Polícia Civil, a deficiência de drenagem em sua estrutura causou elevação do nível freático em seu interior, causando a saturação, logo provocando a ruptura da Barragem B1. 54

56 2.3.4 SAMARCO MINERAÇÃO S/A. As atividades da Samarco S/A. foram iniciadas no ano de 1977, nos municípios de Ouro Preto e Mariana/MG, ocasião em que a empresa realizava os trabalhos de lavra no local atualmente denominado Cava do Germano e utilizava para disposição dos rejeitos a Barragem do Germano. A partir do mês de dezembro do ano de 2008, a empresa passou a utilizar a barragem do Fundão para dispor os rejeitos gerados nas usinas de beneficiamento, que apresentavam características granulométricas bastante distintas. A Figura 2.19 identifica as barragens de rejeito utilizadas no empreendimento. Figura 2.19 Barragens de responsabilidade da empresa Samarco Mineração S/A. Fonte: Google Earth. Além das barragens do Germano e do Fundão, o complexo tem também a cava exaurida do Germano, que foi utilizada para dispor o rejeito arenoso e a barragem de Santarém, localizada a jusante das barragens do Germano e do Fundão que era utilizada para contenção de sedimentos e como reservatório de água. No dia 05 de novembro de 2015 acorreu o rompimento da barragem do Fundão, como a barragem de Santarém está localizada a jusante, o material proveniente da barragem do Fundão juntou-se ao volume armazenado em Santarém e houve o galgamento da estrutura, no entanto a barragem de Santarém não chegou a romper por completo. 55

57 A barragem do Fundão apresentava como características técnicas uma altura de aproximadamente 100m, comprimento de 761m e um volume armazenado da ordem 41 milhões de m³, sendo utilizado o método de alteamento a montante, utilizando o próprio rejeito arenoso no alteamento, dados RAL DNPM. O rompimento da barragem liberou um volume estimado de 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, água e materiais utilizados em sua construção, que correspondem a quase 70% do volume total acumulado em Fundão (SENADO, 2016). O rompimento da Barragem Fundão causou a morte de 19 pessoas entre funcionários da empresa e moradores que ocupavam área a jusante da barragem na localidade de Bento Rodrigues, distrito de Mariana/MG. Por estar localizado a aproximadamente 5 km a jusante, o rompimento da barragem deixou o distrito de Bento Rodrigues praticamente destruído, como pode ser observado na Figura Figura 2.20 Distrito de Bento Rodrigues após a ruptura da Barragem do Fundão. Ao todo, 41 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo foram afetados, desde Mariana/MG até a foz do Rio Doce, em Linhares/ES, em uma extensão de 663,2 km de cursos d água (SENADO, 2016). O acidente com a barragem do Fundão constitui o maior desastre ambiental já registrado no Brasil relacionado à atividade de mineração. As suas causas estão ainda sob investigação. As fotos mostradas nas Figuras 2.21 e 2.22 retratam a magnitude do desastre causado pelo rompimento da barragem de Fundão. 56

58 Figura 2.21 Grande turbidez no Rio Doce na cidade de Governador Valadares. Figura 2.22 Lama da barragem do Fundão chegando ao mar. Desde o rompimento da barragem, a empresa Samarco S/A vem realizando obras emergenciais a fim de reduzir os impactos sociais, econômicos e ambientais causados. As Figuras 2.23 e 2.24 ilustram as obras realizadas com o intuito de aumentar o fator de segurança do dique da barragem do Germano que sofreu avarias com o rompimento da barragem do Fundão. Figura 2.23 Obras sendo realizadas após o rompimento da Barragem Fundão. Fonte Arquivo DNPM Figura 2.24 Obras sendo realizadas após o rompimento da Barragem Fundão. Fonte: Arquivo DNPM De acordo com o engenheiro Morgenstern (G1, 2016), um dos especialistas que participaram do painel de investigação sobre o rompimento da barragem de Fundão, o rompimento foi o resultado de uma consequência de eventos e condições e detalhou os motivos para que colapso tenha ocorrido na ombreira esquerda: o fluxo ocorreu na ombreira esquerda por causa do recuo na ombreira esquerda ter sido construído sobre uma mistura de areia e lama e não apenas areia. 57

59 Nos últimos anos tivemos acidentes envolvendo barragens de mineração de grande relevância, principalmente o ocorrido em 2015 com a barragem do Fundão, da empresa Samarco Mineração S.A. 58

60 CAPÍTULO 3 3. SISTEMA NACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS 3.1 CATEGORIAS DE RISCO A Resolução CNRH nº 143/2012 (BRASIL, 2012) trata dos critérios gerais de classificação de barragens, para acumulação de água, resíduos e rejeitos, por categoria de risco, dano potencial associado e volume de armazenamento e é aplicável a todas as barragens que se enquadram ao artigo 1º da Lei n /2010 (BRASIL, 2010). O Anexo II da Resolução CNRH nº 143/2012 (BRASIL, 2012) apresenta os critérios, os parâmetros e as respectivas pontuações a serem atribuídas na classificação das barragens de mineração. As pontuações obtidas são somadas por critério, com o objetivo de classificar a barragem quanto a categorias de risco e dano potencial associado, em alto, médio ou baixo. Realizada essa classificação, de acordo com a Lei n /2010 (BRASIL, 2010) utilizando uma matriz Categoria de Risco x Dano Potencial Associado, é realizada a classificação final da barragem nas Classes A, B, C, D e E, sendo a Classe A que representa maiores riscos e a Classe E os menores riscos. De acordo com a ANA, a categoria de risco de uma barragem está relacionada as características da própria barragem que podem influenciar na probabilidade de um acidente: aspectos de projeto, integridade da estrutura, estado de conservação, operação e manutenção, atendimento ao Plano de Segurança, entre outros aspectos. De acordo com as premissas da Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012), as barragens de contenção de rejeitos de mineração são classificadas, em função das categorias de risco, considerando os seguintes aspectos: Características Técnicas Estado de Conservação Plano de segurança. 59

61 3.2 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS O índice de ponderação associado às características técnicas das barragens tem como objetivo identificar aquelas características que podem influenciar na sua segurança. Os fatores considerados na Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012), para as barragens de mineração, são: Altura Comprimento Vazão de Projeto O somatório dos fatores relacionados a altura, comprimento e vazão de projeto, equivalem a pontuação relacionado as características técnicas da barragem, que é um dos parâmetros utilizados para classificar a barragem em relação a Categoria de Risco. FATOR ALTURA A altura da barragem é definida como a diferença entre a crista da barragem e o ponto mais baixo da fundação da barragem, segundo critério do Registro Mundial de Barragens, da ICOLD. De acordo com a Tabela 3.1, quanto maior for a altura, maior será a pontuação recebida pela barragem, ou seja, a princípio, quanto maior a estrutura, maior o potencial de risco. Tabela 3.1 Classificação de barragens quanto às características técnicas Fator Altura Altura (H) Pontuação 15 m 0 15 < H < 30 m 1 30 < H < 60 m 4 60 m 7 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). De acordo com a Tabela 3.1, a pontuação recebida para o fator altura da barragem varia de 0 (zero) para barragens consideradas baixas com altura menores que 15 m;1 (um) ponto para barragens médias com altura entre 15 e 30m, 4 (quatro) pontos para 60

62 barragens altas com altura variando de 30 a 60 m; 7 (sete) pontos para barragens consideradas muito altas, acima de 60m de altura. FATOR COMPRIMENTO Este fator não é comum nos estudos estatísticos de ruptura de barragens. Entretanto, dentro da mesma lógica anterior, a princípio as barragens mais longas estariam sujeitas a um potencial de risco maior pela sua grande extensão permitir uma maior variabilidade nos materiais de fundação e de construção. Para determinar o comprimento da barragem é utilizada a extensão compreendida entre a ombreira esquerda e direita sobre a crista da barragem. De acordo com a Tabela 3.2, a pontuação recebida para o fator comprimento da barragem varia de 0 (zero) para barragens menores que 50 m;1 (um) para barragens com comprimento entre 50 e 200m; 2 (dois) pontos para barragens com comprimento variando de 200 a 600 m e 3 (três) pontos para barragens acima de 600m. Tabela 3.2 Classificação de barragens quanto às características técnicas Fator Comprimento Comprimento (C) Pontuação 50 m 0 50 < C < 200 m < C < 600 m m 3 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). Por meio das Tabelas 3.1 e 3.2, observa-se que o fator altura representa um maior peso que o fator comprimento na classificação das barragens referente a categoria técnica da barragem, o que significa que quanto maior a barragem do ponto de vista da altura, maiores são os riscos de ruptura que essa estrutura vai apresentar. 61

63 FATOR VAZÃO DE PROJETO Na definição da vazão de projeto, recomenda-se considerar a vazão de projeto dos extravasores, incluindo a capacidade do vertedouro principal, descarregadores de fundo e vertedouros auxiliares, quando existentes. A capacidade de amortecimento da cheia de projeto poderá ser considerada (CBDB, 1999). O Fator Vazão de Projeto está relacionado aos riscos hidrológicos, pois esses são de grande relevância, principalmente para as barragens de terra que normalmente não suportam galgamento, sendo uma das principais causas de ruptura (CBDB, 1999). A determinação da CMP Cheia Máxima Provável normalmente é feita em função da PMP (Precipitação Máxima Provável). Na dificuldade de determinação deste parâmetro, conforme procedimentos indicados pela WMO World Meteorological Organization é usual sua determinação pela maximização de precipitações máximas observadas. Na definição da vazão de projeto, recomenda-se considerar a vazão de projeto dos extravasores, incluindo a capacidade do vertedouro principal, descarregadores de fundo e vertedouros auxiliares, quando existentes. A capacidade de amortecimento da cheia de projeto poderá ser considerada. De acordo com a Tabela 3.3, a pontuação recebida para o fator vazão de projeto varia de 0 (zero) para barragens que possuem os cálculos da Cheia Máxima de Projeto ou decamilenar; 2 (dois) pontos para estudos de cheia milenar, 5 (cinco) pontos para intervalo de recorrência de 500 anos; 10 (dez) para intervalo de recorrência inferior a 500 anos ou quando é desconhecido o estudo de vazão de projeto. Tabela 3.3 Classificação de barragens quanto às características técnicas Fator Vazão de Projeto Vazão de Projeto Pontuação CMP ou Decamilenar 0 Milenar 2 TR = 500 anos 5 TR Inferior a 500 anos ou Desconhecida 10 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). 62

64 3.3 ESTADO DE CONSERVAÇÃO Esse critério considera o estado de conservação das estruturas, para os principais modos de falha de uma barragem que são galgamento, instabilização, liquefação e erosão interna. Para isso, são utilizadas informações provenientes das inspeções realizadas na barragem. Ressalta-se que esse parâmetro representa a situação da barragem em um dado momento, podendo a classificação variar ao longo de curtos intervalos de tempo. FATOR CONFIABILIDADE DAS ESTRUTURAS ESTRAVASORAS Esse fator visa avaliar o risco de uma barragem apresentar galgamento na sua estrutura devido a problemas no sistema extravasor. É importante que as estruturas extravasoras estejam em boas condições de uso, pois não adianta ter um sistema extravasor bem dimensionado se ele não funcionar quando solicitado (os condicionantes hidrológicos podem ser críticos em projetos de estruturas de barramento, particularmente no caso de bacias hidrográficas muito extensas e íngremes). As principais falhas verificadas no sistema extravasor são obstruções provocadas por materiais transportados em períodos de cheia e erosões nas estruturas ou a jusante que impeçam sua operação. Ressalta-se que a classificação das barragens segundo a CNRH nº 143/2012 (BRASIL, 2012), não indica nenhum critério a ser utilizado no dimensionamento do sistema de extravasor. De acordo com a Tabela 3.4 a pontuação recebida para o fator relacionado com o sistema extravasor varia de 0 (zero) para barragens que apresentem extravasor em boas condições ou quando não são necessárias estruturas extravasoras; 3 (três) pontos quando são identificados problema no extravasor, mas estão sendo tomadas medidas corretivas para solucionar o problema, 6 (seis) pontos quando os problemas foram identificados e não estão sendo tomada nenhuma medida de correção; 10 (dez) pontos para quando a estrutura extravasora apresentar redução da capacidade vertente e não possuir medidas corretivas em implantação. 63

65 Tabela 3.4 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Fator Confiabilidade das Estruturas Extravasoras Confiabilidade das Estruturas Extravasoras Pontuação Estruturas civis bem mantidas. 0 Estruturas com problemas e medidas corretivas em implantação 3 Estruturas com problemas e sem implantação das medidas corretivas. 6 Estruturas com problemas, e sem medidas corretivas. 10 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012) FATOR PERCOLAÇÃO Este fator visa avaliar a possibilidade de ruptura por erosão interna pelo maciço ou fundação (piping). A erosão interna ocorre quando as partículas de um solo sofrem carreamentos excessivos devidos ao fluxo existente no maciço, em virtude da inexistência ou do funcionamento inadequado do sistema de drenagem interna implantada (Filho, 2013). Embora os projetos contem cada vez mais com processos automatizados e com novas tecnologias de análise disponíveis, observa-se que as falhas dos dispositivos de drenagem interna dos maciços projetados são causas frequentes de incidentes e acidentes nessas estruturas, sendo os processos de erosão interna a causa de cerca da metade das rupturas de barragens de que se tem registro (Foster, 2000). O processo de erosão interna pode ocorrer devido às cargas aplicadas na barragem e/ou na fundação. Esse carregamento pode ser de origem (USBR, 2012): estática: causado durante a operação normal da barragem; hidrológica: relacionado ao nível do reservatório acima de sua operação normal em níveis emergenciais; sísmica (carregamento dinâmico): terremotos, vibrações e sismos induzidos provocam deformações e/ou fissuras que dão início ao processo de erosão interna. A matriz sobre percolação apresenta, de forma explícita, apenas evidências visuais como umidade e surgências com ou sem carreamento para avaliação de falhas por 64

66 percolação. Entretanto, não faz referência à instrumentação de barragens como forma de diagnóstico e acompanhamento de alterações nas poropressões e/ou nas vazões percoladas, que poderiam ser relevantes em caso de mau funcionamento do sistema de drenagem. A Tabela 3.5 relaciona características da Percolação com a pontuação recebida para cada situação identificada na barragem em relação à percolação. Varia de 0 (zero) para barragens que apresentem percolação totalmente controlada pelo sistema de drenagem interna da barragem; 3 (três) pontos quando são identificada presença de umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramentos, taludes e ombreiras estáveis e monitorados; 6 (seis) pontos presença de umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramentos, taludes ou ombreiras e não estão sendo tomadas medidas corretivas; 10 (dez) pontos presença de surgência nas áreas de jusante com carreamento de material ou com vazão crescente ou infiltração do material contido, com potencial de comprometimento da segurança da estrutura. Tabela 3.5 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Fator Percolação Percolação Pontuação Percolação totalmente controlada. 0 Umidade ou surgência. 3 Umidade ou surgência sem implantação das medidas corretivas 6 Surgência nas áreas de jusante com potencial de comprometimento da segurança da estrutura. Fonte: Adaptado da Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). 10 FATOR DEFORMAÇÃO E RECALQUES Este fator busca avaliar a existência de problemas estruturais associados a deformações e avaliar o risco de ruptura por instabilização. Está incluída neste fator a avaliação de trincas e deformações causadas por deslizamentos, por recalques do maciço ou fundação, por deslocamentos diferenciais, dentre outros. 65

67 A Tabela 3.6 relaciona deformações e recalques que as barragens podem apresentar com uma pontuação recebida para cada situação identificada na barragem. Varia de 0 (zero) para barragens que não apresentem deformações e recalques com potencial de comprometimento da segurança da estrutura; 2 (dois) pontos quando existirem trincas e abatimentos com medidas corretivas em implantação; 6 (seis) pontos quando existirem trincas e abatimentos na estrutura da barragem e não estiver sendo tomadas medidas corretivas para solucionar o problema; 10 (dez) pontos quando existirem trincas, abatimentos ou escorregamentos, e esses apresentarem um potencial de comprometer a segurança da estrutura. Tabela 3.6 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Fator Deformação / Recalques Deformações / Recalques Pontuação Não existem deformações e recalques com potencial de comprometimento da segurança da estrutura. Existência de trincas e abatimentos com medidas corretivas. 2 Existência de trincas e abatimentos sem implantação das medidas corretivas. Existência de trincas, abatimentos ou escorregamentos, com potencial de comprometimento da segurança da estrutura. Fonte: Adaptado da Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012) FATOR DETERIORAÇÃO DE TALUDES Este fator busca avaliar a probabilidade de ruptura por erosão superficial (externa) de um talude. As erosões externas dependem do tipo do solo, da profundidade e velocidade do fluxo, da geometria e proteção do terreno, e da presença ou não de vegetação. Geralmente ocorrem nas seguintes fases (USBR, 2012): Erosão superficial, com remoção da vegetação ou da proteção implantada no terreno; Erosão em fluxo concentrado (formação de ravinas); Progressão da erosão (avanço das ravinas); Formação de uma brecha no talude. 66

68 As erosões na face dos taludes de jusante causadas por fortes chuvas podem comprometer seriamente uma barragem de rejeitos. A formação de ravinas nos taludes e a variação do nível de água para jusante devido à elevação no nível do reservatório pela contribuição pluvial podem fazer com que a superfície freática aflore no fundo da ravina gerada. Então, o material do talude começa a ser levado pela água até que a inclinação do talude seja tal que permita o desenvolvimento de pequenas rupturas no local, que aumentam gradativamente à medida que o talude retroceda e o fluxo se eleve no maciço da barragem. Caso não sejam controlados, essas instabilizações aumentando até colocar em risco toda a barragem (ICOLD, 2001). Portanto, o controle do regime hidrológico é fundamental para evitar a maioria das falhas ocorridas em barragens de rejeitos, bem como para controlar as erosões internas e externas. A presença de vegetação arbustiva sobre o maciço e junto ao pé da barragem, pode criar caminhos preferenciais de percolação ou causar a obstrução de sistema de drenagem causando também a deterioração do talude. A Tabela 3.7 relaciona características dos taludes com uma pontuação recebida de acordo com a situação identificada. Essa pontuação varia de 0 (zero) para barragens que não apresentam deterioração de taludes e paramentos; 2 (dois) pontos quando existem falhas na proteção dos taludes e paramentos, como presença de vegetação arbustiva; 6 (seis) pontos quando existem erosões superficiais, presença de vegetação arbórea e não estão sendo tomadas medidas corretivas para controlar a situação; 10 (dez) pontos quando existirem depressões acentuadas nos taludes, escorregamentos, sulcos profundos de erosão, com potencial de comprometimento da segurança da estrutura. Tabela 3.7 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Fator Deterioração dos Taludes Deterioração dos Taludes Pontuação Não existe deterioração de taludes e paramentos. 0 Falhas na proteção dos taludes, presença de vegetação arbustiva. 2 Erosões superficiais, sem implantação das medidas corretivas. 6 Depressões acentuadas nos taludes, com potencial de comprometimento da segurança da estrutura. Fonte: Adaptado da Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012)

69 O somatório dos fatores confiabilidade das estruturas extravasoras, percolação, deformações/ recalques e deterioração dos taludes, equivalem à pontuação relacionada ao estado de conservação da barragem. O anexo II da Resolução n 143/2012 (Brasil, 2012) informa que caso a barragem receba pontuação, máxima igual a 10 pontos, em qualquer Fator relacionado ao Estado de Conservação (EC), implica que a classificação da barragem em relação à Categoria de Risco será Alta e serão necessárias providências imediatas a serem adotadas para reduzir este nível. O artigo 20 da Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012) explicita que, quando durante as vistorias de rotina, for constatado na barragem de mineração anomalia que resulte na pontuação máxima de 10 (dez) pontos, em qualquer coluna do quadro de Estado de Conservação, o empreendedor deverá realizar Inspeções de Segurança Especiais. As inspeções de Segurança Especiais devem ter periodicidade semanal, até que a anomalia detectada seja extinta ou controlada. A Inspeção Final de Segurança Especial de Barragem que ateste a extinção ou o controle da anomalia deverá conter relatório conclusivo assinado pelo responsável técnico, atestando a liberação da barragem para sua operação. O DNPM deverá ser informado da extinção ou do controle da anomalia. 3.4 PLANO DE SEGURANÇA DA BARRAGEM Este índice tem por objetivo avaliar a qualidade da gestão dos riscos associados à barragem pelo empreendedor, utilizando os fatores documentação de projeto, Estrutura Organizacional e Qualificação dos Profissionais na Equipe de Segurança da Barragem, Manuais de Procedimentos para Inspeções de Segurança e Monitoramento, Plano de Ação Emergencial - PAE, Relatórios de inspeção e monitoramento da instrumentação e de Analise de Segurança. 68

70 FATOR DOCUMENTAÇÃO DE PROJETO Os projetos são essenciais para entendermos o comportamento das estruturas e consequentemente realizar análises e avaliações de segurança. No caso de barragens antigas, onde inexistem ou são desconhecidos os projetos, o empreendedor poderá fazer um levantamento cadastral das estruturas para obter: Geometria; Informações sobre as fundações; Informações sobre materiais de construção. O grau de detalhamento deste levantamento depende da complexidade das estruturas, mas deve permitir a análise de estabilidade global do barramento e a determinação da capacidade dos sistemas extravasores. O conjunto destes estudos poderá ser considerado como projeto básico (as is) para fins de pontuação, ou, no caso pouco provável da obtenção de um volume substancial de informações, até mesmo um projeto como construído (as built). A Tabela 3.8 relaciona os documentos de projeto de uma barragem com uma pontuação que varia de acordo com a documentação que a barragem possui. Portanto a pontuação varia de 0 (zero) para barragens que possuem Projeto executivo e como construído"; 2 (dois) pontos quando a barragem possuir Projeto executivo ou como construído"; 5 (cinco) pontos quando não possuir projeto executivo e como construído, mas pelo menos possui Projeto Básico; 8 (oito) pontos quando a barragem possui somente Projeto Conceitual. Tabela 3.8 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Fator Documentação do Projeto Documentação de Projeto Pontuação Projeto executivo e como construído 0 Projeto executivo ou como construído 2 Projeto básico 5 Projeto conceitual 8 Não há documentação de projeto 10 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). 69

71 FATOR ESTRUTURA ORGANIZACIONAL O fluxo de informações sobre a segurança da barragem deve estar estruturado, para que o monitoramento contínuo das estruturas seja assegurado e para que medidas corretivas, quando necessárias, sejam tomadas em tempo hábil. A avaliação deverá utilizar a pontuação da matriz. A Lei n /2010 (BRASIL, 2010), no Artigo 17, inciso V trata de manter serviço especializado em segurança de barragem. A Lei n /2010 (BRASIL, 2010) não exige que os técnicos responsáveis pela segurança da barragem façam parte do quadro da empresa, mas sim que exista uma estrutura que assegure a gestão dos riscos, com responsabilidades bem definidas. A Tabela 3.9 relaciona a Estrutura Organizacional e Qualificação Profissional e a pontuação recebida para cada empreendimento. A pontuação varia de 0 (zero) para empreendimento que possui unidade administrativa com profissional técnico qualificado responsável pela segurança da barragem; 1 (um) ponto quando empreendimento que possui profissional técnico qualificado, podendo ser da própria empresa ou contratado, responsável pela segurança da barragem; 3 (três) pontos quando não possui unidade administrativa sem profissional técnico qualificado responsável pela segurança da barragem; 6 (seis) pontos quando o empreendimento não possui unidade administrativa e responsável técnico qualificado pela segurança da barragem. Tabela 3.9 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Fator Estrutura Organizacional e Qualificação Profissional Estrutura Organizacional e Qualificação Profissional Pontuação Possui unidade administrativa com profissional técnico 0 Possui profissional técnico 1 Possui unidade administrativa sem profissional técnico 3 Não possui unidade administrativa e responsável técnico 6 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). 70

72 FATOR INSPEÇÃO E MONITORAMENTO Estes procedimentos devem ser específicos para cada barragem e englobar as atividades de manutenção preditiva, visando antecipar possíveis riscos para o empreendimento. Na avaliação, deverá ser verificada a existência de procedimentos documentados para os roteiros de inspeção e monitoramento da barragem, incluindo diretrizes para coleta de dados da instrumentação, quando for o caso. Deverá ser verificada a realização das atividades conforme metodologia e periodicidades previstas nestes procedimentos. A Tabela 3.10 relaciona os manuais de procedimentos para Inspeções de Segurança e Monitoramento e a pontuação relativa. A pontuação varia de 0 (zero) para uma estrutura que possui manuais de procedimentos para inspeção, monitoramento e operação; 2 (dois) pontos quando possui apenas manual de procedimentos de monitoramento; 4 (quatro) pontos quando possui apenas manual de procedimentos de inspeção; 8 (oito) pontos quando não possuem manuais ou procedimentos para monitoramento e inspeções. Tabela 3.10 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Fator Manuais de Procedimentos para Inspeções de Segurança e Monitoramento Manuais de Procedimentos para Inspeções de Pontuação Segurança e Monitoramento Possui manuais de procedimentos. 0 Possui apenas manual de procedimentos de monitoramento. 2 Possui apenas manual de procedimentos de inspeção. 4 Não possuem manuais ou procedimentos formais. 8 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). FATOR PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL De acordo com o art. 3º da Portaria n 526/2013 (DNPM, 2013), o Plano de Ação Emergencial de Barragem de Mineração - PAEBM é um documento técnico e de fácil entendimento, a ser elaborado pelo empreendedor, no qual estão identificadas as situações de emergência que possam pôr em risco a integridade da barragem em que são estabelecidas as ações imediatas necessárias nesses casos e definidos os agentes a serem 71

73 notificados de tais ocorrências, com o objetivo de evitar ou minimizar danos com perdas de vida, às propriedades e às comunidades a jusante. A Tabela 3.11 relaciona o Plano de Ação Emergencial e a pontuação recebida para cada característica. A pontuação varia de 0 (zero) para o empreendimento que possui PAE; 2 (dois) pontos quando o órgão responsável pela gestão de segurança da barragem não exige a sua elaboração; 4 (quatro) pontos quando o órgão fiscalizador exige a sua apresentação, mas este se encontra em elaboração; 8 (oito) pontos quando for exigido a sua apresentação pelo órgão fiscalizador e este não possui e nem está elaborando. Tabela 3.11 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Fator Plano de Ação Emergencial - PAE Manuais de Procedimentos Pontuação Possui PAE 0 Não possui PAE (não é exigido) 2 PAE em elaboração 4 Não possui PAE (quando for exigido) 8 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). FATOR RELATÓRIOS DE INSPEÇÃO E MONITORAMENTO DA INSTRUMENTAÇÃO E DE ANÁLISES DE SEGURANÇA A Tabela 3.12 relaciona os relatórios de inspeção e monitoramento da instrumentação com os pontos recebidos. A pontuação varia de 0 (zero) para empreendimentos que emitem regularmente relatórios de inspeção e monitoramento com base na instrumentação e de Análise de Segurança; 2 (dois) pontos quando emite regularmente apenas relatórios de Análise de Segurança; 4 (quatro) pontos quando emite regularmente apenas relatórios de inspeção e monitoramento; 8 (oito) pontos quando emite regularmente apenas relatórios de inspeção visual. 72

74 Tabela 3.12 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Fator Relatórios de Inspeção e Monitoramento da Instrumentação Relatórios de inspeção e monitoramento da instrumentação Pontuação Emite regularmente Relatórios de inspeção e monitoramento com base na instrumentação e de Análise de Segurança Emite regularmente apenas relatórios de Análise de Segurança 4 Emite regularmente apenas relatórios de inspeção visual 6 Não emite regularmente Relatórios de inspeção e monitoramento e de Análise de Segurança Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). 0 8 Assim, quanto às Categorias de Risco, as barragens são classificadas nas categorias alto, médio ou baixo, pelo somatório das ponderações feitas com base nos critérios acima. 3.5 DANO POTENCIAL ASSOCIADO Este índice busca quantificar as consequências causadas pela eventual ruptura da barragem, conforme fatores propostos na matriz de classificação quanto ao dano potencial associado. Segundo a ANA (2012), o dano potencial associado é o dano causado por um possível rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau funcionamento de uma barragem, independentemente da sua probabilidade de ocorrência, podendo ser graduado de acordo com as perdas de vidas humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais FATOR PERDA DE VIDAS HUMANAS Uma das abordagens mais relevantes, em termos da classificação das barragens em relação ao Dano Potencial Associado, é o fator relacionado diretamente às perdas de vidas humanas mediante a caracterização da presença de populações localizadas a jusante do barramento. De acordo com a Tabela 3.13, esse fator será classificado como inexistente quando não houver moradores ocupando áreas a jusante do barramento, recebendo uma pontuação 0 (zero). Será classificado como Pouco Frequente quando não existem pessoas 73

75 ocupando permanentemente a área localizada a jusante da barragem, mas existe estrada vicinal de uso local, com ponderação de 3 pontos. Já para situações onde não existem pessoas ocupando permanentemente a área localizada a jusante da barragem, mas existe rodovia municipal ou estadual ou federal ou outro local e/ou empreendimento de permanência eventual de pessoas que poderão ser atingidas caso ocorra a ruptura da barragem será classificada como Frequente e a pontuação correspondente será igual a 5. No caso em que existam pessoas ocupando permanentemente a área localizada a jusante da barragem, esta será classificada como existente, devido ao grande risco que representam as vidas humanas que ocupam esses locais sua pontuação será 10. Tabela 3.13 Classificação de barragens quanto ao Dano Potencial Associado Fator Existência de População a Jusante População à jusante Pontuação Inexistente 0 Pouco frequente 3 Frequente 5 Existente 10 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). Pela sua relevância e dificuldade de mensuração quando da ocorrência de uma catástrofe, o fator perda de vidas deve incorporar, dentre outros fatores, número de pessoas que ocupam a planície de inundação, nível de preparação das pessoas expostas ao evento e severidade da inundação. Como itens determinantes da severidade da inundação, tem-se a altura máxima a ser atingida pelo nível d água (H), tempos de chegada da onda de cheia (importante nos tempos de alerta e evacuação) e tempo de chegada da altura máxima de água (T). A análise do potencial de perdas de vida decorrentes da ruptura de uma barragem é um exercício bastante complexo. O estudo deve ser feito com base em mapas de inundação desenvolvidos num contexto de incertezas. A definição do tempo de chegada da onda de cheia, por exemplo, é função do tipo de ruptura e formação da brecha, potencial gravitacional da água acumulada, volume do reservatório, topografia e características do 74

76 vale a jusante. Além disso, a estimativa do número de perdas de vida demanda estudos e análises que vão além da elaboração do mapa de inundação. A delineação da área que seria afetada pela ruptura de uma barragem e a identificação de suas características para fins de avaliação do potencial de perdas de vidas humanas deveria ser baseada nos estudos de ruptura. No caso de inexistência de estudo de ruptura e mapa de inundação para a barragem em avaliação, verificar em imagens aéreas a existência de habitações permanentes, rodovia municipal, estadual ou federal FATOR IMPACTO AMBIENTAL O Dano Potencial Associado também é classificado em relação ao Impacto Ambiental que o rompimento de uma barragem pode causar ao meio ambiente. Por exemplo, através do acidente com a barragem Fundão de responsabilidade da empresa Samarco Mineração S.A., a magnitude dos impactos ambientais causados na fauna e na flora. Observa-se na Tabela 3.14, este impacto será considerado insignificante quando a área afetada a jusante da barragem encontra-se totalmente descaracterizada de suas condições naturais e resíduos Classe II B -Inertes, segundo a NBR (ABNT, 2004), pontuação será 0 (zero). Pouco significativo, quando a área afetada a jusante da barragem apresentar área de interesse ambiental relevante ou áreas protegidas em legislação especifica, excluídas APPs, e armazenar apenas resíduos Classe II B - Inertes, segundo a NBR (ABNT, 2004), nesse caso a pontuação recebida será igual a 2 (dois). Outra classificação para o impacto ambiental será significativa, quando a área afetada a jusante da barragem apresentar área de interesse ambiental relevante ou áreas protegidas em legislação específica, excluídas APPs, e armazena apenas resíduos Classe II B -Inertes, segundo a NBR (ABNT, 2004) e receberá nesse caso a pontuação 6. Poderá ser classificado como muito significativo, quando a barragem armazenar rejeitos ou resíduos sólidos classificados na Classe II A - Não Inertes, segundo a NBR 10004/2004 e sua pontuação correspondente será 10 (dez). E por fim, a classificação pode ser muito significativo agravado, quando a barragem armazenar rejeitos ou resíduos sólidos classificados na Classe I- Perigosos segundo a NBR (ABNT, 2004). 75

77 Tabela 3.14 Classificação de barragens quanto ao Dano Potencial Associado Fator Impacto Ambiental Impacto Ambiental Pontuação Insignificante 0 Pouco significativo 2 Significativo 6 Muito Significativo 8 Muito Significativo Agravado 10 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). Este fator busca avaliar a área afetada pela ruptura hipotética de uma barragem sob o ponto de vista de impacto ambiental. É considerada a existência de áreas de interesse ambiental e áreas protegidas em legislação específica FATOR IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO De acordo com a Tabela 3.15 esse fator será classificado como inexistente quando não existem quaisquer instalações nas áreas afetadas a jusante da barragem recebendo, portanto a pontuação 0 (zero). Quando existir pequena concentração de instalações na área afetada a jusante da barragem o dano será considerado baixo e sua pontuação será igual a 1. Para as situações de moderada concentração de instalações na área afetada a jusante da barragem o dano será considerado médio e sua pontuação será igual a 3. Se existir alta concentração de instalações residenciais, na área afetada a jusante da barragem, o dano será considerado alto, com pontuação 5 (cinco). Tabela 3.15 Classificação de barragens quanto ao Dano Potencial Associado Fator Impacto Socioeconômico Impacto Socioeconômico Pontuação Inexistente 0 Baixo 1 Médio 3 Alto 5 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). 76

78 Para a avaliação, verificar a existência de instalações residenciais, comerciais, industriais, agrícolas e serviços de navegação e turismo na área afetada pela barragem por meio de imagens aéreas, preferencialmente considerando o mapa de inundação FATOR VOLUME DO RESERVATÓRIO Este fator não se refere diretamente às consequências advindas da ruptura hipotética da barragem, mas corresponde a um potencial de dano. No entanto, como as consequências estão associadas ao volume de rejeitos liberado para jusante numa eventual ruptura e como não existem mapas de inundação para a maioria das barragens brasileiras indicando as áreas alagadas nesta situação, a inclusão deste fator pode ser relevante. O Art. 7 da Lei n /2010 (BRASIL, 2010) relata que as barragens serão classificadas por categoria de risco, por dano potencial associado e pelo seu volume, no entanto, a resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012) realiza a classificação por categoria de risco e dano potencial associado, sendo o volume um dos fatores utilizados para a classificação do Dano Potencial Associado. A Tabela 3.16 mostra a classificação da barragem em relação ao volume do reservatório. Tabela 3.16 Classificação de barragem Quanto ao Dano Potencial Associado Fator Volume Total do Reservatório Porte Volume Pontuação Muito Pequeno 500 mil m³ 1 Pequeno 500 mil a 5 milhões m³ 2 Médio 5 milhões a 25 milhões m³ 3 Grande 25 milhões a 50 milhões m³ 4 Muito Grande 50 milhões m3 5 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012) O dano potencial associado à barragem também é classificado em alto, médio e baixo. Cabe ressaltar que se o empreendedor da barragem não apresentar informações sobre determinado critério para classificação, o órgão fiscalizador aplicará a pontuação máxima para o critério em questão. 77

79 CLASSIFICAÇÃO RESULTANTE Para realizar a classificação da barragem em relação à categoria de risco será utilizada a fórmula CRI = CT + EC + PS, onde CT significa o somatório dos pontos alcançados referente as características técnicas, EC o somatório dos pontos referente ao estado de conservação e PS o somatório dos pontos alcançada referente ao Plano de Segurança, de acordo com a Tabela Tabela 3.17 Classificação das barragens em relação às Categorias de Risco Parâmetro Pontuação Características Técnicas Estado de Conservação Plano de Segurança de Barragem Pontuação Total Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). CT EC OS CRI De posse da pontuação final alcançada em função da categoria de risco, ou seja, considerando os parâmetros relacionados as características técnicas, estado de conservação e plano de segurança, será realizada a sua classificação de risco em Alto, Médio e Baixo. De acordo com os dados da Tabela 3.18 uma barragem de mineração será classificada de alto risco caso a pontuação alcançada na categoria de risco CRI for igual ou maior que 60 pontos, ou se em qualquer elemento no Estado de Conservação a pontuação for igual a 10 pontos. Além disso, o risco será médio se a pontuação alcançada estiver entre 35 e 60 e será baixo para pontuações igual ou inferior a 35. Tabela 3.18 Faixas de pontuação do CRI utilizadas para classificar as barragens em Alto, Médio e Baixo Risco. Categoria de Risco CRI Alto 60 ou EC = 10 Médio 35 < CRI < 60 Baixo 35 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). 78

80 A barragem de rejeito também é classificada em função do DPA em Alto, Médio e Baixo. O DPA é obtido através do sanatório dos pontos obtidos em cada um dos fatores, Perdas de Vidas Humanas, Impacto Ambiental, Impacto Sócio econômico e Volume do Reservatório. De acordo com a Tabela 3.19, uma barragem de mineração será classificada com Alto DPA se a pontuação alcançada for maior ou igual a 13 pontos. Se a pontuação alcançada no DPA estiver entre 7 e 13 pontos a sua classificação será de médio e, além disso, se a pontuação for menor ou igual a 7 pontos esta barragem será classificada de baixo DPA. Tabela 3.19 Faixas de classificação do DPA utilizadas para classificar as barragens em alto, médio e baixo dano potencial associado. Faixas de Classificação Fonte: Adaptado DNPM. Dano Potencial Associado (DPA) Alto 13 Médio 7 <DPA< 13 Baixo 7 De posse das informações extraídas nas Tabelas 3.18 e 3.19, ou seja, as faixas de classificação em relação à categoria de risco e ao dano potencial associado, em baixo, médio ou alto, utilizaremos, a Tabela 3.20 para realizar a classificação da barragem nas classes A, B, C, D, E, sendo que A representa maior risco e E ao menor risco. Tabela 3.20 Matriz Categoria de Risco x Dano Potencial Associado Dano Potencial Associado Categoria de Risco Alto Médio Baixo Alto A B C Médio B C D Baixo C D E Fonte: Adaptado DNPM Ilustrando a metodologia geral da classificação: se uma barragem apresenta risco alto e dano potencial associado alto, ela será classificada como Classe A; por outro lado, se a barragem apresentar risco baixo e dano potencial associado médio, a sua classe será B. 79

81 Observa-se que a matriz representada na Tabela 3.20 é simétrica, com ponderações equivalentes em função da Categoria de Risco e do Dano Potencial Associado. 3.6 CENÁRIO NACIONAL DAS BARRAGENS DE MINERAÇÃO De acordo com as informações prestadas pelos empreendedores que possuem barragens de mineração, via RAL ano-base 2015, o Brasil possui 913 barragens cadastradas. A tabela 3.1 apresenta a distribuição dessas barragens nos estados brasileiros. Tabela 3.21 Barragens de Mineração no Brasil cadastradas no DNPM ano-base Estado Barragens Inseridas na Barragens não Inseridas na PNSB PNSB Amazonas 13 1 Amapá 6 6 Bahia Espirito Santo 0 1 Goiás 16 7 Maranhão 2 0 Minas Gerais Mato Grosso do Sul 7 12 Mato Grosso Pará Pernambuco 0 1 Piauí 0 1 Paraná 3 3 Rio de Janeiro 2 2 Rondônia 9 25 Rio Grande do Sul 1 12 Santa Catarina 12 9 Sergipe 2 2 São Paulo Tocantins 3 8 Fonte: DNPM (2016). 80

82 Do total de barragens cadastradas, 499 estão inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens, valor que representa aproximadamente 55% das barragens cadastradas. De acordo com este levantamento, as barragens de mineração encontram-se presentes em 17 estados brasileiros, com maior concentração no estado de Minas Gerais, um total de 268 barragens, seguido pelo estado do Pará com 71 barragens e, em terceiro lugar, o estado de Mato Grosso com 40 barragens inseridas na Política Nacional de Segurança das Barragens. A Tabela 3.21 mostra o panorama da distribuição das barragens de mineração cadastradas, via sistema RAL/DNPM, em relação aos estados brasileiros. Neste contexto, o estado de Minas Gerais também apresenta o maior número de barragens cadastradas, mas não inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens, aproximadamente 30% do total; em sequência, aparecem os estados de São Paulo, com 21% e Mato Grosso, com 10% das barragens. Como pode ser observado na Figura 3.1, nesses três estados concentram 76% das barragens inseridas na PNSB com destaque para Minas Gerais que possui 54% das barragens, ou seja, mais da metade das barragens cadastradas (Figura 3.1). Figura 3.1 Principais Distribuições por estados das barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem (DNPM, 2016) 81

83 Nove estados, Minas Gerais, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Amazonas, Bahia e Goiás, representam 95% das barragens inseridas na PNSB. De posse das informações prestadas via Relatório Anual de Lavra, realizou-se a classificação das barragens inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem em relação às Categorias de Risco (Tabela 3.22). Tabela 3.22 Classificação das Barragens de Mineração por Categoria de Risco Categoria de Risco Número de barragens Fonte: DNPM (2016). Alto 33 Médio 36 Baixo 430 Das 499 barragens inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens, 430 barragens foram classificadas com baixo risco o que representa aproximadamente 86% do total das barragens cadastradas e, por outro lado, 33 barragens foram classificadas com ponderação de alto risco, o que representa 7% das barragens inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem. Em relação ao Dano Potencial Associado, as barragens também foram classificadas em baixo, médio ou alto DPA, como pode ser observado na Tabela Tabela 3.23 Classificação das Barragens de Mineração pelo Dano Potencial Associado Dano Potencial Associado Número de barragens Alto 199 Médio 171 Baixo 129 Fonte: DNPM (2016). Observa-se de acordo com a Tabela 3.23, o grande número de barragens inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens que apresentam alto Dano Potencial Associado, ou seja, 199 barragens, o equivalente a cerca de 40% do total, apresentam 82

84 alto dano potencial, ou seja, caso venham a sofrer rompimento da estrutura provocariam grandes impactos de toda ordem. Outra classificação importante é em relação ao porte do empreendimento. O porte está relacionado ao volume de material armazenado, que de acordo com a classificação acima está inserido no Dano Potencial Associado. De acordo com a Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012), o porte do empreendimento é classificado como muito pequeno, pequeno, médio, grande e muito grande, no entanto, para este estudo classificou-se somente em pequeno, médio e grande porte, de acordo com a Tabela Tabela 3.24 Classificação das Barragens pelo Porte do Empreendimento Dano Potencial Associado Número de barragens Fonte: Elaborado pelo autor. Pequeno 393 Médio 73 Grande 33 De acordo com a Tabela 3.24, constatou-se que das 499 barragens inseridas na PNSB, 393 são de pequeno porte (ou cerca de 80% das barragens). Das 33 barragens de grande porte cadastradas no Brasil, 20 estão localizadas em Minas Gerais (60 % do total). A Lei /2010 (BRASIL, 2010) informa que a classificação das barragens será em função da categoria de risco, do dano potencial associado e em função do volume de armazenamento. No entanto, a Resolução 143/2012 (BRASIL, 2012) informa que esta classificação é feita somente em função da categoria de risco e do dano Potencial associado, sendo que o volume do reservatório é um dos itens a serem analisados no Dano Potencial Associado. De posse das informações referente a Categoria de Risco e do Dano Potencial Associado, o DNPM realizou a classificação das barragens de rejeito nas classes A, B, C, D ou E. A Figura 3.2 mostra a distribuição obtida das barragens analisadas. 83

85 Figura Barragens de Mineração inseridas na PNSB por classe (DNPM, 2016). Observa-se que, segundo as informações prestadas no Relatório Anual de Lavra anobase 2015 (DNPM, 2016), apenas 4% das barragens são classificadas como classe A ou B no Brasil, sendo a classe A representada pelas barragens que apresentam alto risco e alto Dano Potencial associado e, para a classe B, um dos dois critérios é classificado com alto e o outro como médio. Na Figura 3.3, é apresentada a distribuição geográfica das barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens, ano base 2014, onde 399 barragens foram inseridas. Desse total 18 barragens foram classificadas Classe A, 9 barragens Classe B, 175 barragens Classe C, 98 barragens Classe D e 99 barragens Classe E. 84

86 Figura 3.3 Distribuição das Classes de barragens de mineração do PNSB Fonte: DNPM, Observa-se um aumento significativo no número de barragens inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens, superior a 20%, passando de 399 ano base 2014, para 499 ano base de Em relação as barragens de alto risco e dano potencial, houve uma diminuição do número de barragens, sendo de 18 barragens em 2014 e 13 barragens em Classificadas na Classe B o numero permaneceu praticamente constante passando de 9 barragens em 2014 para 8 barragens em Em relação às Classes C, D e E aumento no número de barragens, com destaque para a Classe D onde 71 barragens foram inseridas no ano de Acredita-se que esse aumento no número de barragens inseridas na Política Nacional de Segurança das barragens se deve, entre outros motivos, a um maior conhecimento da política nacional por parte dos empreendedores e maior fiscalização por parte do Departamento Nacional de Produção Mineral. 85

87 3.7 CENÁRIO DAS BARRAGENS DE MINERAÇÃO DE MINAS GERAIS Nos termos do RAL/2015 (DNPM, 2016), o estado de Minas Gerais possui 420 barragens cadastradas, sendo que 268 delas estão inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem, o que representa mais de 60 % das barragens cadastradas no país (Figura 3.4). Figura 3.4 Distribuição de barragens de mineração no estado de Minas Gerais Fonte: DNPM RAL/2015 (DNPM, 2016) Para as barragens inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem, foram feitas as correspondentes classificações em relação à Categoria de Risco, em relação ao Dano Potencial Associado e, por último, a classificação em relação à classe a qual estas barragens estão inseridas. A Tabela 3.25 e a Figura 3.5 mostram os resultados da classificação de risco das barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem no estado de Minas Gerais de acordo com as informações prestadas no Relatório Anual de Lavra RAL/2015 (DNPM, 2016). 86

88 Tabela 3.25 Classificação em relação à Categoria de Risco Categoria de Risco Número de barragens Fonte: RAL DNPM/2015. Baixo 257 Médio 2 Alto 9 Figura 3.5 Classificação das barragens de mineração de MG inseridas na PNSB por Categorias de Risco (DNPM, 2016) Neste contexto, aproximadamente 96% das barragens foram classificadas como de baixo risco, menos de 1 % de risco médio e menos de 4% foram classificadas como de alto risco. Assim, 257 barragens foram classificadas de baixo risco e, portanto, de Classe C, mesmo se o Dano Potencial Associado for alto. Outra informação importante é que 162 barragens de mineração, ou seja, aproximadamente 60%, informaram que não tem nenhum problema em relação ao estado de conservação da barragem, em relação à confiabilidade das estruturas extravasoras, percolação, recalques ou deterioração dos taludes (DNPM, 2015). Para que uma barragem seja classificada de alto risco, a pontuação a ser alcançada na categoria de risco, levando em consideração as características técnicas, estado de conservação e Plano de Segurança, deve ser maior ou igual a 60 pontos ou que 87

89 apresente pontuação máxima no estado de conservação e também caso o empreendedor deixar de prestar informação no campo estado de conservação. As barragens classificadas de alto risco foram devido a: Três barragens não prestaram informação sobre o Estado de Conservação da barragem no RAL/2015. Logo, quando não há informação em pelo menos um dos parâmetros do estado de conservação, estas serão classificadas como de alto risco. Três barragens apresentaram pontuação 10 em um dos parâmetros relacionados ao estado de conservação. Nesse caso isso se deve principalmente as rupturas que ocorreram na barragem de Fundão que danificou as estruturas da Barragem de Santarém e do Germano de responsabilidade da empresa Samarco Mineração S.A. e a ruptura da barragem B1 de responsabilidade da empresa Herculano, localizada no município de Itabirito. Três barragens só foram classificadas como de alto risco após a realização de fiscalização in loco por parte do DNPM. Portanto, de acordo com as informações prestadas no RAL referente às barragens classificadas de alto risco, nenhuma barragem cadastrada na PNSB foi classificada como de alto risco utilizando a pontuação informada na Tabela 3.18, ou seja, maior ou igual a 60 pontos, a maior pontuação atingida em relação à Categoria de Risco foi de 41 pontos. Das 9 barragens classificadas como sendo de alto risco, duas foram classificadas na classe B por apresentarem dano potencial associado médio e as outras 7 foram classificadas na classe A, por apresentarem Dano Potencial alto. Do ponto de vista do Dano Potencial Associado às barragens, foram considerados os aspectos em relação ao volume dos reservatórios, existência de população a jusante e impactos ambientais e socioeconômicos causados a jusante. A Tabela 3.26 mostra a 88

90 classificação das barragens em função do Dano Potencial Associado a partir das informações prestadas no Relatório Anual de Lavra - RAL/2015 para o estado de Minas Gerais. Tabela 3.26 Classificação em relação ao Dano Potencial Associado Dano Potencial Associado Número de barragens Fonte: RAL DNPM/2015. Baixo 61 Médio 79 Alto 128 A Figura 3.6 apresenta os valores percentuais em forma de gráfico dos valores em relação ao Dano Potencial Associado. Figura 3.6 Classificação das barragens em relação ao DPA alto, médio e baixo em porcentagens Fonte: RAL DNPM/2015 Em relação ao Dano Potencial Associado, observa-se que aproximadamente 48 % das barragens inseridas na PNSB em Minas Gerais apresentam um alto dano potencial, ou seja, caso ocorra a ruptura essas causarão um grande dano, a população, ao meio ambiente ou socioeconômico. De fato essa é uma condição esperada, pois um grande número de barragens estão inseridas no contexto urbano, como acontece no estado de Minas Gerais. 89

91 A Figura 3.7 mostra o porte das barragens localizadas em Minas Gerais, por faixas, muito pequeno, pequeno, médio, grande e muito grande. Figura 3.7 Classificação das barragens de em relação ao volume. Fonte: RAL DNPM/2015 Observa-se que 76% das barragens, o que equivale a 127 barragens em Minas Gerais, apresentam porte muito pequeno e pequeno segundo o volume armazenado, ou seja, apresentam um volume de armazenamento menor ou igual a 5 milhões de m³. Somente 7,5 % das barragens, ou 20 barragens, apresentam porte grande e muito grande. De posse das informações referente a Categorias de Risco e Dano Potencial Associado, foi estabelecida a classificação final das barragens segundo as classes A, B, C, D e E, como pode ser observado pelos resultados integrados da Figura 3.8. Observa-se que do total das barragens inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem, somente 10 barragens foram classificadas nas classes A e B, o que representa 3,7 % do total destas barragens. Como exposto previamente (Tabela 3.20), em relação ao Brasil esse valor é da ordem de 7%. 90

92 Figura 3.8 Distribuição das barragens localizadas em Minas Gerais em relação às Classes A, B, C, D e E. Fonte: RAL DNPM/

93 CAPÍTULO 4 4. PROCEDIMENTOS DE VISTORIA TÉCNICA DE BARRAGENS PARA CLASSIFICAÇÃO DNPM e CLASSIFICAÇÃO FEAM 4.1 ANÁLISE PROCESSUAL Sistema RALWEB A programação de uma fiscalização em uma Barragem de Mineração no âmbito do DNPM é iniciada no próprio órgão mediante o acesso ao sistema RAL, onde se verifica se o empreendedor tem declarado anualmente, até o dia 15 de março de cada ano, os dados relativos ao empreendimento fruto da fiscalização. Confirmada a declaração pela empresa, torna-se importante a impressão da última declaração enviada pela empresa a fim de realizar uma conferência das informações a serem levantadas na fiscalização in loco. Caso não tenha sido realizado algum cadastro referente os anos anteriores, deve ser elaborada uma solicitação de tal exigência ao responsável pela barragem para realizar o cadastro via RAL retificador. Salienta-se que todas as barragens devem ser cadastradas, estejam em construção, em operação ou desativadas. Análise Processual Consulta ao Processo Físico Em relação ao processo físico do empreendimento, é importante verificar se a empresa vem apresentando a Declaração de Condição de Estabilidade da Barragem, item fundamental e obrigatório para cada Barragem de Mineração, o que deve ser feito até o dia 20 de setembro de cada ano. No caso de ocorrência de uma eventual anomalia que necessite de Inspeção Especial de Segurança, verifica-se se a empresa apresentou os Extratos de Inspeção Especial quinzenalmente, após o recebimento do primeiro Extrato de Inspeção Especial, o qual marca assim o início de uma Inspeção Especial de Segurança de Barragem. 92

94 Verifica-se ainda se a empresa já apresentou o Relatório Conclusivo, assinado por responsável técnico atestando a Liberação da Barragem no momento em que a anomalia foi extinta ou controlada e que tenha gerado o Relatório Conclusivo de Liberação da Barragem. Ao analisar o documento recebido, deve-se aceitar o documento quando o mesmo for apresentado com assinatura do responsável técnico atestando a Liberação da Barragem. 4.2 VISTORIA TÉCNICA DE CAMPO A vistoria de campo é realizada pelos Especialistas em Recursos Minerais lotados no Departamento Nacional de Produção Mineral, que tem a proposição fundamental averiguar se os dados contidos no RAL são fidedignos à realidade da Barragem de Mineração, principalmente em relação ao Estado de Conservação, pois este parâmetro está diretamente relacionado ao risco de ruptura da barragem. Portanto, antes do início da fiscalização in loco, é importante ter acesso às últimas fichas de inspeção com o intuito de verificar se há algum registro fora do limite de tolerância, para posterior aferição em campo. É importante também ter acesso prévio aos valores limites préestabelecidos para todos os dispositivos utilizados na instrumentação da barragem. Em relação ao Plano de Segurança da Barragem PSB, deve-se verificar se este já foi efetivamente elaborado e se o empreendedor respeitou a data de implantação, que foi de até 20 de setembro de 2014 para as barragens de mineração inseridas nas classes C, D e E. Deve-se, também, verificar se a primeira Ficha de Inspeção Regular foi preenchida e devidamente registrada no Volume III pois, a partir de 05/11/2012, o empreendedor deve preenchê-la quinzenalmente. Sobre as Revisões Periódicas de Segurança de Barragens de Mineração, estas somente são aplicáveis a partir de 20/09/2017 para as Barragens de Mineração classe A ou B; a partir de 20/09/2019 para as Barragens de Mineração Classe C e a partir de 20/09/2022 para as Barragens de Mineração Classe D ou E. Estes prazos podem ser antecipados caso o empreendedor já tenha executado a Revisão de Segurança da Barragem e se o resumo executivo. 93

95 Um ponto muito importante se refere ao alteamento da Barragem de Mineração, pois este necessita de nova Revisão de Segurança da Barragem de Mineração, caso o empreendedor tenha feito alteamento na estrutura após 20 de setembro de Deve-se verificar se a empresa vem elaborando e registrando no PSB as fichas de Inspeção de Segurança Regular, tendo em vista o artigo 36º da Portaria DNPM n.º 416/2012, assim como verificar se foi preenchida a primeira Ficha de Inspeção Regular, até 60 dias após a Publicação da Portaria n 416/2012 (ou seja, até dia 05/11/2012). Em relação aos Planos de Ações Emergenciais, deve-se verificar se o empreendedor que é obrigado a apresentá-lo respeitou as seguintes datas: 12/06/2014: Barragens de Mineração classificadas como Categoria de Risco Alto de acordo com Anexo I da Resolução CNRH nº 143/2012 (BRASIL, 2012); 12/12/2014: Barragens de Mineração classificadas como Categoria de Risco Médio de acordo com Anexo I da Resolução CNRH nº 143/2012 (BRASIL, 2012), ou qualquer outra Barragem de Mineração classificada pelo DNPM com Dano Potencial Associado Médio ou Baixo quando exigido formalmente pelo DNPM; e 12/06/2015: Barragens de Mineração classificadas como Categoria de Risco Baixo de acordo com Anexo I da Resolução CNRH nº 143/2012 (BRASIL, 2012). No empreendimento sob inspeção, é importante verificar se existe alguma barragem de mineração não cadastrada no empreendimento que possa ser incluída na Política Nacional de Segurança de Barragem. Caso esse fato seja constatado, deve-se solicitar através de notificação ou exigência a inclusão da barragem. As inspeções visuais de campo e da instrumentação das estruturas devem ser encaradas sempre como mutuamente complementares. Os dados das mesmas devem ser analisados conjuntamente, pois muitas vezes os problemas surgem em regiões não instrumentadas, onde apenas as inspeções visuais de campo podem detectá-los. Estas inspeções associadas a uma análise criteriosa dos dados fornecidos pela instrumentação de 94

96 auscultação da barragem formam a mais importante e eficiente ferramenta para a avaliação do comportamento das estruturas civis em geral. A inspeção de campo é iniciada com a verificação das condições do acesso à Barragem de Mineração sob avaliação, verificando-se as condições de drenagem, oscilações na pista, obstruções e as dimensões do acesso. As condições do acesso são importantes, pois caso ocorra um sinistro na barragem, equipamentos como ambulâncias, caminhões, veículos em geral, possam ter acesso a barragem sem maiores problemas. Na fiscalização da barragem propriamente dita, essa normalmente é realizada no maciço da barragem. Sempre que julgar necessária essa fiscalização pode se estender aos limites do reservatório e também há praia gerada pela disposição do rejeito. O objetivo da fiscalização in loco é verificar se a barragem encontra-se em boas condições em relação ao estado de conservação e se vem seguindo o exigido na Política Nacional de Segurança de Barragem. Assim, é importante inspecionar a superfície completa da área do maciço. A vistoria deve ser precedida por uma análise geral dos resultados das inspeções realizadas anteriormente, para aferição ou não das remediações programadas. Para facilitar o fluxo de atividades a ser seguido, utiliza-se um formulário com as atividades a ser executadas no escritório quanto em vistoria, a fim de permitir a abordagem de todos os tópicos referentes à Segurança de Barragens de Mineração discriminados nas legislações vigentes. Ao preencher o formulário, deve-se sempre buscar, através de exigências ou notificações, que a barragem tenha a sua pontuação reduzida, particularmente em relação aos condicionantes que tendem a tornar crítico o empreendimento. Nesse formulário, são discriminadas, as condições observadas relativas a uma série de itens que devem ser vistoriados, que incluem a situação de normalidade, a necessidade de observações complementares e a imposição de medidas corretivas de caráter imediato ou emergencial. A seguir são detalhados os pontos mais relevantes da fiscalização. 95

97 Situação geral da barragem Revestimento vegetal: verificar a presença de árvores que possam comprometer a segurança das barragens. Caso tenha exigir a poda das mesmas. Régua para verificação da cota do NA: verificar se está visível, se o acesso é possível, e se está dentro dos limites de projeto. Conservação das leiras: verificar se as leiras estão em bom estado de conservação, sem deslocamentos ou quebradas. Taludes: verificar se os taludes estão em bom estado de conservação, sem depressões, surgências ou quaisquer outros sinistros. Vertedouro: verificar se o vertedouro está em bom estado de conservação e com a vazão de acordo com o projetado, sem carreamento de partículas sólidas acima do permitido. Borda livre É importante verificar e medir a borda livre, pois ela mostrará a possível vida útil da barragem e conferir com o projetado para verificar se a altura encontrada suportará um grande aporte de efluentes que possa ocorrer, como uma chuva torrencial. Instrumentação da Barragem É relevante verificar se os instrumentos estão em pleno funcionamento e, em caso negativo, verificar quando foi à última data de verificação de sua operacionalidade a fim de saber a quanto tempo tal instrumento está inativo. Torna-se importante também verificar se, além de funcionando, os instrumentos estão calibrados, pois instrumentos funcionando e não calibrados podem ser, por vezes, maiores complicadores que instrumentos inoperantes, pois podem sugerir que a barragem está segura de forma equivocada, comprometendo, assim, a segurança da estrutura. É importante também realizar algumas medidas nos piezômetros a fim de verificar a concordância ou não com os dados da ficha de inspeção. 96

98 Em termos dos parâmetros associados à classificação da barragem em termos da Categoria de Risco, a vistoria deve buscar atender as seguintes proposições: Características Técnicas Consiste no preenchimento de um quadro contendo informações sobre altura do barramento, comprimento da crista e vazão de projeto. Devido à dificuldade de verificação in loco da altura da barragem essa informação é fornecida pelo empreendedor. Estado de Conservação Consiste no preenchimento de um quadro importante para a classificação da barragem, representa as informações levantadas durante a vistoria em campo, a partir de observações do estado de conservação das estruturas. São observadas presença de erosões superficiais, toca de animais, surgências, trincas longitudinais e transversais, presença de arbustos, abatimento, drenagem, contato entre o maciço e a ombreira (off set), obstruções no extravasor, presença de partículas em suspensão no dreno de fundo. Plano de Segurança Consiste no preenchimento de um quadro que trata sobre questões documentais e de gestão da barragem, que constituem a rigor o próprio Plano de Segurança da Barragem. Os dados são preenchidos no escritório da empresa, no local em que o Plano de Segurança da Barragem estiver arquivado. Em termos dos parâmetros associados à classificação da barragem quanto ao Dano Potencial Associado, a vistoria consiste no preenchimento de um quadro referente aos danos que podem ser gerados a jusante da barragem no caso de uma ruptura. É um quadro importante e sua somatória será utilizada para a classificação da Barragem de Mineração. Dessa forma, são coletadas as informações do empreendedor sobre a existência de populações, instalações socioeconômicas e meio ambiente, existentes a jusante da barragem. 97

99 Ao final do preenchimento do formulário é realizada a classificação da barragem da barragem utilizando a matriz proposta na Política Nacional de Segurança de Barragens e esta classificação é comparada com a fornecida pelo empreendedor. Pouco adianta a leitura e análise de dados da instrumentação, à execução de inspeções periódicas e à manutenção de arquivos com dados históricos de cada estrutura, se as medidas corretivas que se fizerem necessárias para restabelecer as condições de segurança não forem implementadas (CEMIG, 2010). METODOLOGIA PROPOSTA DO TRABALHO 4.3 CLASSIFICAÇÃO DNPM DE BARRAGENS POR MEIO DE VISTORIAS DE CAMPO Com o objetivo de avaliar a eficácia da atual classificação de barragens de mineração utilizada pelo DNPM, ou seja, verificar se essa classificação retrata com fidelidade a real situação das barragens de mineração, foram realizadas vistorias técnicas em 14 barragens de mineração localizadas no estado de Minas Gerais. Essa amostra representa cerca de 5% das barragens inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens no estado de Minas Gerais, e foi determinada de forma aleatória, não levando em consideração nenhum critério específico. A pesquisa de campo foi realizada no período de 1 de fevereiro a 31 de março de Para manter a privacidade dos empreendimentos, foram estabelecidos códigos variando de B1 até B14 para as barragens vistoriadas (Tabela 4.1). Consta também nessa tabela a natureza do mineral lavrado, metálico ou não, o porte da barragem em relação ao volume armazenado e a finalidade do reservatório, se é para armazenamento de rejeito ou de sedimentos. Também por critérios confidenciais, não serão informados os municípios onde estas barragens estão inseridas. 98

100 Tabela 4.1 Características das Barragens de Mineração Pesquisadas Código Substância Porte Finalidade B1 Não ferrosos Pequeno Sedimento B2 Não ferrosos Pequeno Rejeito B3 Ferrosos Pequeno Sedimento B4 Ferrosos Pequeno Sedimento B5 Ferrosos Pequeno Sedimento B6 Ferrosos Pequeno Sedimento B7 Não ferrosos Pequeno Rejeito B8 Não ferrosos Pequeno Rejeito B9 Ferrosos Médio Sedimento B10 Ferrosos Médio Rejeito B11 Ferrosos Médio Sedimento B12 Ferrosos Grande Rejeito B13 Ferrosos Grande Rejeito B14 Ferrosos Grande Sedimento Fonte: Elaborado pelo autor. Para definir o porte da barragem, utilizou-se a capacidade do volume do reservatório: pequeno porte para volumes inferiores a 5 milhões de m³, médio porte volumes entre 5 e 25 milhões de m³ e grande porte para barragens com volumes acima de 20 milhões de m³. Portanto, de acordo com a Tabela 4.1, oito barragens são de pequeno porte, três de médio porte e três de grande porte, o que representa respectivamente 57%, 21,5% e 21,5% do número total dos empreendimentos vistoriados. Em relação à substância útil, 71 % das barragens analisadas são de empreendimentos que trabalham com ferrosos e 29% de não ferrosos. Cabe salientar que essas barragens têm finalidades diferentes, pois 6 são utilizadas para dispor rejeitos e 8 são destinadas à contenção de sedimentos. Das barragens ferrosas, somente 3 são destinadas para o acúmulo de rejeitos, as outras 7 são utilizadas para contenção de sedimentos. 99

101 Para realizar a classificação das barragens em função da Categoria de Risco, foram utilizados os parâmetros Características Técnicas, Estado de Conservação e Plano de Segurança de Barragem. PARÂMETRO CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS Para a classificação em função do parâmetro Características Técnicas, foram utilizados os fatores altura, comprimento e vazão de projeto. A Tabela 4.2 traz as informações referentes ao levantamento de campo, identificado na coluna Campo e as informações prestadas pelo empreendedor no Relatório Anual de Lavra identificado por RAL, de cada barragem pesquisada. Tabela 4.2 Dados obtidos em relação às Características Técnicas Campo x RAL/2015 Cód. Altura Comprimento Vazão Total Variação Campo RAL Campo RAL Campo RAL Campo RAL B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. 100

102 Observa-se que, referente ao fator altura, não houve modificações nas informações prestadas no RAL/2015 e na pesquisa realizada. Isso se deve principalmente pelo fato da dificuldade em se verificar em campo esse valor, normalmente utiliza-se o valor informado no ato da vistoria pelo empreendedor. Somente discrepâncias consideráveis seriam observadas in loco. Para conferência dessa informação, foram utilizadas imagens do Google Earth para determinar os comprimentos da barragem. Também não foram identificadas situações que alterassem as faixas de classificação. Assim, considera-se que isso ocorre devido aos grandes intervalos utilizados nas faixas de classificação. A vazão de projeto também não apresentou variações com as informações prestadas no Relatório Anual de Lavra RAL, sendo que os valores indicados no relatório foram confirmados no escritório das empresas. Portanto, em relação às Características Técnicas das barragens pesquisadas, 100% das informações prestadas no Relatório Anual de Lavra RAL/2015 conferem com as informações levantadas em campo, ou seja, não houve nenhuma variação dos fatores que alterassem a pontuação referente ao fator considerado. PARÂMETRO ESTADO DE CONSERVAÇÃO A Tabela 4.3 informa a pontuação obtida nos quatro fatores relacionados ao estado de conservação, sendo Confiabilidade da Estrutura Extravasora, Percolação, Deformação e Recalques, Deterioração do talude. O Estado de Conservação das barragens pesquisadas foi um parâmetro bastante crítico, pois, em todos os fatores analisados, foram observadas alterações na pontuação informada no RAL com a verificada em campo. Cabe ressaltar que das 14 barragens de mineração pesquisadas, 12, ou seja, 85% informaram que não tinham nenhum problema com a conservação da barragem, recebendo pontuação zero. Somente 2 barragens informaram que existia problema com o estado de conservação, em relação à percolação, e informaram a pontuação mínima 3 pontos. Essa pontuação significa apenas a existência de umidade ou surgências nas áreas de jusante. 101

103 Tabela 4.3 Dados obtidos em relação ao Estado de Conservação Campo x RAL/2015 Cód. Extravasora Percolação Deformação Deterioração Total Var. Campo RAL Campo RAL Campo RAL Campo RAL Campo RAL B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. Por meio dos dados levantados em campo, observou-se que em 100% das barragens vistoriadas apresentaram variações na pontuação recebida em relação ao Estado de Conservação, sempre a maior, com valores limites entre 2 pontos e 11 pontos, média igual a 6,2 pontos. PARÂMETRO PLANO DE SEGURANÇA DA BARRAGEM A classificação em relação ao Plano de Segurança da Barragem está relacionada à existência de projetos, qualificação dos profissionais da equipe de barragem, manuais de procedimentos e relatórios de inspeções e monitoramento, existência de Plano de Ação Emergencial e de análise de segurança. A Tabela 4.4 mostra a comparação entre os dados levantados em campo e os informados no RAL. 102

104 Tabela 4.4 Dados obtidos em relação ao Plano de Segurança da Barragem Cód. Projeto Estrutura Manuais PAE Relatório Pontuação Var. Campo RAL Campo RAL Campo RAL Campo RAL Campo RAL Campo RAL B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. 103

105 Em relação ao Plano de Segurança das Barragens PSB, constatou-se que as barragens de grande porte não apresentaram variação com a pontuação informado no RAL/2015. Entretanto, entre as barragens de médio e pequeno porte, 45% delas tiveram sua pontuação modificada e aumentada. A variação da pontuação entre as barragens de pequeno e médio porte foi de 0 a 22 pontos, o que representa uma variação média de 7,4 pontos. De acordo com a Tabela 4.5 a variação na Categoria de Risco variou de 2 pontos até 33 pontos, o que deu uma média de 12,5. Em todos os casos, a variação da pontuação foi de acréscimo de pontos em relação ao informado no Relatório Anual de Lavra/2015. Tabela 4.5 Variação da pontuação em relação à Categoria de Risco Características Estado de Plano de Variação Código Técnicas Conservação Segurança Categoria Risco B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. A variação foi menor nas empresas de grande porte (variação média foi de 5,6 pontos); nas empresas de pequeno/médio porte (considerando o volume de armazenamento para 104

106 definir o porte do empreendimento), a variação média foi de 13,8 pontos, refletindo assim a maior ênfase das empresas maiores em relação a este quesito. A Tabela 4.6 traz uma comparação entre a classificação das Barragens de Mineração em relação à Categoria de Risco, discriminadas em termos de barragens de pequeno, médio e alto risco, de acordo com as informações prestadas no RAL/2015 e em relação à pesquisa de campo. Tabela 4.6 Classificação em Relação à Categoria de Risco Categoria de Risco Código Campo RAL Campo RAL B Médio Baixo B Médio Baixo B3 9 6 Baixo Baixo B Baixo Baixo B5 4 2 Baixo Baixo B Baixo Baixo B Médio Baixo B Baixo Baixo B Baixo Baixo B Baixo Baixo B Baixo Baixo B Baixo Baixo B Baixo Baixo B Baixo Baixo Fonte: Elaborado pelo autor. Observa-se que, apesar de todas as barragens sofrerem acréscimo na Categoria de Risco, somente 3 barragens (ou seja, 21% das barragens pesquisadas) mudaram a sua classificação, passando de baixo risco para médio risco. De acordo com as informações prestadas no RAL/2015, 100% das barragens pesquisadas eram classificadas de baixo risco. 105

107 Destaca-se a barragem B8 que sofreu uma variação de 28 pontos na Categoria de Risco e, mesmo assim, isto não foi suficiente para mudar a sua classificação, que permaneceu como sendo de baixo risco. DANO POTENCIAL ASSOCIADO O dano potencial associado está relacionado as causas que um possível rompimento da barragem causaria. Os fatores utilizados para realizar essa classificação são o volume de armazenamento do reservatório, existência de população a jusante, impacto ambiental e impacto socioeconômico. A Tabela 4.7 retrata a situação informada no RAL/2015 e as avaliações feitas em campo. Tabela 4.7 Dados obtidos em relação ao Dano Potencial Associado. Volume População Imp. Amb. Imp. Social Pontuação Variação Código Campo RAL Campo RAL Campo RAL Campo RAL Campo RAL B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. De acordo com a Tabela 4.7, somente 3 barragens de mineração não sofreram alteração em relação ao Dano Potencial Associado, o que representa 21% da amostra. Devido a 106

108 grande dificuldade de conferência do volume armazenado no reservatório, foram mantidas as informações prestadas pelo empreendedor em relação ao parâmetro. A variação máxima nesse parâmetro foi de 14 pontos ocorridos em uma barragem de pequeno porte, sendo a variação média da amostra da ordem de 4,8 pontos. A Tabela 4.8 classifica as barragens de Mineração em relação ao Dano Potencial Associado de acordo com as informações prestadas no RAL/2015 e em relação à pesquisa de campo. Tabela 4.8 Classificação em Relação ao Dano Potencial Associado DANO POTENCIAL ASSOCIADO Código Campo RAL Campo RAL B1 2 1 Baixo Baixo B2 7 4 Baixo Baixo B Alto Baixo B Alto Baixo B5 9 9 Médio Médio B6 4 2 Baixo Baixo B Alto Médio B Alto Alto B Alto Alto B Alto Alto B Alto Médio B Alto Alto B Alto Alto B Médio Baixo Fonte: Elaborado pelo autor. Em relação ao Dano Potencial Associado, 5 barragens alteraram a sua classificação, o que significa 36% das barragens, inclusive 2 barragens passaram de Dano Potencial Baixo para Alto. Como consequência dessa nova classificação, tem-se a obrigatoriedade 107

109 da empresa apresentar o Plano de Ação Emergencial para essas estruturas, que apresentam pelo menos DPA médio ou alto. De posse das classificações referente a Categoria de Risco e do Dano Potencial Associado, utilizando a matriz de classificação, as barragens de Mineração foram classificadas nas classes A, B, C, D e E. A Tabela 4.9 mostra as alterações referentes a classificação das barragens de mineração realizado através de informações prestadas no RAL/2015 e os verificados em campo. Fonte: Elaborado pelo autor. Tabela 4.9 Classificação das Barragens de Mineração Código Campo RAL/2015 B1 D E B2 D E B3 C E B4 C E B5 D D B6 E E B7 B D B8 C C B9 C C B10 C C B11 C D B12 C C B13 C C B14 D E Cinco barragens, avaliadas como Classe E com base nas informações prestadas no Relatório Anual de Lavra reduz-se a apenas uma, com base nas informações de campo, com a maior concentração das barragens avaliadas como Classe C. 108

110 Figura 4.1: Classificação das Barragens de Mineração Das 14 barragens pesquisadas, sete (destacadas em amarelo) sofreu alteração na classificação apresentada no Relatório Anual de Lavra, o que representa 50% da amostra. Dentre essas barragens, três subiram dois níveis, sendo que duas passaram da Classe E para Classe C e uma passou da Classe D para a Classe B. As demais subiram somente 1 nível, sendo que 3 passaram da classe E para a Classe D e uma passou da Classe C para D. Chama a atenção que, apesar de termos barragens com sérios problemas em relação ao estado de conservação e também de grande porte, nenhuma delas foi classificada como Classe A, tanto utilizando as informações prestadas no Relatório Anual de Lavra como nos dados levantados in loco. De acordo com a Portaria 416/2012 (DNPM, 2012) a única utilização da classificação das barragens nas Classes A, B, C, D e E está relacionado ao período para realizar a Revisão periódica de segurança, sendo, Classes A e B: a cada 5 anos; Classe C: a cada 7 anos; Classe D e E: a cada 10 anos. 4.4 CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS PELOS CRITÉRIOS DA FEAM Com a finalidade de comparar o sistema de classificação proposto na Política Nacional de Segurança de Barragem com a classificação proposta pela FEAM, através das Deliberações Normativas DN 62/2002 (COPAM, 2002) e DN 87/2005 (COPAM, 2005), realizou-se nova classificação das 14 barragens vistoriadas. 109

111 Utilizando os dados levantados na pesquisa de campo e os dados informados no relatório anual de lavra RAL/2015, realizou-se a classificação das barragens segundo critérios estabelecidos pela FEAM. Na Tabela 4.10, constam os parâmetros técnicos (altura e volume) utilizados para a classificação junto a FEAM de acordo com as DN s; os valores respectivamente informados nas colunas Campo e RAL referem-se às pontuações estabelecidas pelos critérios da Classificação FEAM. Tabela 4.10 Classificação utilizando parâmetros técnicos pela FEAM Código Altura Volume Somatório VAR. Campo RAL Campo RAL Campo RAL B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. Ressalta-se que os parâmetros Altura e Volume podem assumir as pontuações 0, 1 e 2, de acordo com o porte do empreendimento. Portanto, a pontuação máxima alcançada nesses parâmetros é de 4 pontos. Mais uma vez nas análises, devido à dificuldade na conferência desses parâmetros em campo, as pontuações referentes ao Campo e ao RAL foram às mesmas, sem alterações. 110

112 Na Tabela 4.11, constam os valores ponderados para os parâmetros População, Impactos Ambientais e Impacto Social, relacionados ao possível dano que a barragem irá provocar caso haja o seu rompimento, de acordo com os critérios utilizados para a classificação junto a FEAM e de acordo com as DN s mencionadas. Analogamente à avaliação anterior, os valores respectivamente informados nas colunas Campo e RAL referem-se às pontuações estabelecidas pelos critérios da Classificação FEAM. Tabela 4.11 Classificação em relação ao Dano Potencial Associado segundo a FEAM População Imp. Ambiental Impacto Social Somatório VAR. Cód. Campo RAL/15 Campo RAL/15 Campo RAL/15 Campo RAL/15 B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. Na Figura 4.2 e na Tabela 4.12, são apresentadas as classificações finais das barragens junto a FEAM DN 62/2002 (COPAM, 2002) e DN 87/2005 (COPAM, 2005), mediante o somatório dos dados ponderados em relação às características técnicas das barragens e 111

113 aos danos potenciais associados. Nesta classificação, as barragens Classe III apresentam maiores riscos. Figura 4.2: Classificação das Barragens de Mineração Tabela 4.12 Classificação das barragens junto a FEAM Código Características Dano Somatório Classe Técnicas Ambiental Campo RAL/15 Campo RAL/15 Campo RAL/15 Campo RAL/15 B I I B II I B III II B III II B II II B II II B III II B III III B III III B III III B III III B III III B III III B III III Fonte: Elaborado pelo autor. 112

114 Considerando as informações prestadas no Relatório Anual de Lavra RAL/2015, foram classificadas como Classe III 50 % das barragens, ou seja, de alto Potencial de Dano Ambiental. Nas Classes I e II, ou seja, de baixo e médio potencial de dano ambiental os valores foram de 14% e 35%, respectivamente. Em relação aos danos potenciais associados, 71 % das barragens incorporam alto potencial de dano ambiental, para 21% e 7%, respectivamente, para médio e baixo potencial de dano ambiental. Comparando a classificação feita pelo DNPM e pela FEAM, observa-se uma grande variação na classificação pois, de acordo com a classificação DNPM, nenhuma barragem foi classificada Classe A, condição mais crítica da avaliação. Mesmo considerando as informações prestadas pelo empreendedor no RAL/2015, utilizando a classificação da FEAM, 50% das barragens já seriam classificadas Classe III. Segundo a DN 87/2006 a classificação das barragens implica no período para realizar auditoria na barragem. Logo, barragens Classe III deveriam realizar auditorias anualmente, Classe II a cada dois anos e Classe I a cada 3 anos. Chama a atenção que a classificação realizada pela FEAM não leva em consideração o estado atual de conservação da barragem para classificar a barragem. Outro ponto que não é abordado na classificação realizada pela FEAM é em relação ao Plano de Segurança da Barragem; em ambas as situações, esses critérios são abordados na classificação realizada pela Política Nacional de Segurança de Barragem, através da Resolução n 143/

115 CAPÍTULO 5 5. PROPOSTA DE UMA POLÍTICA DE APLICAÇÃO DO SISTEMA DNPM DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS 5.1 REESTRUTURAÇÃO DO DNPM Por meio da Lei n /2010 (DNPM, 2010), pelo seu Artigo 5 e Inciso III, o Departamento Nacional de Produção Mineral é o órgão responsável pela segurança das barragens de mineração, enquadradas dentro da Política Nacional de Segurança. Foram cadastradas junto ao DNPM, através do aplicativo RALWEB no ano-base de 2015, 499 barragens inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragem sendo que, no estado de Minas Gerais, constam 268 barragens, que representam cerca de 55% das barragens existentes no Brasil, ou seja, mais da metade das barragens de rejeito estão localizadas em Minas Gerais. Apesar desse número significativo de barragens existentes no Brasil, principalmente no Estado de Minas Gerais, não houve por parte do Governo Federal um aumento no orçamento do DNPM que pudesse estruturar o órgão para atender a essa nova atribuição. Ressalta-se que o Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM desenvolve diversas atividades voltadas ao setor minerário relacionadas as atividade de pesquisa e de lavra, como análise de requerimentos de pesquisa, de relatórios finais de pesquisa, requerimentos de lavra, fiscalização da pesquisa mineral e da lavra, e demais atribuições do setor minerário. No caso do DNPM de Minas Gerais, a equipe técnica responsável pela gestão das 268 barragens inseridas na política Nacional de Segurança de Barragem era composta por apenas 4 técnicos, no ano de Somente após o acidente da Barragem do Fundão de titularidade da empresa Samarco S/A, houve a liberação de orçamento extra para contratação temporária de técnicos para auxiliar na fiscalização das barragens de mineração, principalmente em Minas Gerais. 114

116 Além da contratação de uma equipe de Consultoria empresa Geoestável para prestar assessoria técnica nas fiscalizações de campo, houve também a realização de força tarefa para fiscalização de mais de 200 barragens de mineração, em que técnicos de várias Superintendências do DNPM deslocaram para Minas Gerais a fim de realizar as fiscalizações. Para melhorar a fiscalização nas Barragens de Mineração, tornando-as mais frequentes e efetivas, sugerem-se as seguintes opções: Estruturar o DNPM, realizando concursos para contratação de especialistas no setor e aumentar o orçamento para que o DNPM possa desenvolver suas atividades de fiscalização mineral e também as relacionadas com as barragens; Criação de um órgão que cuide exclusivamente da segurança das barragens, com profissionais com experiência e formação na área. Um órgão responsável pela fiscalização da Segurança de Barragens necessita no mínimo estar bem equipado e possuir número compatível de profissionais, devidamente capacitados para exercer a atividade da melhor maneira possível. Pois, como verificado na pesquisa de campo, em 100 % das barragens pesquisadas houve alteração na pontuação relacionada ao Estado de Conservação da Barragem, e esse critério só pode ser avaliado com a presença intensa da fiscalização nessas estruturas. Assim, verifica-se que quanto mais presente estiver às atividades de fiscalização menor é a probabilidade de que ocorram acidentes. A médio prazo, deve-se pensar em informatizar o sistema de análise de segurança das barragens, de forma que o DNPM teria acesso a informações reais e instantâneas dos dados das barragens e dos resultados das inspeções realizadas, incluindo os fatores de segurança operacionais do empreendimento ao longo da sua vida útil e os registros da instrumentação da barragem. Esse controle a princípio poderia ser pensado para barragens que apresentam uma classificação de DPA Alto, em que uma eventual ruptura poderia gerar grandes impactos, não só ao meio ambiente, mas particularmente às comunidades situadas nas áreas a jusante da barragem. 115

117 5.2 PROPOSTA DE REAVALIAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DNPM Em função dos resultados e análises anteriores e da própria experiência acumulada na avaliação da gestão de segurança de barragens de mineração, propõem-se as seguintes recomendações no sistema de classificação DNPM para as barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens PNSB: CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAGENS POR CATEGORIA DE RISCO De acordo com a Política Nacional de Segurança de Barragem PNSB, a classificação das barragens em relação à Categoria de Risco é realizada utilizando os parâmetros Características Técnicas, Estado de Conservação e Plano de Segurança de Segurança. Para realizar a classificação em relação às Características Técnica do empreendimento, atualmente são utilizados os fatores altura do barramento, comprimento da crista da barragem e vazão de projeto. Esses fatores são bastante importantes para realizar classificação das barragens em relação as suas características técnicas. No entanto, considera-se que esses fatores podem ser alterados e também inserir outros fatores a fim de melhorar a classificação da barragem em relação ao parâmetro Características Técnicas. Os tópicos a seguir propõem algumas sugestões de alteração. PARÂMETRO CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS De acordo com a PNSB, a pontuação máxima alcançada no parâmetro Características Técnicas é igual a (20) vinte pontos, ou seja, 7 (sete) pontos referentes à altura da barragem, 3 (três) pontos referentes ao comprimento da crista do barramento e 10 (dez) pontos referentes à vazão de projeto utilizada. Esse fator representa somente 20% da pontuação referente à classificação em relação à Categoria de Risco. Fator Altura A altura da barragem é definida pelo art. 1 da Lei n /2010 (DNPM, 2010) como sendo contada do ponto mais baixo da fundação à crista da barragem. Em se tratando do 116

118 ponto mais baixo da fundação, entende-se que essa tem uma dimensão que não é visível in loco podendo ser verificada somente em projeto. Portanto, sugere-se que esta dimensão deveria ser a maior distância vertical entre o pé do talude a jusante e a crista da barragem, o que facilitaria a determinação dessa dimensão in loco. Outra alteração em relação ao fator altura está relacionada à pontuação recebida para cada classe de classificação, de acordo com a Resolução 143/2012. Esta pontuação varia de 0 para alturas inferiores a 15 metros até a maior pontuação recebida referente a alturas maiores que 60 metros, correspondentes a uma pontuação 7. Por considerar que a altura do barramento é de suma importância na classificação da barragem em relação aos riscos envolvidos, sugere-se que a pontuação atribuída a cada característica da altura da barragem seja revista, sendo proposta na Tabela 5.1 a nova pontuação. Tabela 5.1 Proposta de classificação de barragens quanto às Características Técnicas Fator Altura Altura (H) Pontuação 15 m 0 15 < H < 30 m 3 30 < H < 60 m 7 60 m 10 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012) Fator Volume O parâmetro volume está inserido na classificação por Dano Potencial Associado. Por se tratar de um parâmetro técnico, considera-se que este deveria ser incluído na classificação no parâmetro Características Técnicas, como é tratado pela FEAM em sua classificação. Por também ser um parâmetro muito importante, recomenda-se que a pontuação máxima a ser alcançada também deveria ser de 10 (dez) pontos. Outra sugestão de alteração seria considerar a pontuação máxima a partir de volumes da ordem de 25 milhões de m³, que caracterizam reservatórios de grande porte. A Tabela 5.2 sistematiza as alterações propostas. 117

119 Tabela 5.2 Proposta de classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Fator Volume Total do Reservatório Porte Volume Pontuação Muito Pequeno 500 mil m³ 0 Pequeno 500 mil a 5 milhões m³ 3 Médio 5 milhões a 25 milhões m³ 6 Grande 25 milhões 10 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). Fator Tipo de Alteamento Como visto anteriormente, os rejeitos normalmente são constituídos de uma parte sólida e outra líquida, formando uma polpa, sendo, portanto necessária uma barragem para realizar a contenção desse material. Portanto, essas barragens podem ser construídas em apenas uma etapa ou também por meio de alteamentos à medida que o nível do reservatório for subindo vai realizando os alteamentos, de acordo com a necessidade da mineradora. Quando o empreendimento utiliza barragens construídas em uma única etapa, está só poderá começar a receber rejeito após a conclusão da obra. Esse método não é muito utilizado principalmente por questões econômicas, pois se uma empresa possui uma vida útil de 20 anos a barragem já deveria ser projetada para receber o rejeito durante todo esse período, a menos que fosse construídas novas barragens ao longo da vida útil do empreendimento. Essas barragens são indicadas apenas para locais, onde há uma grande incidência de água pluvial (Vick, 1983; Gomes, 2010). Portanto, a forma mais comum para a disposição de rejeitos é mediante a construção de um dique de partida, sendo posteriormente realizados alteamentos em sequência. Não existe um período fixo para realizar os alteamentos, no entanto muitas empresas utilizam o intervalo de 2 a 3 anos. Os alteamentos, na maioria das vezes, são realizados a partir de três métodos construtivos distintos (Figura 5.1): método de montante, método de jusante e método de linha de centro, utilizando solos de áreas de empréstimo, materiais estéreis ou até mesmo o próprio rejeito. 118

120 Figura 5.1 Tipos de alteamentos normalmente utilizados (Gomes, 2010) No método de montante, os rejeitos são dispostos ao longo da crista do barramento, formando uma praia. Quando o reservatório está quase cheio, um novo alteamento é executado. Esse método construtivo é simples e econômico, mas é comum que se encontre dificuldades para controlar a superfície freática nos taludes e a capacidade de armazenamento de água, bem como é bastante vulnerável à liquefação. Portanto, do ponto de vista da segurança, este método apresenta maiores riscos. O método de jusante consiste no alteamento da barragem para jusante. A barragem não é alteada sobre o rejeito depositado, promovendo um controle melhor da compactação e da percolação, pois permite a instalação de sistemas de drenagem durante a elevação do aterro, o que proporciona uma maior resistência à liquefação. Este método é mais oneroso. O método de linha de centro é uma solução intermediária. Também pode ocorrer uma variação dos métodos de alteamento, combinando dois ou mais métodos. No entanto, o sistema de classificação de barragens utilizados na Política Nacional de Segurança de Barragem não leva em consideração se a estrutura possui ou não alteamentos e muito menos caso possua alteamento o tipo utilizado e um dos problemas que podem prejudicar a segurança das barragens está relacionado com este alteamento, principalmente com o alteamento a montante onde o barramento irá desenvolver em cima do rejeito depositado, no sentido do reservatório. Portanto, o tipo de alteamento utilizado no empreendimento deveria fazer parte da classificação das barragens, sendo que a pontuação varia de: 0 (zero) para barragens que 119

121 não possuem alteamento; 2 (dois) pontos para barragens alteadas a jusante; 6 (seis) barragens alteadas linha de centro ou mista; 10 (dez) para as barragens alteadas para montante, Tabela 5.3. Tabela 5.3 Classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Tipo de Alteamento Alteamento Pontuação Fonte: Elaborado pelo autor. Não possui 0 Jusante 2 Linha de Centro 6 Montante 10 As barragens utilizadas para armazenamento de rejeitos normalmente possuem algum sistema de alteamento, pois a construção em uma única etapa iria onerar muito os investimentos nos primeiros anos de atividade do empreendimento. Fator Comprimento Em relação ao parâmetro comprimento esse deve ser mantido, no entanto, julga-se necessário um acréscimo na pontuação referente a cada classe. A Tabela 5.4 informa os novos valores propostos para esse parâmetro. Como o parâmetro comprimento da crista do reservatório não é tão relevante em relação aos riscos como o parâmetro altura, propõe-se uma pontuação mínima de 0 pontos para comprimentos menores que 50m e uma pontuação máxima sejam de 5 pontos para estruturas maiores que 600 m. Tabela 5.4 Classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Fator Comprimento do Barramento Comprimento (C) Pontuação 50 m 0 50 < C < 200 m < C < 600 m m 5 Fonte: Adaptado Resolução n 143/2012 (BRASIL, 2012). 120

122 Vazão de Projeto Em relação às informações sobre o parâmetro vazão de projeto, considera-se que este pode ser mantido e como a pontuação atribuída a cada característica. De posse das considerações relatadas, a Tabela 5.5 sistematiza a proposta de matriz de classificação quanto às Características Técnicas da barragem, que está inserido na fase da classificação relativa às Categorias de Risco. Tabela 5.5 Classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Fator Comprimento do Barramento Altura Comprimento Volume Alteamento Vazão de 15 m (0) 15 < H < 30 m (3) 30 < H < 60 m (7) 60 m (10) 50 m (0) 50 < C < 200 m (1) 200 < C < 600 m (3) 600 m (5) Fonte: Elaborado pelo autor. 500 mil m³ (1) 0,5a 5 milhões m³ (3) 5 a 25 milhões m³ (7) 25 milhões de m³ (10) Não possui (0) Jusante (2) Linha de Centro (6) Montante (10) Projeto Decamilenar (0) Milenar (2) TR 500 anos (5) TR <500 anos (10) De acordo com a nova proposição, as características técnicas apresentam uma pontuação total igual a 45 pontos, o que corresponde a 30% da pontuação máxima na Categoria de Risco. PARÂMETRO ESTADO DE CONSERVAÇÃO O critério Estado de Conservação foi o que mais teve incompatibilidade com as informações prestadas pelo empreendedor e o constatado in loco. Como as informações sobre o estado de conservação são prestadas pelo empreendedor referente a um ano de 121

123 atividade, observou-se que normalmente essas informações não representam a situação real das barragens, pois em 100% das barragens essa pontuação foi alterada para cima. Então, em relação ao estado de conservação, considera-se que os quatros parâmetros confiabilidade das estruturas extravasoras, percolação, deformação e recalques e deterioração dos taludes devem ser mantidas, pois esses fatores representam os maiores riscos de ruptura em uma barragem (Tabela 5.6). Tabela 5.6 Classificação de barragens quanto às Categorias Técnicas Categoria Estado de Conservação Estruturas Deformações e Deterioração dos Percolação Extravasoras Recalques Taludes Estruturas civis bem mantidas/barragem sem necessidade de estruturas extravasoras (0) Percolação totalmente controlada pelo sistema de drenagem (0) Não existem deformações e recalques (0) Não existe deterioração de taludes e paramentos (0) Estruturas com problemas identificados, sem redução de capacidade vertente (4) Umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramentos, taludes e ombreiras estáveis e monitorados (4) Existência de trincas e abatimentos com potencial de comprometimento da segurança da estrutura (4) Falhas na proteção dos taludes e paramentos, presença de vegetação arbustiva (4) Estruturas com problemas identificados, com redução de capacidade vertente (10) Surgência nas áreas de jusante potencial de comprometimento da segurança da estrutura (10) Existência de trincas, abatimentos com potencial de comprometimento da segurança da estrutura (10) Depressões acentuadas nos taludes, com potencial de comprometimento da segurança da estrutura (10) Fonte: Alterado Resolução 143/2012 (BRASIL, 2012). A principal alteração desse parâmetro foi a exclusão dos itens que tinham pontuação igual a 6 (seis) pontos. Pois, para uma determinada característica quando a pontuação 122

124 recebida é igual a 6 (seis) pontos, nos fatores Estruturas Extravasoras, Percolação, Deformação e Deterioração dos Taludes, é identificado um problema sem a exigência de implantação de medidas corretivas necessárias. Assim, dificilmente um empreendedor, na elaboração de um relatório que é enviado anualmente, vai identificar um problema e informar ao órgão fiscalizador que não estão sendo implantadas medidas corretivas correspondentes. Portanto, recomenda-se que sejam excluídos esses itens dos fatores relacionados ao estado de conservação da barragem e uma nova pontuação seja aplicada a esse parâmetro, conforme os valores indicados na Tabela 5.6. Além desses fatores, propõe-se a inclusão de mais um, relacionado à Confiabilidade da Instrumentação. As barragens normalmente são instrumentadas; com efeito, das 14 barragens pesquisadas, 100% possuem piezômetros e medidores de vazão. As inspeções também são realizadas de forma quinzenal como recomenda a Portaria 416. No entanto, o que falta é uma análise das informações coletadas e valores limites de segurança para cada instrumento. Pois com esses limites bem definidos qualquer alteração nas informações coletas de imediato já criaria um alerta sobre esse instrumento. As barragens pesquisadas de grande porte normalmente apresentam esses valores de referência; no entanto, as de médio e pequeno porte normalmente não possuem essas informações disponíveis para que os funcionários possam realizar a análise imediata. Fator Confiabilidade da Instrumentação (Piezômetros/INAs) As instrumentações normalmente utilizadas em barragens de rejeitos são: medidores de vazão, medidores de nível d água, piezômetros e marcos topográfico; na avaliação, entretanto, considera-se somente a presença de piezômetros e medidores de nível d água. Logo é importante a inclusão de um fator que avalie o nível de instrumentação das barragens (Tabela 5.7), visto que a presença de instrumentação e de um programa de monitoramento constituem fatores de extrema importância para o gerenciamento e acompanhamento do comportamento destas estruturas. 123

125 Tabela 5.7 Classificação de barragens quanto ao Estado de Conservação Fator Confiabilidade da Instrumentação Confiabilidade da Instrumentação Pontuação Instrumentação sem problemas. 0 Instrumentação parcialmente inoperante 6 Não possui instrumentação, ou está totalmente inoperante ou com problemas na calibração Fonte: Elaborado pelo autor. 10 PARÂMETRO PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGEM PSB Esse critério está bem abordado no sistema de classificação, sendo necessária uma adequação em termos da Documentação de Projeto e da inclusão do Fator de Segurança. Fator Documentação de Projeto Em relação ao parâmetro Plano de Segurança, no fator relativo à documentação de projeto, propõe-se a inclusão do item Possui Projeto como está. Muitas barragens mais antigas não apresentam documentação de implantação do projeto, portanto, avalia-se que é importante que a barragem possua pelo menos projeto da situação atual da barragem. A nova classificação ficaria de acordo com a Tabela 5.8 Tabela 5.8 Classificação de barragem Quanto a Categorias Técnicas Fator Documentação de Projeto. Documentação de Projeto Pontuação Possui todos os projetos de construção 0 Fonte: Elaborado pelo autor. Possui projeto como construído 2 Possui apenas projeto como está 6 Fator de Segurança Não há Projetos disponíveis 10 Em relação ao projeto do maciço, a NBR 13028/2006 (ABNT, 2006) define os fatores de segurança que devem ser considerados para análises de estabilidade, em que o fator de segurança mínimo para taludes de montante e jusante é de 1,50 (Tabela 5.9). 124

126 Tabela 5.9 Classificação de barragens quanto ao Plano de Segurança Fator de Segurança. Parâmetro Medida Pontuação Fator de Segurança (FS) 2,0 0 Fonte: Elaborado pelo autor. 1,5 FS < 2,0 2 1,25 < FS < 1,5 7 1,25 (Não calculado) 10 É importante verificar junto às empresas se esta possui a documentação exigida pela Política Nacional de Segurança das Barragens e se de fato estão sendo aplicados estes instrumentos de segurança em relação à barragem analisada. CRITÉRIO DANO POTENCIAL ASSOCIADO O critério Dano Potencial Associado está bem caracterizado; no entanto, precisa ser mais fiscalizado, pois na pesquisa realizada constatou-se uma grande variação entre as informações prestadas via RALWEB pelo empreendedor e as observações de campo. Portanto, recomenda-se que os fatores utilizados nesse critério sejam mantidos, mas que sejam intensificadas e detalhadas as respectivas fiscalizações. MATRIZ DE CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAGENS A matriz utilizada atualmente para classificar as barragens é simétrica, o que significa que tanto a categoria de risco como o dano potencial associado tem o mesmo peso. Propõe-se que a classificação seja alterada para a matriz apresentada na Tabela 5.10, a qual apresenta um peso maior para as barragens que possuem um Dano Potencial maior. Pois nessas situações, caso ocorra uma ruptura, os danos podem ser de grande magnitude, seja em relação à perda de vidas humanas, danos socioeconômicos e ambientais. 125

127 Tabela 5.10 Matriz proposta de Categoria de Risco x Dano Potencial Associado Dano Potencial Associado Categoria de Risco Alto Médio Baixo Alto A B C Médio A C C Baixo A D E Fonte: Adaptado DNPM De acordo com essa nova proposta de classificação, mesmo que a empresa não possua problemas relacionados ao estado de conservação e que possua todos os documentos relacionados ao Plano de Segurança, ou seja, receba a pontuação 0 nessas classes, no caso de se tratar de uma grande estrutura, a pontuação máxima nas Características Técnicas seria de 35 pontos, o que classificaria a barragem como de risco Médio. Em relação ao Dano Potencial Associado, se a barragem apresentar DPA Alto, independente da Categoria de Risco, a barragem já seria enquadrada na Classe A. 5.3 SISTEMA PROPOSTO DNPM DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS De posse dessas sugestões de alteração da política Nacional de Segurança de Barragens no que se refere ao sistema de classificação das barragens, elaborou-se uma nova classificação das 14 barragens avaliadas previamente pelo sistema vigente, utilizando-se as informações levantadas em campo e as adequações propostas. CATEGORIA DE RISCO Em relação ao critério Categoria de Risco, esse continua sendo avaliado em relação às Características Técnicas, Estado de Conservação e Plano de Segurança da Barragem, com alteração dos parâmetros adotados nestas análises. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS Nesse parâmetro, foram introduzidas alterações dos fatores ponderais em relação à altura e comprimento da barragem, a inclusão do Fator Tipo de Alteamento e a mudança 126

128 do Fator Volume armazenado que fazia parte do Dano Potencial Associado e que seria agora incorporado neste quesito. A Tabela 5.11 apresenta a classificação das barragens pesquisadas para esses fatores, mantendo-se a mesma sistemática de codificação dos empreendimentos adotada previamente. Observa-se que, de acordo com a nova proposta de classificação, houve um aumento significativo na pontuação recebida para cada fator. O único que se manteve igual foi a vazão de projeto, pois esse item já era avaliado previamente de forma aceitável. Tabela 5.11 Dados obtidos em relação às Características Técnicas DNPM Novo Cód. Altura Comprimento Volume Alteamento Vazão Total B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. ESTADO DE CONSERVAÇÃO Como exposto anteriormente, a avaliação classificatória do Estado de Conservação das barragens é um ponto que precisa ser bem discutido, pois está diretamente relacionado a questões de segurança da barragem. Houve algumas alterações nos itens e na pontuação 127

129 recebida em cada fator, além da inclusão do Fator Confiabilidade da Instrumentação. A Tabela 5.12 mostra a pontuação recebida por cada fator. Tabela 5.12 Dados obtidos em relação ao Estado de Conservação DNPM Novo Estrutura Percolação Deformação Deterioração Confiabilidade Cód. Extravasora Talude Instrumentação Total B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. PLANO DE SEGURANÇA DA BARRAGEM Dentro da Categoria de Risco, o parâmetro que mais influencia a classificação final em termos da criticidade de uma barragem é o Plano de Segurança das Barragens, sendo proposta somente uma adequação em relação à documentação de projeto e à inclusão do Fator de Segurança da Barragem (Tabela 5.13). Esse parâmetro ficou comprometido devido ao fato de não ter sido levantado na empresa o valor do Fator de Segurança das barragens pesquisadas e, assim, não foi computada uma pontuação para esse fator. 128

130 Tabela 5.13 Dados obtidos em relação ao Plano de Segurança DNPM Novo Cód. Projeto Estrutura Manuais PAE Relatório F.S. Pontuação B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. Fazendo-se o somatório dos parâmetros Características Técnicas, Estado de Conservação e Plano de Segurança da Barragem temos a pontuação relacionada ao Critério Categoria de Risco para as barragens analisadas. De acordo com a Tabela 5.14, aproximadamente 21% das barragens seriam avaliadas como sendo de alto risco, 43% de risco médio e 36% de baixo risco, utilizando-se a nova classificação. As três barragens classificadas de alto risco são de pequeno porte e de materiais não ferrosos. 129

131 Tabela 5.14 Classificação em Relação à Categoria de Risco DNPM Novo Código DNPM Classificação B1 61 Alto B2 54 Médio B3 13 Baixo B4 15 Baixo B5 8 Baixo B6 41 Médio B7 68 Alto B8 63 Alto B9 47 Médio B10 45 Médio B11 35 Médio B12 44 Médio B13 32 Baixo B14 22 Baixo Fonte: Elaborado pelo autor. DANO POTENCIAL ASSOCIADO A única alteração desse critério foi à exclusão do Fator Volume, os demais fatores não sofreram alteração. Com isso, houve uma diminuição na pontuação em relação a esse critério (Tabela 5.15). As pontuações recebidas pelas barragens variaram de no mínimo 2 a no máximo 19 pontos. Ressalta-se que para uma barragem ser classificada de alto Dano Potencial Associado, essa deverá receber uma pontuação superior a 13, caso receba uma pontuação entre 7 e 13 pontos sua classificação será médio e inferior a 7 pontos essa será classificada como de baixo DPA. As classificações finais das barragens em relação ao Dano Potencial Associado estão apresentadas na Tabela

132 Tabela 5.15 Dados obtidos em relação ao Dano Potencial Associado DNPM Novo Cód. População Imp. Ambiental Imp. Social Pontuação B B B B B B B B B B B B B B Fonte: Elaborado pelo autor. Tabela 5.16 Classificação em Relação ao Dano Potencial Associado DNPM Novo Código DNPM Classificação B1 2 Baixo B2 6 Baixo B3 16 Alto B4 17 Alto B5 8 Médio B6 3 Baixo B7 14 Alto B8 19 Alto B9 17 Alto B10 14 Alto B11 13 Alto B12 14 Alto B13 19 Alto B14 8 Médio 131

133 Com base no novo sistema de classificação proposto, a Tabela 5.17 sistematiza o resultado final das avaliações das 14 barragens analisadas neste trabalho. Tabela 5.17 Classificação Final das Barragens de Mineração após adequações Código Categoria de Dano Potencial Classe Risco Associado B1 Alto Baixo C B2 Médio Baixo C B3 Baixo Alto B B4 Baixo Alto B B5 Baixo Médio D B6 Médio Baixo C B7 Alto Alto A B8 Alto Alto A B9 Médio Alto A B10 Médio Alto A B11 Médio Alto A B12 Médio Alto A B13 Baixo Alto A B14 Baixo Médio D Fonte: Elaborado pelo autor. Verifica-se que, com esse novo sistema de classificação, 57% das barragens são classificadas como Classes A e B, ou seja, as que apresentam maiores riscos à sociedade, caso venham a ocorrer um acidente. Nas Classes D e E, que representam menores riscos, somente duas barragens foram classificadas, representando 14% da amostra. Em relação ao porte do empreendimento, constata-se que foram classificadas como Classe A 25% das estruturas de pequeno porte, 100% das estruturas de médio porte 100% e 75% das estruturas de grande porte. Observa-se uma forte tendência em classificar os grandes empreendimentos como Classe A. Mas isso não é uma regra, pois 132

134 a barragem B14, apesar de ser de grande porte, foi classificada como Classe D. A Figura 5.2 ilustra os resultados, pela distribuição das classes de barragens. Figura 5.2: Distribuição por classes das barragens de acordo com a nova classificação Comparando esses valores com os valores da classificação anterior (DNPM atual), utilizando-se as informações coletadas no campo, constata-se que apenas uma barragem (7%) havia sido classificada como sendo Classe A e B, o que demonstra que o novo sistema de classificação das barragens é muito mais rigoroso. Em relação à Classificação das Barragens utilizada pela FEAM, também utilizando os dados levantados de campo, dez barragens foram Classificadas como Classe III o que representa 71% das barragens, ou seja, 14% a mais que utilizando a nova proposta de classificação. Portanto, a classificação da FEAM mostrou-se ainda mais rigorosa que o modelo DNPM novo. Finalmente, é preciso ressaltar a enorme relevância das atividades de fiscalização pelo órgão. Estas auditorias devem ser realizadas de forma periódica para avaliar a segurança das barragens de mineração. Neste contexto, recomenda-se a seguinte periodicidade destes trabalhos, em função da classe da barragem: - Barragens Classe A: auditoria a cada 6 meses; - Barragens Classe B e C: auditoria a cada 1 ano; - Barragens Classe D e E: auditoria a cada 2 anos. 133

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