Dissertação de Mestrado

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1 Dissertação de Mestrado AVALIAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE AUDITORIA EXTRAORDINÁRIA E PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA AUDITORIA TÉCNICA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM DE CONTENÇÃO DE REJEITOS AUTORA: NATÁLIA CRISTINA PELEGRINO DA FONSECA ORIENTADORA: Profª. Drª. Terezinha de Jesus Espósito Barbosa PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP OURO PRETO - JUNHO DE 2018

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3 AVALIAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE AUDITORIA EXTRAORDINÁRIA E PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA AUDITORIA TÉCNICA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM DE CONTENÇÃO DE REJEITOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geotecnia do Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Geotecnia. Esta dissertação foi apresentada em sessão pública e aprovada em 28 de junho de 2018, pela Banca Examinadora composta pelos membros: ii

4 DEDICATÓRIA Aos meus pais Geraldo e Luzia e ao meu irmão Arthur, todas as minhas conquistas são sempre pra vocês! iii

5 AGRADECIMENTO A Deus, pela vida e força na superação de cada obstáculo. Aos meus pais, por serem minha base e por todo o apoio incondicional, incentivo e amor. Ao meu irmão, meu equilíbrio, sempre presente em todos os momentos; A professora Terezinha Espósito pela orientação, dedicação e ensinamentos. Obrigada pela paciência e disponibilidade, suas contribuições foram essenciais para concretização do estudo. Serei sempre grata por tudo. À FEAM, pela oportunidade em desenvolver esse tema e pela disponibilidade na consolidação e desenvolvimento dessa pesquisa. Agradeço em especial ao Renato Brandão, à Karine Dias, à Alice Alfeu, ao Alder Souza, à Adriana Cabral e ao Luciano Junqueira, além de toda à equipe da GERIM, grandes amigos que quero levar sempre comigo. A todos os amigos da turma do mestrado em Geotecnia de 2016, incluindo Maria Isabel Martinez Lopez, essenciais em todo o trajeto. À República Coincidência, pelo acolhimento, convivência e amizade. Ao Programa de Pós-Graduação em Geotecnia da UFOP, ao NUGEO e à CAPES, pela oportunidade e suporte. A todos os professores do programa de pós-graduação em Geotecnia, em especial ao professor Romero César Gomes, todo o meu reconhecimento. A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. iv

6 RESUMO A segurança das barragens de rejeito vem sendo foco de atenção crescente em todo o mundo e, nesse contexto, as Auditorias de Segurança representam uma ferramenta de relevante importância, à medida que podem identificar não conformidades que venham comprometer as condições de segurança dessas estruturas. Os efeitos devastadores de uma falha puderam ser observados em 05 de novembro de 2015, com o rompimento da Barragem do Fundão, operada pela Samarco Mineração. Em consequência desse acidente, foi instituída pelo Governo de Minas uma Força-Tarefa, que trouxe como resultados o Decreto nº , de 02 de maio de 2016 e a Resolução Conjunta SEMAD/FEAM nº 2.372, de 06 de maio de 2016, ambos direcionados às barragens de rejeito que utilizam ou tenham utilizado o método de alteamento para montante, tendo em vista que a Barragem do Fundão também era alteada a montante, e que esse método requer critérios mais rígidos na construção, operação e monitoramento. O Decreto estabeleceu a Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragens e a Resolução definiu as diretrizes para elaboração do respectivo Relatório de Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragens. Assim, o objetivo desse trabalho é apresentar um panorama geral das barragens de rejeito de mineração alteadas por montante de Minas Gerais e propor diretrizes para a realização das Auditorias de Segurança de Barragens. Como metodologia, foi feita a avaliação dos Relatórios de Auditoria Extraordinária, resultando na criação de uma base de informações a respeito das estruturas alteadas a montante. Em um segundo momento, os dados obtidos nessa avaliação foram confrontados com os resultantes da avaliação dos Relatórios de Auditoria de Segurança de Barragens, realizadas em conformidade com a Deliberação Normativa COPAM nº 87/2005. Como resultados, pôde ser definido um panorama relativo à situação das barragens de rejeito de mineração com alteamento para montante no estado de Minas Gerais e definida uma proposta de diretrizes para a realização de uma Auditoria de Segurança eficiente, contribuindo para a realização de trabalhos mais completos e possibilitando a conclusão da situação de estabilidade de uma barragem de forma mais segura. Palavras chave: Barragem, Barragem de Rejeito, Auditoria de Segurança de Barragens, Diretrizes. v

7 ABSTRACT The safety of tailings dams has been a focus of increasing attention worldwide, and in this context, Tailings Dams Safety Audits represent a relevant tool, as they can identify nonconformities that may compromise safety conditions of these structures. The devastating effects of a failure could be observed on November 05, 2015, with the Fundão tailings dam failure, operated by Samarco Mineração. In consequence of the failure, the Government of Minas Gerais has set up a Task Force of Dams, which brought as a result Decree nº 46,993, from May 2, 2016 and Joint Resolution SEMAD/FEAM nº 2,372, from May 6, 2016, both directed to tailings dams that use or have used the upstream method, whereas Fundão Dam was raised by upstream, and that this method requires more stringent criteria in the construction, operation, and monitoring. The Decree established the Extraordinary Tailings Dam Safety Audit and the Join Resolution lays down guidelines for the preparation of the report of the Extraordinary Tailings Dam Safety Audit. Therefore, the objective of this work is to present an overview of the mining tailings dams raised by upstream in Minas Gerais and propose guidelines for the preparation of Tailings Dam Safety Audits. As a methodology, the Extraordinary Tailings Dam Safety Audit Reports were evaluated, resulting in the creation of an information base about structures raised by upstream. Secondly, the data obtained in this evaluation were compared with those resulting from the evaluation of the Tailings Dam Safety Audits Reports, carried out in accordance with COPAM Normative Resolution nº 87/2005. As a result, it was possible to define an overview of the situation of the mining tailings dams raised by upstream in the state of Minas Gerais and defined a proposal of guidelines for conducting an efficient Safety Audit, contributing to more complete work and enabling the conclusion of the situation of stability of a dam more safely. Keywords: Dam, Tailing Dam, Tailings Dams Safety Audit, Guidelines. vi

8 LISTA DE FIGURAS Figura 2.1: Barragem convencional (modificado - Vick, 1983) Figura 2.2: Métodos de alteamento em barragens (Espósito, 2000) Figura 2.3: Alteamento sequencial - Método de montante (modificado - Vick, 1983) Figura 2.4: Alteamento sequencial - Método de jusante (modificado - Vick, 1983) Figura 2.5: Alteamento sequencial - Método de linha de centro (modificado - Vick, 1983) Figura 2.6: Métodos de descarga de rejeitos a) Espigotamento b) Descarga em ponto único (modificado - Vick, 1983) Figura 2.7: Fluxograma representativo das responsabilidades para implementação do PSB (Fernandes, 2017) Figura 3.1: Integração das etapas de gestão em uma instalação de rejeitos (MAC, 2011) Figura 3.2: Rompimento da Barragem Cava 1 (Torquetti et al., 2014) Figura 3.3: Área de ruptura da barragem (FEAM, 2008) Figura 3.4: Barragem B antes do rompimento (FEAM, 2008) Figura 3.5: Barragem B após o rompimento (FEAM, 2008) Figura 3.6: Barragem de rejeitos no local do rompimento Miraí/MG (FEAM, 2008). 39 Figura 3.7: Consequências à jusante (FEAM, 2008) Figura 3.8: Movimento de massa da ombreira direita da Barragem B Figura 3.9: Distribuição das barragens no local (FEAM, 2015) Figura 3.10: Vista aérea do distrito de Bento Rodrigues (FEAM, 2015) Figura 3.11: Barragem do Fundão após o rompimento (FEAM, 2015) Figura 3.12: Distribuição das estruturas por Classe X Tipologia, ano 2017 (FEAM, 2017) Figura 3.13: Condição de estabilidade das estruturas no ano de 2017 (FEAM, 2017).. 51 Figura 3.14: Números de barragens fiscalizadas entre 2008 e 2017 (FEAM, 2017) Figura 4.1: Fluxograma da metodologia de trabalho adotada nessa pesquisa vii

9 Figura 5.1: Situação de estabilidade das barragens com alteamento por montante em Minas Gerais Figura 5.2: Suscetibilidade à liquefação das barragens de montante Figura 5.3: Granulometria das barragens de montante suscetíveis à liquefação Figura 5.4: Dano Potencial Associado das barragens suscetíveis à liquefação Figura 5.5: Situação de estabilidade das barragens avaliadas em amostra definida referente ao ano de Figura 5.6: Método de alteamento realizado nas barragens avaliadas Figura 6.1: Modelo de CheckList para realização de auditoria Figura 6.2: Formulário de Caracterização de Barragem Figura 6.3: Formulário de Caracterização de Barragem aplicado a uma barragem hipotética denominada Barragem X viii

10 LISTA DE TABELAS Tabela 3-1: Rupturas ocorridas no Brasil Tabela 5-1: Relação situação de estabilidade x classe Tabela 5-2: Relação entre Dano Potencial Associado x Plano de Ação de Emergência.69 Tabela 5-3: Relação da Situação de estabilidade das barragens x Classe Tabela 5-4: Relação entre Dano Potencial Associado e Plano de Ação de Emergência. 74 ix

11 LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ABNT ANA ANCOLD ANEEL ANM ART BDA CBDB CDA CNRH COPAM COPASA DN DNPM FEAM FEMA GIS IBAMA IGAM ICOLD MAC MG NBR NEA NID NUGEO PAE Associação Brasileira de Normas Técnicas Agência Nacional de Águas Australian National Committe on Large Dams Agência Nacional de Energia Elétrica Agência Nacional de Mineração Anotação de Responsabilidade Técnica Banco de Declarações Ambientais Comitê Brasileiro de Barragens The Canadian Dam Association Conselho Nacional de Recursos Hídricos Conselho Estadual de Política Ambiental Companhia de Saneamento de Minas Gerais Deliberação Normativa Departamento Nacional de Pesquisa Mineral Fundação Estadual do Meio Ambiente Federal Emergency Management Agency Geographic Information System Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Instituto Mineiro de Gestão das Águas International Commission On Large Dams The Mining Association of Canada Estado de Minas Gerais Normas Brasileiras Regulamentadoras Núcleo de Emergência Ambiental National Inventory of Dams Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas Plano de Ação de Emergência x

12 PNSB PSB SEMAD SIGBM SNISB TAC UFOP USACE WSDE Política Nacional de Segurança de Barragens Plano de Segurança da Barragem Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Sistema Integrado de Gestão da Segurança de Barragens de Mineração Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens Termo de Ajustamento de Conduta Universidade Federal de Ouro Preto United States Army Corps of Engineers Washington State Department of Ecology n N P d α Z Tamanho da amostra População Total de Barragens Proporção Populacional Erro de estimação Probabilidade que o erro seja maior que d Probabilidade Normal (Valor tabelado de acordo com o nível de confiança) xi

13 SUMÁRIO CAPÍTULO INTRODUÇÃO CONSIDERAÇÕES INICIAIS JUSTIFICATIVAS DA DISSERTAÇÃO OBJETIVO DA DISSERTAÇÃO ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO... 5 CAPÍTULO REVISÃO DA LITERATURA BARRAGEM DE CONTENÇÃO DE REJEITOS DEFINIÇÃO MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA OS ALTEAMENTOS DISPOSIÇÃO DE REJEITOS ASPECTOS LEGAIS E NORMATIVOS LEGISLAÇÃO: CENÁRIO INTERNACIONAL LEGISLAÇÃO AMERICANA LEGISLAÇÃO AUSTRALIANA LEGISLAÇÃO CANADENSE LEGISLAÇÃO NO BRASIL DELIBERAÇÃO NORMATIVA Nº 62 (COPAM, 2002) DELIBERAÇÃO NORMATIVA Nº 87 (COPAM, 2005) DELIBERAÇÃO NORMATIVA Nº 124 (COPAM, 2008) LEI FEDERAL Nº (BRASIL, 2010) RESOLUÇÃO Nº 143 (CNRH, 2012) RESOLUÇÃO Nº 144 (CNRH, 2012) RESOLUÇÃO Nº 178 (CNRH, 2016) PORTARIA Nº 416 (DNPM, 2012) PORTARIA Nº 526 (DNPM, 2013) xii

14 PORTARIA Nº (DNPM, 2017) REGULAMENTAÇÕES AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA) REGULAMENTAÇÃO AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL) PROJETO DE LEI Nº (MG, 2016) REGULAMENTAÇÕES APÓS ACIDENTE FUNDÃO CAPÍTULO GESTÃO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS DE CONTENÇÃO DE REJEITOS EM MINAS GERAIS IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE SEGURANÇA CASOS DE RUPTURA NO BRASIL MAIO/1986: BARRAGEM DE REJEITOS I ITAMINAS COMÉRCIO DE MINÉRIOS S.A. / MINA DE FERNANDINHO ITABIRITO JUNHO/2001: BARRAGEM CAVA 1 / RIO VERDE MINERAÇÃO NOVA LIMA MARÇO/2003: BARRAGEM B / FLORESTAL CATAGUAZES - CATAGUASES MARÇO/2006 E JANEIRO/2007: BARRAGEM SÃO FRANCISCO / RIO POMBA CATAGUASES MIRAÍ SETEMBRO/2014: BARRAGEM DE CONTENÇÃO DE REJEITOS B1 / MINERAÇÃO HERCULANO - ITABIRITO NOVEMBRO/2015: BARRAGEM DO FUNDÃO / SAMARCO MINERAÇÃO - MARIANA SITUAÇÃO DAS BARRAGENS EM MINAS GERAIS AUDITORIA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM AUDITORIA TÉCNICA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM IMPORTÂNCIA E FRAGILIDADES DAS AUDITORIAS DE SEGURANÇA DE BARRAGEM AUDITORIA TÉCNICA EXTRAORDINÁRIA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM xiii

15 CAPÍTULO METODOLOGIA PRIMEIRA ETAPA SEGUNDA ETAPA TERCEIRA ETAPA CAPÍTULO RESULTADOS DA PESQUISA AUDITORIAS EXTRAORDINÁRIAS AUDITORIAS REGULARES OU PERIÓDICAS CONCLUSÕES CAPÍTULO PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA AUDITORIA TÉCNICA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM DE CONTENÇÃO DE REJEITOS PRIMEIRA ETAPA PARA AUDITORIA SEGUNDA ETAPA PARA AUDITORIA TERCEIRA ETAPA PARA AUDITORIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS I. APÊNDICE I... I.1 II. APÊNDICE II... II-1 III. ANEXO I... III-1 IV. ANEXO II... IV-1 xiv

16 CAPÍTULO 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS As barragens de contenção de rejeitos são estruturas que armazenam resíduos sólidos e água resultantes do processo de beneficiamento de minérios e suas características dependem do tipo de mineral e do processo de beneficiamento. Essas estruturas podem gerar significativo impacto ambiental e devem seguir critérios adequados de projeto, construção e operação para que possam operar com mais segurança. Em um passado recente, a construção dos aterros das barragens era promovida com o material estéril retirados da mina, transversalmente aos vales para conter os rejeitos de beneficiamento do minério, sendo estruturas baixas e reservavam pequenos volumes (FEAM, 2013). Com o progresso das tecnologias de processamento de minerais e, consequentemente, com o aumento da produção de rejeitos, houve a necessidade de desenvolvimento dos projetos de engenharia, permitindo a construção de barragens com alturas cada vez maiores. Este fato alavancou o desenvolvimento de projetos mais ousados e, para tanto, foi necessária a ampliação do conhecimento e do controle dos aspectos de segurança das barragens, além da compreensão do comportamento dos materiais, desenvolvimento de novas técnicas e avanço na ciência de mecânica dos solos (FEAM, 2013). Percebe-se assim, a significativa importância da atuação de profissionais da área de Geotecnia de Barragens nas ações preventivas e no estabelecimento de regulamentações específicas sobre as questões relacionadas à segurança das barragens de contenção de rejeitos. 1

17 Como as barragens precisam ser administradas em longo prazo, existe a necessidade de melhoria contínua dos processos de gestão, de maneira consistente, segura e ambientalmente responsável, durante todo o ciclo de vida das instalações, respeitando as características específicas de cada barragem (MAC, 2011). Nesse cenário, o Estado de Minas Gerais, por meio da Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM, que é um dos órgãos de apoio do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) e atua vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), desenvolve, desde o ano de 2002, o Programa de Gestão de Barragens de Rejeitos e Resíduos. Este programa tem como objetivo a redução do risco de danos ambientais em decorrência de acidentes em barragens, e segue as diretrizes das Deliberações Normativas nº 62, de 17 de dezembro de 2002 (COPAM, 2002), nº 87, de 17 de junho de 2005 (COPAM, 2005) e nº 124, de 09 de outubro de 2008 (COPAM, 2008). A FEAM possui ainda um banco de dados com as informações das barragens presentes no estado, esse sistema online é denominado Banco de Declarações Ambientais (BDA). As estruturas são então cadastradas no BDA pelos empreendedores e tem uma classificação determinada a partir das características da mesma, como altura, volume, características à jusante, dentre outros fatores determinados na DN nº 62 (COPAM, 2002) e complementada pela DN nº 87 (COPAM, 2005). De acordo com a definição dessa classificação é estabelecido um prazo para que seja realizada a Auditoria Técnica de Segurança e sua correspondente Declaração de Condição de Estabilidade é entregue ao órgão estadual por meio do BDA. As Auditorias Técnicas de Segurança de Barragens são realizadas por especialistas em segurança de barragens independentes, ou seja, profissionais externos ao quadro de funcionários da empresa, evitando assim conflito de interesses. Nessas auditorias, são verificadas a situação atual de operação, além das condições físicas e estruturais das barragens, atestando se as mesmas apresentam requisitos de estabilidade ou não. São definidas ainda recomendações de melhoria, acompanhadas do respectivo cronograma com os prazos para implementação de cada item, conforme descrito na DN nº 87 (COPAM, 2005). 2

18 Em decorrência do rompimento da Barragem do Fundão, operada pela Samarco Mineração S.A., no dia 05 de novembro de 2015, foi instituída uma Força Tarefa de Barragens, criada por meio do Decreto , de 12 de novembro de 2015 (MG, 2015), que teve como finalidade diagnosticar, analisar e propor alterações nas normas e técnicas utilizadas na disposição de rejeitos de mineração no âmbito do Estado. Estas medidas visavam obter maior estabilidade e segurança nas estruturas de contenção de rejeitos. Como resultado dessa Força-Tarefa, foi instituído, em 02 de maio de 2016, o Decreto nº (MG, 2016) e a Resolução Conjunta SEMAD/FEAM nº 2.372, em 06 de maio de 2016 (MG, 2016). O Decreto citado estabelece a Auditoria Extraordinária de Segurança de Barragem para todos os empreendimentos que realizam disposição de rejeitos em barragens e que utilizam ou tenham utilizado o método de alteamento para montante; já a Resolução Conjunta define as diretrizes para realização dessa auditoria extraordinária. É importante ressaltar que a realização da pesquisa foi possibilitada por meio de uma parceria entre o Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas (NUGEO), órgão autônomo que congrega e coordena institucionalmente as atividades e as pesquisas de pósgraduação em Geotecnia na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); e a Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM). 1.2 JUSTIFICATIVAS DA DISSERTAÇÃO A adequada gestão de segurança das barragens de contenção de rejeitos é uma necessidade mundialmente reconhecida e os vários pontos de fragilidade dos sistemas de gestão vem sendo debatidos não somente no Brasil, mas também no plano internacional. Nesse contexto, de acordo com Ávila (2017), um dos principais tópicos dessa discussão é a metodologia de realização de auditorias de segurança. Assim, considerando a necessidade de garantir a segurança das barragens, a proposta desta dissertação está embasada na melhoria dos procedimentos de gestão das barragens de contenção de rejeitos, por meio da definição de um protocolo para a realização das 3

19 Auditorias Técnicas de Segurança de Barragens, com o estabelecimento dos requisitos mínimos a serem considerados, independentes da finalidade pretendida. Essa definição de protocolo, com diretrizes definidas, poderá contribuir para a realização de trabalhos mais densos, com riqueza de dados, estudos sobre a estrutura e, assim, auxiliar na definição da real condição de segurança das barragens auditadas. Além disso, o banco de dados criado na pesquisa, bem como a metodologia definida, poderão ser utilizados em pesquisas futuras. 1.3 OBJETIVO DA DISSERTAÇÃO O estudo tem como objetivo contribuir para a definição de diretrizes na realização das Auditorias Técnicas de Segurança de Barragem, de maneira a serem adaptadas em cada caso específico, sem inviabilizar o processo, e sempre visando a melhoria contínua da gestão de segurança das barragens de contenção de rejeitos. Para alcançar, de forma satisfatória, esse resultado, os seguintes objetivos específicos foram definidos: Criar um primeiro banco de informações sobre as barragens alteadas para montante, definido por meio da avaliação dos Relatórios de Auditoria Extraordinária de Segurança de Barragens, instituído pelo Decreto nº (MG, 2016); Criar um segundo banco de informações sobre barragens, definido por meio da verificação dos Relatórios de Auditoria Técnica de Segurança de Barragem, exigidos pela Deliberação Normativa nº 87 (COPAM, 2005); Confrontar os dois bancos de informações criados; Definir proposta de diretrizes para a realização das Auditorias Técnicas de Segurança de Barragem. 4

20 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO A presente dissertação foi estruturada em seis capítulos. No Capítulo 1 tem-se uma introdução sobre o tema, são feitas as considerações iniciais e são apresentadas as justificativas e os objetivos do trabalho proposto. No Capítulo 2 encontra-se a revisão da literatura a respeito das barragens, com a definição das barragens de contenção de rejeitos, detalhamento dos métodos construtivos e da disposição dos rejeitos. Ainda são abordados os aspectos legais e normativos em Minas Gerais, no Brasil e em alguns países do mundo. No Capítulo 3 é abordada a importância da gestão de segurança das barragens de contenção de rejeitos, sendo apresentados alguns casos de ruptura ocorridos no Brasil e no mundo. O capítulo apresenta também a situação das barragens no estado de Minas Gerais, ressaltando as ações realizadas pela FEAM e o detalhamento dos dados referentes às barragens cadastradas em Minas Gerais, com base no Inventário de Barragem do Estado de Minas Gerais, publicado anualmente pelo órgão. Ainda no contexto da gestão de segurança, no capítulo 3 é abordada a importância e as fragilidades das Auditorias Técnicas de Segurança, ferramenta de significativa importância dentro do sistema de gestão de barragens, assim como os principais aspectos e diretrizes legais das Auditorias Técnicas Extraordinárias de Segurança de Barragem. No Capítulo 4 é detalhada a metodologia utilizada no estudo, que foi dividida em três etapas. No Capítulo 5 são citados os resultados obtidos a partir da avaliação dos relatórios de auditoria, tanto das Extraordinárias quanto das Regulares, definidos a partir da base de dados criada nas duas etapas de avaliação. No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões finais da avaliação dos relatórios de auditoria e a consequente definição das Diretrizes propostas para realização das Auditorias Técnicas de Segurança de Barragens. No mesmo capítulo, também são sugeridos alguns temas para pesquisas futuras. 5

21 CAPÍTULO 2 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 BARRAGEM DE CONTENÇÃO DE REJEITOS Definição De acordo com a NBR (ABNT, 2017), as barragens de contenção de rejeitos, tema dessa dissertação, são estruturas utilizadas para reter, de forma planejada, projetada e controlada, volumes de rejeito advindos do processo de beneficiamento de minério. Os rejeitos são os resíduos resultantes do processo de beneficiamento dos minérios, em um processo que objetiva como produto final, os elementos de interesse econômico. A finalidade do processo de beneficiamento consiste em regularizar o tamanho dos grãos, remover minerais associados (sem interesse econômico) e aumentar a qualidade, pureza e o teor do produto final. Os procedimentos são variados e dependem do tipo e da qualidade do minério de interesse (Espósito, 2000). Esses rejeitos, apesar de não possuírem valor econômico direto, geram interesse das empresas do setor de mineração, já que o aumento significativo da produção dos mesmos culminou na busca por novas alternativas de disposição desse material, de forma econômica e segura. Nesse viés, visando minimizar impactos ambientais, melhorar os aspectos de segurança e diminuir os custos associados ao processo de contenção desses rejeitos, as empresas optam, ainda, pela disposição dos mesmos em barragens (Espósito, 2000). 6

22 Para garantir que as barragens de rejeito possam cumprir sua finalidade de reter inteiramente o rejeito em seu reservatório e permitir o controle adequado de toda água que a ultrapassa, a barragem e sua fundação devem estar estáveis. Assim, é essencial que projeto, construção, monitoramento da operação e desativação sejam adequados. Uma possível estrutura observada em uma barragem convencional pode ser visualizada na Figura 2.1. Figura 2.1: Barragem convencional (modificado - Vick, 1983). Vick (1983) cita que um projeto adequado de barragens deve considerar não apenas as características da fração sólida da polpa, mas também as características do efluente, protegendo também da percolação de efluentes contaminados. Como as barragens podem ser aumentadas, dependendo da necessidade de estocagem de rejeito, várias possibilidades de risco de ruptura podem ocorrer, tendo como consequência, além da perda econômica, perda de vidas humanas e danos ambientais incalculáveis. Assim, é essencial um controle detalhado da mesma durante todo o seu ciclo de vida, normalmente maiores que a própria vida útil da mina Métodos construtivos para os alteamentos Os alteamentos, segundo NBR (ABNT, 2017), são quaisquer incrementos de altura do maciço da barragem, a partir de um maciço inicial existente, projetados e construídos para aumento de capacidade volumétrica, elevação de lâmina de água, aumento de altura de amortecimento de cheias, ou outro motivo, tornando necessário ou desejável tal procedimento. 7

23 As barragens de contenção de rejeitos são estruturas construídas, normalmente, já com o propósito de passarem por processo de alteamento ao longo da sua vida útil e, dentre os métodos construtivos usuais, podem ser citados três principais: o método de montante, o método de jusante e o método de linha de centro, conforme ilustrado na Figura 2.2. Figura 2.2: Métodos de alteamento em barragens (Espósito, 2000). De acordo com Espósito (2000), o método de montante é considerado o mais econômico e de maior facilidade de execução, porém o mais crítico sob o ponto de vista de segurança. Contudo se o desempenho de tais barragens tiver o acompanhamento adequado, podem-se minimizar os fatores que trazem a insegurança deste modelo de alteamento. No estudo dessa dissertação, o método de alteamento para montante, em especial, terá importância significativa, devido às fragilidades encontradas nesse método aqui descritas e, que também foram levantadas e discutidas nas reuniões da Força-Tarefa realizadas em

24 Nesse método, inicialmente é construído um dique inicial, sendo o rejeito lançado em seguida perimetralmente, a partir da crista, formando a denominada praia de rejeitos. Essa praia torna-se fundação para o segundo dique periférico e assim sucessivamente até atingir a altura máxima especificada em projeto, conforme observado na Figura 2.3. Figura 2.3: Alteamento sequencial - Método de montante (modificado - Vick, 1983). As desvantagens apresentadas são a dificuldade de controle da superfície freática, redução na capacidade de armazenamento do reservatório, suscetibilidade ao piping, superfícies erodíveis e probabilidade de liquefação (Vick, 1983). Nesse método, segundo Duarte (2008), ainda existe uma dificuldade de implantação de um sistema de drenagem interna eficiente nos alteamentos, o que gera um problema adicional com reflexos na estabilidade da estrutura. Dessa forma, apesar da simplicidade de execução e do baixo custo do barramento, esse tipo de alteamento deve ser utilizado com o adequado controle construtivo, observando os pontos críticos de maneira minuciosa e com a devida atenção nos controles e processos de gestão operacional. 9

25 Já no método de jusante, cujo alteamento sequencial pode ser verificado na Figura 2.4, após a conclusão do dique de partida, o material é lançado de forma que o eixo da barragem em cada alteamento vai se deslocando para jusante da mesma. Esse método exige maiores volumes de material de construção, podendo ser utilizado o próprio rejeito, solos de empréstimo ou estéril proveniente de lavra. Figura 2.4: Alteamento sequencial - Método de jusante (modificado - Vick, 1983). De acordo com Klohn (1981 apud Duarte 2008), as vantagens envolvidas por essa metodologia de alteamento consistem no controle do lançamento e da compactação e, além disso, os sistemas de drenagem interna podem ser instalados durante os alteamentos, melhorando sua situação de estabilidade. Em contrapartida, apresentam maiores custos relacionados aos grandes volumes requeridos para a execução do maciço e a área ocupada pela estrutura é significativamente maior, considerando o crescimento progressivo para jusante, com o aumento da altura. 10

26 Normalmente esse método é utilizado quando há necessidade de se armazenar grandes volumes de água no reservatório da barragem. Destaca-se ainda que, no alteamento por jusante, a possibilidade de liquefação é reduzida, podendo ser utilizado em zonas sísmicas e ainda junto a equipamentos vibratórios para a compactação dos materiais (Fernandes, 2017). Finalmente, no método de linha de centro, a barragem é iniciada com um dique de partida de solo compactado. Os alteamentos sucessivos se dão de tal forma que o eixo da barragem se mantém na posição inicial, ou seja, coincidente com o eixo do dique de partida, o que pode ser observado na Figura 2.5. Assim, o espaldar de montante apoia-se nos rejeitos e o de jusante sobre toda a etapa subjacente. Figura 2.5: Alteamento sequencial - Método de linha de centro (modificado - Vick, 1983). O alteamento por linha de centro representa uma solução intermediária entre os dois processos de alteamento anteriormente citados em muitos aspectos. Compartilha vantagens dos dois métodos e tenta minimizar suas desvantagens. 11

27 Segundo Assis e Espósito (1995), quanto ao comportamento geotécnico, o método de linha de centro se assemelha mais a barragens alteadas para jusante. Por esta técnica, torna-se possível a utilização de zonas de drenagem internas em todas as fases de alteamento, o que possibilita o controle da linha de saturação e promove uma dissipação de poropressões, tornando o método apropriado para utilização inclusive em áreas de alta sismicidade. A escolha do método de construção a ser utilizado depende de fatores como tipo de processo industrial, características geotécnicas, nível de produção de rejeitos, necessidade de reservar água, sismicidade, topografia, hidrologia, hidrogeologia, assim como dos custos relacionados. Independentemente dessa escolha, o controle geotécnico das estruturas é essencial para diminuir as incertezas, realizar a gestão adequada e assim ser determinante na melhoria da situação de estabilidade das barragens em questão Disposição de rejeitos Em função do tipo de minério processado e dos tratamentos adotados, podem ser encontrados rejeitos com várias características geotécnicas, físico-químicas e mineralógicas. Quanto a granulometria, quando os rejeitos possuem granulometria fina, são denominados lama, e quando são caracterizados por granulometria grossa (acima de 0,074 mm), são denominados rejeitos granulares (Espósito, 2000). De acordo com Duarte (2008), os rejeitos podem ser dispostos basicamente em minas subterrâneas, em cavas exauridas de minas, em pilhas, por empilhamento a seco (método dry stacking ), por disposição em pasta ou em barragens de contenção de rejeitos. Atualmente, as barragens de contenção de rejeitos ainda são as mais utilizadas. O descarte dos rejeitos gerados na unidade de beneficiamento das empresas mineradoras pode ser feito na forma sólida (pasta ou granel) ou líquida (polpa). Na primeira situação o transporte dos rejeitos é realizado por meio de caminhões ou correias transportadoras. O transporte de lama ou polpa pode ser feito em canal aberto ou tubulações. 12

28 A disposição em uma praia de rejeitos pode ser efetuada em um ponto único ou em vários pontos de descarga (espigotamento). A descarga de ponto único requer que a extremidade aberta do tubo de descarga de rejeitos seja realocada periodicamente para formar uma série de deltas adjacentes e sobrepostos. Já o espigotamento, realiza a mesma finalidade, descarregando a lama de rejeitos através de espigotes, sem a necessidade de relocação da tubulação ou desconexão de segmentos de tubulação (Vick, 1987). Esses espigotes são geralmente valvulados individualmente para controle e distribuição de descarga e o esquema descrito pode ser verificado na Figura 2.6. Figura 2.6: Métodos de descarga de rejeitos a) Espigotamento b) Descarga em ponto único (modificado - Vick, 1983). O método de disposição dos rejeitos deve ser definido com base na caracterização tecnológica e propriedades mecânicas dos mesmos, bem como de acordo com as condições geológicas e topográficas da região, além do espaço disponível para tal disposição; sempre deve ser priorizada a minimização dos impactos ambientais e a diminuição dos custos relacionados aos processos envolvidos. 13

29 Outra questão importante a ser destacada é que as tecnologias utilizadas para a disposição dos rejeitos podem ainda ser combinadas entre si para a obtenção de sistemas mais eficientes e também para atendimento de algum requisito específico de projeto (Fernandes, 2017). De acordo com Fernandes (2017), o teor de sólidos também é um fator importante na definição do método de disposição. Conforme o teor de sólidos e seu consequente percentual de água, os rejeitos são classificados em: rejeitos não espessados (polpa); rejeitos espessados; rejeitos filtrados e rejeitos em pasta. O rejeito em polpa possui em torno de 20 a 30% de sólidos em sua composição, já os rejeitos espessados (que passaram por processo mecânico de desaguamento) possuem de 50 a 60% de sólidos e o rejeito em pasta, possui de 60 a 75% de teor de sólidos. 2.2 ASPECTOS LEGAIS E NORMATIVOS Neste capítulo, será apresentado o que algumas legislações regulamentam quanto à segurança de barragens, tanto de contenção de rejeitos como convencionais, no cenário internacional e no Brasil. A partir de uma revisão sobre legislação de barragens de rejeito em diversos países, verificou-se que não existe uma padronização definida quanto aos métodos de classificação e fiscalização. Cada país tem criado seus próprios critérios, de acordo com seu histórico de desenvolvimento e características locais (Duarte, 2008). As regulamentações devem ser flexíveis o suficiente para acomodar as variações físicas, técnicas e sociais dos diferentes locais que abrangem. Uma regulamentação ideal deve considerar mudanças futuras, como o conhecimento técnico e o crescimento esperado da comunidade (Golder, 1999 apud Duarte, 2008). Nesse contexto, observa-se que as legislações relacionadas à segurança de barragens, ou mesmo a organização governamental exigida para um bom funcionamento do programa de segurança de barragens, é de alta complexidade e deve ser muito bem elaborado e articulado (Zuffo, 2005). 14

30 2.2.1 Legislação: cenário internacional A International Commission On Large Dams (ICOLD) é uma organização internacional não governamental referência no estabelecimento de padrões e diretrizes para garantir que as barragens sejam construídas e operadas de maneira segura, eficiente, econômica e ambientalmente sustentável e socialmente justa (ICOLD, 2018). São gerados boletins, que representam o coração da atividade do ICOLD. Neste processo, especialistas se encontram durante um período de 3 a 5 anos e produzem um "estado da arte", com recomendações para engenheiros de todo o mundo sobre um assunto determinado. Nesse contexto, o Boletim 74 (ICOLD, 1989) apresenta recomendações sobre a criação de legislação sobre segurança de barragens de contenção de rejeitos, fornecendo informações e sugerindo providências para comissões, registros, permissões, procedimentos para projeto, construção, operação e manutenção, supervisão, autoridades, inspeção e reabilitação. Legislação Americana De acordo com Zuffo (2005), a articulação da segurança de barragens realizada pelo governo americano é complexa e tratada por vários órgãos governamentais diferentes, indo desde o poder federal até representantes civis. Segundo a Federal Emergency Management Agency - FEMA, os proprietários de barragens são os responsáveis pela segurança, manutenção, melhoria e reparos de suas barragens. Nos Estados Unidos, a maioria das barragens é da iniciativa privada (Zuffo, 2005). Quanto às questões de regulamentação, os governos estaduais são responsáveis por aproximadamente 95% das barragens listadas no National Inventory of Dams (NID) ou Inventário Nacional de Barragens e órgãos federais regulamentam aproximadamente 5% das barragens que constam no NID (Zuffo, 2005). 15

31 Duarte (2008) descreve que, em termos de aspectos ambientais, a regulamentação dos Estados Unidos é prescritiva. Assim, as próprias companhias de mineração, apoiadas pelos seus construtores e projetistas, definem os programas de gerenciamento para suas estruturas em particular. A legislação, geralmente, não descreve práticas de gerenciamento com requerimentos básicos, como requerimento para um programa de inspeção de barragens, requerimento de relatórios anuais e manuais de operação. A ruptura da barragem de Teton em 1977 constituiu um marco nos conceitos de segurança e risco a jusante nos EUA que culminou em recomendações federais para Segurança de Barragens que passaram a ser adotadas e implementadas pelas agências federais. Estas recomendações incluem, dentre outras ações, a elaboração e a implementação dos Planos de Ação de Emergência, com o envolvimento das autoridades e comunidades locais. É importante destacar a alta frequência de acidentes de pequenas e médias barragens de terra nos EUA, o que justificou um rigor particular nas atividades de segurança desencadeadas pelas diversas agências de licenciamento de barragens, autoridades de segurança e donos de obras, em particular o Bureau of Reclamation e o U.S. Army Corps of Engineers (USACE). Em 1981 esta última instituição desencadeou um Programa de Inspeção Nacional em barragens, tendo concluído que cerca de um terço estavam em condições de segurança deficientes (WSDE, 1993 apud Duarte, 2008). Legislação Australiana Em 1978 a Austrália lançou o Dam Safety Act Decreto de Segurança de Barragens, que engloba questões mais abrangentes de segurança de barragens. Em 2000, foi publicado o Dam Safety Code Código de Segurança em Barragens, cujo propósito é assegurar que barragens sejam adequadamente gerenciadas de modo a se evitar operações inseguras e/ou rompimentos que possam causar perda de vidas, além de estragos a bens materiais e também ao meio ambiente (Australian, 2000 apud Zuffo, 2005). 16

32 Esse código prevê que todo barramento deve ser operado e mantido de acordo com as diretrizes da ANCOLD - Comissão Australiana de Grandes Barragens (Australian Comission on Large Dams), e da NSW Diretrizes Técnicas do Comitê de Segurança de Barragens (NSW Dam Safety Commmitee Technical Guidelines). Além disso, para cada empreendimento, há a necessidade de se produzir um relatório anual de segurança, desenvolver e manter um programa de fiscalização de barragens e, num prazo de seis meses após a obtenção da licença de operação (e depois disto, a cada ano), elaborar um plano de emergência e submetê-lo ao Chefe Executivo para a sua aprovação. As diretrizes do ANCOLD são aplicáveis para barragens de água ou rejeitos e, embora preparada para barragens de no mínimo 10 a 15 m de altura, também podem ser usadas para auxiliar na gestão de barragens menores. Além disso, devem ser aplicadas considerando os julgamentos e habilidades dos profissionais ao projetar, operar e gerenciar barragens e, com o passar do tempo, pretende-se que essas diretrizes sejam atualizadas conforme as circunstâncias determinem (ANCOLD, 2018). Legislação Canadense No Canadá, o The Canadian Dam Association (CDA) publicou, em 1999, orientações sobre segurança de barragens, incluindo recomendações a respeito das responsabilidades, escopo e frequência de revisões de segurança, operação, manutenção e inspeção, além de preparação para emergências. Estas orientações indicam que as barragens convencionais, de terra, para armazenamento de água ou rejeitos de mineração são, em muitos casos, similares quanto aos critérios de projeto para estabilidade (Duarte, 2008). O The Mining Association of Canada, publica guias e manuais complementares, Dam Safety Guidelines (MAC, 2011), para gestão das instalações de armazenamento de rejeitos, com o intuito de ajudar as empresas de mineração canadenses a adotarem as melhores práticas do setor e para cumprir as regulamentações governamentais (MAC, 2018). 17

33 Estão disponíveis online o Manual de Operação, Manutenção e Supervisão para Instalações de Gestão de Rejeitos e Água, o Guia de Auditoria e Avaliação da Gestão de Instalações de Rejeitos, ambos publicados em 2008 e atualizados em 2011 e o Guia para Gestão de Instalações de Rejeito, que está na sua terceira edição, tendo sido atualizado também em Legislação no Brasil A legislação referente às barragens é utilizada como referência tanto para os empreendedores, no cumprimento das normas, quanto para os órgãos fiscalizadores, no cumprimento de sua função. Assim, é importante descrever inicialmente um breve histórico legislativo referente à segurança de barragens, para que possa ser observada a evolução nas normas existentes. Fernandes (2017) ressalta que, de maneira geral, as leis nacionais são referência para os órgãos fiscalizadores. Nesse contexto, as Deliberações Normativas do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) são regionais, sendo aplicáveis à Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), no estado de Minas Gerais. Já as Resoluções do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) são nacionais, aplicáveis em conformidade com as Leis Nacionais para água e rejeitos. As portarias do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), atualmente Agência Nacional de Mineração (ANM), são nacionais e referem-se a rejeitos de mineração, já as Deliberações Normativas da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e da Agência Nacional de Águas (ANA) para o gerenciamento de acumulação de água. Deliberação Normativa nº 62 (COPAM, 2002) A Deliberação Normativa nº 62 (COPAM, 2002) determina critérios para definição da classificação quanto ao potencial de dano ambiental das barragens, estabelecendo 05 (cinco) parâmetros considerados, quais sejam: altura do maciço, volume do reservatório, ocupação humana à jusante, interesse ambiental na área jusante à barragem e instalações na área jusante. 18

34 Assim, de acordo com o somatório dos valores atribuídos a cada parâmetro citado, as estruturas são classificadas em 03 (três) categorias: Classe I: Baixo Potencial de Dano Ambiental - quando o somatório dos valores for menor ou igual a dois (V 2); Classe II: Médio Potencial de Dano Ambiental - quando o somatório dos valores for maior que dois e menor ou igual a quatro (2 < V 4); Classe III: Alto Potencial de Dano Ambiental - quando o somatório dos valores for maior que quatro (V>4). A Deliberação determina ainda requisitos mínimos para projeto, implantação, operação e fechamento/desativação de barragens e, estabelece que os proprietários do empreendimento são responsáveis pela implantação de procedimentos de segurança nas fases de projeto, implantação, operação e fechamento das barragens decorrentes de suas atividades industriais. As atividades dos órgãos com atribuições de fiscalização não eximem os proprietários dos empreendimentos da total responsabilidade pela segurança das barragens e reservatórios existentes nos seus empreendimentos, bem como das consequências pelo seu mau funcionamento. Essa deliberação traz ainda, como anexos, uma tabela para classificação das barragens e um formulário para o cadastro dessas estruturas. Deliberação Normativa nº 87 (COPAM, 2005) Em 2005, considerando a necessidade de alterar e complementar a Deliberação Normativa COPAM nº 62 (COPAM, 2002) e, após a conclusão do relatório do Grupo de Trabalho criado em cumprimento ao disposto no Artigo 9.º da referida Deliberação, foi publicada em 17 de junho, a Deliberação Normativa COPAM nº 87/2005 (COPAM, 2005). Essa Deliberação incorpora recomendações técnicas e estabelece procedimentos para a auditoria de segurança nas estruturas de que trata este instrumento. 19

35 Dessa forma, estabelece que todas as barragens devem realizar Auditoria Técnica de Segurança conforme disposto em seu Art. 5º, de acordo com a periodicidade que varia em função da classificação da barragem, sendo: Auditoria a cada 1 ano para Barragens de Classe III; Auditoria a cada 2 anos para Barragens de Classe II; Auditoria a cada 3 anos para Barragens de Classe I. A regulamentação também pontua especificações como o fato que a Auditoria Técnica de Segurança deve ser feita por profissional sem vínculo com o quadro de funcionários da empresa, que deve elaborar um Relatório de Auditoria Técnica de Segurança de Barragens contendo, no mínimo, o laudo técnico conclusivo sobre a situação de segurança da estrutura, as recomendações para melhoria da segurança da barragem, nome completo do auditor responsável e informação sobre sua respectiva titularidade, com anexação da Anotação de Responsabilidade Técnica emitida pelo conselho de classe do profissional. A cópia do primeiro Relatório de Auditoria Técnica de Segurança de Barragem realizado deve ser encaminhada à FEAM e todos os demais Relatórios Técnicos de Auditoria devem permanecer arquivados no empreendimento para consulta durante as fiscalizações ambientais. Deliberação Normativa nº 124 (COPAM, 2008) Ainda na esfera estadual, a Deliberação Normativa nº 124/2008 (COPAM, 2008) complementa a Deliberação Normativa nº 87 (COPAM, 2005), estabelecendo que o Relatório de Auditoria Técnica de Segurança deverá estar disponível no empreendimento para consulta durante as fiscalizações ambientais. Além disso, essa deliberação estabelece que o empreendedor deve apresentar à FEAM a Declaração de Condição de Estabilidade referente à última atualização do Relatório de Auditoria Técnica de Segurança de Barragem até o dia 10 de setembro de cada ano de sua elaboração. 20

36 Lei Federal nº (BRASIL, 2010) A Lei Federal nº , aprovada em 20 de setembro de 2010 (Brasil, 2010) estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, e cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB). Essa Lei, conforme estabelecido no Parágrafo Único de seu Art. 1º, aplica-se às barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais que apresentem pelo menos uma das seguintes características: I - altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15 m (quinze metros); II - capacidade total do reservatório maior ou igual a m³ (três milhões de metros cúbicos); III - reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas aplicáveis; IV - categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas, conforme definido no Art. 6º. O SNISB, criado nesta legislação, é um registro informatizado das condições de segurança de barragens em todo o território nacional e tem como princípios a descentralização da obtenção e produção de dados e informações; a coordenação unificada do sistema, além do acesso a dados e a informações garantido a toda sociedade. De acordo com a Lei (Brasil, 2010) o SNISB compreende um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação das informações sobre as barragens, devendo contemplar estruturas em construção, em operação e desativadas, objetivando uma coordenação unificada do sistema de gerenciamento de segurança de barragens. 21

37 A organização, implantação e gestão do SNISB são responsabilidade da ANA e cada órgão fiscalizador é responsável por manter o cadastro das barragens objeto de sua fiscalização, com a identificação dos empreendedores, para fins de incorporação ao SNISB, além de exigir do empreendedor o cadastramento e a atualização das informações relativas à barragem no sistema em questão, o que corresponde a uma parte fundamental do SNISB. A partir da Lei (Brasil, 2010) algumas resoluções e portarias foram criadas para adequação e detalhamento da mesma. Resolução nº 143 (CNRH, 2012) A Resolução nº 143, de 10 de julho de 2012 (CNRH, 2012), estabelece critérios gerais de classificação de barragens considerando a categoria de risco da estrutura, o dano potencial associado (DPA) e o volume do reservatório. A resolução traz, como anexos, quadros para definição dessa classificação. Essa resolução foi criada em atendimento à determinação constante do Art. 7º da Lei nº (Brasil, 2010). Resolução nº 144 (CNRH, 2012) A Resolução nº 144 (CNRH, 2012), de 10 de julho de 2012, estabelece diretrizes para implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), para aplicação de seus instrumentos como o Plano de Segurança da Barragem (PSB) e o Relatório de Segurança de Barragens e, ainda, para atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB). Essa resolução foi criada em atendimento ao Art. 20 da Lei nº (Brasil, 2010). Resolução nº 178 (CNRH, 2016) A Resolução CNRH nº 178, de 29 de junho de 2016 (CNRH, 2016), altera a Resolução nº 144 (CNRH, 2012). Essa atualização determina que o Relatório de Segurança de 22

38 Barragens deve compreender o período entre 1º de janeiro e 31 de dezembro do ano de referência do relatório. Ela define que a Agência Nacional de Águas (ANA) poderá estabelecer, até 30 de setembro de cada ano, o conteúdo atualizado das contribuições e formulários padronizados para recebimento das informações que irão compor o Relatório de Segurança de Barragens para o ano seguinte. Caso não o faça, o conteúdo exigido no ano anterior continua a valer. Os empreendedores devem enviar para os órgãos fiscalizadores as informações necessárias para a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens até o dia 31 de janeiro. Já os órgãos fiscalizadores, terão até o dia 30 de abril de cada ano para enviar as informações necessárias para a elaboração do relatório à ANA, que por sua vez, tem até 31 de agosto para encaminhar o Relatório de Segurança de Barragens ao CNRH, de forma consolidada. A legislação institui ainda o Grupo de Trabalho no âmbito da Câmara Técnica de Análise de Projeto, com o objetivo de analisar o relatório elaborado pela ANA e propor as recomendações para a melhoria da segurança de barragens. E por último, definiu que cabe ao CNRH, anualmente, apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para melhoria da segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional até 31 de dezembro de cada ano. As demandas desta resolução começam a valer para o relatório de O de 2015 está amparado pela Resolução CNRH nº 144 (CNRH, 2012). Portaria nº 416 (DNPM, 2012) O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em adequação à Lei Federal nº (BRASIL, 2010) instituiu a Portaria nº 416, de 03 de setembro de 2012 (DNPM, 2012), que cria o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração, define a qualificação do responsável e equipe técnica, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Segurança da Barragem, da Revisão Periódica de Segurança e 23

39 das Inspeções Regulares e Especiais de Segurança das Barragens de Mineração conforme cita a Lei nº (BRASIL, 2010), que dispõe sobre a Política Nacional de Segurança de Barragens. Ressalta-se que esta portaria foi revogada. Portaria nº 526 (DNPM, 2013) Institui, em 09 de dezembro de 2013, a Portaria nº 526 (DNPM, 2013), que estabelece a periodicidade de atualização e revisão, a qualificação do responsável técnico, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Ação de Emergência das Barragens de Mineração (PAEBM), conforme art. 8, 11 e 12 da Lei n (BRASIL, 2010), que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), e art. 8º da Portaria nº 416 (DNPM, 2012). Salienta-se que esta portaria foi revogada. Portaria nº (DNPM, 2017) Em 2017, as Portarias nº 416 (DNPM, 2012) e nº 526 (DNPM, 2013) foram revogadas e, assim, foi instituída a Portaria nº de 17 de maio de 2017 (DNPM, 2017), que substitui as mesmas. A portaria vigente estabelece a periodicidade de execução ou atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Segurança da Barragem, das Inspeções de Segurança Regular e Especial, da Revisão Periódica de Segurança de Barragem e do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração, conforme art. 8, 9, 10º, 11º e 12º da Lei n (BRASIL, 2010), que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens - PNSB. Atualizando as duas anteriores, a portaria define as responsabilidades dos empreendedores que são proprietários de barragens de mineração em prestar informações dos resultados das inspeções periódicas das estruturas, no Sistema 24

40 Integrado de Gestão em Segurança de Barragens de Mineração - SIGBM do DNPM, em período quinzenal. A apresentação das Declarações de Condição de Estabilidade, também por meio do Sistema criado, passa a ser com periodicidade semestral ao invés de anual, como previa a portaria anterior. Além disso, o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração, e a classificação das estruturas também poderão ser atualizados em função de dados obtidos de inspeções e relatórios de auditorias em período quinzenal ao invés de anual, entre outras medidas que vieram para aperfeiçoar a efetiva implementação do PNSB no Setor Mineral Brasileiro. Embora o foco deste trabalho seja as barragens de contenção de rejeitos, faz-se importante uma breve descrição da legislação referente às barragens de água, considerando que a maioria dos textos legislativos faz menção a todos os tipos de barragens. Regulamentações Agência Nacional de Águas (ANA) Ainda em âmbito nacional, a Resolução ANA nº 742 de 27 de outubro de 2011 (ANA, 2011), regulamentou o Art. 9 da Lei nº (Brasil, 2010), estabelecendo a periodicidade, a qualificação da equipe responsável, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento das Inspeções de Segurança Regulares de barragens que são fiscalizadas pela Agência. A Resolução ANA nº 91 de abril de 2012 (ANA, 2012) estabelece a periodicidade de atualização, a qualificação do responsável técnico, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento tanto do Plano de Segurança da Barragem quanto da Revisão Periódica de Segurança da Barragem. Já a Resolução ANA n 132 de 22 de fevereiro de 2016 (ANA, 2016) estabelece critérios complementares para classificação das barragens reguladas pela ANA no que 25

41 diz respeito ao dano potencial associado. Essa resolução traz como anexo uma tabela para essa classificação. Regulamentação Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) A Resolução Normativa ANEEL N 696 de 15 de dezembro de 2015 (ANEEL, 2015), estabelece critérios para classificação, formulação do Plano de Segurança e realização da Revisão Periódica de Segurança de barragens fiscalizadas por esse órgão, de acordo com o que determina a Lei N (Brasil, 2010). A Figura 2.7 ilustra um fluxograma com as respectivas responsabilidades de cada setor, considerando o empreendedor, os órgãos fiscalizadores, o órgão gestor do SNISB e o CNRH, definidas na Política Nacional de Segurança de Barragens (Fernandes, 2017). Figura 2.7: Fluxograma representativo das responsabilidades para implementação do PSB (Fernandes, 2017). 26

42 Projeto de Lei nº (MG, 2016) Existe ainda o Projeto de Lei (MG, 2016), em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que dispõe sobre licenciamento ambiental e fiscalização de barragens no estado de Minas Gerais. Essa legislação aplica-se às barragens destinadas à acumulação ou à disposição final ou temporária de rejeitos ou resíduos industriais ou de mineração, que apresentem no mínimo uma das seguintes características: altura do maciço (contada do ponto mais baixo da fundação à crista) maior ou igual a 15 metros; capacidade total do reservatório maior ou igual a m³; reservatório com resíduos perigosos; potencial de dano ambiental médio ou alto. O Projeto de Lei em tramitação proíbe instalação de barragem em cuja área a jusante seja identificada alguma forma de povoamento ou comunidade ou haja reservatório ou manancial destinado ao abastecimento público de água potável e proíbe a instalação de barragem destinada à acumulação ou à disposição final ou temporária de rejeitos ou resíduos de mineração pelo método de alteamento a montante. Exige ainda o Plano de Segurança de Barragem (PSB) para análise de Licença de Operação, que inclui o Plano de Ação de Emergência (PAE). O projeto em questão ainda define a periodicidade de auditoria nas barragens, conforme Deliberação Normativa COPAM vigente, dentre outros itens referentes à fiscalização. Regulamentações após acidente Fundão Ainda no panorama jurídico, em consequência ao rompimento da Barragem do Fundão, operada pela Samarco Mineração S.A., no dia 05 de novembro de 2015, houve a criação de uma Força Tarefa de Barragens, por meio do Decreto , de 12 de novembro de 2015 (MG, 2015), cuja finalidade era diagnosticar, analisar e propor alterações nas normas e técnicas utilizadas na disposição de rejeitos de mineração no âmbito do Estado. Estas medidas visavam obter maior estabilidade e segurança nas estruturas de contenção de materiais. 27

43 Os objetivos da Força Tarefa, conforme preconizado no decreto citado, eram: I - levantar e diagnosticar a existência de formas alternativas de disposição de rejeitos de mineração, que busquem não impactar o ambiente e aumentar a segurança nas estruturas de contenção, verificando a viabilidade econômica e o prazo mínimo necessário à implantação de novas tecnologias; II - propor alterações nas normas e técnicas utilizadas nas estruturas de contenção de rejeitos em empreendimentos de mineração, visando à diminuição do impacto ambiental e ao aumento da estabilidade e da segurança nas estruturas de contenção de materiais. Todo o trabalho do grupo foi coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e teve a participação de várias Secretarias de Estado, representantes do setor produtivo, entidades públicas e universidades com o objetivo de obter maior estabilidade e segurança nas estruturas de contenção de rejeitos (FEAM, 2016). De acordo com o Inventário de Barragens da FEAM (FEAM, 2016), as discussões conduziram, seja pela expertise dos participantes e pelas informações levantadas a partir de dados técnicos, acadêmicos e de outros acidentes que ocorreram anteriormente, para a conclusão que, as barragens de rejeitos da mineração que utilizam ou que tenham utilizado o método de alteamento para montante são as mais críticas sob o ponto de vista de segurança e, por isso, necessitam de adequado controle construtivo, observando os pontos críticos de maneira minuciosa e com a devida atenção nos controles e processos de gestão operacional. Nesse contexto, as discussões da Força-Tarefa culminaram para a publicação do Decreto , em 02 de maio de 2016 (MG, 2016), que convocou os responsáveis por barragens de contenção de rejeitos de mineração com alteamento para montante, para a realização da Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragem e para implantação imediata de um Plano de Ação para adequação das condições de estabilidade e de operação dessas estruturas, visando a reduzir o potencial de acidentes com danos ambientais. 28

44 Este Decreto ainda proíbe a instalação de novas barragens de contenção de rejeitos em Minas Gerais, nas quais se pretenda utilizar o método de alteamento para montante e a ampliação de barragens de contenção de rejeitos já existentes, que utilizem ou que tenham utilizado o método de alteamento para montante, até que o COPAM delibere sobre os critérios e procedimentos pertinentes. Em março de 2017 foi publicado o Decreto (MG, 2017) que altera o Decreto (MG, 2016), definindo que tal proibição não se aplica às barragens cuja condição de estabilidade tenha sido garantida por meio da Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragem e, desde que, para a ampliação não seja utilizado o método de alteamento para montante. A Resolução SEMAD/FEAM 2.372, publicada no dia 06 de maio de 2016 (MG, 2016), estabelece diretrizes para realização da Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragens de que trata o Decreto nº (MG, 2016) e para a emissão da correspondente Declaração Extraordinária de Condição de Estabilidade, dentre outras providências. Por fim, a Instrução de Serviço sobre Barragem (ISSB) 02/2018, publicado em 23 de abri de 2018 (SEMAD/FEAM, 2018), dispõe sobre procedimentos aplicáveis à gestão do módulo de barragens do Banco de Declarações Ambientais BDA, os procedimentos para a apresentação das declarações de condição de estabilidade, cadastro, descaracterização, descadastramento e licenciamento ambiental de barragens de contenção de resíduos ou rejeitos da mineração. 29

45 CAPÍTULO 3 3 GESTÃO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS DE CONTENÇÃO DE REJEITOS EM MINAS GERAIS A segurança de barragens sempre foi uma necessidade reconhecida, considerando que os efeitos de uma falha podem ser devastadores, trazendo prejuízos econômicos, ambientais e até mesmo de vidas. As barragens de contenção de rejeitos são construídas em estágios, sendo iniciadas pelo dique de partida e prosseguidas pelos consecutivos alteamentos à medida que os rejeitos são gerados. Essa prática dilui os custos de construção e operação, porém intensifica a necessidade de acompanhamento de todo o processo: escolha do local, projeto, construção, operação/monitoramento, descomissionamento e fechamento, para a garantia da segurança da mesma. Algumas instituições são atuantes nesse contexto e auxiliam na busca pela gestão adequada e execução das melhores práticas. Como exemplo de uma associação que cumpre um papel importante neste cenário temos a Mining Association of Canada (MAC), que publicou, dentre outros estudos, três guias para o gerenciamento das estruturas de contenção, que são mantidos sempre atualizados pela instituição. Por meio desses guias, é destacada a necessidade em estabelecer um sistema de gestão de rejeitos abrangente, que integre aspectos técnicos e de gestão, que as empresas possam adaptar às suas especificidades e implementá-los sob condições bastante amplas. O objetivo desses guias é ajudar a desenvolver uma regulamentação própria efetiva, praticar a melhoria contínua e proteger o meio ambiente e a população, razões estas que tornaram estes guias amplamente utilizados (MAC, 2011). 30

46 O International Commission on Large Dams (ICOLD) também publica inúmeros estudos sobre barragens de rejeitos como boletins e orientações, contribuindo para o aumento do conhecimento sobre esse assunto. No Brasil, o Comitê Brasileiro de Barragens publicou o Guia Básico de Segurança de Barragens (CBDB, 2001) e em Minas Gerais, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) publicou o Caderno Técnico Gestão de Barragens de Rejeito e Resíduos em Minas Gerais (FEAM, 2008). A gestão das barragens deve ser parte integrante do sistema de gerenciamento da mina e compreende toda a política, documentação, planos, procedimentos e sistemas necessários para garantir que os riscos à segurança, à saúde, ao meio ambiente e os financeiros sejam minimizados, durante todo o ciclo de vida da barragem. 3.1 IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE SEGURANÇA As barragens de contenção de rejeitos são estruturas de alta complexidade e demandam grande atenção em suas fases de projeto, construção, operação e desativação. Sendo assim, tentando minimizar os efeitos devastadores que um rompimento de barragem pode causar nos âmbitos ambientais, sociais, econômicos e ainda perda de vida, teve início a menção quanto à importância da segurança de barragens, que se tornou uma necessidade mundialmente reconhecida. Dessa forma, entende-se que a gestão de segurança de barragem deve ser parte do sistema de gerenciamento da mina, compreendendo toda a política, documentação, planos, procedimentos e sistemas necessários para garantir que os riscos à segurança, saúde, meio ambiente e também financeiro sejam minimizados. Visa ainda avaliar e gerenciar as implicações decorrentes de um colapso ou rompimento nas estruturas. Com o acidente da Barragem de Fundão, operada pela Samarco Mineração S. A., ocorrido no dia 05 de novembro de 2015, ficou mais evidente a proporção que um rompimento de barragem de mineração pode alcançar. 31

47 Existe assim, uma necessidade contínua de planejar o trabalho a ser realizado, verificando e avaliando a gestão. A Figura 3.1 mostra a integração das etapas de gestão de rejeitos com o ciclo de vida de uma instalação de rejeitos (Guia para Gestão e instalação de rejeitos - MAC, 2011). Figura 3.1: Integração das etapas de gestão em uma instalação de rejeitos (MAC, 2011). Este arcabouço deve adequar-se às necessidades específicas do processo produtivo, das políticas da empresa e requisitos regulatórios e comunitários locais. Essa adequação permite que o sistema de gestão seja customizado e específico a cada local e, quando plenamente implementado, o sistema de gestão baseado nesse arcabouço vai encorajar a melhoria contínua na gestão segura e ambientalmente responsável de instalações de rejeitos. 32

48 3.2 CASOS DE RUPTURA NO BRASIL Apesar da moderna tecnologia para projeto, construção e operação e grande conhecimento geotécnico, rupturas em barragens continuam a ocorrer. Em casos de ruptura, é possível identificar consequências com prejuízos diretos e os indiretos. Os prejuízos diretos são as perdas de vidas humanas, os danos materiais em estruturas e nas áreas inundadas, além dos danos ambientais, como em rios e florestas. Já os indiretos são os resultantes da interrupção das atividades produtivas nas zonas afetadas e da impossibilidade de exploração dos recursos hídricos. No histórico de acidentes reportados pela Comissão Internacional de Grandes Barragens (ICOLD), as principais causas de rompimento são problemas de fundação, capacidade inadequada dos vertedouros, instabilidade dos taludes, falta de controle da erosão, deficiências no controle e inspeção pós-operação e falta de procedimentos de segurança ao longo da vida útil da estrutura (FEAM, 2008). Neste trabalho serão discutidos alguns dos principais casos recentes de ruptura de barragens de contenção de rejeitos e resíduos no Brasil, as possíveis causas, algumas das consequências mais relevantes e como cada um contribuiu na evolução da legislação e no controle dos processos. Os acidentes aqui citados, até 2008, encontramse detalhados no Caderno Técnico publicado pela FEAM (FEAM, 2008), ao que segue Maio/1986: Barragem de Rejeitos I Itaminas Comércio de Minérios S.A. / Mina de Fernandinho Itabirito De acordo com o parecer técnico elaborado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), houve deslizamento de parte do maciço da estrutura e de um volume estimado de m³ de rejeitos provenientes do beneficiamento de minério de ferro. O deslizamento provocou o rompimento de mais três pequenas barragens de decantação de finos e captação de água, situadas a jusante, além da destruição de tubulações, redes elétricas e outras estruturas da própria mineradora. Ocasionou a morte de sete operários 33

49 que trabalhavam na área da barragem, além de sérios danos ambientais ao longo do Córrego Fazenda Velha. Verificações técnicas procedidas à época identificaram alguns fatores que contribuíram para a ruptura do maciço, tais como: a barragem não possuía projeto específico; foram realizados alteamentos inadequados no decorrer da sua vida útil; inclinação elevada do talude; lançamento inadequado de rejeitos e falta de monitoramento e manutenção. Após esse acidente, o DNPM recomendou que as novas barragens deveriam dispor de projetos de construção e manutenção com a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Os antigos barramentos deveriam apresentar laudos sobre a condição de estabilidade de suas estruturas, elaborados a partir de estudos desenvolvidos por técnicos legalmente habilitados. À época desse acidente, a atuação do órgão de controle ambiental em Minas Gerais por meio da FEAM era incipiente Junho/2001: Barragem Cava 1 / Rio Verde Mineração Nova Lima O rompimento provocou grande carreamento de rejeitos provenientes do processamento de minério de ferro, acrescido de solo, troncos e árvores, conforme pode ser observado na Figura 3.2, e atingiu um trecho de aproximadamente 6 km a jusante da barragem. Figura 3.2: Rompimento da Barragem Cava 1 (Torquetti et al., 2014). 34

50 A onda de lama provocou a morte de 05 operários que trabalhavam na barragem e os impactos ambientais foram considerados de grande magnitude. O vazamento atingiu uma área de aproximadamente 43 hectares de Mata Atlântica preservada no vale do córrego Taquaras, afetando a flora e a fauna da microbacia, ainda assoreou córregos e danificou a adutora da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), interrompendo abastecimento público. O laudo que especificava as principais causas do rompimento identificou o alteamento do dique em uma elevação acima do previsto em projeto, a inclinação exagerada dos taludes, a inexistência de drenagens internas nos barramentos e a falta de sequencia adequada de atividades para implantação da barragem, como investigações geotécnicas e monitoramento. Além dessas indicações, o laudo concluiu também que ocorreu lançamento inadequado de rejeitos, formando um lago junto ao corpo da estrutura, o que gerou instabilidade. A vista geral da área logo após a ruptura pode ser observada na Figura 3.3. Figura 3.3: Área de ruptura da barragem (FEAM, 2008). Como medida temporária de controle, foi determinado que a Mineração Rio Verde providenciasse o rebaixamento do nível da superfície freática interna da barragem. Foram implementados ainda procedimentos sistemáticos de gestão de riscos, periodicamente reportados aos órgãos competentes. 35

51 O rompimento foi determinante para que as entidades envolvidas na avaliação técnica do caso sugerissem a discussão de uma proposta de legislação específica para a gestão de segurança de barragens de rejeitos e resíduos Março/2003: Barragem B / Florestal Cataguazes - Cataguases Barragem construída para armazenar o resíduo industrial gerado na produção de celulose, denominado lixívia negra, sendo a empresa do ramo de silvicultura e de fabricação de papel. Os resíduos foram depositados na barragem como medida paliativa até a implantação de um sistema de tratamento adequado, o que efetivamente não ocorreu, apesar das várias autuações aplicadas pelo órgão ambiental. O rompimento da barragem ocorreu e, devido à falta de vestígios, não foi possível determinar as principais causas do acidente. Além disso, a inexistência de projetos de implantação e de dados de monitoramento não permitiu estimar o volume de resíduo vazado. O acidente foi de grande extensão, tendo como principal impacto a degradação da qualidade das águas do ribeirão do Cágado, devido à deposição de material nas margens e no leito, além do carreamento de resíduo pelas águas do rio Pomba e do rio Paraíba do Sul, até a foz do Oceano Atlântico na cidade fluminense de Campos dos Goytacazes. Isso ocasionou a mortandade de peixes, interrupção do abastecimento público de água em vários municípios do estado do Rio de Janeiro, além de prejuízos em pequenas propriedades rurais situadas nas margens do ribeirão do Cágado. Testes laboratoriais indicaram que os resíduos contidos no reservatório não apresentavam toxicidade, o que reduziu a probabilidade de contaminação da biota aquática, do solo e de vegetais superiores. A FEAM agiu em conjunto com as entidades do estado do Rio de Janeiro, buscando soluções. A empresa foi autuada no patamar máximo de infração da época, foram suspensas as atividades e firmado o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a empresa e o Ministério Público Federal. Esse termo estabeleceu ações voltadas à 36

52 recomposição da estabilidade da barragem, recuperação das margens do córrego do Cágado, proteção de nascentes, entre outras ações que, de maneira geral, foram implementadas satisfatoriamente. A Barragem B antes do rompimento pode ser verificada na Figura 3.4, e após o rompimento nas Figura 3.5. Figura 3.4: Barragem B antes do rompimento (FEAM, 2008). Figura 3.5: Barragem B após o rompimento (FEAM, 2008). 37

53 O acidente foi determinante para a conclusão da implementação do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) na FEAM, que possui equipe técnica capacitada e em regime de plantão 24 horas para o atendimento de emergências (FEAM, 2008) Março/2006 e Janeiro/2007: Barragem São Francisco / Rio Pomba Cataguases Miraí A barragem São Francisco era destinada à deposição de rejeitos do beneficiamento de bauxita e o primeiro acidente ocorreu em março de Provocada pelo deslocamento das placas reguladoras do vertedouro tipo tulipa, foi gerada uma fenda por onde vazaram aproximadamente 130 milhões de metros cúbicos de rejeito para o córrego Bom Jardim. Dentre os danos ambientais causados podem ser citados inundação de áreas agricultáveis; o aumento da turbidez do córrego Bom Jardim - afluente do Rio Paraíba do Sul, do ribeirão Fubá e do rio Muriaé; mortandade de peixes e desabastecimento de água em Lages do Muriaé e distritos de Retiro e Comendador Venâncio, em Itaperuna/RJ. Emergencialmente, o empreendimento providenciou a reparação do vertedouro tipo tulipa e a construção de um dique de segurança à jusante da barragem. Foi realizado monitoramento da qualidade da água dos cursos afetados, sob orientação do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e da FEAM, que solicitou a realização de Auditoria Técnica de Segurança de Barragem. O relatório da auditoria citada recomendou a construção de um novo vertedouro de segurança superficial, com capacidade para tempo de recorrência de anos. Para assegurar a implantação das medidas das áreas atingidas foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público Estadual. Em função de uma falha no acompanhamento da execução do projeto de reforma das estruturas, em 10 de janeiro de 2007 ocorreu um novo acidente, com a ruptura do maciço da barragem, iniciada pela ombreira direita conforme observado na Figura

54 Figura 3.6: Barragem de rejeitos no local do rompimento Miraí/MG (FEAM, 2008). Os funcionários responsáveis pela vigilância da estrutura, ao verificarem o problema, adotaram as medidas emergenciais para a retirada de mais de pessoas residentes no município de Miraí, à jusante da barragem. Essas medidas emergenciais, junto à pronta atuação da Prefeitura Municipal e da Polícia Militar, foram determinantes para que não se registrassem vítimas fatais. Para avaliar as possíveis causas do rompimento, a FEAM contratou especialista que concluiu que a ruptura da barragem ocorreu por erosão do solo, pois o vertedouro de emergência na ombreira direita não possuía revestimento adequado à passagem do fluxo da água. O vertedouro construído após o primeiro acidente não chegou a ser acionado. Como consequências diretas, foram lançados aproximadamente dois milhões de metros cúbicos de rejeitos nos cursos d água à jusante, houve a inundação de residências e comércios, deixando mais de pessoas desalojadas e desabrigadas. Também foram inundadas várias propriedades rurais às margens do Córrego Bom Jardim e o excesso de turbidez das águas dos córregos, o abastecimento de água ficou comprometido. A situação verificada na Figura 3.7 ilustra os impactos ambientais e sociais causados. 39

55 Figura 3.7: Consequências à jusante (FEAM, 2008). O empreendimento Rio Pomba Cataguases recebeu uma multa no patamar máximo devido à reincidência e teve suas atividades embargadas. Foi firmado um novo TAC com o Ministério Público Federal e os Ministérios Públicos Estaduais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro Setembro/2014: Barragem de contenção de rejeitos B1 / Mineração Herculano - Itabirito O rompimento da estrutura Depósito - Barragem de Rejeitos B1 provocou comprometimento do talude de jusante da Barragem B2 e todo o material das duas barragens causaram o assoreamento da Barragem B3. Ambas as estruturas se encontravam à jusante da Barragem B1. Diante do grave e iminente risco para vidas humanas, para o meio ambiente e recursos hídricos, a FEAM suspendeu imediatamente as atividades no local. A suspensão, porém, não impediu a realização das ações emergenciais para a supressão dos riscos. As obras emergenciais foram acompanhadas pelo Corpo de Bombeiros. 40

56 A Figura 3.8 mostra o movimento de massa da ombreira direita da Barragem B1, podendo ser observado o volume de material que cedeu. Houve três vítimas fatais. Figura 3.8: Movimento de massa da ombreira direita da Barragem B1. Quanto à Barragem B3, que recebeu grande parte do volume de rejeito da Barragem B1, devido ao risco, foi solicitada ao empreendedor a apresentação do Plano de Ação Emergencial em caso de ruptura da barragem. Foi realizado um Relatório Preliminar pela empresa BRANDT Meio Ambiente, embasado em estudos geológico-ambientais, a fim de contribuir para a identificação das causas do acidente ocorrido na Barragem B1. O referido documento aponta que independentemente de causas relacionadas com a estabilidade ou segurança do empilhamento drenado realizado na Barragem B1, não há como desconsiderar os eventos geoambientais que podem ter relação intrínseca com a área de uma outra barragem - Barragem B4, ou seja, há uma direção preferencial de fraturamento das rochas naquele local no sentido norte-sul em direção ao tanque seco, ocorrendo uma grande dolina de dissolução sem existência de rede de drenagem 41

57 exterior no centro das instalações da Herculano Mineração. Assim, toda sua drenagem possivelmente é feita de forma subterrânea. Esse fenômeno foi observado por representante do IEF e reportado à FEAM por meio de demanda anteriormente descrita. Ainda pode ter havido problemas quanto à operação da barragem. Relatos informaram que o rejeito do processamento do minério estava sendo lançado em baias localizadas dentro da Barragem B1, sem a devida autorização Novembro/2015: Barragem do Fundão / Samarco Mineração - Mariana No dia 05 de novembro de 2015, por volta das 16h, ocorreu o rompimento da Barragem do Fundão, operada pela mineradora Samarco e controlada pela Vale e pela BHP Billiton, localizada no município de Mariana/MG (FEAM, 2015). De acordo com as informações inseridas no Banco de Declarações Ambientais (BDA) da FEAM, a Barragem do Fundão apresentava altura de 100 metros, volume do reservatório de m³, sendo classificada como estrutura Classe III de acordo com critérios estabelecidos na DN 87/2005 (COPAM, 2005). O rejeito contido era referente à mineração de ferro e, de acordo com a NBR (ABNT, 2004), considerado como não perigoso. Devido à localização das estruturas, o rompimento da Barragem do Fundão, provocou o galgamento da Barragem Santarém e o lançamento de rejeito ao meio ambiente de forma devastadora. O distrito de Bento Rodrigues - em Mariana / MG, à jusante da barragem, foi quase completamente tomado pela lama de rejeito proveniente da ruptura da barragem e deixou 19 mortes confirmadas. O rejeito atingiu o Rio Doce, sendo carreado até a sua foz, no Oceano Atlântico, chegando ao município de Linhares, no estado do Espírito Santo, em 21/11/2015. Foi impactado diretamente um total de 663,2 km de corpos hídricos (IBAMA, 2015). Além das mortes e devastação de localidades, outros impactos sociais e ambientais decorrentes do acidente que podem ser citados foram: devastação de áreas agrícolas e pastos, interrupção de energia elétrica pelas hidrelétricas atingidas (Candonga, Aimorés 42

58 e Mascarenhas), destruição de áreas de preservação permanente e vegetação nativa de Mata Atlântica, mortandade de biodiversidade aquática e fauna terrestre, assoreamento de cursos d água, interrupção da pesca por tempo indeterminado, dentre outros (IBAMA, 2015). A distribuição das barragens antes do acidente, próximas à Barragem do Fundão, podem ser observadas na imagem representada na Figura 3.9. Figura 3.9: Distribuição das barragens no local (FEAM, 2015). Segundo informações da Samarco S.A., obras emergenciais de contenção e reforço foram realizadas nas barragens de Santarém e Germano com o objetivo de reduzir os riscos de rompimento dessas estruturas sendo o acompanhamento das atividades emergenciais realizado pelos órgãos competentes. Devido à gravidade do acidente, todas as atividades da empresa na região foram suspensas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) no dia 06 de novembro de 2015, sendo permitida apenas a realização das obras emergenciais necessárias à minimização dos danos e estabilização das estruturas remanescentes (FEAM, 2015). 43

59 A situação do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana/MG logo após a ruptura pode ser observada na Figura Figura 3.10: Vista aérea do distrito de Bento Rodrigues (FEAM, 2015). Na Figura 3.11, pode ser observada a Barragem do Fundão logo após o acidente acontecido em Figura 3.11: Barragem do Fundão após o rompimento (FEAM, 2015). 44

60 Logo após o rompimento da Barragem do Fundão, a Samarco S.A. e seus acionistas Vale e BHP Billiton contrataram o escritório internacional de advocacia Cleary Gottlieb Steen & Hamilton para conduzir uma investigação que determinasse as causas do acidente. O escritório instituiu um painel de quatro renomados engenheiros geotécnicos, especialistas em água e barragens de rejeito, para fornecer seu julgamento independente e imparcial. O painel foi constituído por Norbert R. Morgenstern (Líder), Steven G. Vick, Cássio B. Viotti e Bryan D. Watts. As investigações duraram pouco mais de nove meses e as conclusões do processo foram especificadas em um relatório publicado em 25 de agosto de O foco do relatório em questão está no que desencadeou o processo de liquefação e quais fatores contribuíram para sua ocorrência. Assim, o resumo das metodologias e conclusões apresentadas pelo The Fundão Tailings Dam Investigation (2016) são detalhados por Morgenstern et al. (2016) e a compilação das informações obtidas pelo painel seguem. Alguns dos métodos adotados pelo painel foram: Observações de testemunhas oculares; Dados e imagens no formato de sistema de informação geográfica (GIS); Evidências de campo a partir da exploração do subsolo pelo Painel e outros; Testes de laboratório avançado; Modelagem 3D. Em um primeiro momento, foi necessário identificar o rejeito contido na barragem, bem como suas propriedades. Havia dois tipos de rejeitos contidos, ambos produzidos em forma de lama e distribuídos em tubulações separadas para o represamento na Barragem do Fundão: rejeitos de areia, que, quando soltos (não compactados) e saturados são susceptíveis à liquefação e rejeitos de lama, que, por outro lado, são muito mais finos e semelhantes à argila - macios e compressíveis, com baixa permeabilidade. 45

61 Outro aspecto a ser considerado foi como a deposição desses materiais foi influenciada por uma série de ocorrências não planejadas, durante a construção e operação da barragem. Juntos, esses incidentes estabeleceram condições para a ocorrência do rompimento. A barragem foi construída inicialmente de forma que a areia e a lama não se misturassem. Para preservar as características de drenagem da areia foi determinada uma largura de praia igual a 200 metros. O primeiro incidente ocorreu em 2009, logo após o dique de partida ter sido construído. Devido a problemas no dreno de pé, o mesmo teve que ser selado. Assim, o projeto foi revisto e substituído por um novo tapete drenante em uma posição mais elevada. Junto com o projeto revisto, houve uma mudança fundamental no conceito de design em que a saturação mais difundida era permitida. Este aumento no grau de saturação elevou o potencial de liquefação da areia. Em meados de 2010, indícios de problemas nas galerias de drenagem (principal e secundária) exigiram reparos. Durante a operação, entre 2011 e 2012, o critério de largura da praia, de 200 metros, por vezes não foi cumprido, permitindo que lamas se estabelecessem em locais em que não eram destinadas a existir. Outro incidente ocorreu no final de 2012, quando a Galeria Secundária, foi estabelecida como estruturalmente deficiente e incapaz de suportar carga adicional. Isto significava que a barragem não poderia ser alteada sobre ela até que a galeria fosse inutilizada e preenchida por concreto. A fim de manter as operações neste intervalo, o alinhamento da barragem no pilar esquerdo foi afastado da sua posição anterior, resultando em um recuo da berma. Esta ação colocou o aterro diretamente sobre as lamas previamente depositadas e, dessa forma, a ombreira esquerda possuía todas as condições necessárias para ocorrência de liquefação. Como o alteamento da barragem continuou, começaram a aparecer infiltrações de superfície na ombreira esquerda em várias elevações durante o ano de A massa saturada de rejeitos de areias estava aumentando e, em agosto de 2014 atingiu sua 46

62 capacidade máxima, com formação de trincas e infiltrações encontradas na região onde ocorreu o recuo. Como solução, uma berma de reforço foi construída sobre o recuo e, por causa da lama presente na ombreira esquerda, o nível de saturação aumentou no local. Um aspecto relacionado da falha foi uma série de três pequenos abalos sísmicos ocorridos. Pode ser considerado que, até então, a ombreira esquerda da barragem já tinha atingido um estado precário de estabilidade. A modelagem por computador realizada nas investigações mostrou que as forças do terremoto produziram um incremento adicional de movimento horizontal nas lamas, que correspondentemente afetaram as areias sobrepostas. Embora os movimentos tenham sido muito pequenos e as incertezas associadas sejam grandes, esse movimento adicional pode provavelmente ter acelerado o processo de falha que já estava bem avançado. O rompimento da Barragem de Rejeitos do Fundão por liquefação foi consequência de uma cadeia de eventos e condições. A mudança no projeto provocou um aumento na saturação do rejeito, que introduziu o potencial de liquefação do mesmo. Como resultado de vários desenvolvimentos, lamas invadiram áreas inesperadas na ombreira esquerda da barragem. Isto iniciou um mecanismo de extrusão lateral, em que o aumento do peso do aterro sobre a lama força a movimentação lateral e, consequentemente, a pressão sobre o talude de montante. Dessa forma, com apenas um pequeno incremento adicional de carga produzida pelos tremores de terra, o desencadeamento de liquefação foi acelerado e o fluxo do material iniciado, ocasionando o rompimento. A partir desse acidente e, considerando a magnitude das consequências, um estado de alerta foi evidenciado e várias ações foram tomadas pelos órgãos competentes, como a instituição do Decreto (MG, 2016) e da Resolução Conjunta SEMAD/FEAM (MG, 2016). As novas medidas reforçadas nessa legislação, em complementação à legislação vigente, representam um avanço nos procedimentos de segurança a serem adotados para estruturas alteadas pelo método de montante. 47

63 A partir do levantamento dos acidentes ocorridos no Brasil, faz-se importante para uma visualização mais abrangente, a compilação dos mesmos em um quadro resumo, que pode ser observado na Tabela 3-1 que segue. Tabela 3-1: Rupturas ocorridas no Brasil. ANO EMPREENDIMENTO BARRAGEM MUNICÍPIO ÓBITOS MINÉRIO 1986 Itaminas Comércio de Minérios S.A. Barragem I da Mina de Fernandinho Itabirito Mineração Rio Verde Barragem Cava I Nova Lima 5 Fe 2003 Florestal Cataguases S.A Mineração Rio Pomba Cataguases Mineração Rio Pomba Cataguases Barragem de Resíduos Industriais Barragem São Francisco Barragem São Francisco Cataguases - Al Miraí - Al Miraí - Al 2014 Herculano Mineração Barragem B1 Itabirito 3 Fe 2015 Samarco Mineração S.A. Barragem do Fundão Mariana 19 Fe No detalhamento dos acidentes citados pode ser observada a ausência de algumas informações, como quanto ao tipo de alteamento realizado e quanto à altura e o volume das estruturas em questão. Observa-se também que na maioria das falhas descritas havia o gerenciamento inadequado das barragens, o que destaca para a importância de todas as etapas do ciclo de vida dessas estruturas, desde a concepção do projeto, instalação, gestão, manutenção e fechamento. 3.3 SITUAÇÃO DAS BARRAGENS EM MINAS GERAIS Visando o acesso público das principais informações referentes às barragens existentes no estado de Minas Gerais, a FEAM publica anualmente o Inventário de Barragens que tem como objetivo apresentar os principais dados do cadastro, as diretrizes e ações realizadas pela FEAM, considerando o modelo de gestão de barragens aplicado no Estado de Minas Gerais (FEAM, 2017). Atualmente, de acordo com o Inventário de Barragens publicado em fevereiro de 2018 (FEAM, 2018), referente às ações do órgão ambiental no ano de 2017, existem

64 estruturas cadastradas no Banco de Declarações Ambientais (BDA) da FEAM, sendo a distribuição por classe da seguinte maneira: 190 estruturas Classe I (Baixo Potencial de Dano Ambiental); 303 estruturas Classe II (Médio Potencial de Dano Ambiental) e 205 estruturas Classe III (Alto Potencial de Dano Ambiental). Assim, observa-se que as barragens Classe II representam a 43,4% do total das estruturas cadastrada, estruturas Classe I 27,2% e Classe III 29,4%. Quanto à tipologia das estruturas, a atividade de mineração deteve o maior potencial, representando 62,3% das barragens presentes no BDA. Essa condição é recorrente há alguns anos, devido ao grande potencial minerário do estado de Minas Gerais. As indústrias representam 13,3% e as destilarias de álcool 24,4% (FEAM, 2018). No gráfico apresentado pela Figura 3.12 pode ser observado que, em todas as classes, a atividade da mineração é responsável pelo maior número de cadastros de estruturas no Banco de Declarações Ambientais (BDA). Mais uma vez, esse fato evidencia o grande potencial minerário presente em todo o Estado de Minas Gerais. Figura 3.12: Distribuição das estruturas por Classe X Tipologia, ano 2017 (FEAM, 2017). 49

65 Quanto à condição de estabilidade, foram consideradas nos cálculos percentuais presentes no inventário, 685 barragens, englobando apenas às estruturas que possuem Declaração de Condição de Estabilidade inserida no BDA. Dessas: 663 estruturas pertencem ao grupo A, ou seja, possuem estabilidade garantida pelo auditor. 10 estruturas pertencem ao grupo B, ou seja, o auditor não conclui sobre a estabilidade por falta de dados e/ou documentos técnicos. 12 estruturas pertencem ao grupo C, ou seja, não possuem estabilidade garantida pelo auditor. A FEAM diferencia ainda as condições de estabilidade, definindo que na condição de Estabilidade Garantida, o auditor, após estudos geotécnicos, hidrológicos e hidráulicos, análises visuais, avaliações das condições de construção ( as built ) e/ou condições atuais ( as is ) das estruturas, garante que as mesmas estão estáveis tanto do ponto de vista da estabilidade física do maciço quanto da estabilidade hidráulica (passagem de cheias) e, portanto não demonstram, no momento da realização da auditoria, risco iminente de rompimento. Na situação em que não há conclusão sobre a estabilidade da estrutura devido à falta de dados e/ou documentos técnicos, o auditor não dispõe de estudos geotécnicos, hidrológicos e hidráulicos, análises visuais, avaliações das condições de construção ( as built ) e/ou condições atuais ( as is ) das estruturas e por esse motivo não consegue atestar sua estabilidade. Já a condição de Estabilidade Não Garantida significa que o auditor, após os estudos geotécnicos, hidrológicos e hidráulicos, análises visuais, avaliações das condições de construção ( as built ) e/ou condições atuais ( as is ) das estruturas, não garante que as mesmas estejam seguras, seja pelo ponto de vista da estabilidade física do maciço ou pelo ponto de vista da estabilidade hidráulica (passagem de cheias). Portanto são estruturas que apresentam maior risco de rompimento, caso medidas preventivas e corretivas não sejam tomadas. É importante ressaltar que a não garantia de estabilidade 50

66 não significa iminência de ruptura, os motivos dessa não garantia devem ser verificados e a situação de cada uma dessas barragens, acompanhadas individualmente. Na Figura 3.13 pode ser verificado o percentual de estabilidade das estruturas, referentes ao ano de Figura 3.13: Condição de estabilidade das estruturas no ano de 2017 (FEAM, 2017). Conforme gráfico ilustrado, das 685 estruturas cadastradas no Banco de Declarações Ambientais (BDA), foram registradas 663 barragens com condição de estabilidade garantida pelo auditor, representando 96,7% do total. O auditor não pode concluir quanto a estabilidade em 10 estruturas (1,5%) e 12 delas (1,8%) apresentaram estabilidade não garantida pelo auditor. Em uma comparação com o Inventário anterior, publicado em 2017 (referente à situação das barragens cadastradas em 2016), percebe-se o aumento do percentual de estruturas com estabilidade garantida, de 94,9% em 2016 para 96,7% em 2017, além da redução nos percentuais das barragens com estabilidade não garantida, passando de 1,9% para 1,8%, e também daquelas em que o auditor não conclui quanto a situação de estabilidade por falta de dados ou documentos técnicos, cujo percentual cai de 3,2 % para 1,5%. 51

67 Esse resultado, de acordo com a FEAM, pode ter sido influenciado pelas ações realizadas pelos empreendedores, em cumprimento ao exigido nas deliberações vigentes, além da maior aplicabilidade das técnicas de boas práticas de segurança de barragens. A FEAM elabora um programa anual de fiscalização a partir da avaliação das informações do BDA, priorizando vistoria nas estruturas que apresentam condição de estabilidade não garantida e as que o auditor não conclui quanto a situação de estabilidade, além daquelas que não apresentaram a declaração de condição estabilidade por meio do sistema do BDA e das que ainda não foram fiscalizadas pelo órgão (FEAM, 2016). De acordo com a FEAM, as fiscalizações visam principalmente o acompanhamento da implementação das recomendações propostas pelos auditores, bem como a verificação da situação de operação das estruturas, além da conferência da documentação exigida pela legislação vigente e dos estudos referentes às mesmas. O objetivo dessas ações é manter as barragens operando em nível de segurança adequado. Nesse contexto, na Figura 3.14 é apresentada a evolução do número de fiscalizações entre os anos de 2008 e Figura 3.14: Números de barragens fiscalizadas entre 2008 e 2017 (FEAM, 2017). 52

68 É possível verificar pelo gráfico ilustrado um crescimento das ações de fiscalizações realizadas ao longo dos anos. Em 2016 pode ser observada a intensificação das vistorias, após o rompimento da barragem de Fundão, em que o órgão ambiental contou com ajuda de outros setores para vistoriar o máximo de barragens possível. Já em 2017, houveram dificuldades operacionais e na logística de execução para realização das fiscalizações, assim, consequentemente, menos barragens foram vistoriadas, dado também evidenciado pelo gráfico. Apesar de, a cada ano, o percentual de barragens com estabilidade garantida aumentar e das fiscalizações realizadas pelos órgãos reguladores, tais ações não são suficientes para evitar acidentes. Dessa forma, ainda continua sendo fator primordial a excelência na gestão dessas estruturas pelos empreendedores que são de fato os responsáveis pelas barragens. 3.4 AUDITORIA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM Conforme Mining Association of Canada (2011), uma auditoria é um exame formal, sistemático e documentado da conformidade de uma organização ou instalação com critérios explícitos, acordados e prescritos e não baseados apenas em opiniões. A auditoria de segurança de uma barragem de contenção de rejeitos é uma ferramenta de relevante importância em um sistema de gestão de segurança, tendo como objetivo principal a detecção de não conformidades que possam comprometer as condições de segurança, buscando evitar acidentes e desastres ambientais provocados pelo colapso de estrutura (ÁVILA, 2017) Auditoria Técnica de Segurança de Barragem Especificamente as Auditorias Técnicas de Segurança de Barragens são solicitadas de acordo com o exigido na Deliberação Normativa nº 62 (COPAM, 2002) e posteriormente regulamentada pelas DN s nº 87 (COPAM, 2005) e nº 124 (COPAM, 2008). 53

69 As Auditorias Técnicas de Segurança de Barragens regulares são realizadas por profissional legalmente habilitado, externo ao quadro de funcionários da empresa, para evitar conflito de interesses e, deve gerar um laudo técnico sobre a situação de operação da barragem. Para a elaboração desse laudo ou Relatório de Auditoria Técnica de Segurança de Barragens, não existem diretrizes que definam o conteúdo mínimo do documento, apenas exigem a elaboração de um laudo sobre a situação da barragem, recomendações para melhoria da segurança, com o respectivo cronograma de ações, Declaração de Condição de Estabilidade, conforme estabelecido pela Deliberação Normativa nº 124 (COPAM, 2008), titularidade do responsável e Anotação de Responsabilidade Técnica. A falta de diretrizes para elaboração desse documento resulta em relatórios muito discrepantes entre as empresas. Ao passo que, em alguns empreendimentos, o laudo descreve as características de projeto, fundação, caracterização do rejeito, além da situação atual de operação da estrutura; outros trazem a situação de forma resumida e incompleta, o que dificulta a obtenção de uma conclusão adequada sobre a condição de segurança de uma barragem, em caso de fiscalização, por exemplo. Um relatório bem detalhado contribui também para que a empresa possa entender melhor o histórico e a condição atual de operação de suas barragens, garantindo que suas ações quanto à segurança possam ser direcionadas e eficientes, evitando ainda ações e gastos desnecessários e ineficazes. A DN nº 87 (COPAM, 2005) institui que as Auditorias Técnicas de Segurança de Barragens regulares sejam realizadas em uma periodicidade que varia de acordo com a classificação de cada estrutura, sendo: Barragens Classe III - auditoria a cada 1 ano; Barragens Classe II - auditoria a cada 2 anos; Barragens Classe I - auditoria a cada 3 anos. 54

70 Regulamenta ainda que essa auditoria deve ser realizada sempre que houver alteração nas características da estrutura, qualquer imprevisto na operação da barragem, deixando claro que a mesma não substitui o licenciamento ambiental. Outra exigência da auditoria em questão, é que uma cópia do primeiro Relatório de Auditoria Técnica de Segurança de Barragens deve ser encaminhada à FEAM e, nas auditorias posteriores, que seguem de acordo com a periodicidade definida, o empreendedor deve encaminhar à FEAM apenas a respectiva Declaração de Condição de Estabilidade, com a conclusão da estabilidade assinada pelo auditor. Os respectivos relatórios de auditoria devem ser mantidos no empreendimento, disponíveis para consulta em caso de fiscalização Importância e Fragilidades das Auditorias de Segurança de Barragem É importante destacar que dentro do tema de segurança de barragens, a abordagem referente às auditorias apresentadas nesse trabalho é considerada, já que a mesma representa um dos pontos principais de fragilidade nos processos de gestão de segurança das barragens. O objetivo da Auditoria Técnica de Segurança de Barragem é reduzir a probabilidade da ocorrência de acidentes a partir do monitoramento sistemático da estrutura (Duarte, 2008). Dessa forma, as auditorias devem levantar condições físicas e estruturais das barragens e atestar se as mesmas apresentam condições seguras de estabilidade. A partir da realização das auditorias, são gerados Relatórios Técnicos de Auditoria de Segurança com todas as informações levantadas durante o processo. É importante ressaltar que os proprietários dos empreendimentos são os responsáveis pela manutenção das condições de segurança da estrutura, com a corresponsabilidade do auditor. Nesse contexto, a Deliberação Normativa COPAM nº 87 (COPAM, 2005) determina alguns itens gerais para as auditorias, mas não define itens específicos ou diretrizes mais 55

71 claras a serem seguidas, o que resulta em uma discrepância significativa entre os laudos gerados por cada empresa, sendo uns densos e detalhados e outros incompletos, faltando algumas informações importantes sobre a estrutura auditada. Alguns aspectos que demonstram a fragilidade do formato atual das auditorias, citados por ÁVILA (2017) podem ser apresentados: - A definição de conformidade ou não conformidade é fundamentada na opinião discricionária do auditor, e não em uma análise estruturada, em uma lógica de avaliação da situação dos principais agentes instabilizadores da barragem; - O conteúdo dos relatórios tem, às vezes, maior extensão nas características conhecidas e menos relevantes da barragem, com menor abordagem dos aspectos principais de instabilização. Como exemplo, a poda da grama e a desobstrução de canaletas de drenagem tem muitas vezes maior destaque que a avaliação das condições do controle de percolação, das condições de estabilidade, do atendimento ao manual de operação, entre outros. Nesse contexto, verifica-se ainda que o conteúdo desses relatórios de auditoria depende diretamente das informações encontradas pelo auditor no empreendimento, ou seja, se existe documentação técnica sobre a barragem, dados sobre projeto e construção, estudos hidrológicos e hidráulicos, caracterização do rejeito, dados de monitoramento, entre outros itens. Quando não são encontradas todas as informações técnicas necessárias, os auditores podem solicitar estudos e levantamentos complementares para elaboração de um laudo conclusivo sobre a segurança. A ausência de informações sobre as barragens também pode ser suprida por meio da solicitação pelos órgãos fiscalizadores, que podem exigir do empreendedor que os próximos Relatórios Técnicos de Auditoria de Segurança contenham informações mais explícitas para preenchimento, evitando, assim que dados sejam estimados ou interpretados (DUARTE, 2000). 56

72 3.4.3 Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragem A Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragem foi instituída pelo Decreto nº , de 02 de maio de Ela se aplicou a todos os empreendimentos que fazem a disposição final ou temporária de rejeitos de mineração em barragens que utilizem ou que tenham utilizado o método de alteamento para montante, considerado o mais crítico quanto à segurança. Da mesma forma que as auditorias regulares, a extraordinária deve ser realizada por profissional habilitado externo ao quadro de funcionários do empreendimento, devendo ter como produtos finais o relatório técnico e sua respectiva Declaração Extraordinária de Condição de Estabilidade, essa, apresentada à FEAM, por meio do BDA. O decreto instituiu, ainda, a implementação do Plano de Ação para Adequação das Condições de Estabilidade e de Operação de Barragem, contendo medidas e ações emergenciais necessárias para a minimização de potenciais riscos de acidentes e incidentes e que devem ser implementadas pela empresa responsável, em caso de necessidade. Quando couber, as medidas emergenciais implementadas deverão ser submetidas ao licenciamento ambiental corretivo. Outra medida importante da legislação foi a suspensão de emissão de orientação básica e a formalização de processos de licenciamento ambiental, até que o COPAM delibere sobre critérios e procedimentos a serem seguidos, nos seguintes casos: I - novas barragens de contenção de rejeitos nas quais se pretenda utilizar o método de alteamento para montante; II - ampliação de barragens de contenção de rejeitos já existentes, que utilizam ou que tenham utilizado o método de alteamento para montante. A norma ainda destaca que os processos de licenciamento ambiental já formalizados seguirão seu trâmite normal e as licenças de operação a serem expedidas deverão contemplar condicionante que determine a realização da Auditoria Técnica 57

73 Extraordinária de Segurança de Barragem no prazo de até seis meses após o início da operação da barragem ou conclusão do alteamento. Ao contrário das Auditorias Regulares, a Resolução Conjunta SEMAD/FEAM nº (MG, 2016) estabelece as diretrizes a serem seguidas para a elaboração da Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragem e para a emissão da correspondente Declaração Extraordinária de Condição de Estabilidade de que trata o Decreto nº (MG, 2016). A resolução define que a Auditoria Extraordinária deve ser realizada a cada seis meses, até que se possa concluir pela estabilidade da barragem, e que, quando garantida, deve ser retomada a periodicidade da realização das Auditorias Técnicas de Segurança de Barragem e a inserção da sua correspondente Declaração de Condição de Estabilidade no BDA, conforme previsto nas Deliberações Normativas do COPAM nº 87 (COPAM, 2005) e 124 (COPAM, 2008). Divide ainda as recomendações em recomendações de rotina, alerta e crítica e observa as diretrizes com os estudos necessários para a elaboração do laudo técnico final. Esse novo formato faz com que os empreendedores de barragens tenham um melhor conhecimento da condição em que se encontram essas estruturas através de estudos, análises e monitoramentos mais frequentes e precisos, possibilitando a implementação de ações, até que a condição de estabilidade seja atingida, ou que demande ações como a redução das atividades do empreendimento ou até mesmo a desativação da barragem (FEAM, 2018). 58

74 CAPÍTULO 4 4 METODOLOGIA 4.1 PRIMEIRA ETAPA A metodologia aplicada nessa pesquisa pode ser dividida em três etapas. Na primeira, foi realizada uma revisão da literatura, no que diz respeito aos conceitos referentes às barragens de rejeitos, métodos construtivos para os alteamentos, metodologias mais utilizadas para disposição dos rejeitos e também quanto aos aspectos legais e normativos vigentes em Minas Gerais, no Brasil, e em alguns países do mundo. Essa revisão também abordou a importância de um sistema de Gestão de Segurança de Barragens, bem como a maneira que alguns países atuantes nesse setor, trazem, por meio de guias e manuais, diretrizes para as melhores práticas em um sistema de gestão de barragens e também para a realização de auditorias. Ainda no cenário de gestão de segurança de barragens de contenção de rejeitos, considerando as fragilidades do sistema, o estudo também traz um histórico com as principais rupturas recentes ocorridas no Brasil, e um panorama da situação atual das barragens em Minas Gerais. Para tanto, foram apresentadas as ações realizadas pela FEAM em seu Programa de Gestão de Barragens de Rejeitos e Resíduos, com detalhamento dos dados referentes às barragens cadastradas no estado, com base no Inventário de Barragens do Estado de Minas Gerais, publicado anualmente pelo órgão. Finalmente, para fechar a etapa de revisão, o estudo discorreu sobre a importância e as fragilidades das Auditorias Técnicas de Segurança, ferramenta de significativa importância dentro do sistema de gestão de barragens, e quanto a Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragem, observando seus principais aspectos e diretrizes legais. 59

75 4.2 SEGUNDA ETAPA Na segunda etapa da pesquisa, foi realizada a avaliação dos Relatórios de Auditoria Extraordinária de Segurança de Barragens, instituída pelo Decreto nº (MG, 2016). Para tanto, foi solicitado aos empreendedores que fazem a disposição final ou temporária de rejeitos de mineração em barragens e que utilizem ou tenham utilizado o método de alteamento para montante, que fossem entregues os Relatórios de Auditoria ao respectivo órgão ambiental - FEAM. A solicitação foi feita pelo órgão, por meio de ofício. O acesso aos dados foi possibilitado por meio de uma parceria entre o Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas (NUGEO) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e, os Relatórios de Auditoria Extraordinária de Segurança de Barragens foram avaliados, segundo as diretrizes definidas na Resolução Conjunta SEMAD/FEAM nº 2.372/2016, quais sejam: i. Caracterização Tecnológica dos Rejeitos; ii. iii. iv. Instrumentação e Sistemas de Monitoramento; Sistema de Drenagem Interno, Externo e Extravasores da Barragem; Segurança Operacional; v. Mecanismos de Rompimento; vi. vii. viii. ix. Registro de Anomalias; Recomendações das Auditorias Anteriores; Plano de Ação; Conclusão. A compilação da avaliação desses dados definiu um banco de informações sobre as barragens de contenção de rejeitos de mineração presentes em Minas Gerais, com alteamento por montante (Apêndice I). 60

76 4.3 TERCEIRA ETAPA Em um terceiro momento, para que a definição das diretrizes não fosse embasada apenas em barragens com um tipo de alteamento específico e, para uma visão mais abrangente das mesmas, foram avaliados os Relatórios de Auditoria referentes às barragens de contenção de rejeito de mineração que não foram alteadas para montante. Assim, foram consideradas barragens que ainda não haviam passado por nenhum alteamento (etapa única de construção), barragens com alteamento para jusante e as alteadas pelo método de linha de centro. Considerando um montante inicial de 707 barragens no cadastro do BDA, em 11 de janeiro de 2018, foram selecionadas 382 barragens de rejeito de mineração sem alteamento por montante. Assim, para viabilizar a pesquisa e trazer um resultado imparcial e significativo, foram escolhidas 50 barragens por meio de amostragem estatística aleatória. Após a seleção das barragens, foram solicitados aos empreendedores os respectivos Relatórios de Auditoria Técnica de Segurança de Barragem, exigidos conforme Deliberação Normativa nº 87 (COPAM, 2005). A solicitação também foi realizada por meio de ofício encaminhado pelo órgão e a avaliação dos mesmos, possibilitou a criação de um Banco de Informações sobre as barragens da amostra (Apêndice II). Assim, ambos os bancos de informações de Barragens foram confrontados, sendo avaliados quais os pontos abordados com maior e menor ênfase pelos auditores. Definidos esses pontos, foi estabelecido um protocolo de auditoria com a definição de diretrizes que poderão auxiliar em uma padronização futura das Auditorias de Segurança realizadas ou contribuir para a execução de trabalhos mais completos, detalhados e, consequentemente, aumentando a segurança das barragens, à medida que proporciona o maior conhecimento das mesmas. A compilação das etapas de estudo pode ser observada no fluxograma representado na Figura

77 Figura 4.1: Fluxograma da metodologia de trabalho adotada nessa pesquisa. 62

78 CAPÍTULO 5 5 RESULTADOS DA PESQUISA 5.1 AUDITORIAS EXTRAORDINÁRIAS O acesso aos dados e aos respectivos relatórios foi possibilitado por meio de uma parceria entre a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), no âmbito do Programa de Pós-Graduação do Núcleo de Geotecnia (NUGEO). A Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragem foi instituída pelo Decreto nº (MG, 2016) e deveria ser realizada em todos os empreendimentos que fazem a disposição final ou temporária de rejeitos de mineração em barragens que utilizem ou que tenham utilizado o método de alteamento para montante. O Decreto definiu ainda que seu respectivo Relatório Técnico Extraordinário de Segurança de Barragem deve ficar à disposição no empreendimento, a partir de 1º de setembro de 2016, para consulta durante as fiscalizações ambientais. Ainda, quanto ao Decreto nº (MG, 2016), o mesmo instituiu que as Declarações Extraordinárias de Condição de Estabilidade, referentes às respectivas Auditorias Técnicas Extraordinárias, deveriam ser inseridas no Banco de Declarações Ambientais (BDA) até o dia 10 de setembro de Dessa forma, considerando o prazo determinado, foram cadastradas pelos empreendedores 61 barragens de contenção de rejeitos com alteamento para montante, no estado de Minas Gerais (FEAM, 2017). Das 61 barragens cadastradas, uma estrutura foi excluída do total por estar com o cadastro duplicado no sistema e sete por não se enquadrarem nos pré-requisitos da norma, sendo, três identificadas como indústria e quatro sem alteamento por montante, totalizando oito estruturas excluídas do montante inicial. Após o prazo definido, ainda 63

79 foram cadastradas no sistema mais duas novas barragens, obtendo-se um número final de 55 barragens de contenção de rejeitos de mineração, com alteamento por montante no estado de Minas Gerais. Após a determinação do quantitativo final de barragens, foi solicitado aos empreendedores por meio de um ofício, que os respectivos Relatórios de Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragens fossem encaminhados ao órgão. A avaliação dos mesmos gerou uma base de dados com as informações declaradas, referentes às barragens de contenção de rejeitos de mineração que utilizem ou que tenham utilizado o método de alteamento para montante, existentes no estado de Minas Gerais. Um dos dados de maior importância nessa avaliação se refere à condição de estabilidade das barragens, definida pelo auditor. Assim, tem-se que, das 55 estruturas cadastradas, 50 tiveram situação de estabilidade garantida pelo auditor, o que corresponde a 90,9% do total e cinco estabilidade não garantida pelo auditor, representando 9,1%, conforme pode ser verificado na Figura (9,1%) 50 (90,9%) Estabilidade Garantida Estabilidade Não Garantida Figura 5.1: Situação de estabilidade das barragens com alteamento por montante em Minas Gerais

80 Pode-se ainda correlacionar a situação de estabilidade das barragens de montante presentes em Minas Gerais, definida pela auditoria, com a classe das mesmas, que representa o potencial de dano ambiental de cada estrutura. O potencial de dano ambiental é definido de acordo com as características intrínsecas de cada barragem, como altura, volume do reservatório, existência de vidas humanas à jusante, instalações de valor econômico à jusante e, possibilidade de impacto sobre o meio ambiente, sendo essa classificação independente da eficácia dos sistemas de gestão de risco realizados nas estruturas. Essa correlação pode ser observado na Tabela 5-1. Tabela 5-1: Relação situação de estabilidade x classe. SITUAÇÃO DE ESTABILIDADE X CLASSE Classe I Classe II Classe III Total Estabilidade Garantida Estabilidade Não Garantida Total Verifica-se assim que, das 55 estruturas alteadas por montante, 42 são enquadradas na Classe III (Alto Potencial de Dano Ambiental), sete como Classe II (Médio Potencial de Dano Ambiental) e seis são definidas como Classe I (Baixo Potencial de Dano Ambiental). É importante definir ainda, a partir da base de dados gerada, quanto à suscetibilidade dos rejeitos armazenados ao fenômeno da liquefação, já que tal fator representou uma discussão determinante na Força-Tarefa de Barragens, que culminou no Decreto (MG, 2016). A liquefação, de forma mais abrangente, pode ser interpretada como o fenômeno da perda da resistência de um material, induzida por acréscimos de poropressões, sob solicitações não drenadas. Ocorre normalmente em solos granulares, saturados e fofos, que apresentam tendência à contração sob esforços de cisalhamento (Espósito, 2000). 65

81 Essa perda de resistência induz rupturas potencialmente catastróficas, caracterizadas por deslocamentos rápidos e de grande extensão das massas mobilizadas. No caso de barragens de rejeito de mineração, com alteamento por montante, existe uma situação potencialmente crítica, considerando a construção de diques ou aterros sobre uma fundação de rejeito fofo e saturado, o que pode induzir aumentos rápidos nos níveis de tensões não drenadas, além do acréscimo contínuo de rejeitos saturados na estrutura. Assim, considera-se essencial o controle desses fenômenos, com procedimentos adequados e criteriosos de gestão e manejo da disposição de rejeitos em barragens de contenção (Silva, 2010). Nesse contexto, das 55 barragens estudadas, os empreendedores declararam que em 31 estruturas existe suscetibilidade do rejeito armazenado à liquefação, o que corresponde a 56,4% do total, 09 barragens (16,4%,) não apresentam suscetibilidade à liquefação e 15 (27,30%) não informaram sobre esse dado, conforme representado na Figura (16,4%) 15 (27,3%) 31 (56,4%) Suscetíveis Não suscetíveis Não informado Figura 5.2: Suscetibilidade à liquefação das barragens de montante. Cabe destacar que, em alguns relatórios, é informado que os estudos que definem quanto a suscetibilidade dos rejeitos à liquefação ainda estavam em andamento e, a princípio, os rejeitos não apresentaram tal suscetibilidade. 66

82 Outra informação relevante é que, das 31 barragens suscetíveis à liquefação, 26 possuem estabilidade garantida pelo auditor e cinco apresentam estabilidade não garantida, considerando que as mesmas não recebem mais rejeito. Além disso, dessas 31 estruturas, 19 delas encontram-se paralisadas ou desativadas, oito estão em operação e quatro não informaram no respectivo relatório quanto à situação de operação. Fazendo uma correlação com a granulometria dos rejeitos encontrada, a partir dos estudos apresentados, das 31 estruturas que definiram os rejeitos como suscetíveis ao fenômeno da liquefação, 20 informaram quanto à granulometria do rejeito armazenado, que pode ser observado no gráfico ilustrado na Figura 5.3. Solo bem graduado 1 Silte arenoso com areia fina / siltosa 3 Material arenoso: areias médias e finas com presença de silte e argila 1 Constituição variada: areia siltosa e silte argiloso 2 Areia fina siltosa ou muito fina siltosa 13 Sem informação quanto a granulometria Figura 5.3: Granulometria das barragens de montante suscetíveis à liquefação. Resgatando as informações referentes à Lei Federal (BRASIL, 2010), também pode ser verificado o Dano Potencial Associado (DPA) das barragens. O DPA pode ser dividido em Alto, Médio ou Baixo, de acordo com o dano que pode ocorrer devido a rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau funcionamento de uma barragem, independentemente da sua probabilidade de ocorrência, podendo ser graduado de acordo com as perdas de vidas humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais. 67

83 A tabela de classificação que define tal potencial de dano, de acordo com as características de cada estrutura, pode ser encontrada no Anexo I da Resolução CNRH nº 143 (CNRH, 2012). Nesse contexto, o Dano Potencial Associado das barragens que apresentam suscetibilidade à liquefação, é observado na Figura (25,81%) 12 (38,71%) 5 (16,13%) 6 (19,35%) DPA Alto DPA Médio DPA Baixo Não informado Figura 5.4: Dano Potencial Associado das barragens suscetíveis à liquefação. Dessa forma, verifica-se pela Figura 5.4 que 12 barragens (38,71%) apresentam DPA Alto, seis (19,35%) com DPA Médio e cinco DPA Baixo (16,13%), considerando ainda que em oito barragens, essa informação não constava nos relatórios. Para cumprimento da Lei Federal, outro item importante é o Plano de Ação de Emergência (PAE), que estabelecerá as ações a serem executadas pelo empreendedor da barragem em caso de situação de emergência, bem como identificará os agentes a serem notificados dessa ocorrência. De acordo com o previsto na Lei /2010, o documento deve estar disponível no empreendimento e nas prefeituras envolvidas, bem como ser encaminhado às autoridades competentes e aos organismos de defesa civil. A legislação ainda prevê que 68

84 o mesmo deve conter minimamente: a identificação e a análise das possíveis situações de emergência; os procedimentos para identificação e notificação de mau funcionamento ou de condições potenciais de ruptura da barragem; os procedimentos preventivos e corretivos a serem adotados em situações de emergência, com indicação do responsável pela ação e a estratégia e meio de divulgação; além de alerta para as comunidades potencialmente afetadas em situação de emergência. Assim, a existência ou não do Plano de Ação de Emergência das barragens com rejeito suscetível à liquefação, pode ser correlacionada com seus respectivos DPA s, conforme descrito na Tabela 5-2. Tabela 5-2: Relação entre Dano Potencial Associado x Plano de Ação de Emergência. DANO POTENCIAL ASSOCIADO X PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA DPA Alto DPA Médio DPA Baixo Sem Informação Total PAE Não tem PAE Não informado Total Conforme definido pela Portaria DNPM nº , de 17 de maio de 2017 (DNPM, 2017), o Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) deverá ser elaborado para todas as Barragens de Mineração classificadas com DPA alto. Verifica-se assim que, as 12 barragens com DPA alto, sendo o PAE portanto obrigatório, apresentam o estudo. Com as informações e relações apresentadas a partir da avaliação dos dados apresentados nos relatórios, pode-se concluir que, apesar do detalhamento específico das diretrizes definidas na resolução nº 2.372/2016, nem todos os empreendedores incluíram todos os itens exigidos. Essa observação corrobora para a necessidade de um acompanhamento mais incisivo dessas estruturas, para que seja observado se não houve tempo hábil para o desenvolvimento de todos os estudos exigidos ou se realmente ocorreu uma falha na execução das auditorias realizadas. 69

85 5.2 AUDITORIAS REGULARES OU PERIÓDICAS Em um segundo momento do estudo, foi necessária a definição de um panorama geral referente à situação de todas as barragens existentes no estado de Minas Gerais, de maneira mais abrangente. Apesar de reconhecido o fato da necessidade de maior controle dos processos construtivos e monitoramento das barragens com alteamento por montante, todas as barragens, independente do método de alteamento utilizado, necessitam de um controle adequado em todo o seu ciclo de vida, o que corrobora para um estudo detalhado de todas elas. Assim, foi definida a avaliação dos Relatórios de Auditoria Técnica de Segurança de Barragem, exigidos pela Deliberação Normativa nº 87 (COPAM, 2005), para as barragens cadastradas no Banco de Declarações Ambientais (BDA) da FEAM, sob uma visão mais abrangente da situação. No dia 11 de janeiro de 2018 havia um total de 707 barragens cadastradas no Banco de Declarações Ambientais. Das 707 estruturas cadastradas, foram selecionadas, de maneira preliminar, as barragens de rejeito de mineração sem alteamento por montante, que tinham cadastrado a respectiva Declaração de Condição de Estabilidade referente ao ano de A partir dessa seleção, chegou-se a uma população base igual a 182 barragens. Para que o estudo fosse viável e ao mesmo tempo imparcial e significativo, foi utilizado o método de amostragem estatística aleatória na definição de uma amostra de barragens para as quais foram solicitados os respectivos Relatórios de Auditoria. Para calcular o tamanho da amostra, foi utilizada a seguinte fórmula (Equação 5.1) apresentada por Scheaffer, Mendenhall & Ott (1990): NP(1 P) n 2 d ( N 1) P(1 P) Z / 2 (5.1) 70

86 Considerando: n: tamanho da amostra; N: População Total de Barragens (182); P: proporção Populacional (Estimativa Inicial = 0,5); P (1-P): variância (0,25); d: erro de estimação (0,10); α: probabilidade que o erro seja maior que d; 1 α: nível de confiança (90%; α = 0,1); Z: variável normal padrão - Valor tabelado (1,65). Na fórmula, admitindo-se um erro de estimação de 0,10, ou seja, 10% de erro para mais ou para menos, um nível de confiança de 90% e uma estimativa inicial para proporção igual a 0,5, o número mínimo de barragens a serem amostradas foi calculado a partir da fórmula descrita, obtendo-se o resultado que correspondeu a 50 barragens. Após essa determinação, as estruturas foram selecionadas aleatoriamente para compor a amostra, através da tabela de números aleatórios apresentada por Scheaffer, Mendenhall & Ott (1990). Para essas barragens foram encaminhados ofícios aos respectivos empreendedores solicitando os Relatórios de Auditoria Técnica de Segurança de Barragens referentes ao ano de Das 50 barragens pertencentes à amostra definida, quatro não encaminharam o respectivo relatório, uma apresentou dados com alteamento por montante e foi acrescentada ao outro banco e duas apresentaram documentação diferente à solicitada. Assim, foram avaliados 43 Relatórios de Auditoria Técnica de Segurança de Barragem, cujos dados foram compilados em um banco de informações, e os resultados e as relações pertinentes são detalhadas a seguir. 71

87 Uma das informações de grande importância nessa avaliação se refere à situação de estabilidade das barragens, definida pelo auditor, verificada na Figura (4,65%) 41 (95,35%) Estabilidade Garantida Estabilidade Não Garantida Figura 5.5: Situação de estabilidade das barragens avaliadas em amostra definida referente ao ano de Conforme observado, tem-se que, das 43 estruturas cadastradas, 41 tiveram situação de estabilidade garantida pelo auditor, o que corresponde a 95,35% do total e duas apresentaram estabilidade não garantida pelo auditor, representando 4,65%. Ainda considerando a situação de estabilidade das barragens, definida pela auditoria; pode-se também relacionar esse dado com a classe das mesmas, que representa o potencial de dano ambiental de cada estrutura. A relação desses fatores pode ser observada na Tabela 5-3 apresentada. Tabela 5-3: Relação da Situação de estabilidade das barragens x Classe. SITUAÇÃO DE ESTABILIDADE X CLASSE Classe I Classe II Classe III Total Estabilidade Garantida Estabilidade Não Garantida Total

88 Assim, verifica-se que, das 43 estruturas avaliadas, 27 são enquadradas na Classe III (Alto Potencial de Dano Ambiental), nove na Classe II (Médio Potencial de Dano Ambiental) e sete são definidas como Classe I (Baixo Potencial de Dano Ambiental). Observa-se ainda que, das 27 estruturas definidas como Classe III, todas possuem a situação de estabilidade garantida pelo auditor. Das estruturas definidas como Classe II, todas possuem estabilidade garantida pelo auditor e das sete estruturas definidas como Classe I, cinco possuem estabilidade garantida e duas estabilidade não garantida. Outro fator importante se refere ao método de alteamento utilizado nas estruturas avaliadas. Para tanto, deve ser considerado que, nessa etapa do estudo, foram desconsideradas as barragens de rejeito de mineração existentes em Minas Gerais que utilizam ou tenham utilizado o método de alteamento para montante. Assim, os métodos construtivos utilizados podem ser observados conforme representado na Figura (25,58%) 18 (41,86%) 3 (6,98%) 11 (25,58%) Etapa única Jusante Linha de centro Não informado Figura 5.6: Método de alteamento realizado nas barragens avaliadas. Assim, observa-se que das estruturas avaliadas, 18 barragens (ou diques) não sofreram nenhum processo de alteamento, permanecendo na etapa única de construção, o que corresponde a 41,86% das barragens avaliadas. Das barragens restantes, 11 (25,58%) 73

89 foram alteadas por jusante e três (6,98%) utilizaram o método de linha de centro. As outras 11 estruturas (25,58%) não informaram nos relatórios encaminhados quanto ao método de alteamento utilizado. Vale lembrar que as barragens alteadas por montante não entraram nessa segunda etapa do estudo. Uma relação a ser destacada é entre o Dano Potencial Associado e a presença de Plano de Ação de Emergência (PAE), detalhada na Tabela 5-4 Tabela 5-4: Relação entre Dano Potencial Associado e Plano de Ação de Emergência. DANO POTENCIAL ASSOCIADO X PAE DPA Alto DPA Médio DPA Baixo Não se enquadra Sem informação Total PAE Não tem PAE Em elaboração Não se enquadra Não informado Total Na Tabela 5.4 observa-se que das 18 barragens com DPA Alto, situação na qual o documento é obrigatório de acordo com definido pela Portaria DNPM nº (DNPM, 2017), 14 possuem PAE, duas estão em elaboração e duas não informaram quanto ao documento. Com a avaliação dos Relatórios de Auditoria Técnica de Segurança de Barragem pode ser observado que como não existem diretrizes para seu conteúdo, estudos e detalhamento básico, os relatórios são significativamente diferentes entre si. Alguns apresentam conteúdo mais denso, estudos mais aprofundados e demonstram a gestão e o monitoramento executados na barragem, outros são demasiadamente simplificados e, apenas com suas informações não conseguimos caracterizar bem a estrutura. Para a garantia da segurança da barragem, é necessário o conhecimento mais aprofundado possível da mesma. Os dados importantes, estando acessíveis aos auditores e à equipe interna, garantem controle dos sistemas de gestão, monitoramento, redução dos riscos e definição de um Plano de Segurança eficiente, trazendo tranquilidade para a equipe trabalhar, para a comunidade existente no entorno e para toda a sociedade. 74

90 5.3 CONCLUSÕES A partir dos dados apresentados nesse estudo, observa-se que mesmo com o conhecimento e tecnologia disponíveis, os acidentes com as barragens continuam a ocorrer e as consequências de uma falha podem ser devastadoras, causando impacto nos âmbitos ambientais, sociais, econômicos e ainda perda de vida. Minas Gerais é um estado pioneiro na implementação de um programa de gestão de barragens, estabelecendo políticas que visam diminuir o risco de acidentes. Porém, cabe lembrar que as atividades dos órgãos com atribuições de fiscalização não eximem os proprietários de empreendimentos da total responsabilidade pela segurança das barragens e reservatórios por eles operados, bem como das consequências pelo seu mau funcionamento (FEAM, 2017). As barragens de contenção de rejeito são estruturas de alta complexidade exigem um processo de monitoramento eficiente por toda a vida útil da estrutura, devendo ser realizado também por um período após a sua desativação. Dessa forma, dada a importância referente à gestão de segurança das barragens, uma das principais discussões se refere à metodologia de realização de auditorias de segurança. A partir das informações apresentadas nesse estudo, pode ser observado que uma das fragilidades das Auditorias de Segurança de Barragens é a falta de protocolos, termos de referência ou mesmos, de requisitos mínimos para o estudo. Conforme já citado anteriormente, Ávila (2017) menciona que tal ausência resulta muitas vezes em relatórios de auditoria com maior detalhamento das características mais conhecidas das barragens e menos relevantes do ponto de vista de segurança, e menor abordagem e detalhamento dos aspectos principais de instabilização. Desse modo, o conteúdo dos trabalhos fica a critérios dos auditores, gerando trabalhos extremamente heterogêneos, e colocando à prova as conclusões de estabilidade definidas nos mesmos. 75

91 Para o conhecimento detalhado das barragens auditadas, a Resolução Conjunta SEMAD/FEAM nº 2.372/2016 definiu diretrizes para a realização das Auditorias Técnicas Extraordinárias de Segurança de Barragens. Outro estudo recente nessa área realizado por Ávila (2017) foi específico para a definição de um Protocolo de Auditoria Técnica de Segurança de Barragens. Nesse estudo são listados alguns itens considerados obrigatórios pelo autor, que vieram de encontro com os resultados definidos na pesquisa realizada. O protocolo proposto por Ávila (2017) define ainda que antes da inspeção de campo, deve ser realizada a avaliação dos dados sobre as barragens, incluindo a verificação do Projeto Executivo e a documentação do como construído (As Built), Manual de Operação e histórico operacional. Destarte, diante do exposto, pode ser concluído que a obtenção do máximo conhecimento sobre a barragem auditada possibilita a definição dos pontos de ação, das ações corretivas essenciais, resposta a emergências e também a definição de prioridades de ação, trazendo maior confiabilidade do estudo, maior segurança e ainda economia no processo como um todo, já as ações são direcionadas. 76

92 CAPÍTULO 6 6 PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA AUDITORIA TÉCNICA DE SEGURANÇA DE BARRAGEM DE CONTENÇÃO DE REJEITOS Para trazer maior confiabilidade quanto à situação de segurança de uma barragem, seja para o auditor, para a equipe interna ou para as instituições fiscalizadoras, uma auditoria deve ter uma estrutura pré-definida, para abranger todos os aspectos essenciais, com maior detalhe nas questões mais importantes para a segurança de maneira clara, segura e objetiva. Assim, verifica-se que os resultados observados a partir da revisão da literatura e da avaliação dos relatórios de auditoria de barragem corroboraram para a definição de alguns itens considerados de atendimento obrigatório, essenciais para a realização de uma Auditoria Técnica de Segurança procedida de maneira adequada, que consiga trazer maior conhecimento da estrutura. Diante do exposto, é proposto um modelo de protocolo de auditoria de segurança para a estruturação dos trabalhos de verificação, com os itens considerados mínimos a serem abordados em auditoria, acrescidos ainda da conclusão quanto à segurança da estrutura e da sua respectiva Declaração de Condição de Estabilidade. Tem-se então a proposta detalhada a seguir. 6.1 Primeira Etapa para Auditoria Inicialmente, antes da inspeção de campo, deve ser realizado o levantamento de dados e estudos já existentes na estrutura, bem como, das ocorrências anteriores, histórico da barragem e monitoramento. 77

93 Esse levantamento de dados é realizado como ações de controle e auxiliará o auditor na condução dos seus estudos, quais sejam: Base cartográfica precisa e atualizada; Ocorrências hidrometeorológicas anteriores: verificação das séries hidrológicas históricas e sua consistência de ocorrência; Projeto Executivo: verificação quanto ao atendimento das premissas do projeto; As Built; As Is; Caracterização Tecnológica dos Materiais: Tipo de mineral, teor de sólidos, granulometria, plasticidade, resistência drenada e não drenada, suscetibilidade à liquefação (quando houver alteamento por montante), entre outros estudos geotécnicos pertinentes considerando as especificidades de cada estrutura; Balanço Hídrico; Vertedouro: Tipo, dimensionamento do sistema, cheia de projeto, manutenção e condição de operação; Drenagem Interna: Composição do sistema - caso existente, manutenção e condição de operação; Drenagem Superficial: Dispositivos de drenagem superficial da estrutura, manutenção e condição de operação; Instrumentação: Tipos, quantidades, frequência de leitura, manutenção e condição de operação; Manual de Operação: Atualização e se o mesmo é seguido; Histórico Operacional: Verificação dos resultados das leituras dos instrumentos instalados e dos checklist s das inspeções de campo; Histórico de Ocorrências Externas: Ocorrências de sismos, cheias, entre outros; 78

94 Avaliação dos Relatórios de Auditorias Anteriores: Ocorrências relevantes, anomalias e tratamentos realizados, pontos relevantes. Para facilitar essa verificação, e também para não deixar de avaliar nenhum item, é proposta a utilização de um modelo de Checklist, verificado na Figura 6.1. ITEM AVALIADO Base Cartográfica precisa Ocorrências Hidrometeorológicas anteriores Projeto Executivo As Built As Is Caracterização Tecnológica dos Materiais Balanço Hídrico Vertedouro Drenagem Interna Drenagem Superficial Instrumentação Manual de Operação Histórico Operacional Histórico de ocorrências externas Relatórios de Auditoria anteriores SIM POSSUI NÃO DESCRIÇÃO E OBSERVAÇÕES Figura 6.1: Modelo de CheckList para realização de auditoria. Para ser funcional, essa ferramenta que é amplamente utilizada nos dias atuais e extremamente importante nos processos de controle e gestão de segurança, deve ser simples, direta e de fácil preenchimento. Com a utilização do modelo proposto, é possível determinar se já foi feito cada estudo descrito, bem como detalhar as observações do mesmo, como por exemplo: se o estudo já foi finalizado ou se ainda está em andamento e sua previsão para fechamento, se o item em questão corresponde a um ponto de atenção devido a alguma ocorrência 79

95 anterior ou anomalia já conhecida e se representa importante relevância do ponto de vista de segurança de uma barragem. Após a verificação dos dados citados, com a definição dos pontos mais relevantes e os de maior atenção, deve ser feita uma avaliação da necessidade ou não de realização de estudos complementares. 6.2 Segunda Etapa para Auditoria Em uma segunda etapa da realização da Auditoria de Segurança de Barragens, deve ser realizada a programação para inspeção de campo. Essa vistoria deve percorrer toda a barragem de contenção de rejeito (Crista, taludes montante e jusante, região do pé da barragem e bermas), sua fundação, ombreiras, tubulações de disposição dos rejeitos, reservatório, sistema de drenagem superficial (canaletas, caixas de passagem e descidas d água), de drenagem interna, sistema extravasor, áreas imediatamente a jusante, região do pé da barragem, dispositivos de auscultação e vias de acesso. A inspeção pode ser feita com a utilização de um Checklist para facilitar as anotações em campo e para que nenhum item deixe de ser avaliado. Esse Checklist deve ser definido com base nas particularidades de cada estrutura, considerando suas especificidades, histórico de ocorrências, anomalias, itens de atenção definidos em outras auditorias, recomendações anteriores, dentre outros itens. 6.3 Terceira Etapa para Auditoria Na terceira etapa, é proposto um modelo de formulário referente à compilação de todos os dados descritos no corpo do relatório, e é definido após todo o levantamento de dados. O ideal é que, apesar de o mesmo ser mais facilmente preenchido na etapa final da Auditoria de Segurança, esse modelo seja inserido nas páginas iniciais dos Relatórios de Auditoria, pois ele traz a reunião das informações mais importantes da barragem de contenção de rejeitos de forma direta e objetiva. 80

96 Assim, o modelo em questão pode ser verificado na Figura 6.2. Figura 6.2: Formulário de Caracterização de Barragem. O uso desse formulário, com as características da barragem de contenção de rejeitos auditada, representa uma importante ferramenta tanto para a equipe interna da empresa quanto para os órgãos reguladores, e a utilização do mesmo pode trazer ganhos como: A equipe interna da empresa responsável pela barragem terá as informações necessárias reunidas em um só lugar, trazendo eficiência e rapidez no trabalho; Os órgãos reguladores terão essa informação de maneira direta, trazendo mais facilidade na avaliação dos relatórios recebidos. A necessidade de leitura do 81

97 mesmo não se desfaz, porém, as dúvidas diminuem significativamente, já que as informações são colocadas de maneira objetiva. Para exemplificar a aplicação do modelo de Formulário proposto, e ilustrar a sua importância em um Relatório de Auditoria, foi definida a aplicação do mesmo em uma barragem de contenção de rejeitos hipotética, denominada como Barragem X. Assim, a mesma pode ser observada na Figura 6.3. Figura 6.3: Formulário de Caracterização de Barragem aplicado a uma barragem hipotética denominada Barragem X. Destarte, diante do exposto, pode-se concluir que uma Auditoria de Segurança de Barragens bem estruturada promove troca de informações eficientes e possibilita a 82

98 execução de melhores práticas. Para tanto, a definição de um protocolo para as auditorias e a avaliação da conformidade dos sistemas de gestão de rejeitos, contribuirá, com certeza, para uma avaliação qualitativa do sistema de gestão utilizado e para afirmar conformidade com os requisitos regulatórios. Para complementação dos estudos apresentados nessa dissertação, são sugeridos alguns tópicos para pesquisas futuras: Desenvolvimento de cartilhas ou guias com melhores práticas de gestão e diretrizes para auditoria na versão brasileira, com adaptação às nossas especificidades; Disponibilidade do uso dos resultados alcançados e dos Bancos de Informações criados, para discussões de normas e legislações sobre barragens; Possibilidade de uso das diretrizes propostas para a padronização das Auditorias de Segurança de Barragens. 83

99 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT (2017), NBR Mineração Elaboração e apresentação de projeto de barragens para disposição de rejeitos, contenção de sedimentos e reservação de água - Requisitos. Associação Brasileira de Normas Técnicas, São Paulo, SP ABNT (2017), NBR Resíduos Sólidos - Classificação. Associação Brasileira de Normas Técnicas, São Paulo, SP ASSIS, A.; ESPÓSITO, T. Construção de barragens de rejeito sob uma visão geotécnica. In: SIMPÓSIO SOBRE BARRAGENS DE REJEITOS E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS REGEO, 3, Ouro Preto: ABMS/ABGE/CBGB, AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Resolução nº 742, de 17 de outubro de Estabelece a periodicidade, qualificação da equipe responsável, conteúdo mínimo e nível de detalhamento das inspeções de segurança regulares de barragem, conforme art. 9º da Lei nº de 20 e setembro de AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Resolução nº 91, de 02 de abril de Estabelece a periodicidade de atualização, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Segurança da Barragem e da Revisão Periódica de Segurança da Barragem, conforme art. 8º, 10º e 19º da Lei nº de 20 e setembro de AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Resolução nº 132, de 22 de fevereiro de Estabelece critérios complementares de classificação de barragens reguladas pela Agência Nacional de Águas ANA, quanto ao Dano Potencial Associado - DPA, com fundamento no art. 5, 3, da Resolução CNRH n 143, de 2012, e art. 7 da Lei n , de AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL. Resolução Normativa nº 696, de 15 de dezembro de Estabelece critérios para classificação, formulação do Plano de Segurança e realização da Revisão Periódica de Segurança em barragens fiscalizadas pela ANEEL de acordo com o que determina a Lei nº , de 20 de setembro de ANCOLD Guidelines. Disponível em: < Acesso em: 22 mai AUSTRALIAN CAPITAL TERRITORY PARLIAMENTARY COUNSEL, Dam Safety Code, dezembro de Disponível em: < AVILA, J. P. de; ARAGÃO, G. A. S.; MIRANDA, M. A. S. Aspectos atuais de fragilidade na gestão de segurança de barragens de rejeitos: AUDITORIA DE SEGURANÇA f. II Seminário de Gestão de Riscos e Segurança de Barragens de Rejeitos - SGBR, Belo Horizonte, maio

100 BRASIL. Lei nº , de 20 de setembro de Estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4o da Lei no 9.984, de 17 de julho de COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS CBDB. Guia Básico de Segurança de Barragens. São Paulo, SP CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL - COPAM. Deliberação Normativa nº 62. Dispõe sobre critérios de classificação de barragens de contenção de rejeitos, de resíduos e de reservatório de água em empreendimentos industriais e de mineração no Estado de Minas Gerais. Minas Gerais, 17 de dezembro de CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL - COPAM. Deliberação Normativa nº 87. Altera e complementa a Deliberação Normativa COPAM Nº 62, de 17/12/2002. Minas Gerais, 17 de junho de CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL - COPAM. Deliberação Normativa nº 124. Complementa a Deliberação Normativa COPAM N 87, de 06/09/2005. Minas Gerais, 09 de outubro de CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS CNRH. Resolução nº 143. Estabelece critérios gerais de classificação de barragens por categoria de risco, dano potencial associado e pelo volume do reservatório, em atendimento ao art. 7 da Lei n , de 20 de setembro de de julho de CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS CNRH. Resolução nº 144. Estabelece critérios gerais de classificação de barragens por categoria de risco, dano potencial associado e pelo volume do reservatório, em atendimento ao art. 7 da Lei n , de 20 de setembro de de julho de CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS CNRH. Resolução nº 178. Altera a Resolução CNRH nº 144, de 10 de julho de 2012, que Estabelece diretrizes para implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens, em atendimento ao art. 20 da Lei n , de 20 de setembro de 2010, que alterou o art. 35 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de de junho de DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL - DNPM. Portaria nº 416 de 3 de setembro de Cria o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração e dispõe sobre o Plano de Segurança, Revisão Periódica de Segurança e Inspeções Regulares e Especiais de Segurança das Barragens de Mineração conforme a Lei nº , de 20 de setembro de 2010, que dispõe sobre a Política Nacional de Segurança de Barragens. 85

101 DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL - DNPM. Portaria nº 526 de 9 de dezembro de Estabelece a periodicidade de atualização e revisão, a qualificação do responsável técnico, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Ação de Emergência das Barragens de Mineração (PAEBM), conforme art. 8, 11 e 12 da Lei n , de 20 de setembro de 2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), e art. 8º da Portaria nº 416, de 3 de setembro de DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL - DNPM. Portaria nº de 17 de maio de Cria o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração, o Sistema Integrado de Gestão em Segurança de Barragens de Mineração e estabelece a periodicidade de execução ou atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Segurança da Barragem, das Inspeções de Segurança Regular e Especial, da Revisão Periódica de Segurança de Barragem e do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração, conforme art. 8, 9, 10, 11 e 12 da Lei n de 20 de setembro de 2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens - PNSB. DUARTE, A. P. Classificação das barragens de contenção de rejeitos de mineração e de resíduos industriais no estado de minas gerais em relação ao potencial de risco f. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, ESPÓSITO, T. J. Metodologia probabilística e observacional aplicada a barragens de rejeito construídas por aterro hidráulico f. Tese (Doutorado em Geotecnia) Universidade Federal de Brasília, Brasília, FERNANDES, Rafaela Baldi. Metodologia para unificação do sistema de classificação de barragens de rejeito f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Núcleo de Geotecnia. Programa de Pós-Graduação em Geotecnia. Ouro Preto, 2017 FEMA - FEDERAL EMERGENCY MANAGEMENT AGENCY, Dam Safety and Security in the United States. Disponível em: < FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - FEAM. Caderno Técnico Gestão de Barragens de Rejeitos e Resíduos em Minas Gerais, FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - FEAM. Inventário Estadual de Barragens do Estado de MINAS GERAIS. Belo Horizonte, Disponível em: < Acesso em: 31 mai FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - FEAM. Inventário Estadual de Barragens do Estado de MINAS GERAIS. Belo Horizonte, Disponível em: < Acesso em: 01 mar FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - FEAM. Inventário Estadual de Barragens do Estado de MINAS GERAIS. Belo Horizonte, Disponível em: < Acesso em: 26 fev

102 FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - FEAM. Inventário Estadual de Barragens do Estado de MINAS GERAIS. Belo Horizonte, GOLDER. Operating manual for the tailings management facility at the Lisheen mine. Ireland: Golder Associates, p. 81. INTERNATIONAL COMMISSION ON LARGE DAMS ICOLD, Bulletin 74 - Tailings Dams Safety Guidelines INTERNATIONAL COMMISSION ON LARGE DAMS ICOLD, Bulletin 121: Tailings dams risk of dangerous occurrences - Lessons learnt from practical experiences.paris, INTERNATIONAL COMMISSION ON LARGE DAMS ICOLD Icold History. Disponível em: < Acesso em: 22 mai INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA (Org.). Laudo Técnico Preliminar: Impactos ambientais decorrentes do desastre envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Brasília, p. KLOHN, E. J. The development of current tailing dam design and construction methods. In: WILSON, D. (Ed.) Design and construction of tailing dams. Golden: Colorado School of Mines, MINAS GERAIS. Decreto Nº Institui Força-Tarefa com a finalidade de diagnosticar, analisar e propor alterações nas normas estaduais relativas à disposição de rejeitos de mineração. Belo Horizonte, MG, 12 novembro MINAS GERAIS. Decreto Nº Institui a Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragem e dá outras providências. Belo Horizonte, MG, 02 maio MINAS GERAIS. Decreto Nº Altera o Decreto nº , de 02/05/2016. Belo Horizonte, MG, 07 de Março de MINAS GERAIS - Resolução Conjunta SEMAD/FEAM Nº Estabelece diretrizes para realização da Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragens de rejeito com alteamento para montante e para a correspondente Declaração extraordinária de Condição de Estabilidade e dá outras providências. Belo Horizonte, MG, 06 maio MINAS GERAIS. Projeto de Lei nº de Dispõe sobre o licenciamento ambiental e a fiscalização de barragens no Estado. Assembléia Legislativa de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG. MINING ASSOCIATION OF CANADA MAC. Disponível em: < Acesso em: 18 abr

103 MINING ASSOCIATION OF CANADA MAC. A guide to Audit and Assessment of Tailings Facility Management. Second Edition, MINING ASSOCIATION OF CANADA MAC. A guide to the management of tailings facilities. Third Edition, MINING ASSOCIATION OF CANADA MAC. Developing an Operation, Maintenance and Surveillance Manual for Tailings and Water Management Facilities. Second Edition, MORGENSTERN, N. R. et al. Fundão Tailings Dam Review Panel - Report on the Immediate Causes of the Failure of the Fundão Dam. 25 de agosto de SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (SEMAD) E FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE (FEAM). Instrução de Serviço SISEMA 02/2018. Dispõe sobre o módulo de barragens do Banco de Declarações Ambientais BDA, os procedimentos para a apresentação das declarações de condição de estabilidade, cadastro, descaracterização, descadastramento e licenciamento ambiental de barragens de contenção de resíduos ou rejeitos da mineração. 23 de abril de SILVA, W. P. Estudo do potencial de liquefação estática de uma barragem de rejeito alteada para montante aplicando a metodologia de Olson (2001) f. Dissertação (Mestrado profissional em Engenharia Geotécnica) Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, SCHEAFFER, R. L.; MENDENHALL, W.; OTT, L. Elementary survey sampling. Belmont (Califórnia): Duxbury Press, TORQUETTI, Z. S. C; SAWAYA, M. A. M.; VEIGA, C. R. Modalidades de Garantias Financeiras aplicáveis a empreendimentos industriais e minerários que utilizam barragens de rejeitos, resíduos e reservatórios e de água e sua correlação com as etapas de regularização ambiental º Congresso Brasileiro de Mina a Céu Aberto. Belo Horizonte, agosto de VICK, S. G. Planning, Design, and Analysis of Tailings Dams. John Wiley & Sons, New York, USA, 369 p WASHINGTON STATE DEPARTMENT OF ECOLOGY WSDE. Dam safety guidelines - part IV, Dam design and construction, Olympia, p Disponível em < >. ZUFFO, M. S.R. Metodologia para avaliação da segurança de barragens f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil, área de concentração em Recursos Hídricos) Universidade Estadual de Campinas, São Paulo,

104 I. APÊNDICE I Banco de Informações parcial definido a partir da avaliação dos Relatórios de Auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragens - referente às Barragens de Contenção de Rejeitos de Minas Gerais com alteamento para montante. I.1

105 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Barragem Volta Grande 01 AMG Mineração S.A. Nazareno ,00 III Não informado Montante Estabilidade Garantida Não informado - Volta Grande 02 AMG Mineração S.A. Nazareno ,00 III Não informado Montante Estabilidade Garantida Operação - Barragem de Rejeitos ArcelorMittal Brasil Itatiaiuçu ,00 III Suscetível Montante Estabilidade Garantida Não informado - Barragem 5 CBMM Araxá ,00 III Suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada desde 2006 (não recebe mais rejeitos) Sim Barragem do Vigia - Complexo Pires Congonhas Minérios S.A Ouro Preto 30 - III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Não Garantida Em operação (não recebe mais rejeito) Sim Barragem Auxiliar do Vigia - Complexo Pires Congonhas Minérios S.A Ouro Preto 35 - III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Não Garantida A barragem atualmente não recebe rejeito Sim Barragem B4 - Mineração Casa de Pedra Congonhas Minérios S.A Congonhas ,00 III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Em operação Sim Barragem Bocaina Gerdau Açominas Ouro Preto (0,96 Mm³) III C Alto Baixo Não informado Montante Estabilidade Garantida Paralisada Sim Barragem dos Alemães Gerdau Açominas Ouro Preto ,00 III Não informado Montante Estabilidade Garantida Não informado Sim Barragem da Voçoroca GO4 Participações Antônio Dias ,00 III Suscetível Montante Estabilidade Garantida Em operação. Sim I-2

106 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Depósito Barragem B1 Herculano Mineração Itabirito ,00 III B Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada (Desde rompimento) Sim Barragem B1 Mineração Geral do Brasil (Minerminas) Brumadinh o 47 - III D - - Não informado Montante Estabilidade Garantida Paralisada - Barragem B2 Mineração Geral do Brasil (Minerminas) Brumadinh o 27 - III D - - Não informado Montante Estabilidade Garantida Paralisada - Barragem B1 Auxiliar Mineração Morro do Ipê (MMX) Igarapé - III Suscetível Montante (primeiro alteamento foi para jusante) Estabilidade Garantida Paralisada (desde setembro de 2014) Sim Barragem B2 Mineração Morro do Ipê (MMX) Igarapé - III Suscetível Montante Estabilidade Não Garantida Paralisada (exaurida) Sim Barragem Mina Oeste (somisa) Mineração Usiminas Itatiaiuçu ,00 III C Alto Baixo Não suscetível Montante Estabilidade Garantida Em operação Sim Barragem Mina Central Mineração Usiminas Itatiaiuçu ,00 III C Alto Baixo Não suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada Sim Barragem B1 Minerita Minérios Itaúna Itatiaiuçu ,00 III B - - Suscetível Montante Estabilidade Garantida Em processo de retomada - Barragem B2 Minerita Minérios Itaúna Itatiaiuçu ,00 III B - - Não suscetível Montante Estabilidade Garantida Em operação - Barragem B3 Minerita Minérios Itaúna Itatiaiuçu ,00 III B - - Suscetível Montante Estabilidade Garantida Em operação - I-3

107 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Barragem de Rejeito Cava RG02 W MSOL Caeté - - III Não informado Montante Estabilidade Garantida Não informado - Barragem B4 Nacional de Grafite Itapecerica - - III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Em operação Sim Barragem Aredes SAFM Mineração Itabirito 12, ,00 II D - - Não informado Montante Central SAFM Mineração Itabirito 20, ,00 II D - - Não informado Montante Estabilidade Garantida Estabilidade Garantida Em operação - Em operação - Barragem da Grota SAFM Mineração Itabirito 7, ,00 II D - - Não informado Montante Estabilidade Garantida Em operação - Barragem Germano Samarco Mariana - - III Não informado Montante Estabilidade Garantida Não informado - Barragem BL-1 Vale Fertilizantes Tapira 88, ,00 III C Alto Baixo Não informado Montante Estabilidade Garantida Em operação Sim Barragem B5 Vale Fertilizantes Araxá ,00 III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Não informado Sim Barragem B1_B4 Vale Fertilizantes Araxá ,00 III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Desativada Sim Barragem B2 Vale Fertilizantes Araxá ,00 III D Médio Baixo Não informado Montante Estabilidade Garantida Não informado Não I-4

108 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Barragem 8B Vale S.A Nova Lima ,91 III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada Sim Barragem Sul Superior Vale S.A Barão de Cocais ,00 III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada Sim Dique 04 Pontal Vale S.A Itabira ,00 I E Baixo Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Não recebe mais rejeitos. Não Dique Minervino Vale S.A Itabira ,00 III C Alto Baixo Não suscetível Montante Estabilidade Garantida Não informado Sim Dique Cordão Nova Vista Vale S.A Itabira ,00 III C Alto Baixo Não informado Linha de Centro Estabilidade Garantida Não informado Sim Dique 03 Pontal Vale S.A Itabira - - II E Baixo Baixo Não informado Montante Estabilidade Garantida Não recebe mais rejeitos. Não Dique 1B Conceição Vale S.A Itabira ,00 I E Baixo Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada Não Dique 05 Pontal Vale S.A Itabira ,00 I E Baixo Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Não informado Não Dique 06 Pontal Vale S.A Itabira ,00 I E Baixo Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Não informado Não Dique 02 Pontal Vale S.A Itabira ,00 II E Baixo Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Não recebe mais rejeito. Não I-5

109 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Dique Rio do Peixe Vale S.A Itabira ,00 II D Médio Baixo Suscetível Linha de Centro Estabilidade Garantida Desativado Não Barragem Vargem Grande Vale S.A Nova Lima ,00 III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Não recebe mais rejeitos Sim Dique Fernandinho Vale S.A Nova Lima ,00 II E Baixo Baixo Não suscetível Montante Estabilidade Garantida Não recebe mais rejeitos Não Barragem do Grupo Vale S.A Ouro Preto ,00 III D Médio Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada (desde a década de 80) Não Forquilha I Vale S.A Ouro Preto ,00 III D Médio Baixo Suscetível Jusante e posteriormente montante. Estabilidade Garantida Paralisada Não) Forquilha II Vale S.A Ouro Preto ,00 III D Médio Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada Não Forquilha III Vale S.A Ouro Preto ,00 III D Médio Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada temporariamente Não Barragem I Vale S.A Brumadinh o ,00 III C Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Garantida Em operação Sim Barragem do Campo Grande Vale S.A Mariana 99, ,35 III C Alto Baixo Não suscetível Linha de centro Estabilidade Garantida Não informado Sim Barragem Doutor Vale S.A Ouro Preto ,40 III C Alto Baixo Não suscetível Linha de centro Estabilidade Garantida Não informado - I-6

110 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Barragem B3 Vale S.A Nova Lima ,00 I C Alto Baixo Não suscetível Montante Estabilidade Garantida Desativada Sim Barragem B4 Vale S.A Nova Lima ,00 I C Alto Baixo Não suscetível Montante Estabilidade Garantida Desativada Sim Barragem de Rejeitos (Depósito de Rejeitos) Votorantim Fortaleza de Minas - - III Suscetível Montante Estabilidade Garantida Paralisada desde BARRAGEM AUXILIAR B2 Minérios Nacional Rio Acima ,00 III B Alto Baixo Suscetível Montante Estabilidade Não Garantida Extração do minério paralisada Sim BARRAGEM B2 Minérios Nacional Rio Acima ,00 III C Médio Médio Suscetível Montante Estabilidade Não Garantida Em operação (Não recebe mais rejeito) Sim I-7

111 II. APÊNDICE II Banco de Informações parcial definido a partir da avaliação dos Relatórios de Auditoria Técnica de Segurança de Barragens - referente às Barragens de Contenção de Rejeitos de Minas Gerais sem alteamento para montante. II-1

112 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Baia UTM1 Gerdau Ouro Preto ,00 III B Alto Baixo Não informado Não informado Garantida - Sim Barragem de Clarificação Bocaina Barragem da Cava C Gerdau Ouro Preto ,00 III B Alto Baixo Não informado Não informado Garantida - Sim Galvani Lagamar ,00 II Não informado Jusante Garantida - - Barragem B1 Mineração Morro do Ipê Igarapé ,00 III Não informado Não informado Garantida - - Ecológica I Minérios Nacional Rio Acima ,00 I E Baixo Baixo Suscetível Etapa Única Não Garantida Em operação Sim Ecológica II Minérios Nacional Rio Acima ,00 I E Baixo Baixo Suscetível Etapa única Não Garantida - Sim Barragem do Lagarto CSN Mineração Congonhas ,00 I E Baixo Baixo Não informado Jusante Garantida - Não Barragem B5 CSN Mineração Congonhas 41 > ,00 III C Médio Baixo Não informado Etapa única Garantida - Sim Dique do Batateiro de Baixo CSN Mineração Congonhas ,00 III B Alto Baixo Não informado Etapa única Garantida - Sim Dique 7 - Pilha de Sinter Minerita ,00 III Não Não Não Não informado Não informado Garantida - - II-2

113 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Barragem de Rejeitos Paciência MSOL - Mineração Serras do Oeste Itabirito ,00 III B Alto Baixo Não informado Não informado Garantida Paralisada (operações da empresa) - Cava-Depósito de Disposição de Rejeitos RG-2E MSOL - Mineração Serras do Oeste Caeté ,00 II C Médio Baixo Não informado Não informado Garantida - - Barragem do Josino Ferro + Mineração Ouro Preto 9, ,00 II C Médio Baixo Não informado Não informado Garantida - Não Barragem Aroeira Votorantim Vazante ,00 III B Alto Baixo Não informado Jusante Garantida - Sim Barragem B2 Itaminas Comércio de Minérios S.A. Sarzedo ,00 III B Alto Baixo Não informado Etapa única Garantida Paralisada Em elaboração Barragem B4 Barragem de rejeitos Cachoeirinha Barragem de Sedimentos Fazenda Santa Bárbara Itaminas Comércio de Minérios S.A. Vallourec Mineração Ltda. Vallourec Mineração Ltda. Sarzedo ,00 III Sim Linha de centro Garantida - - Nova Lima ,82 III Não informado Jusante Garantida - - Brumadinh o ,90 III Não informado Jusante Garantida - - Tanque Específico X Kinross Brasil Mineração Paracatu 31 - II C Médio Baixo Não Etapa única Garantida Não recebe rejeitos Em elaboração Tanque Específico XI Kinross Brasil Mineração Paracatu 43 - III C Médio Baixo Não Etapa única Garantida Não recebe rejeitos Em elaboração II-3

114 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Barragem B3 Vale São Gonçalo do Rio Abaixo 18, ,00 III B Alto Baixo Não informado Etapa única Garantida Em operação Sim Barragem Conceição Vale Itabira 60, ,00 III B Alto Baixo Não informado Jusante Garantida Em operação Sim Dique B Vale Nova Lima 40, ,00 III B Alto Baixo Não informado Etapa única Garantida Em operação Sim Forquilha IV Vale Ouro Preto 90, ,00 III B Alto Baixo Não informado Etapa única Garantida Em operação Em elaboração Barragem Natividade Vale Ouro Preto ,60 III B Alto Baixo Não informado Jusante (Reforço) Garantida - Sim Barragem de Rejeitos Norte / Laranjeiras Vale Barão de Cocais 58, ,00 III B Alto Baixo Não informado Etapa única Garantida - Sim Barragem Santana Vale Itabira 52, ,00 III B Alto Baixo Não informado Jusante Garantida - Sim Barragem Timbopeba Vale Ouro Preto 64, ,00 III B Alto Baixo Não informado Jusante (Reforço) Garantida - Sim Barragem 1 CBMM Araxá 14, ,00 II Não Não Não Não informado Não informado Garantida - - Barragem Mina II CBMM Araxá ,00 II Não informado Não informado Garantida - Sim II-4

115 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Barragem Cambimbe Anglogold Ashanti Nova Lima 19 < II Não informado Não informado Garantida Em operação - Barragem Calcinados Anglogold Ashanti Nova Lima < Vr < III B Alto Baixo Estudo em andamento Linha de centro (underflow) e jusante (material ciclonado) Garantida - - Barragem CDSII Anglogold Ashanti Santa Bárbara 77 > III B Alto Baixo Estudo em andamento Linha de centro Garantida Em operação Sim Dique Leste II Mineração Usiminas Mateus Leme 10, ,00 I Não Não Não Não informado Não informado Garantida - - Dique da Oficina Mineração Usiminas Itatiaiuçu ,00 I Não Não Não Não informado Não informado Garantida - - Dique Intermediário Mineração Usiminas Itatiaiuçu ,00 II Não Não Não Não informado Não informado Garantida - - Barragem Samambaia Zero Mineração Usiminas Itatiaiuçu ,00 III B Alto Baixo Não informado Jusante Garantida - Sim Barragem I MBL Itaúna 27, ,75 III E Baixo Baixo Não informado Etapa única Garantida Inoperante provisoriame nte Sim Dique BIII-3 MBL Itaúna ,79 II D Baixo Médio Não informado Não informado Garantida Em operação Barragem B3 Mineração Geral do Brasil Brumadinh o 10 - III Não Não Não Não informado Não informado Garantida Paralisada - II-5

116 Barragem Empreendimento Município Altura (m) Volume (m³) Classe (COPAM) Classe (DNPM) DPA Risco Suscetibilidade à liquefação Método de alteamento Estabilidade Operação PAE Barragem B2 Herculano Mineração Itabirito ,00 I E Baixo Baixo Suscetível Etapa Única Garantida - Sim Barragem B3 Herculano Mineração Itabirito ,00 I E Baixo Baixo Suscetível Etapa Única Garantida - Sim Barragem B4 Herculano Mineração Itabirito ,00 III B Alto Baixo Suscetível Jusante Garantida - Sim II-6

117 III. ANEXO I Decreto nº , de 02 de maio de 2016 (Minas Gerais, 2016). III-1

118 III-2

119 III-3

120 III-4

121 III-5

122 IV. ANEXO II Resolução Conjunta SEMAD/FEAM nº 2.372, de 06 de maio de 2016 (Minas Gerais, 2016). IV-1

123 IV-2

124 IV-3

125 IV-4

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