A IMPORTÂNCIA DO DEBATE DAS QUESTÕES DE GÊNERO NOS AMBIENTES ESCOLARES

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1 A IMPORTÂNCIA DO DEBATE DAS QUESTÕES DE GÊNERO NOS AMBIENTES ESCOLARES Antônio Rodrigues Neto 1 Ana Cláudia dos Santos Rocha 2 RESUMO: A presente pesquisa, em andamento, decorre dos estudos e discussões do Grupo de Pesquisa Políticas Públicas e Direitos Fundamentais. Tem como objeto o debate das questões de gênero nos ambientes escolares. Urge salientar a relevância do estudo do tema, tendo em vista que atualmente no Brasil, diversos estados e municípios, tem excluído de seus Planos Estaduais e Planos Municipais de Ensino, respectivamente, a questão de gênero, o que inclusive já resultou na manifestação do Supremo Tribunal Federal acerca inconstitucionalidade desta postura que se prolifera embasada em discursos religiosos fundamentalistas. Ressalte-se que a partir do advento da Constituição de 1988, o direito à educação fora elevado ao patamar de direito fundamental, por sua importância para a concretização dos fundamentos do Estado Democrático de Direito. Nesse diapasão, o espaço escolar passou a se configurar como um ambiente propício não apenas ao desenvolvimento cognoscente dos indivíduos, mas também de articulações sociais capazes de garantir a inclusão e o respeito à diversidade, a partir da promoção da igualdade, levando à criação de uma cultura de reconhecimento plural das identidades e dos comportamentos, de cultura de paz, de promoção da cidadania e tolerância à diversidade. Desta forma, os direitos humanos de gênero e diversidade sexual passaram a vislumbrar nos ambientes escolares um espaço fundamental para debater e ensinar questões no que tange a identidade de gênero, sexualidade e orientação sexual; com respaldo no Plano Nacional de Educação (PNE), que trazia como metas o fim do preconceito, da discriminação e da violência, especialmente no que se refere a questões de gênero e sexualidade. Bem como com o escopo de garantir o acesso e a permanência na educação desse público, marginalizado e excluído de diversos direitos sociais, inclusive do ambiente escolar. Todavia, os documentos legais internos e alienígenas não têm sido capazes de garantir que as políticas de gênero tenham seu espaço garantido nas salas de aula, uma vez que os Planos Estaduais de Educação, por interesses obscuros e, por vezes, retrógrados, têm excluído a previsão de se debater e ensinar as questões de gênero nas salas de aula. 1 Publicitário. Bacharelando em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas. antonio.neeeto@gmail.com 2 Professora Assistente da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; mestre em Direito pela Universidade Metropolitana de Santos; doutoranda em Educação pela Universidade Federal da Grande Dourados; líder do grupo de pesquisa Políticas Públicas e Direitos Fundamentais; membro da rede latinoamericana e caribenha de Educação em Direitos Humanos. advaclaudia@gmail.com

2 2 Palavras-chave: Educação; Gênero; Plano Estadual de Educação; Direitos Humanos. INTRODUÇÃO Com base nos preceitos constitucionais, infraconstitucionais e nos dispositivos alienígenas, percebe-se que a educação quanto às questões de gênero mostram-se de extrema importância na educação em direitos humanos. A existência de conteúdos específicos que visam abordar de forma pedagógica os principais problemas decorrentes da intolerância gerada pelo preconceito e discriminação de gênero (identidade, sexo, orientação sexual, transexualidade) pode ser a resposta para a redução de inúmeras violações de direitos humanos que assolam a sociedade brasileira, em virtude de questões de gênero. A educação em direitos humanos tem como uma de suas bases, propiciar que na educação formal e não formal, sejam trabalhados de forma trans/multi/interdisciplinar questões que resultem numa nova ética primando pela igualdade, cultura de paz, tolerância e respeito a diversidade e diferenças, elementos hábeis a findar com práticas de discriminação e violência, ainda presentes no cotidiano brasileiro e mundial, acerca das questões de gênero. Desta forma, considerando que tais assuntos têm sido suprimidos dos Planos Municipais e Estaduais de Educação, entender a importância da educação de gênero nos ambientes escolares é, também, uma forma de se tutelar direitos humanos e fundamentais. A proposta da pesquisa em andamento, portanto, é analisar os estados brasileiros que suprimiram as questões de gênero em seus Planos Estaduais de Educação e indicar com base na doutrina, o equivoco e retrocesso dessa medida, merecendo destaque inclusive, a análise da (in)constitucionalidade. OBJETIVOS Objetivo geral:

3 3 a) Analisar a importância das questões de gênero nos planos estaduais para a efetivação de direitos humanos. Objetivos específicos: a) Verificar as modalidades de incidência dos conteúdos de gênero; b) Compreender a importância de inserir as questões de gênero nos ambientes escolares; c) Inventariar os motivos favoráveis ao trabalho das questões de gênero nos ambientes escolares e d) Identificar os Estados brasileiros que contemplam e os que não contemplam as questões de gênero em seus Planos de Educação. METODOLOGIA Através da pesquisa documental, pautada na análise de conteúdo da legislação, doutrina e jurisprudência acerca da temática, aplicando-se o método hipotético-dedutivo, propõe-se analisar a importância de discutir questões de gênero no ambiente escolar, a obrigatoriedade deste tema, seus efeitos, bem como os malefícios tanto nos aspectos pedagógicos quanto sociais da sua exclusão no âmbito das redes estaduais de ensino. Trata-se de uma pesquisa de abordagem quanti-qualitativa, assim, os aspectos relacionados à importância de trabalhar questões de gênero nos ambientes escolares serão analisados na abordagem qualitativa e acerca dos estados que incluíram ou excluíram a temática de seus planos, assumirá o viés da análise quantitativa. RESULTADOS: De acordo com a pesquisa, no estado em que se encontra salientando que esta em andamento constatou-se que a ausência de conteúdos de gênero nos planos de educação, e por derradeiro do trabalho da temática nas salas de aula, são uma ameaça à luta pela transformação social acerca das questões de gênero, tema tão caro em nossa sociedade, bem como uma ofensa e retrocesso à política nacional de educação em direitos humanos e aos ditames constitucionais e infraconstitucionais.

4 4 CONCLUSÃO A presente pesquisa em desenvolvimento é a parte inicial da monografia (trabalho de conclusão de curso) a ser desenvolvida pelo autor, sob orientação da coautora, intitulada A questão de gênero no ambiente escolar sul-mato-grossense: uma análise comparativa entre Plano Estadual de Educação e o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, cuja pretensão é comprovar a importância do debate das questões de gênero nas salas de aula para a efetivação de direitos humanos, a busca da igualdade com respeito à diversidade e, mais que isso, realização dos ideais do nosso Estado Democrático de Direito e da paz social. Para tanto propõe-se inicialmente traçar um panorama nacional acerca do tema, ou seja, analisar o Plano Nacional de Educação (PNE) e o Plano Estadual de Educação (PEE), dos estados brasileiros, para ter uma visão de quais estados excluíram e quais contemplaram a temática da presente pesquisas, após analisar o estado de Mato Grosso do Sul, num panorama comparativo entre PEE e PNEDH. Pelos resultados obtidos, até o momento, é perceptível a importância da educação para transformação social, formando cidadãos conscientes de seu papel crítico e questionador, na busca pelo esclarecimento e respeito às problemáticas que envolvem as questões de gênero, vislumbrando a educação como instrumento hábil para possibilitar um novo perfil e uma nova ética pautada na garantia do respeito, da tolerância, da não violência e não discriminação, erradicando da sociedade a homofobia, o machismo e outras práticas ofensivas aos direitos humanos decorrentes de questões acerca de gênero, identidade sexual, orientação sexual e diversidade sexual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros. ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém. Companhia das Letras. Tradução José Rubens Siqueira, BITTAR, Eduardo C. B. Educação e metodologia para os direitos humanos: cultura democrática, autonomia e ensino jurídico. p Disponível em:

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