XXI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 19 à 23 de Outubro de 2015

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1 XXI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 19 à 23 de Outubro de 2015 Formação cidadã nas escolas 1. Universidade de Fortaleza Curso Direito 2. Universidade de Fortaleza Mestrado em Direito Constitucional 3. Professora da Universidade de Fortaleza Pedro Paulo Holanda Chaves1* (IC) Beatriz Randal 2 (PQ) Gina Marcílio Pompeu 3 (PQ) Palavras-chave: Cidadania. Estado. Educação. Constituição Federal. Formação. Resumo Por meio do presente artigo acadêmico, pretende-se analisar a formação cidadã dos estudantes no ensino médio brasileiro. O direito à educação está previsto na Constituição Federal brasileira de 1988, nos artigos 6 e 205, bem como na doutrina estrangeira disposta por Francesco Carnelutti e Rudolf Von Ihering. Buscase mostrar a importância de ensinar, aos jovens estudantes, a Constituição Brasileira para que eles possuam uma formação cidadã capaz de lutar por seus direitos, cumprir seus deveres e compreender, de forma plena, com o funcionamento do Estado. Ao contrário disso, atualmente, jovens concluem o ensino médio sem sequer conhecerem a Constituição Federal do Brasil. Logo, também desconhecem a relevância de buscar seus direitos e os meios necessários para isso. Este artigo científico é produzido por meio de pesquisa bibliográfica, doutrinária e estatística. E, por fim, tem como resultado esperado provocar a reflexão crítica da Academia. Introdução As escolas brasileiras possuem por objetivo alcançar o desempenho máximo de cada aluno nas disciplinas cobradas em exames nacionais, como o ENEM e outros grandes vestibulares, a fim de receber maior reconhecimento. De certa forma, o ensino focado nas matérias da grade curricular do ensino médio, como matemática e português, evoluiu o aprendizado do estudante nestas áreas, já que o ENEM exige um alto nível de rendimento em suas questões interdisciplinares. Por outro lado, as instituições públicas de ensino médio, muitas vezes, não repassam os valores e diversas formas de exercer a cidadania, que são declarados na Constituição Brasileira de Apresenta-se a palavra educação na Constituição Brasileira como um direito social, presente no artigo 6 :

2 São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constiuição. Ainda sobre a necessidade de formar cidadãos, e isso é dever do Estado, a Constituição Federal brasileira de 1988, em seu art. 205, aprofunda o tema educação de qualidade como uma das espécies de gênero direitos sociais ao afirmar que: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Nesse sentido, o presente estudo busca analisar a importância de disciplinas, nas escolas de nível médio, que tratem sobre os princípios constitucionais, a fim de que o jovem possa torna-se ciente dos direitos e deveres que possuem enquanto membro de uma sociedade. Metodologia O estudo envolveu uma pesquisa do tipo bibliográfica e jurídica, uma vez que a investigação foi realizada e embasada em trabalhos públicos sob diversas formas: livros, artigos científicos que tratam da importância do ensino nas escolas da disciplina que versa cidadania, a fim de que os jovens possam defender seus direito para que este permaneça na sociedade. Prevaleceu-se o uso dos princípios expostas na Constituição Federal, como o direito social à educação de qualidade. Além disso, por meio de estudos e reflexões sobre a formação de cidadãos no ensino médio, foi possível compreender os fatos observados no dia-a-dia escolar em uma instituição de ensino financiada pelo Estado do Ceará. Resultados e Discussão É preciso compreender o significado de cidadania, palavra exposta no artigo 205 da Constituição, e surge como um dos objetivos da educação. Segundo Dalmo de Abreu Dallari, cidadania é: A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade do grupo social. Com esta posição tomada por este cientista político, nota-se a importância de conhecer os direitos para exercê-los e poder ser definido como um cidadão na sociedade. Logo, muitos jovens concluem o ensino médio sem conhecerem seus direitos fundamentais para poderem defendê-los na vida adulta, como cidadãos ativos. Além disso, o número de jovens que estão no ensino superior, que é onde os ensinamentos de cidadania são mais repassados, ainda é baixo, cerca de 11% do total, segundo o IBGE.

3 Na década de 60, as instituições de ensino possuíam uma disciplina denominada OSPB (Organização Social e Política Brasileira), servindo para apresentar os direitos políticos e deveres do cidadão, bem como o funcionamento do Estado, a Constituição, os processos democráticos e as instituições brasileiras aos jovens estudantes. Logo após o Golpe Militar, essa disciplina passou a se chamar de Educação Moral e Cívica (EMC), mas reunindo partes do que já era ensinado anteriormente. No entanto, em 1993, a Lei extinguiu a obrigatoriedade de ensino dessas matérias nas escolas. Sendo assim, muitos jovens que frequentaram as escolas, após essa edição desta lei, não possuem noções básicas de direitos e deveres que os rodeiam dia-a-dia, como funcionam os órgãos públicos e a importância de ser um cidadão ativo na sociedade. Em razão dessa falta de informação por parte dos jovens brasileiros, o deputado Alex Manente elaborou o Projeto de Lei 1.029/2015 que visa incluir e tornar obrigatória a disciplina Introdução ao Direito no currículo do Ensino Médio, modificando, assim, o previsto no artigo 36 da Lei 9.394/96. A importância de conhecer o sistema jurídico e a Constituição Federal do local onde se vive ganha força quando juristas clássicos fazem referência ao tema. Sobre o assunto, Francesco Carnelutti afirma que: O direito é a armação do Estado. O direito é necessário para que o povo possa alcançar a sua firmeza.. Logo, também é necessário que o povo conheça seus direitos para poder interagir com estes e obter os melhores frutos, como o desenvolvimento social. Além deste jurista, surge também Ihering (2009, p. 14), mostrando a importância de defender e buscar aquelas garantias que o Estado oferece, já que foram conquistadas a custa de muitas lutas: Àquele que não sente, quando seu direito é insolentemente desprezado e calcado aos pés, que não se trata simplesmente do objeto desse direito, mas da sua própria pessoa; àquele que não experimenta a irresistível necessidade de defender sua pessoa e o seu justo direito, não temos que prestar auxílio e nenhum interesse tenho em o converter. Tem-se, portanto, que o ensino nas escolas, tanto públicas quanto particulares, de matérias que versam sobre direitos políticos e cidadania, são fundamentais para o desenvolvimento dos jovens do país, a fim de que este possam garantir seus direitos e cumprir com o seus deveres. Conclusão O esforço empregado nesta pesquisa tem como objetivo despertar o interesse da sociedade em relação aos seus direitos previstos na Constituição Federal, além de buscar aproveitar a interdisciplinaridade de matérias ensinadas na escola, acrescentando uma disciplina sobre direitos políticos e cidadania que é fundamental para o desenvolvimento social, moral e político das futuras gerações de brasileiros. A partir do estudo apresentado, surge a necessidade de ensinar aos jovens estudantes e futuros cidadãos a importância de conhecer os seus direitos para que possam exigi-los, além de cumprir seus

4 deveres de forma consciente, ou seja, não por estar fazendo algo que o livre de sanção, mas, sim, por saber que está fazendo um bem para a sociedade e agindo ativamente no meio em que vive. Portanto, a implementação do estudo da Constituição Brasileira no ensino médio deixará os jovens dotados de maior capacidade reflexiva e ativa para agir na comunidade em que vivem, buscando sempre o bem comum. Isso seria possível, já que teriam o conhecimento sobre a Constituição Federal que rege o país, a mesma que o garante direitos fundamentais, como à segurança e à propriedade, e direitos sociais, como a saúde e a educação. Sendo assim, todos os jovens entrarão em igualdade, independente da condição financeira ou escola que frequentassem, pois as instituições públicas de ensino médio também aprofundariam os estudos constitucionais, havendo maior conscientização do povo. Referências A educação e seus desafios no Brasil. Disponível em: > Acesso em: 20/08/15 A EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA, ENQUANTO DIREITO FUNDAMENTAL, E A SUA AÇÃO POLÍTICA NA BUSCA PERMANENTE AO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. %20Publica%20Brasileira%20Enquanto%20Direito%20Fundamental.pdf > Acesso em: 20/08/15 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projetos de Leis e Outras Proposições. Disponível em: < E88BDB2.proposicoesWeb1?idProposicao= &ord=0 > Acesso em: 10/08/2015 CARNELUTTI, Francesco. Arte do Direito; tradução Amilcare Carnelutti. São Paulo: Editora Pillares, 2007 Dallari, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, P.14 Direitos e deveres do cidadão brasileiro. Disponível em: < > Acesso em: 10/08/2015 Estado e cidadania. %20Cidadania%20e%20Estado%20Brasileiro%20-%20Victor%20Barau.pdf > Acesso em: 20/08/15 HERMÍNIO, COELHO. Projeto de Lei. Disponível em: < > Acesso em: 10/08/2015 IHERING, Rudolf Von. A luta pelo direito; tradução João de Vasconcelos. São Paulo: Martin Claret, 2009.

5 Significado de cidadania. Disponível em: < > Acesso em: 10/08/2015 Agradecimento À Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades e o tempo corrido. À UNIFOR, que abriu este espaço e me deu oportunidade para difundir meu conhecimento e amor pelo tema aqui exposto. À mestranda Beatriz Randal, pelo seu suporte, incentivo e correções no pouco tempo que lhe coube. Aos meus pais, pelo incentivo, suporte financeiro, e amor incondicional. E aos meus amigos, que sempre estão ao meu lado para me passarem confiança e a esperança de que o amanhã será melhor quando o hoje for vivido de forma produtiva, o meu muito obrigado.

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