XIV Encontro de Iniciação à Docência Universidade de Fortaleza 20 a 24 de outubro de 2014.
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- Fernando Barbosa
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1 XIV Encontro de Iniciação à Docência Universidade de Fortaleza 20 a 24 de outubro de PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Cibele Alexandre Uchoa¹* (ID), Francisco Humberto Cunha Filho² (PO) 1. Graduanda em Direito pela Universidade de Fortaleza. Monitora da disciplina Teoria dos Direitos Humanos do Programa de Monitoria Voluntária - PROMOV. Pesquisadora bolsista do PIBIC/CNPq. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais. c.alexandreuchoa@gmail.com 2. Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da Universidade de Fortaleza. Membro (líder) do Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais. Palavras-chave: Direitos Humanos. Educação. EDH. Princípios. Resumo O presente trabalho tem como foco a apresentação dos princípios orientadores da Educação em Direitos Humanos EDH. Como introito, realiza-se uma breve contextualização geral acerca dos direitos humanos e da EDH, passando-se à breve abordagem da evolução dessa e, por conseguinte, de seus fundamentos. A partir disso, passa-se à especificação dos princípios orientadores, referindo-se à importância compreendida. Por fim, chega-se às conclusões acerca da necessidade de cumprimento desses princípios enquanto norteadores de metodologias hábeis à EDH. Introdução Marco normativo dos Direitos Humanos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas ONU de 1948 deu início aos textos que se referem ao efetivo gozo de direitos, ensejando com isso o princípio da igualdade e não discriminação, sempre aludindo à não distinção, seja por raça, etnia, sexo, língua, religião, orientação e identidade sexual, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, nascimento ou quaisquer outras condições. Nesse processo, iniciado com a Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, a educação é compreendida enquanto mecanismo principal para o conhecimento da história dos direitos humanos e para o entendimento desse como instrumento para as mudanças sociais. A EDH, estando inclusa no direito à educação, faz parte do bloco dos direitos humanos, sendo primordial à formação de indivíduos com consciência social e histórica, gerando identidade tanto em relação a si mesmo quanto em relação à coletividade e aos demais sujeitos individualizados. Nesse contexto, a EDH contempla a dimensão da responsabilidade social, contribuindo à consolidação democrática, uma vez que suscita a igualdade e não discriminação ISSN
2 quanto a indivíduos, comunidades e grupos que tradicionalmente são excluídos do convívio social e privados de seus direitos. No cenário educacional brasileiro, a EDH vem ganhando mais espaço a partir da relação contígua existente entre educação e direitos humanos, notadamente fruto de um crescente processo que se iniciou com o Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH, ensejado após a Constituição de 1988, tendo suas primeiras versões surgido nos anos de 1996 e No PNDH-3, de 2010, o Eixo Orientador V se destina especificamente à Educação e Cultura em Direitos Humanos, contemplando em suas Diretrizes e respectivos Objetivos Estratégicos ações voltadas à promoção e à garantia da EDH, incluindo a previsão de implementação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos PNEDH. Metodologia Para o desenvolvimento do estudo e alcance dos resultados obtidos neste trabalho foram realizadas pesquisas de modalidade bibliográfica com abordagem qualitativa, incluindo livros, doutrinas específicas, artigos científicos, legislações e documentos oficiais, sendo tanto nacionais quanto internacionais. Quanto aos objetivos, é descritiva e exploratória, caracterizados pela forma de análise de dados e pela obtenção de informações. Resultados e Discussão Fundamentos da Educação em Direitos Humanos A compreensão da dimensão dos princípios está também condicionada aos fundamentos da EDH, aos quais se faz necessária alusão para o entendimento daqueles, sendo estes éticos, críticos e políticos. A formação ética se refere à formação em valores de natureza universal, humanizados, sustentando a dignidade e os direitos das pessoas. Os fundamentos críticos estão relacionados à capacitação para análise e avaliação dos contextos sociais, econômicos, políticos e culturais, tendo como parâmetros os valores dos direitos humanos, a fim de promover ações institucionais coerentes. A formação política encarrega, por fim, o indivíduo ao compromisso com a modificação das condições sociais que se contrapõem à realização efetiva dos direitos humanos. Princípio da dignidade humana O princípio da dignidade humana remete à própria ideia de uma existência humana vinculada e sustentada em direitos indissociáveis. A dignidade da pessoa humana é fundamento da República Federativa do Brasil, estando elencado no inciso III do artigo 1º da Constituição Federal de Consiste ainda em considerar as múltiplas distribuições encontradas na sociedade, de modo a proporcionar que os indivíduos e os grupos estejam inseridos e consequentemente vivam de acordo com os suas próprias conceituações de dignidade, sendolhes intrínsecas.
3 Princípio da igualdade de direitos Desdobramento do princípio anterior, que denota a necessidade de uma condição igualitária no que se refere às relações entre os indivíduos, o princípio da igualdade de direitos remete à ampliação de direitos, com o intuito de gerar igualdade com justiça, sendo esses direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais. Princípio da laicidade estatal Com o intuito de garantir o respeito à diversidade religiosa no Brasil, atende ao disposto na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU de 1948, no que se refere à garantia à liberdade de crença. O dever estatal é de adotar postura imparcial, mesmo quando se trata de conflitos, as interferências apenas são aceitáveis em casos nos quais há prejuízos aos direitos fundamentais. Princípio da democracia na educação Esse princípio se refere à participação e horizontalidade do ensino, uma vez que o processo da democracia e do ensino são desenvolvidos a partir da participação, da troca. Dessa forma, no que concerne à EDH, o princípio da democracia na educação consiste na inclusão participativa de todos os sujeitos abrangidos no processo de ensino-aprendizado da EDH. Princípio do reconhecimento e valorização das diversidades Condiz com o ideal de lutas e contraposições ao preconceito e à discriminação, de modo a garantir a equidade social. Remete aos textos das declarações de direitos e demais documentos internacionais que em seus conteúdos transportam indicações acerca das não distinções, seja qual for a natureza, não se podendo distinguir por raça, cor, etnia, língua, religião, crenças, opinião política, orientação e identidade sexual, origem nacional ou social, dentre outras condições. Princípio da interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transversalidade Com denominação auto explicativa, esse princípio se refere à necessidade de aplicação de metodologias que congreguem aspectos inter e multidisciplinares, trazendo temáticas transversais, assim como remetendo à horizontalização do ensino, englobando diversas áreas do conhecimento e permitindo fluxos no processo ensino-aprendizagem. Vislumbra-se o caráter transversal da educação de forma geral no que refere o caput do artigo 1º da Lei nº 9.394, de
4 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a educação engloba aqueles processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Princípio da sustentabilidade socioambiental Esse princípio se refere às esferas nas quais os indivíduos publicamente se interrelacionam, contemplando o estímulo ao respeito aos espaços públicos, sendo entendidos como de pertencimento de todos. Contribui, por conseguinte, para a cidadania, uma vez que se refere à relação com o ambiente e com os outros indivíduos, o que remete a outros princípios sempre quando faz referência ao convívio, à responsabilidade pela igualdade e não discriminação. Conclusão A EDH, sendo integrante do direito à educação, é vislumbrada como indispensável à formação conferida de consciência identitária, social, cultural, histórica, contribuindo à noção de identidade, bem como o sentimento de pertencimento. Nesse segmento a EDH dialoga com aspectos característicos da responsabilidade social, estando em uma ambiência de consolidação da democracia, sendo indissociável das ilações concernentes à igualdade e à não discriminação, e por isso mesmo sendo importante à identidade, à inclusão e à responsabilidade pelas mudanças sociais. A EDH carece ainda de metodologias e mesmo de implementação, seja no Ensino Básico, seja no Ensino Superior, o que dificulta o ensino dos direitos humanos e condutas com esses direitos condizentes. Mecanismos e instrumentos hábeis à efetivação desse ensino são necessários de modo a, ainda, não restringir os direitos humanos (incluindo-se aí o ensino, a implementação, a efetivação, a defesa, etc.) ao ensino formal, uma vez que são nucleares aos sujeitos e, efetivamente, indispensáveis às demandas sociais. Os princípios orientadores da EDH, além de sua indubitável importância, facilmente identificável por serem princípios, são ainda norteadores para a execução de propostas e ações programáticas que visam desenvolver, melhorar e promover o bem estar social, concretizando o ideal de inclusão, justiça, igualdade e não discriminação. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de Disponível em: < Acesso em: 05 set
5 . Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: < Acesso em: 05 set Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Brasília: SDH/PR, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos de Disponível em: < Acesso em: 05 set Agradecimentos À Universidade de Fortaleza e seu Programa de Monitoria, pela oportunidade de iniciação docente. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, pelo incentivo financeiro através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC. Aos alunos da disciplina Teoria dos Direitos Humanos. Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais, em especial aos integrantes docentes, pelo incentivo, confiança, amizade e infindáveis contribuições. Ao Professor Humberto Cunha, pela orientação, oportunidades, confiança, incentivo e amizade.
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