Grupo de Estudos Direito, Tecnologia e Inovação

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1 Grupo de Estudos Direito, Tecnologia e Inovação O Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) tem como missão estudar as implicações jurídicas, econômicas, sociais e culturais advindas do avanço das tecnologias da informação, desenvolvendo projetos de pesquisa aplicada nessas áreas. Todas as pesquisas realizadas pelo CTS possuem abertura disciplinar para áreas não jurídicas e privilegiam o estudo e o fomento da inovação. Tendo estes pressupostos em mente, e com o intuito de integrar os alunos da graduação às pesquisas em andamento no CTS, estamos iniciando a segunda temporada do grupo de estudos e pesquisa intitulado Direito, Tecnologia e Inovação. No ano passado um grupo de seis alunos foi formado e cinco reuniões foram realizadas. Em 2011 as atividades do grupo consistirão na realização de 10 (dez) encontros presenciais ao longo do ano. Em cada um desses encontros, um dos atuais temas de pesquisa do CTS será apresentado por um de seus pesquisadores, para em seguida ser debatido pelos alunos participantes. O debate será embasado pela leitura obrigatória de textos previamente indicados. Os temas a serem debatidos são: 1- Games e Liberdade de Expressão Os jogos eletrônicos representam uma crescente mídia, cultura e forma de expressão artística. No entanto, as experiências fornecidas pelos jogos e os seus temas são equivocadamente compreendidas pela mídia como tendo um efeito negativo sobre a sociedade. Tais impressões levam muitas vezes à proibição ou regulamentação prejudiciais ao desenvolvimento de jogos. O objetivo dessa discussão é debater o papel da liberdade de expressão no desenvolvimento desta nova forma de manifestação cultural. 2- O Marco Civil e a garantia de direitos fundamentais na Internet Após 15 anos de oferta comercial de acesso à Internet no Brasil, ainda não existe um texto de lei específico que discipline a aplicação dos direitos fundamentais na rede - essencial para a resolução de casos controvertidos sobre censura, invasão de privacidade e danos diversos - e promova o desenvolvimento econômico e cultural. A ausência de definição legal específica, em face da realidade diversificada das relações virtuais, tem gerado decisões judiciais conflitantes, e mesmo contraditórias. A iniciativa denominada Marco Civil da Internet no Brasil, surgiu com o intuito de construir, de forma colaborativa, um anteprojeto de lei que estabelecesse, entre outros pontos, princípios, garantias e direitos dos usuários de Internet. A discussão parte da análise do atual cenário de vácuo normativo, para então avaliar o impacto que o Marco Civil pode gerar, caso seja aprovado.

2 3- Lan Houses e inclusão digital Pesquisas apontam que 48% dos usuários de internet no Brasil utilizam os Centros Públicos de Acesso Pago (que incluem Lan Houses, Internet Cafés e outros estabelecimentos similares) como o principal meio para se conectar à rede mundial de computadores, superando o acesso feito em domicílio, que é realizado por 42% dos usuários, e mais acessadas do que os próprios centros de acesso gratuito criados pelo Poder Público. Observase que as Lan Houses possuem uma importância primordial para propiciar acesso à internet, em especial quando se trata do acesso para as camadas mais pobres da população. Hoje, entretanto, vários são os gargalos que impedem a regularização destes estabelecimentos. Diante disso, o grupo vai discutir a importância das Lan Houses no Brasil, bem como os problemas legais que impedem o pleno desenvolvimento do potencial desses empreendimentos como efetivos centros de inclusão digital. 4- A reforma da Lei de Direitos Autorais A atual proposta de modernização da Lei de Direito Autoral que o Governo Federal apresentou à sociedade teve como objetivo trazer equilíbrio à antiga disputa entre os direitos de artistas e criadores e o direito de todos ao acesso à cultura e ao conhecimento. Os direitos autorais são também a espinha dorsal da economia da cultura, pois estimulam a criatividade e regula o acesso aos próprios bens culturais. A atual Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98) é claramente precária nessa harmonização entre os dois pólos. Além disso, as tecnologias digitais e a internet, ao criarem novas possibilidades de trocas simbólicas e econômicas, reforçam as lacunas dessa legislação. Ao discutir a reforma da lei, o grupo vai se debruçar sobre a questão do equilíbrio entre direito do autor e acesso ao conhecimento, bem como sobre os impactos das novas tecnologias no direito autoral. 5 Domínio Público O estudo do domínio público no direito autoral não se resume a analisar os prazos de proteção conferido às obras intelectuais. De tratamento escasso pela doutrina, o tema é bem mais complexo do que aparenta em um primeiro momento, abrangendo diversas áreas do direito e tendo implicações diretas na vida da sociedade. O domínio público tem relação com direitos da personalidade, com o direito contratual, com o direito do consumidor e diz respeito a questões práticas de extrema importância, como o papel dos arquivos públicos e o atendimento a preceitos constitucionais de acesso à informação e ao conhecimento. 6 Pirataria O Acordo TRIPS define "pirataria" como a violação dos direitos autorais e os que lhes são conexos e estabelece em sua Parte III uma série de medidas a serem adotadas para a repressão desse tipo de conduta. Por trás do debate quanto à implementação, em legislação doméstica, dos padrões mínimos estabelecidos no Acordo, esconde-se uma série de questões e problemas que marcaram duas décades de intensos conflitos políticos e articulações entre atores do setor público e

3 privado. Essas questões são usualmente reduzidas ao simples problema de como eliminar a pirataria--usualmente por um viés criminalizante e repressivo--pelas associações que representam as indústrias do direito autoral e por muitos dos artigos publicados na imprensa sobre o tema. Com base em um relatório publicado em 2011 pelo Social Science Research Council, de cuja elaboração participou o CTS, o fenômeno pirataria será estudado de modo a tornar mais transparentes as questões de fundo do debate, contextualizando a violação de direitos autorais em seus os aspectos jurídico-dogmáticos, econômicos, políticos, históricos e sociais. Para tanto, serão estudados os crimes de violação aos direitos autorais, os últimos dez anos de combate à pirataria no Brasil, o papel da pressão feita pelos EUA por meio de seu USTR (United States Trade Representative) e relatórios Special 301, a formação da CPI da Pirataria, a criação e atuação do CNCP (Conselho Nacional de Combate à Pirataria) e sua interação com o GIPI (Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual) e o Plano Nacional de Combate à Pirataria. 7 Privacidade e Proteção de Dados As novas tecnologias proporcionam meios cada vez mais eficientes de comunicação e interação entre as pessoas, meios estes que acabam implicando no tratamento sempre mais intenso e volumoso de informações pessoais. O uso abusivo de informações pessoais, fora da esfera de controle do cidadão, reflete em danos à sua privacidade, automomia pessoal e mesmo à sua prerrogativa de igualdade. Com o objetivo de fornecer ao cidadão as garantias necessárias em relação a seus dados pessoais na Sociedade da Informação, foi elaborado um Anteprojeto de Lei sobre Proteção de Dados Pessoais, submetido pelo Ministério da Justiça e pelo Observatório Brasileiro de Politicas Digitais à apreciação pública. O debate sobre o tema pretende relacionar os instrumentos de tutela da privacidade e dados pessoais disponíveis em nosso ordenamento e propostos no Anteprojeto de Lei, lacionando-os com a realidade da dinâmica de fluxo de informações presente nas redes sociais, no comércio eletrônico e na Internet de um modo geral. 8 Moda, tecnologia e propriedade intelectual A imensa maioria das legislações que versam sobre propriedade intelectual deixa de lado a proteção às peças de vestuário. A alegação é que tais artigos seriam meramente utilitários e carecem do elemento criativo necessário à obtenção da tutela legal. Porém, hoje não há dúvidas de que a moda tomou proporções imensas, movendo fluxos globais de riqueza e mobilizando milhares de atores nas diversas etapas da sua cadeia produtiva. Além disso, novas tecnologias permitem que marcas e peças sejam rapidamente difundidas e copiadas. Esse novo cenário trouxe uma demanda por meios eficientes de proteção às criações do setor. Por outro lado, existem aqueles que alegam existir certa incompatibilidade do setor com proteções rígidas à propriedade intelectual. O debate busca apontar

4 possíveis cenários para o futuro do setor da moda e sua interface com o Direito. 9 Governança da internet Quem controla a internet? A resposta para essa pergunta passa pelo estudo da governança da rede. Nesse tópico serão estudadas as formas de gestão técnica e regulatória da internet, incluindo o debate sobre a ICANN, entidade norte-americana que regulamenta e opera o sistema de nomes de domínio, além da formação de um fórum global sobre governança da internet (IGF), vinculado à Organização das Nações Unidas. Dentre os temas discutidos está a garantia de participação de agentes plurais (multistakeholder) nas decisões sobre governança, bem como controvérsias envolvendo a criação de novos nomes de domínio (como o.xxx para sites de conteúdo adulto) e a filtragem do discurso na própria raiz da rede. 10 Patentes, Saúde Pública e Acesso a Medicamentos Uma nova revolução científica está ocorrendo, com especial destaque para as transformações provocadas pela chamada biotecnociência. Inovações nesse âmbito, como medicamentos, novas tecnologias reprodutivas e genéticas, de biotecnologias verde e vermelha, apontam para novas possibilidades industriais até há pouco tempo impensadas. Tais pesquisas estão cada vez mais vinculadas ao mercado financeiro, nas bolsas de tecnologia, onde firmas especializadas captam capital de risco para investir no desenvolvimento da pesquisa. Justifica-se, assim, o crescimento agudo do número de empresas de biotecnologia, sobretudo nos Estados Unidos, indicando uma forte tendência de privatização da pesquisa e da inovação biomédica, em todas as suas etapas. Esse fato é evidenciado pela abrangência cada vez maior do patenteamento sobre partes e elementos do corpo humano. Essa tendência a uma progressiva privatização da pesquisa e do conhecimento por ela adquirido afeta as possibilidades de aquisição de conhecimento no plano local, bem como o próprio acesso da população aos bens produzidos. Assim, surge o desafio de se encontrar um equilíbrio entre o incentivo à inovação, um dos princípios que originou o surgimento de mecanismos de apropriação de bens intelectuais, como as patentes, e as diferentes necessidades, sobretudo nos países do hemisfério sul, de acesso ao conhecimento e bens dele derivados. Inscrições: O Centro de Tecnologia e Sociedade selecionará até 15 alunos para integrar o grupo de pesquisa. Para participar do processo seletivo o aluno deverá atender aos seguintes pré-requisitos: - Coeficiente de rendimento mínimo de 7,5; - Ser aluno do curso de Direito e estar entre o 2º e 10º período. Embora não seja um requisito, a habilidade de leitura de textos em inglês será levada em consideração para os fins de seleção do/a candidato/a.

5 Além disso, o aluno deverá responder, em até uma página, a pergunta Como você usa a tecnologia digital no seu dia-a-dia? Exemplifique. As respostas deverão ser enviadas para o cts@fgv.br até o dia 04 de abril, acompanhadas de currículo atualizado. Integrantes da temporada passada do Grupo precisam apenas informar se gostariam de permanecer para as atividades de 2011 (e comprovar que mantiveram o CR solicitado). O resultado da seleção será divulgado na primeira quinzena de abril e na segunda quinzena do mês será realizada a primeira reunião do grupo. Espera-se que os alunos possam se envolver nas pesquisas do Centro, seja através da criação de conteúdo para os diversos sites do CTS ( seja através de artigos que possam ser veiculados em publicações impressas do Centro, dentre outras atividades. A participação efetiva no Grupo de Estudos, conforme avaliação a ser desempenhada por seus coordenadores, implicará na concessão de até 30 (trinta) horas de atividade complementar.