PROCESSO DE INSOLVÊNCIA Processo N.º 1803/10.3T2AVR Comarca do Baixo Vouga Aveiro Juízo do Comércio BRITO MARINHO, LDA. RELATÓRIO DO ADMINISTRADOR DE INSOLVÊNCIA Nos termos do art.º 155º do C.I.R.E. 1/6
RELATÓRIO DO ADMINISTRADOR DE INSOLVÊNCIA Art. 155.º, do C.I.R.E. PROCESSO N.º 1803/10.3T2AVR Aveiro Juízo do Comércio, Comarca do Baixo Vouga BRITO MARINHO Investimentos Imobiliários, Lda. Relatório apresentado por Jorge Manuel e Seiça Dinis Calvete, nomeado Administrador de Insolvência nos autos à margem identificados, em que é declarada a insolvência de BRITO MARINHO, Lda., no âmbito do disposto no Art. 155.º, do C.I.R.E. CAPÍTULO I Artigo 155º - Alínea A) Análise dos elementos incluídos no documento referido na al. c) do Nº 1 do Art. 24.º, do C.I.R.E. 1 - Actividade BRITO MARINHO Investimentos Imobiliários, Lda., é uma sociedade comercial por Quotas, pessoa colectiva n.º 504322656, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Aveiro com sede na Avenida José Estevão, n.º 398, freguesia da Gafanha da Nazaré, 3830-556 Ilhavo. O objecto social da ora insolvente consiste na construção e reparação de edifícios, compra, venda e revenda dos adquiridos para esse fim, arrendamento, trespasses de propriedades e gestão e administração de condomínios. A insolvente tem um capital social de de 103.251,16 integralmente realizado e distribuído em quatro quotas, a saber: a) Uma quota pertencente a Patricia Louro da Silva Brito Marinho, no valor nominal de 26.845,30 ; b) Uma quota pertencente a Patricia Louro da Silva Brito Marinho, no valor nominal de 24.780,28 ; c) Uma quota pertencente a Carlos Manuel Brito Marinho, no valor nominal de 26.845,30 ; d) Uma quota pertencente a Carlos Manuel Brito Marinho, no valor nominal de 24.780,28. 2/6
A sociedade obriga-se com a assinatura de qualquer gerente, cabendo a mesma ao sócio Carlos Manuel Brito Marinho. 2 Causas da situação de insolvência A insolvente em apreço veio requerer a declaração da sua própria insolvência nos termos do disposto no Artigo 18.º do C.I.R.E., explicitando, na sua petição inicial, o que entende serem as causas da situação em que se encontra. Para tanto, alega, em síntese, que durante os doze anos de laboração, passou por várias fases sendo que nos primeiros anos de actividade e até ao ano de 2009, a requerente possuía uma estrutura financeira sólida e equilibrada, o que se devia, sobretudo, à sua capacidade de autofinanciamento e a uma situação de quase inexistência de endividamento. Perante a adjudicação de algumas obras, viu-se a requerente obrigada a proceder ao aumento do seu financiamento junto das diversas instituições bancárias. Ora, com o crescimento da actividade e da responsabilidade, surgiu a necessidade de proceder a determinados investimentos como volte de face à modernização tecnológica e ás exigências dos clientes. No entanto, a partir do ano de 2008, a insolvente em análise começou a sentir problemas a nível interno, de natureza económica e financeira, que se traduziram em factores fortemente regressivos traduzidos por perdas de produção, produtividade e de competitividade. Não obstante, apesar de todas as dificuldades sentidas, a empresa continuou a laborar e conseguiu aumentar a facturação bem como reduzir a taxa de absentismo, retomando ao contacto e fornecimento com alguns clientes. Fruto da instabilidade económica e a partir do final do ano de 2009, a empresa apesar dos inúmeros esforços, não conseguiu cumprir com os seus objectivos, tendo baixado significativamente o seu volume de negócios. Nestes termos, mais alegaram para o efeito que em resultado da negativa conjuntura económica do pais e do mundo em geral, bem como os problemas que se vem sentido no sector da construção civil, a requerente, não conseguiu cumprir com os seus objectivos, começando a apresentar prejuízo grave, bem como deixou de cumprir com as suas obrigações. Desde essa ocasião e até à presente data, que a requerente passou a estar em incumprimento total para com os seus fornecedores, banco, fisco e estado. 3/6
Actualmente encontra-se a mesma numa profunda crise financeira. Em situação de crise, a ora insolvente não conseguiu demonstrar uma capacidade forte de resposta à visível falta de competitividade, quer no que respeita a um programa que permitisse fixar objectivos, controlá-los, proceder à correcção dos respectivos desvios, quer no que respeita à angariação de recursos e de clientela. A acrescer à presente situação, a insolvente já não tem qualquer trabalhador ao seu serviço, nem tão pouco carteira de clientes. A situação de insuficiência patrimonial da requerente consubstancia-se na insusceptibilidade do cumprimento pontual do acervo das suas obrigações que, pelos montantes e volume, a impedem de satisfazer a generalidade do seu passivo. Assim, neste, como na quase generalidade dos processos de insolvência, não podemos apontar uma única causa para a situação de insolvência, mas um conjunto de factores adversos que isoladamente até poderiam ser combatidos mas, evidenciando-se em simultâneo, tornam incontrolável a manutenção da saúde económica e financeira de qualquer empresa. CAPÍTULO II Artigo 155º - Alínea B) Análise do Estado da Contabilidade do devedor e sua opinião sobre os documentos de prestação de contas e de informação financeira junto aos autos pelo devedor. A insolvência foi requerida pelo devedor, pelo que existe junto aos autos da Insolvência os documentos a que aludem o n.º 1 do art.º 24.º do C.I.R.E. Pela análise dos elementos contabilísticos à disposição do Administrador de Insolvência, pode-se concluir que a contabilidade encontra-se organizada de acordo com o Plano Oficial de Contabilidade até ao final do exercício de 2009. Todavia, o facto de existirem contas organizadas de acordo com o P.O.C., não permite concluir que a contabilidade reflecte a realidade patrimonial da empresa, no entanto será esta questão analisada pelo Administrador de Insolvência aquando da elaboração do parecer relativo à Qualificação da Insolvência. 4/6
Em conclusão e considerando a possibilidade de uma análise mais aprofundada às contas referidas não pode no entanto emitir o seu parecer relativamente à correspondência com a realidade patrimonial da empresa, pois não foram até ao momento efectuados quaisquer procedimentos de auditoria. CAPÍTULO III Artigo 155º - Alínea C) Perspectivas de Manutenção da Empresa. Conveniência em se Aprovar Plano de Insolvência Actualmente, pelo teor da sentença de declaração de insolvência, podemos concluir que não existe qualquer perspectiva de continuidade da actividade comercial a que se dedicava a insolvente em apreço. Pelo exposto, não havendo, igualmente, conhecimento de credores que façam tenções de apresentar plano de insolvência, nos termos do art.º 193º do C.I.R.E., o signatário também não apresenta à Assembleia plano de insolvência, pugnando pela pura liquidação do património da empresa em benefício dos seus credores, tendo sempre em consideração as prioridades estabelecidas no C.I.R.E. CAPÍTULO IV Artigo 155º Alínea E) Elementos Importantes para a Tramitação do Processo Foi requerido pelo Administrador da Insolvência ao Banco de Portugal os seus bons ofícios a fim de serem informados os eventuais saldos existentes susceptíveis de apreensão, bem como ao Instituto de Seguros de Portugal, a fim de darem a conhecer as eventuais aplicações financeiras de que a insolvente fosse titular. Foram ainda notificados os Serviços de Finanças de Odemira, bem como a Direcção dos Serviços de cobrança do I.V.A. e I.R.C., nos termos do disposto no Artigo 181.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário a Artigos 85.º e 88.º do Código da Insolvência e Recuperação de Empresas, para que remetam certidão das dívidas do insolvente à Fazenda Pública e a avocação dos processos em que a insolvente seja executada ou responsável e que se encontrem pendentes nos órgãos de execução fiscal do seu domicílio e daquele onde tenha bens ou exerça comércio ou indústria a fim de serem apensados ao Processo de Insolvência. 5/6
Foram igualmente notificados, nos termos do n.º 6 do Artigo 55.º do C.I.R.E., o Serviço de Finanças de Aveiro, a Conservatória do Registo Predial e Comercial de Aveiro e Conservatória do Registo Automóvel de Leiria no sentido de recolher informações sobre imóveis, veículos automóveis e quotas ou acções de empresas registados em nome da insolvente em apreço. Nestes termos, de acordo com as diligências efectuadas no sentido de localizar bens que pudessem integrar a massa insolvente, nos termos e para os efeitos previstos na alínea g) do Artigo 36.º e Artigo 149.º, ambos do C.I.R.E. ao presente Relatório é junto o Inventário de bens a que alude o art.º 153.º do C.I.R.E. É anexa igualmente a lista provisória dos credores a que alude o n.º 2 do art.º 155.º do C.I.R.E., elaborada nos termos do art.º 154.º do citado diploma legal, com indicação por ordem alfabética de cada credor, respectivo endereço, fundamento, natureza, montante de capital e juros. Em resultado do exposto, propõe o Administrador de Insolvência: a) Cessação de actividade em sede de IRC, devendo tal encerramento ficar a constar da Acta da Assembleia de Credores de Apreciação do Relatório e comunicado oficiosamente ao Serviço de Finanças competente b) Encerramento do processo por insuficiência de bens, nos termos do artigo 232º do C.I.R.E. O Administrador de Insolvência Em anexo: Inventário Art. 153º do C.I.R.E.; Lista provisória de credores Art. 154º do C.I.R.E. 6/6