PROCESSO DE INSOLVÊNCIA
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- Laís Diana Martins Vidal
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1 PROCESSO DE INSOLVÊNCIA Processo N.º 235/11.0TYLSB Tribunal do Comércio de Lisboa 4.º Juízo RETEF Rede Expresso de Transportes de Frio, Lda. RELATÓRIO DO ADMINISTRADOR DE INSOLVÊNCIA Nos termos do art.º 155.º do C.I.R.E. 1/7
2 RELATÓRIO DO ADMINISTRADOR DE INSOLVÊNCIA Art. 155.º, do C.I.R.E. INSOLVÊNCIA DE RETEF Rede Expresso de Transportes de Frio, Lda. Tribunal do Comércio de Lisboa, 4.º Juízo INSOLVÊNCIA, PROCESSO N.º 235/11.0TYLSB Relatório apresentado por Jorge Manuel e Seiça Dinis Calvete, nomeado Administrador de Insolvência nos autos à margem identificados, em que é declarada a insolvência de RETEF, LDA., no âmbito do disposto no Art. 155.º, do C.I.R.E. CAPÍTULO I Artigo 155º - Alínea A) Análise dos elementos incluídos no documento referido na al. c) do Nº 1 do Art. 24º, do C.I.R.E. 1 - Actividade RETEF Rede Expresso de Transportes de Frio, Lda., é uma Sociedade Comercial por quotas, Pessoa Colectiva n.º , matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Arruda dos Vinhos, com sede em Arranhó, freguesia de Arranhó, Arruda dos Vinhos. Tem por objecto social os transportes rodoviários de mercadorias, nomeadamente, de produtos agrícolas. (Doc. 1 Certidão Registo Comercial) Actualmente, tem um capital social de ,96, tendo como actuais sócios e detentores do seu capital social: a) PORTUGRICOLA Produtos Agrícolas, S.A., NIPC , com dez quotas, não unificadas, no valor nominal global de ,19 ; b) José Victor Rodrigues Gonçalves, NIF , com uma quota no valor nominal de 7.980,77. 2/7
3 A sua gerência, de facto e de direito, está a cargo de: a) António Luís Soares Gonçalves, NIF , residente na Rua 5 de Outubro, n.º 1, Arranhó; e de b) Carlos Maria Rodrigues, NIF , residente na Rua 8 de Setembro, n.º 1 A, Quinta do Paço, Arranhó. 2 Causas da situação de insolvência A ora insolvente veio nos termos dos Arts. 18.º e seguintes do C.I.R.E. requerer a declaração da sua própria insolvência, invocando, na petição que a requereu, o que entende serem as causas da actual situação em que esta se encontra. Para tanto alega que foi criada em 1996, pelo mesmo grupo de accionistas que constituíra a FRUTAR, com o objectivo de efectuar o transporte e logística de todos os produtos transaccionados pelas empresas do grupo. Refira-se ainda que as necessidades de transporte de todo o grupo Frutar / Portugrícola, garantiam cerca de 90% do serviço da frota, sendo os restantes 10% disponibilizados a empresas do sector que cada vez mais necessitam deste tipo especializado de suporte logístico. A crescente procura deste tipo de transportes e as necessidades cada vez maiores de capacidade logística que o mercado manifestava, levaram a que os accionistas decidissem investir na construção de instalações industriais, constituídas por um armazém equipado com cais de carga e descarga e câmaras de frio, em Alpiarça, região predominantemente agrícola, tendo, para o efeito, adquirido crédito bancário. Todavia, o actual cenário económico do Pais e a actual situação de insolvência da Frutar, principal cliente da devedora, revelaram a má opção estratégica, tendo causado uma condição de tesouraria muito difícil originando, consequentemente, constrangimentos financeiros difíceis de superar. Assim, a devedora acaba por concluir que a situação se tornou insustentável, não tendo condições para manter a actividade nos moldes em que esta se encontra estruturada, tanto mais que a empresa se confronta com uma progressiva e total paralisação da sua actividade, pela escassez de meios financeiros. Refere ainda que não tem condições mínimas para satisfazer as suas responsabilidades financeiras assumidas, nem para financiar um fundo de maneio que permita a continuidade do seu negócio. 3/7
4 Considerando a situação de bloqueio bancário em que a Requerente se encontra e a impossibilidade de receber os créditos de detêm sobre terceiros, não se vislumbra solução possível para a sua reestruturação. Refira-se que foram estes os factos que estiveram na origem da apresentação da RETEF, Lda. à insolvência. Associam-se a estes factores o aumento muito significativo dos custos financeiros, provocado pela incapacidade da tesouraria, o que, aliado a uma acentuada diminuição da prestação dos serviços, que não foi compensada, de forma alguma, com as margens de lucro, levou a que a insolvente se visse impossibilitada de cumprir pontualmente as suas obrigações e honrar os compromissos assumidos, o que determinou o esgotamento dos recursos de tesouraria, a que também não é alheio a incoerência entre a forma de financiamento e o investimento, que provoca custos financeiros perfeitamente desadequados. Nestes termos e em jeito de conclusão neste, como na quase generalidade dos processos de insolvência, não podemos apontar uma única causa para a situação de insolvência, mas um conjunto de factores adversos que isoladamente até poderiam ser combatidos mas, evidenciandose em simultâneo, tornam incontrolável a manutenção da saúde económica e financeira de qualquer empresa. CAPÍTULO II Artigo 155º - Alínea B) Análise do Estado da Contabilidade do devedor e sua opinião sobre os documentos de prestação de contas e de informação financeira junto aos autos pelo devedor. A insolvência foi requerida pelo devedor, pelo que existe junto aos autos da Insolvência os documentos a que aludem o n.º 1 do art.º 24.º do C.I.R.E. Pela análise dos elementos contabilísticos à disposição do Administrador de Insolvência, pode-se concluir que a contabilidade se encontra organizada de acordo com o Plano Oficial de Contabilidade até ao final do exercício de 2010., verificando-se ainda que o exercício de 2011 está devidamente contabilizado. Todavia, o facto de existirem contas organizadas de acordo com o P.O.C., não permite concluir que a contabilidade reflecte a realidade patrimonial da empresa, sendo que no caso em concreto, mesmo sem procedimentos de auditoria e não obstante analise mais detalhada aquando da elaboração do parecer relativo à qualificação de insolvência, tudo faz parecer que a contabilidade 4/7
5 é o espelho da empresa e uma ferramenta de gestão a utilizar, excepcionando inevitáveis ajustes (provisões) a créditos sobre clientes e reavaliação de investimentos financeiros. Refira-se ainda que os serviços de contabilidade continuam a ser prestados à empresa, mantendo as suas funções desde a declaração de insolvência. Em conclusão e considerando a possibilidade de uma análise mais aprofundada às contas, nomeadamente com a realização de uma auditoria, caso se venha a verificar necessário, pode o Administrador de Insolvência afirmar que os documentos de prestação de contas estão devidamente apresentados até ao final do exercício de 2009, não podendo no entanto emitir o seu parecer relativamente à correspondência com a realidade patrimonial da empresa, pois não foram até ao momento efectuados quaisquer procedimentos de auditoria. CAPÍTULO III Artigo 155º - Alínea C) Perspectivas de Manutenção da Empresa. Conveniência em se Aprovar Plano de Insolvência No decurso do trabalho desenvolvido pelo Administrador de Insolvência, verificou-se que a actividade da insolvente é neste momento praticamente inexistente, aguardando a decisão desta Assembleia de Credores para definir o seu futuro. Todavia, percebendo a vontade de recuperação da empresa por parte da administração da insolvente, considera o Administrador de Insolvência, que, a manter-se essa intenção, deverá ser apresentado Plano apresentado pela devedora devendo a posteriori ser posto à consideração dos credores. Enquadro também neste capítulo, uma simples consideração comparativa com cenário de liquidação imediata, transmitindo aos credores que o actual património da insolvente não sofrerá deterioração até a uma possível Assembleia de Credores de apreciação e votação do Plano de Insolvência, sendo a fiscalização e acompanhamento da gestão, da responsabilidade do Administrador de Insolvência, concluindo que a intenção apresentada em nada poderá prejudicar os credores, mesmo se não aprovado ou homologado o Plano de Insolvência. Em suma, a conveniência de apresentação de Plano resulta numa evidência clara no processo em causa, pois a liquidação da empresa declarada insolvente, de acordo com os resultados que habitualmente se obtêm nas liquidações desta natureza, será completamente catastrófica para os credores em geral e por razões por todos sobejamente conhecidas, para os trabalhadores em particular. 5/7
6 CAPÍTULO IV Artigo 155º Alínea E) Elementos Importantes para a Tramitação do Processo Foi requerido pelo Administrador da Insolvência ao Banco de Portugal os seus bons ofícios a fim de serem informados os eventuais saldos existentes susceptíveis de apreensão, bem como ao Instituto de Seguros de Portugal, a fim de darem a conhecer as eventuais aplicações financeiras de que a insolvente fosse titular. Foram ainda notificados os Serviços de Finanças de Águeda, bem como a Direcção dos Serviços de cobrança do I.V.A. e I.R.C., nos termos do disposto no Artigo 181.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário a Artigos 85.º e 88.º do Código da Insolvência e Recuperação de Empresas, para que remetam certidão das dívidas do insolvente à Fazenda Pública e a avocação dos processos em que a insolvente seja executada ou responsável e que se encontrem pendentes nos órgãos de execução fiscal do seu domicílio e daquele onde tenha bens ou exerça comércio ou indústria a fim de serem apensados ao Processo de Insolvência. Foram igualmente notificados, nos termos do n.º 6 do Artigo 55.º do C.I.R.E., o Serviço de Finanças, a Conservatória do Registo Predial e Comercial de competentes e a Conservatória do Registo Automóvel no sentido de recolher informações sobre imóveis, veículos automóveis e quotas ou acções de empresas registados em nome da insolvente em apreço. Em resultado das diligências supra referidas é junto o inventário de bens a que alude o art.º 153.º do C.I.R.E. De igual forma ora se junta uma Lista Provisória de Credores, elaborada nos termos do Artigo 154.º do C.I.R.E.. 6/7
7 Em resultado do exposto, propõe o Administrador de Insolvência: 1 Manutenção da possibilidade de apresentação de Plano de Insolvência pelo devedor: a) Apresentação de Plano de Insolvência, pelo devedor, no prazo de 60 dias; b) Administração pelo devedor, com fiscalização pelo Administrador de Insolvência, até Assembleia de Credores de apreciação do Plano de Insolvência; 2 - Caso o ponto 1 seja reprovado pela Assembleia de credores, ou não haja apresentação de plano no prazo estabelecido, ou o Plano de Insolvência venha a ser reprovado em Assembleia de Credores designada para o efeito, ou venha a ocorrer a não homologação do Plano de Insolvência, propõe-se: a) Encerramento do estabelecimento e cessação de actividade em sede de IVA, IRC e Segurança Social; b) Venda da empresa ou liquidação do activo de acordo com as disposições do C.I.R.E. O Administrador de Insolvência Em anexo: Inventário Art. 153º do C.I.R.E.; Lista provisória de credores Art. 154º do C.I.R.E. 7/7
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