INCIDENTE DE QUALIFICAÇÃO DE INSOLVÊNCIA

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1 INCIDENTE DE QUALIFICAÇÃO DE INSOLVÊNCIA - PARECER DO ADMINISTRADOR DE INSOLVÊNCIA - INSOLVÊNCIA DE IMOCOM Sociedade de Construções, S.A. Tribunal do Comércio de Lisboa, 2.º Juízo INSOLVÊNCIA, PROCESSO N.º 846/11.4 TYLSB Jorge Manuel Seiça Dinis Calvete, nomeado Administrador de Insolvência nos autos à margem identificados, em que é declarada a insolvência de IMOCOM, S.A., vem, em cumprimento do n.º 2, do Art.º 188.º, do C.I.R.E., emitir o seu parecer relativo à qualificação de insolvência, tendo presente a verificação dos factos que passa a expor: INTRODUÇÃO: Para a elaboração do presente parecer foram utilizadas informações e elementos provenientes das seguintes fontes: Sentença que decretou a insolvência em apreço; Informações prestadas pela insolvente no seu requerimento de apresentação; Análise da documentação à disposição do Administrador de Insolvência. FACTOS: 1 IMOCOM Sociedade de Construções, S.A., é uma Sociedade Anónima, Pessoa Colectiva n.º , matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa sob o mesmo número de pessoa colectiva, com sede no Edifício Infante, na Avenida D. João II, lote , 13.º piso, letra A, na freguesia de Santa Maria dos Olivais, concelho de Lisboa. 2- O seu objecto social consiste na execução de empreitadas de obras públicas e particulares, construção civil, consultadoria, projectos de arquitectura, e engenharia, fiscalização, comércio de materiais de construção, actividades imobiliárias, coordenação ou execução de empreendimentos imobiliários ou turísticos, promoção, compra de prédios rústicos e ou urbanos para revenda, estudos relacionados com a construção civil, avaliação de imóveis,. 1 /5

2 3- Todavia, sublinhe-se que actualmente no exercício da sua actividade, a insolvente realiza, em exclusivo, empreitadas para todas as empresas promotoras do Grupo Imocom, estando actualmente em curso as empreitadas contratadas com a Imocom Palácio Valverde Gestão e Investimentos Turísticos, S.A. (construção de um Hotel-Apartamento de 5 estrelas, sito em Loulé, Almancil). 4- A sociedade em apreço apresenta um capital social de oitocentos mil euros sendo os seus actuais administradores: a) Maria Margarida Lopes Almeida Ribeiro (Presidente do Conselho de Administração), residente na Praceta da Lobeira, nº 7, São João do Estoril, Cascais, portadora do bilhete de identidade número , emitido em 23/11/2007, pelos Serviços de Identificação Civil de Lisboa, contribuinte fiscal número ; b) Pedro Daniel Balé Viriato da Cruz, residente no Largo da Madredeus, nº 18, Lisboa, portador do cartão de cidadão número ZZ8, emitido em 22/03/2005 pelos Serviços de Identificação de Lisboa, contribuinte fiscal número ; c) Carlos Manuel da Silva David, residente na Rua do Bugio, lote 12, Outeiro de Polima, São Domingos de Rana, portador do bilhete de identidade número , emitido em 29/08/2001, pelos Serviços de Identificação de Lisboa, contribuinte fiscal número A insolvente é detida a 100% (directa e indirectamente) pela Imocom II Gestão e Investimentos Imobiliários, S.A. (89%, directamente, e 11%, indirectamente, através da Imovisão Sul Gestão e Investimentos Imobiliários, S.A., sociedade detida a 100% pela Imocom II Gestão e Investimentos Imobiliários, S.A.), sendo que a Imocom II Gestão e Investimentos Imobiliários, S.A. é detida a 100% pelo Eng.º Alejandro Manuel Rodrigues Martins. 6- A elaboração de parecer relativo à qualificação de insolvência, obriga a apurar as causas, que o Administrador de Insolvência considera terem estado na sua origem, devendo por isso a análise do presente parecer ter em conta a exposição efectuada no Relatório apresentado de acordo com o disposto no Art. 155º do C.I.R.E. 7- Para tanto alega que a actual situação em que se encontra está intimamente relacionada com o não cumprimento do Acordo para aceitação de Mandato de Gestão outorgado em e das deliberações tomadas em sede Assembleia Geral da Imocom II Gestão e Investimentos Imobiliários, S.A. realizada em , documentos que ora se juntam e que aqui se consideram reproduzidos para todos os efeitos legais, (Docs. 2 e 3) cujas directrizes 2 /5

3 assentam fulcralmente: no financiamento de apoio à tesouraria da Imocom II, S.A. no montante de ,00 e na realização anual de prestações acessórias de capital, na Imocom II, S.A., no montante de ,00, situações estas que conduziram a que o financiamento de apoio à tesouraria não fosse assegurado. 8- Não obstante, mais alegou que no exercício da sua actividade tem vindo a ser apoiada pelo Banco Comercial Português, S.A. e pelo Barclays p.l.c. Sucursal em Portugal, os quais, até 30 de Abril de 2011, têm suportado todos os custos de estrutura da Requerente, incluindo pagamento de salários, da segurança social e imposto sobre o rendimento singular, por via do contrato de financiamento celebrado entre a Imocom Palácio Valverde Gestão e Investimentos Turísticos, S.A. (conferir organigrama do Grupo Imocom) e aquelas instituições de crédito, mas que, em 31 de Maio de 2011, não procederam à libertação dos fundos necessários ao pagamento dos salários dos recursos humanos da Requerente, nem dos seus fornecedores que aquela contratou para desenvolver a empreitada do empreendimento que a Imocom Palácio Valverde Gestão e Investimentos Turísticos, S.A. está a promover. 9- Tendo por base o supra referido, deparou-se a insolvente impossibilitada de cumprir as suas obrigações vencidas referentes a salários e aos fornecedores do projecto da Imocom Palácio Valverde Gestão e Investimentos Turísticos, S.A., por falta da liquidez necessária para o efeito e da inexistência de meios alternativos de obtenção imediata de liquidez. 10- Por outro lado, em consonância com o já referido, no exercício da sua actividade económica, a Requerente realiza, em exclusivo, empreitadas para todas as empresas promotoras do Grupo Imocom, estando actualmente em curso as empreitadas contratadas com a Imocom Palácio Valverde Gestão e Investimentos Turísticos, S.A. (construção de um Hotel- Apartamento de 5 estrelas, sito em Loulé, Almancil), sendo portanto que os seus proveitos advêm em exclusivo do referido projecto em curso Nestes termos, a insolvente, a requerente acaba por concluir que, a não realização de suprimentos ou de prestações acessórias pela Imocom II Gestão e Investimentos Imobiliários, S.A. e a dificuldade em obter financiamento adicional destinado a apoiar a tesouraria da IMOCOM, impossibilita-a, naturalmente, de cumprir com os seus compromissos com os demais credores e também com os funcionários e respectivas obrigações inerentes ao processamento salarial, não encontrando outra solução que não a sua apresentação à insolvência e a proposição de um plano de insolvência para satisfação dos direitos dos seus credores e manutenção da sua actividade. 3 /5

4 12- Em suma, refere que não tem condições mínimas para satisfazer as suas responsabilidades financeiras assumidas, nem para financiar um fundo de maneio que permita a continuidade da empresa. 13- Assim, considerando a situação de bloqueio bancário em que a Requerente se encontra e a impossibilidade de receber os créditos que detêm sobre terceiros, não se vislumbra solução possível para a sua reestruturação. 14- Associam-se a estes factores o aumento muito significativo dos custos financeiros, provocado pela incapacidade da tesouraria, o que, aliado a todos os factos acima expostos, conduziram a que a insolvente se visse impossibilitada de cumprir pontualmente as suas obrigações e honrar os compromissos assumidos, determinando assim o esgotamento dos recursos de tesouraria. 15 No que à contabilidade concerne, de salientar que a insolvência foi requerida pelo devedor, pelo que existem junto aos autos da Insolvência todos os documentos a que aludem o n.º 1 do art.º 24º do C.I.R.E., estando as contas organizadas de acordo com o P.O.C. 16 Verifica-se pela análise da documentação à disposição do Administrador de Insolvência e pela análise das peças processuais, que não se pode concluir pela existência de factos indiciadores de insolvência culposa, nomeadamente os referidos nas alíneas previstas no artigo 186º do CIRE. 17 Ao Administrador da Insolvência não chegou qualquer informação ou queixa relativa à insolvente que lhe permitisse qualificá-la como tal Note-se ainda que foram cumpridos os deveres de apresentação à insolvência informação e colaboração, até à data do presente parecer, satisfazendo assim o disposto no disposto no n.º1 do Art.º 18º do C.I.R.E. e nas alíneas a) e c) do N.º 1 do Art.º 83.º, do C.I.R.E. 4 /5

5 CONCLUSÃO: Pelo exposto, o Administrador de Insolvência, nos termos do Art. 185º, n.º1, do Art.º186.º, a contrario sensu e nº. 2 do Artº. 188º, todos do C.I.R.E., por considerar que não existe um nexo causal entre a conduta do devedor e o estado actual da ora insolvente, por não concorrerem elementos que a permitem qualificar como culposa, qualifica a insolvência como fortuita O Administrador de Insolvência 5 /5