6.23. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME MDS



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Transcrição:

6.23. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME MDS CIDADANIA E INCLUSÃO SOCIAL: PRIORIDADE PARA OS MAIS POBRES Dentre os principais objetivos estratégicos do Governo para os próximos anos, destacam-se a promoção da inclusão social e a redução das desigualdades. Nesse sentido, o Governo vem centrando esforços em programas que procuram ampliar os níveis de proteção social e as oportunidades para os segmentos historicamente excluídos do acesso a direitos, bens e serviços que garantem condições dignas de vida. As políticas públicas nas áreas da Educação, Saúde, Previdência, Assistência Social, Segurança Alimentar e Nutricional e os programas de transferência de renda cumprem papel destacado na promoção social, na redução da pobreza e na elevação dos patamares de justiça social na sociedade brasileira. Com efeito, o Brasil está mostrando ao mundo que é possível e necessário compatibilizar estabilidade, crescimento econômico ambientalmente sustentável, distribuição de renda, inclusão e justiça social. Pela primeira vez, desde 1975, quando a ONU passou a calcular a qualidade de vida de diversos países, o Brasil passa a integrar o grupo de países considerados de alto desenvolvimento humano, o que expressa o sucesso de um conjunto de políticas adotadas, em especial, aquelas voltadas aos mais pobres. Calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) compara 177 países a partir de alguns indicadores-síntese: expectativa de vida, alfabetização entre os adultos, escolarização e renda da população. O índice varia de zero a um, sendo que quanto mais próximo de um, melhor é a qualidade de vida das nações. Os resultados, publicados em 2007 e baseados nos dados de 2005, revelam que o Brasil atingiu o índice de 0,800 e ocupa a 70ª posição no ranking dos países avaliados. Mesmo não incorporando ainda os ganhos de 2006, apreendidos pela PNAD, divulgada pelo IBGE, em agosto de 2007, as estatísticas indicam melhorias. Similarmente, outros estudos sinalizam que o País avançou nos últimos anos na redução da pobreza. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam para a redução consistente da pobreza. Entre 2003 e 2005 a proporção de pessoas abaixo da linha da miséria caiu 19,18%, e somente no ano de 2006 a estimativa de queda foi de 15%, o melhor ano isolado da série histórica. Os gráficos a seguir mostram essas evoluções. EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) DO BRASIL MISÉRIA - % DA POPULAÇÃO 0,85 37 35 35,2 35,3 0,8 0,75 0,7 0,8 0,789 0,753 0,723 0,685 0,7 33 31 29 27 25 32,05 28,8 29 28,4 28,01 28,5 27,6 26,7 28,2 27,2 25,4 0,65 0,6 0,649 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 23 21 19 22,8 19,3 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Fonte: PNUD, RDH 2007/2008 Fonte: Fundação Getúlio Vargas - setembro de 2007 No que se refere à pobreza extrema, em 2006, o contingente que vivia com menos de US$ 1 /dia atingiu novamente o nível mais baixo já registrado 4,69% da população brasileira e a redução da pobreza também foi acompanhada pela diminuição da desigualdade. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com base em informações disponíveis na PNAD, é possível identificar a contribuição positiva das transferências de renda (pensões e aposentadorias públicas, Benefício de Prestação Continuada (BPC), benefícios do Bolsa Família, dentre outros) na melhoria das condições de vida desse segmento com baixo acesso ao mercado de trabalho formalizado. De acordo com a PNAD 2006, o número de pessoas em condições de extrema pobreza é de aproximadamente 21,7 milhões em todo o Brasil (considerando-se em extrema pobreza os indivíduos que sobrevivem com renda domiciliar per capita inferior a ¼ de salário mínimo). Todavia, caso fossem retirados da renda domiciliar os benefícios da previdência e da assistência, estima-se que o número de extremamente pobres subiria para 38,9 milhões de pessoas. Isto é, cerca de 17,2 milhões de pessoas saem dessa condição por conta dos 1007

benefícios previdenciários e assistenciais, o que representa uma redução de 44,1% no número estimado dos extremamente pobres no País, caso tais benefícios não existissem. Nesse contexto, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Programa Bolsa Família ajudam a promover a redução da pobreza e da desigualdade, e tais efeitos positivos são produzidos pelo fato dos benefícios chegarem àqueles que devem de fato ser contemplados pelo critério de renda. Segundo o Banco Mundial, 74% da renda do BPC e 80% da renda do Programa Bolsa Família vão para famílias situadas abaixo da linha de pobreza (renda mensal per capita de até 1/2 salário mínimo). Por fim, é importante mencionar o 3º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, divulgado recentemente. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são um compromisso firmado pela ONU e 191 países que visa à eliminação da pobreza no Mundo e define 8 objetivos a serem atingidos até 2015. De modo geral, o Brasil tem apresentado bom desempenho, principalmente no que tange à Educação, à Saúde e ao combate à miséria. Quanto ao primeiro objetivo, erradicação da fome e da miséria, o país já superou a meta estipulada de redução em 50% da miséria, isto é, pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia. Em 1990, 8,8% dos brasileiros viviam nessa situação, já em 2005 (dados da PNAD 2005) o percentual baixou para 4,2%. A pobreza continua concentrada na zona rural, todavia, é nesta área que vem ocorrendo o maior decréscimo. Na América Latina e no Caribe, o índice de pessoas em situação de extrema pobreza é de 8,7% (dados de 2004), ou seja, o índice no Brasil situa-se em torno de 50% da média da região. A prioridade atribuída pelo Governo para os mais pobres reflete-se, dentre outros, no aumento do percentual de recursos destinados à função Assistência Social. O gráfico a seguir mostra a evolução dos recursos da assistência social em relação ao orçamento total da União. Em 2007, registrou-se um crescimento de 60% em relação ao exercício de 2002. Em relação à participação percentual dos recursos da assistência social no total da seguridade social, verifica-se incremento gradativo entre 2002 (4,2%) e 2007 (8,1%). EVOLUÇÃO PERCENTUAL DOS RECURSOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL EM RELAÇÃO AO ORÇAMENTO TOTAL E À SEGURIDADE SOCIAL DA UNIÃO 10% 9% 8% 7% 6,5% 6,6% 7,8% 8,1% 8,7% 8,8% 6% 5% 4% 4,2% 4,6% 3,8% 3% 2% 1% 1,0% 1,0% 1,5% 1,4% 1,8% 1,6% 2,1% 0% 2002 2003 2004 2005 2006 2007* 2008** PPA 2008-2011 % do orçamento total % da seguridade social Fonte: SIAFI Notas: * Lei+crédito: 30 de novembro de 2007 ** PLOA 2008 ***PLPPA 2008-2011 Vale ressaltar que ainda é enorme a dívida social, o que deve impulsionar esforços do Estado e da sociedade brasileira para construir uma sociedade mais justa e solidária. Contudo, também é importante reconhecer, algo freqüentemente expresso por diversas nações e por organismos internacionais, que os programas sociais brasileiros têm alterado as condições de vida da população e que os mais pobres têm elevado pouco a pouco sua participação na apropriação dos benefícios do crescimento econômico. 1008

PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA O Programa Bolsa Família PBF foi instituído pela Medida Provisória nº. 132, de 20 de outubro 2003, convertida na Lei nº. 10.836, de 09 de janeiro de 2004. Trata-se de um programa de transferência direta de renda com condicionalidades que beneficia famílias em situação de pobreza (com renda mensal por pessoa de R$ 60,01 a R$ 120,00) e extrema pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$ 60,00). O Bolsa Família unificou os programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e Auxílio-Gás e, ainda, a gestão e operacionalização do Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal. Os benefícios do Bolsa Família são pagos diretamente à família, preferencialmente à mulher, por meio de um cartão magnético e os valores variam de R$ 18,00 a R$ 112,00, de acordo com a renda mensal por pessoa da família e o número de crianças da família. Assim, famílias com renda mensal por pessoa de até R$ 60,00 recebem um benefício básico de R$ 58,00 mais um benefício variável de R$ 18,00 por filho de até 15 anos, até o limite de R$ 54,00. As famílias com renda entre R$ 60,01 a R$ 120,00 recebem apenas o benefício variável, de acordo com a composição familiar, também com o limite de R$ 54,00. Estes valores passaram a vigorar a partir de agosto de 2007 e são resultado de um reajuste de 18,25%, corresponde à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Geral - INPC de outubro de 2003 a maio de 2007. O reajuste foi regulamentado por meio do Decreto nº. 6.157, de 16 de julho de 2007. No dia 28 de dezembro de 2007 foi publicada a Medida Provisória nº. 411/07, que instituiu o benefício variável vinculado ao adolescente. Como a família pode receber até dois benefícios vinculados ao adolescente adicionalmente àquele que já recebia e, ainda, o valor deste benefício é de R$ 30,00 por adolescente, o valor máximo de benefício passa a ser de R$ 172,00. Este novo valor, no entanto, só entra em vigor no início do ano de 2008. O objetivo do Programa Bolsa Família é oferecer proteção a todo o grupo familiar e contribuir para seu desenvolvimento. O Programa pauta-se na articulação de três dimensões essenciais à superação da fome e da pobreza: Promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda à família; Reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por meio do cumprimento de condicionalidades, o que contribui para que as crianças e jovens de famílias beneficiárias possam romper o ciclo da pobreza entre gerações; e Integração com programas complementares, que têm por objetivo o desenvolvimento de capacidades as famílias, de modo que os beneficiários do Bolsa Família consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. Para apoiar seu processo de implementação, o Bolsa Família trabalha com estimativa de famílias pobres, atualmente de 11,1 milhões de famílias. A estimativa é elaborada com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD, versão 2004, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A meta de atendimento de 11,1 milhões de famílias foi cumprida em meados do ano de 2006, conforme compromisso assumido pelo Governo Federal quando do lançamento do Programa. Desde então, embora não aconteça ampliação da cobertura do Programa, cerca de 50 mil famílias são excluídas a cada mês, em decorrência de mudanças no perfil socioeconômico das mesmas ou como resultado de auditorias realizadas pelo MDS. Ao mesmo tempo, novas famílias são incluídas. Por este motivo, o Programa mantém uma cobertura de 11,1 milhões de famílias, embora aconteça substituição de famílias dentro desta cobertura. Desempenho em 2007 Diferentes especialistas, instituições de pesquisas e organismos de cooperação multilateral têm avaliado os impactos do Programa Bolsa Família. A maior parte desses estudos utiliza dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios Pnad, realizadas pelo IBGE nos anos de 2004, 2005 e 2006. Três temas principais têm sido abordados de forma mais detalhada pelos estudos em curso: as contribuições do Programa para a redução da pobreza e da desigualdade, o grau de focalização e seu impacto na garantia de segurança alimentar e nutricional das famílias beneficiárias. Mais recentemente, também passaram a ser avaliados possíveis impactos no Programa na redução da evasão e do abandono escolar. 1009

Os resultados apresentados pelas Pnad 2004-2006 mostram que o Brasil está reduzindo a pobreza, em especial em seu grau mais extremo, bem como a desigualdade. A maior parte dos estudos em curso mostra que a redução da pobreza observada no período deve-se principalmente à redução da desigualdade. Segundo o estudo Programas de Transferência de Renda no Brasil: Impactos sobre a Desigualdade, que utiliza como referência a Pnad 2004, o Programa Bolsa Família individualmente é responsável por 21% da queda da desigualdade, medida pelo Índice de Gini, observada até aquele momento. É importante considerar que quando foi realizado tal estudo, o Programa ainda não havia atingido a meta de 11,1 milhões de famílias atendidas. Para os autores do estudo, esse resultado é bastante expressivo, em especial quando se considera que o Programa tem custo fiscal menor que 0,4% do PIB. As análises baseadas na Pnad 2006, novamente apontam contribuições do Bolsa Família para a redução da pobreza, em especial a redução da extrema pobreza. Dentre os estudos que avaliam focalização, merecem destaque análises realizadas pelo Banco Mundial BIRD, com base em informações da Pnad 2004, que mostra que cerca de 71% das famílias beneficiárias do Bolsa Família estavam no primeiro quintil de renda e que 21% estavam no segundo quintil (também público alvo do Programa). Esse grau de acerto nos mais pobres, segundo o Banco Mundial, é o mais expressivo dentre todos os programas de transferência de renda condicionada em vigor na América Latina e é o melhor entre outros programas brasileiros que também têm como objetivo atender às famílias mais pobres. Estudos realizados pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas IPEA mostram resultados similares. Também em relação à erradicação da fome e à garantia de segurança alimentar e nutricional, os resultados do Bolsa Família são expressivos. Diferentes estudos realizados mostram que o Programa teve importante impacto na melhoria da situação alimentar e nutricional dos seus beneficiários, e especialmente das crianças. A Chamada Nutricional, realizada de forma conjunta pelos Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, com avaliação nutricional de cerca de 15 mil crianças do semi-árido em 2005 mostrou que a participação no programa reduz o risco de desnutrição crônica em todas as faixas etárias. Os maiores beneficiários de tal melhoria são as crianças com idade entre 6 a 11 meses, faixa em que se observa uma redução do risco em 62,1%. Esse resultado é de suma importância, uma vez que déficits de crescimento nessa faixa etária são irreversíveis posteriormente. Em relação ao impacto do Bolsa Família na manutenção das crianças na escola, estudo do IPEA com base em dados da Pnad 2006 mostra que, controlando todas as outras variáveis, as crianças e adolescentes de famílias do Bolsa Família têm freqüência 1,6% maior que não beneficiários. Na mesma linha, a construção da linha de base para avaliação de impacto do Bolsa Família, realizada pelo Cedeplar/UFMG, mostra que entre o público de 7 a 14 anos atendido pelo Bolsa Família, a taxa de freqüência é 3,6% acima da observada no conjunto dos não beneficiários. No público feminino, esta diferença chega a 6,5% e no Nordeste é ainda maior: 7,1%. Entre os beneficiários, a taxa de evasão escolar chega a ser 2,1 pontos percentuais menor no conjunto das crianças em situação de extrema pobreza. Como a taxa de freqüência à escola é elevada no País (97,3%), essas diferenças são bastante relevantes na avaliação dos pesquisadores que analisaram os dados. Apesar dos resultados positivos do Bolsa Família, sabe-se que o desenho e o processo de implementação do PBF não estão consolidados. Vários foram os compromissos e atividades desenvolvidas ao longo do ano de 2007 com vistas a manter ou aperfeiçoar os resultados obtidos até então. Dentre esses, podem ser citados o aprimoramento dos sistemas de gestão do Programa e a sua descentralização; a implementação de estratégias para garantir maior grau de focalização; a integração com outros programas, com vistas ao desenvolvimento de capacidades das famílias beneficiárias e, ainda, o aperfeiçoamento dos mecanismos de acompanhamento das condicionalidades. Os recursos financeiros repassados pelo Bolsa Família para pagamento de benefícios totalizaram R$ 8,8 bilhões em 2007. Esse montante representa 30% do total repassado pelo Fundo de Participação dos Municípios FPM e 24% do total de Transferências Constitucionais no mesmo período. Na Região Nordeste, os recursos repassados pelo PBF representam 44% dos recursos repassados pelo FPM e 36% do total das Transferências Constitucionais, o que demonstra a importância desses programas para os cidadãos e, ainda, para a economia da Região. A tabela a seguir compara os montantes de recursos do Fundo de Participação dos Municípios FPM e das transferências de renda. 1010

COMPARATIVO ENTRE AS TRANSFERÊNCIAS DO PBF E CONSTITUCIONAIS PARA OS MUNICÍPIOS 2007 (em R$ mil) REGIÃO FPM (a) Total das Transferências Constitucionais (b) Total dos Programas de Transferência de Renda - PBF (c) PTR / FPM (c/a) PTR / Transferências constitucionais (c/b) CENTRO OESTE 2.106.418 2.542.689 415.980 20% 16% NORDESTE 10.479.104 12.653.839 4.608.180 44% 36% NORTE 2.627.737 3.314.044 919.640 35% 28% SUDESTE 9.213.082 11.895.605 2.074.707 23% 17% SUL 5.121.432 6.005.687 737.050 14% 12% TOTAL GERAL 29.547.773 36.411.864 8.755.557 30% 24% Fonte: Senarc/MDS Estratégias para melhoria do Cadastro Único O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) constitui instrumento de identificação e de caracterização socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda. No entanto, não se limita à identificação e seleção de famílias para programas federais, na medida em que as informações presentes em sua base de dados constituem valiosa ferramenta de apoio à ação de gestores municipais e estaduais na área social, por viabilizar o planejamento e a implementação precisa de políticas públicas. As ações desenvolvidas no ano de 2007 visaram: o aprimoramento dos instrumentos de cadastramento, o desenvolvimento de ferramentas capazes de potencializar a sua utilização por governos municipais e estaduais, a qualificação da base nacional do cadastro, o desenvolvimento de estratégias voltadas à sua utilização por programas e benefícios sociais federais e a ampliação do cadastramento da população em situação de exclusão vulnerabilidade social. A adequada gestão do CadÚnico, a definição de papéis nas ações de cadastramento e a atualização cadastral dependem de claras definições institucionais e de regras e procedimentos estabelecidos na legislação. Com este intuito, houve a publicação do Decreto nº 6.135 de 26 de junho de 2007, que revogou o Decreto nº 3.877, de 24 de julho de 2001, apresentando assim nova redação aos dispositivos legais que dispõem sobre o CadÚnico. No exercício de 2007 foram disponibilizadas duas novas versões do aplicativo do CadÚnico para facilitar o trabalho das prefeituras no cadastramento e atualização dos dados das famílias - em fevereiro, a versão 6.04, e, em dezembro, a versão 6.05. Estas versões visam corrigir eventuais falhas detectadas; permitem a incorporação de críticas na entrada de dados do CPF e do Título de Eleitor e, ainda, a inclusão de novos campos para a identificação das famílias em situação de rua e de pessoas libertas do trabalho escravo, de beneficiários de Programas Habitacionais, do Programa Leite Consumidor e do Programa Leite Produtor. Nesse ano foi desenvolvido, em parceria com o IBGE, o novo formulário do Cadastro Único. O processo de revisão do formulário do CadÚnico visou dois pontos centrais: a harmonização, sempre que possível, dos conceitos do CadÚnico com os conceitos utilizados pelas estatísticas oficiais (IBGE) e a utilização de variáveis sócio-econômicas e demográficas relevantes para a identificação de situações de vulnerabilidade e risco familiar ou pessoal. Foi um processo participativo, que contou com a colaboração de Municípios e da sociedade civil por meio de consulta pública disponibilizada no sítio do MDS no período de 25 de junho a 27 de julho de 2007. Além disso, foram realizadas várias validações que envolveram membros das outras Secretarias do MDS, ministérios parceiros, acadêmicos, especialistas, pesquisadores e gestores estaduais e municipais do Cadastro Único. Por fim, foi organizado, nos dias 10 e 11 de dezembro, o Seminário de Apresentação do Novo Formulário do Cadastro Único com o objetivo de que os atores envolvidos conhecessem a proposta final do novo formulário, que foi submetida à pré-teste em dezembro. Com o objetivo de atender a necessidade de aperfeiçoamento do controle e acesso às informações estratégicas das atividades relativas à gestão do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único de Programas Sociais, possibilitando maior otimização dos recursos existentes e, principalmente, dando maior velocidade no processo de tomada de decisão, ocorreu a especificação de uma solução com base na tecnologia de data warehouse para controle de desempenho das ações desenvolvidas no âmbito do CadÚnico e do Programa Bolsa Família. Para um melhor planejamento e monitoramento das ações de cadastramento no nível local, foi desenvolvida ferramenta de indicadores territoriais para os gestores municipais, com o intuito de disponibilizar uma gama de indicadores, calculados com base nos dados do Censo, distribuídos em unidades espaciais intra-municipais (setores censitários). Também foi desenvolvida uma ferramenta de indicadores com variáveis do CadÚnico para os gestores estaduais que permitiu, além da realização de consultas e visualização dos registros contidos no CadÚnico, 1011

a construção de uma série de indicadores de modo a subsidiar o planejamento e monitoramento das políticas sociais no âmbito estadual. Estes indicadores foram construídos com as variáveis do CadÚnico e têm como unidade de referência a unidade familiar. Por fim, foi desenvolvido também um utilitário que permite a conversão da cópia da base cadastral disponibilizada aos estados em um formato que torna possível a sua utilização por meio de programas de planilhas eletrônicas ou de banco de dados. Para que a base de dados do Cadastro Único retratasse com maior fidelidade os dados, foram realizados cruzamentos de informações do CadÚnico com a Relação Anual de Informações Sociais de 2005 RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego e com o Sistema Informatizado de Controle de Óbitos SISOBI do Ministério da Saúde. O objetivo do cruzamento com a RAIS foi identificar inconsistências nas informações declaradas pelas famílias inscritas no CadÚnico, subsidiar processos de auditoria e adotar providências no sentido de bloquear e cancelar benefícios que, após atualização cadastral, apontavam a inadequação aos critérios do Programa Bolsa Família. Por sua vez, o objetivo do cruzamento de informações com o Sisobi é a identificação de eventuais óbitos que não tenham sido registrados no Cadastro. A partir desse cruzamento, é possível orientar a ação dos Municípios no sentido da convocação ou busca ativa das famílias com óbito de Responsável pela Unidade Familiar (RUF) identificadas e não registradas. Observa-se que quando o RUF é uma fonte geradora de renda para o núcleo familiar o seu óbito aumenta o grau de vulnerabilidade da família, fazendo com que, em alguns casos, uma família anteriormente em situação de pobreza passe para a situação de pobreza extrema, passando a fazer jus ao benefício básico. Além do Bolsa Família, outros benefícios sociais federais utilizam o CadÚnico como instrumento para a concessão de benefícios. É o caso do benefício da gratuidade do transporte para idosos, da tarifa social de energia e do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Este processo foi fortalecido ao longo do ano de 2007. A operacionalização do CadÚnico para a emissão da Carteira do Idoso, construída em articulação com a SNAS durante o ano de 2007, permitiu que idosos com renda de até dois salários mínimos e sem meios de comprovação de renda esses idosos pudessem pleitear o benefício de gratuidade no transporte coletivo interestadual, instituído pelo Estatuto do Idoso. No caso do benefício da Tarifa Social de Energia, que utiliza o CadÚnico como mecanismo de identificação de beneficiários para consumidores com consumo de 80kWh a 220kWh, o MDS firmou Acordo de Cooperação Técnica com a Companhia Energética do Maranhão Cemar, nos mesmos moldes firmados com o grupo Neoenergia (Companhia Energética de Pernambuco Celpe, Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia COELBA e Companhia Energética do Rio Grande do Norte Cosern) e Ampla em 2006. Para além da gestão do benefício da tarifa social, o ACT prevê a priorização do público do CadÚnico em programas de eficiência energética. Como os ACTs são operacionalizados por meio da troca de base de dados entre MDS e concessionárias, essa iniciativa permite também a identificação de possíveis inconsistências na base de dados do CadÚnico. Com este mesmo objetivo, a Secretaria acompanhou e apoiou a tramitação de projeto de lei sobre Tarifa Social de Energia no Congresso Nacional. Por sua vez, a integração entre o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e o Bolsa Família só foi possível em função do trabalho de atualização cadastral e de inclusão de novos cadastros na base do CadÚnico, realizado pelos municípios até 30 de novembro de 2007. Nesse processo, cerca de 880 mil crianças em situação de trabalho infantil foram cadastradas ou identificadas no Cadastro Único. Entre as ações desenvolvidas ao longo do ano de 2007 para promover a inclusão e o acesso da população mais vulnerável aos programas sociais por meio do CadÚnico, cabe destacar: (i) ações para a incorporação de povos e comunidades tradicionais no CadÚnico, resultando na inclusão na base nacional do Cadastro Único de 14.224 famílias de comunidades quilombolas e 59.434 famílias indígenas; (ii) mobilização dos gestores municipais, coordenadores estaduais e instâncias de controle social para promoverem a localização e a inclusão no CadÚnico dos cidadãos resgatados do trabalho escravo identificados pelo Ministério do Trabalho e Emprego; (iii) mobilização dos gestores municipais para universalização do Registro Civil de Nascimento. Por fim, tendo como base de referência o mês de dezembro de 2007, o número total de famílias no CadÚnico é de 17,64 milhões e o número total de pessoas cadastradas era de 66,77 milhões. 1012

Acompanhamento do Cumprimento das Condicionalidades As condicionalidades são os compromissos assumidos pelas famílias para receberem o benefício financeiro do Programa Bolsa Família. Foram pensadas como um mecanismo para elevar o grau de efetivação de direitos sociais por meio da indução da oferta e da demanda por serviços de Saúde e de Educação. Com este objetivo, ao longo do ano de 2007 buscou-se aprimorar o acompanhamento das condicionalidades por meio da mobilização dos gestores municipais do PBF, inclusive na saúde e na educação, com o objetivo de ampliar o número de famílias acompanhadas e de dar mais qualidade ao registro das informações. Os dados da apuração da freqüência escolar, no último período de apuração registrado nos meses de outubro/novembro de 2007, mostram que 13,2 milhões de alunos, ou 84,75% do total com perfil Educação, dos alunos beneficiários (crianças e adolescentes de 6 a 15 anos) tiveram suas informações sobre freqüência escolar registradas no sistema, conforme gráfico a seguir. Entre os alunos que tiveram a condicionalidade de educação acompanhada, 97,3% freqüentaram a carga horária mensal exigida pelo Programa, que é igual ou superior a 85,0%. Em relação aos Municípios, no último período de apuração, o índice de informação registrado foi de 99,4% (5.533 Municípios). EVOLUÇÃO DA FREQÜÊNCIA ESCOLAR 16000 14000 12975,071 13363,21 15244 13639,563 14484,82 14726 14991 15198 15385 15244 15198 14726 14991 15542 15385 15542 13.172 13.172 12000 12393,146 10000 8000 6000 6.302 6.024 7.971 7.796 13393,187 13352,733 8.831 10.353 8.563 10.170 10.342 10.337 10.338 9.569 9.569 9.751 9.751 8.887 10.092 10.057 9.864 9.254 9.261 9.610 9.599 8.590 10.055 9.875 11.896 11.911 12.051 12.051 12.771 12.816 11.669 11.625 11.594 11.646 4000 2000 0 277 175 268 298 294 296 478 316 308 152 245 281 271 242 457 141 405 400 355 Out a Nov/04 Fev a Abr/05 Mai a Jul/05 Ago a Set/05 Out a Nov/05 Fev a Abr/06 Mai a Jul/06 Out/06 Nov/06 Fev/07 Mar/07 Abr/07 Mai/07 Jun/07 Jul/07 Ago/07 Set/07 Out/07 Nov/07 Fonte: Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar do PBF/MEC Alunos Perfil Educação Com Registro Freq. >= 85% Freq.< 85% 1013

Em relação às condicionalidades de Saúde, no último período de apuração 2º semestre de 2007, cerca de 4,8 milhões de famílias, correspondente a 46,4% das famílias do PBF com perfil saúde, tiveram informações registradas no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), e um total de 5.298 municípios, o que corresponde a 95% dos municípios brasileiros, lançaram informações no sistema para registrar os dados de acompanhamento das condicionalidades de saúde. EVOLUÇÃO DO ACOMPANHAMENTO DA SAÚDE POR FAMÍLIA 12.000 10.585 10.472 10.000 9.494 8.000 7.339 6.000 5.540 5.751 6.039 6.160 5.307 4.420 4.425 4.858 4.000 5.177 3.868 2.809 3.173 4.404 4.833 2.000 1.797 2.795 3.157 335 1.714 0 313 1º Sem/05 2º Sem/05 1º Sem/06 2º Sem/06 1º Sem/07 2º Sem/07 Beneficiárias Acompanhadas Não acompanhadas Cumpriram condicionalidades Fonte: Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional Sisvan Gestão / MS O resultado do acompanhamento das condicionalidades de cada período é um importante instrumento para identificar as famílias em situação de maior vulnerabilidade. Por isso, deve haver articulação intersertorial (Saúde, Educação e Assistência Social) e integração de ações entre as três esferas de governo (municipal, estadual e federal) para acompanhar as famílias, identificar e resolver situações de vulnerabilidade e promover o acesso dos beneficiários aos direitos sociais. Com este objetivo, foi criado um fórum nacional de acompanhamento das condicionalidades, composto pelos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Saúde e da Educação e por representantes dos secretários estaduais e municipais das mesmas áreas. É um fórum intergovernamental e intersetorial, que se reúne a cada dois meses e tem como objetivo mobilizar uma rede de gestores que possa acompanhar as famílias de forma integrada. As famílias em situação de descumprimento das condicionalidades estão sujeitas a sanções, de acordo com a Portaria GM/MDS nº 551/2005. Essas sanções são gradativas e vão desde a advertência à família, passando pelo bloqueio e suspensão do benefício, podendo chegar ao cancelamento, se porventura o descumprimento for repetido em cinco períodos consecutivos. O objetivo das sanções gradativas é permitir que as famílias que não cumprem condicionalidades sejam identificadas, acompanhadas e que os problemas que geraram o descumprimento possam ser resolvidos. Entende-se que são essas as famílias mais vulneráveis. 1014

Ao final do acompanhamento, conforme o calendário de cada área, O MDS, por meio da Secretaria Nacional de Renda da Cidadania Senarc, identifica as famílias que descumpriram seus compromissos no período, notifica essas famílias e procede a repercussão do descumprimento na folha de pagamento. Em 2007 foram aplicadas 1,9 milhão de sanções, sendo 1,2 milhões de advertências, 430 mil bloqueios, 230 mil suspensões e 34 mil cancelamentos. SANÇÕES APLICADAS ÀS FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS DO PBF EM 2006 E 2007 REPERCUSSÃO DESCUMPRIMENTO / SANÇÕES ADVERTÊNCIA BLOQUEIO 1ª SUSPENSÃO 2ª SUSPENSÃO CANCELAMENTO TOTAL Agosto 157.094 0 0 0 0 157.094 2006 Setembro 15.174 219 0 0 0 15.393 Dezembro 201.717 56.288 48 0 0 258.053 Março 216.811 82.014 29.891 25 0 328.741 Maio 149.337 56.466 28.545 11.815 11 246.174 2007 Setembro 166.675 50.054 21.039 10.201 4.076 252.045 Outubro 168.611 82.804 33.531 15.595 10.312 310.853 Dezembro 172.183 102.676 56.145 25.232 19.652 375.888 Total 1.247.602 430.521 169.199 62.868 34.051 1.944.241 Fonte: Senarc/MDS O MDS está desenvolvendo o Sistema de Gestão de Condicionalidades (Sicon) que vai permitir a gestão de condicionalidades pelo Município. O Sicon possibilitará aos gestores municipais a geração das notificações, que deverão ser impressas e entregues às famílias beneficiárias do Município, bem como possibilitará a disponibilização das informações de acompanhamento de condicionalidades aos gestores municipais, estaduais e às instâncias de controle social do PBF. Enquanto esse sistema não entra em operação, a informação sobre quais famílias não cumpriram as condicionalidades é periodicamente disponibilizada aos Municípios no Sistema de Adesão do Bolsa Família, uma área de trabalho de acesso restrito aos gestores municipais. A previsão para 2008 é de que sejam realizadas seis repercussões para o acompanhamento da área de Educação, uma a cada dois meses, na perspectiva de seguir o mesmo fluxo do novo sistema de acompanhamento da freqüência escolar administrado pelo Ministério da Educação (MEC). Gestão de Benefícios Durante o ano de 2007, a Senarc, em conjunto com a Caixa, implementou medidas voltadas para melhoria dos processos de gestão de benefícios, desde a sua concessão, passando pelos processos operacionais voltados para a manutenção, melhoria da logística de pagamento e depuração da folha de pagamento do PBF e dos Programas Remanescentes. Estas medidas se somam aos processos automáticos de melhoria da folha de pagamento, embutidos na rotina de repercussão automática de alterações cadastrais. Dentre eles podem ser citados o bloqueio de famílias com multiplicidade de vinculação de criança a mais de um responsável legal, cancelamento de benefícios de famílias com renda per capita acima do limite, com o domicílio excluído do CadÚnico ou outras condições impeditivas do pagamento do benefício. Um exemplo destas ações de depuração da folha de pagamentos foi a auditoria realizada em maio de 2007, que consistiu num cruzamento entre as informações do CadÚnico e aquelas da Relação Anual de Informações Sociais de 2005 RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego. O resultado foi a identificação de famílias beneficiárias do PBF que, em decorrência de cruzamento de dados, apresentavam suspeitas quanto à correção ou atualização das informações cadastrais. Quando a auditoria apontou evidências de subdeclaração de renda, optou-se pelo bloqueio dos benefícios. Nos demais casos, em que havia suspeita de subdeclaração, mas não suficientemente fortes para justificar o bloqueio, coube a averiguação dos cadastros pelo Município. 1015

As orientações de como os Municípios deveriam proceder para regularizar a situação de cadastro e de benefício das famílias identificadas pela auditoria foram publicadas na Instrução Operacional nº 18, de 15 de maio de 2007. Finalmente, encerrado o período de averiguação dessa auditoria, em setembro, 127.564 benefícios foram bloqueados e 231.891 benefícios foram cancelados. Como resultado das ações de atualização cadastral e de maior controle sobre a gestão de benefícios, desde o ano de 2004 houve mais de 2 milhões de bloqueios ou cancelamentos de benefícios, fruto de mudanças legítimas na renda da família e, também, de ações de auditoria e controle sobre o Programa. Durante os anos de 2006 e 2007, a Senarc, em conjunto com a Caixa, empreendeu medidas operacionais voltadas para viabilizar a migração do maior número de famílias dos programas remanescentes para o Programa Bolsa Família, comandando o bloqueio de benefícios de famílias com inconsistências cadastrais e o cancelamento de benefícios de famílias que não atendessem mais às condições de elegibilidade de cada programa remanescente. Este esforço permitiu a redução da quantidade de famílias em cada programa conforme demonstrado no gráfico a seguir. EVOLUÇÃO DA MIGRAÇÃO DOS PROGRAMAS REMANESCENTES PARA O PBF Milhares 11.500 11.000 10.500 10.000 10.966 11.043 9.500 9.000 8.700 8.500 8.000 7.500 7.000 6.500 6.932 6.572 6.000 5.500 5.000 4.790 5.110 5.356 4.500 4.000 3.771 3.401 3.500 3.616 3.000 2.500 3.043 2.000 1.784 1.500 1.000 970 0 350 108 84 576 500 294 0 0 36 0 0 0 0 0 9 327 54 24 2 32 6 22 dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 BOLSA ESCOLA BOLSA ALIMENTAÇÃO CARTÃO ALIMENTAÇÃO AUXÍLIO GÁS BOLSA FAMÍLIA Fonte: Senarc/MDS Durante o primeiro semestre de 2007 foi elaborada proposta de ajustes no desenho do Programa Bolsa Família, entre eles a ampliação da faixa etária, para atender jovens entre 16 e 17 anos pertencentes às famílias beneficiárias. Como resultado foi publicada, em 28/12/2007, a Medida Provisória nº. 411/07 que estabelece, entre outras políticas públicas voltadas ao jovem, a criação de benefício variável vinculado ao adolescente de 16 e 17 anos. O valor do benefício será de R$ 30,00, podendo cada família receber, no máximo, dois benefícios. Quanto à logística de entrega e ativação de cartões, no ano de 2007 foram implementadas diferentes medidas para o aperfeiçoamento do monitoramento e do controle de todo o processo de emissão e distribuição do Cartão Bolsa Família, bem como para a diminuição do estoque de cartões a entregar, cujos resultados se expressam na significativa redução do número de cartões não entregues. Cabe destacar as ações focadas no cancelamento de cartões de programas remanescentes com a respectiva substituição por cartões Bolsa Família. No que tange à efetividade de pagamento, o PBF vem atingindo desempenho positivo, uma vez que pulou de 91,4% em 2003 para 97,07% em outubro de 2007, conforme gráfico, a seguir, que mostra a evolução da efetividade de pagamento do Programa. 1016

EFETIVIDADE DE PAGAMENTO 98,00% 96,00% 97,07% 94,00% 94,49% 92,00% 90,00% 91,40% 90,90% 91,22% 88,00% 86,00% 2003 2004 2005 2006 2007 Fonte: Caixa Um ponto que merece ser destacado e que contribuiu para um melhor acompanhamento e monitoramento da efetividade de pagamento foi a mudança do calendário de pagamento do PBF, que até abril de 2007 era iniciado em um mês e findado em outro. A partir de maio, o calendário passou a vigorar dentro do próprio mês, com pagamento nos dez (10) últimos dias úteis do mês. Para 2008 está prevista a ampliação dos serviços prestados pelos lotéricos e correspondentes bancários, que atualmente são exclusivos de agências bancárias, como cadastramento de senha e saque com guia. Essas alterações propiciarão maior eficiência da logística de pagamento e trarão vantagens para muitos beneficiários, evitando que se deslocam para outros municípios para realizar algumas operações bancárias ou esperem o deslocamento de agentes volantes da Caixa, processo que geralmente é muito moroso. A integração do PETI com o Programa Bolsa Família, ocorrida em dezembro de 2005, visava, dentre outros, maior racionalidade gerencial das políticas públicas de combate à pobreza e exclusão social no âmbito do Governo Federal. No âmbito do Bolsa Família, tal integração significava trazer para o PBF famílias com o seu perfil de renda e pertencentes ao PETI, desde que tivessem o valor de seu benefício financeiro aumentado ou mantido. Para viabilizar a operacionalização dessa integração do PETI e Bolsa Família foram discutidas e implementadas várias ações ainda no ano de 2006. Mostrou-se clara, desde o início, a necessidade de integração também dos sistemas de informação do PBF e do PETI. Assim, em outubro de 2007, o Sistema de Gestão de Benefícios assumiu a geração da folha do PETI, tanto das famílias que fazem parte da integração com o PBF, quanto das que ainda permanecem no PETI. Essa mudança não só permite a racionalidade gerencial como proporciona aos gestores municipais melhoria da gestão integrada do PETI e do PBF. Durante o primeiro semestre de 2007 foi elaborado um projeto, com apoio do CPqD Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, para criação de um novo Sistema de Gestão de Benefícios para o Programa Bolsa Família. Nesse projeto, três etapas principais estiveram previstas: Habilitação de Famílias, Concessão de Benefícios e Gestão de Benefícios. Os resultados do trabalho estão disponíveis para o MDS e serão objeto de um processo de contratação específico para desenvolver e implantar o resultado do Projeto, previsto para ocorrer ainda no início do ano de 2008. Programas Complementares O MDS, por meio da Senarc e de outras áreas, buscou, em 2007, a integração entre o PBF e outras políticas do Governo Federal, no intuito de maximizar oportunidades de inserção social e econômica para as famílias beneficiárias. Os principais programas articulados foram: Programa Brasil Alfabetizado; Programa Nacional de Inclusão de Jovens ProJovem; Projeto de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária PPDLES; Programa Nacional Biodiesel; Programa Nacional da Agricultura Familiar - Pronaf e Programas de Microcrédito do Banco do Nordeste (BNB); e Programa Luz para Todos. Alguns resultados indicam avanços nessas articulações. Em 2007 o MDS mobilizou gestores do Programa Bolsa Família e as Instâncias de Controle Social do PBF em quase 1.500 municípios para a matrícula de analfabetos beneficiários do programa no Programa Brasil Alfabetizado. Quanto ao Projeto de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária, implementado pelo Ministério do Trabalho em cooperação com o 1017

Ministério do Meio Ambiente e o MDS, incluiu produtivamente mais de 42 mil cidadãos, em 636 empreendimentos solidários. Inclusão Bancária Durante o ano de 2007 foi formatada proposta de modificação na natureza da conta de pagamento de benefícios das famílias do PBF, de forma a possibilitar a inserção desse grupo no sistema bancário. Este processo de inclusão bancária dos beneficiários do PBF será implementado ao longo do ano de 2008. A implantação dessa ação tem como objetivo apoiar a inclusão bancária e articulá-la com a melhoria dos serviços prestados aos beneficiários do Programa Bolsa Família, tais como: flexibilidade no valor dos saques; possibilidade de realização de depósitos; emissão de extratos e saldos; permitir a função compra, possibilitando o pagamento de aquisições em estabelecimentos comerciais ligados a redes de pagamento eletrônico, com débito na conta corrente do beneficiário; permitir a função débito com saque de valores em estabelecimentos da rede Caixa (lotéricos, correspondentes bancários e terminais de saque); acesso a linhas de microcrédito formais e orientadas. Na inclusão bancária dos beneficiários do PBF o instrumento utilizado será a conta simplificada, que pode ser aberta com uso do NIS e com isenção tarifária, ou seja, sem ônus para os beneficiários. Concomitantemente ao processo de inclusão bancária, um conjunto de ações deverá ser implementado, como: educação financeira dos beneficiários, execução de um plano de comunicação do projeto à sociedade, desenvolvimento de linhas microcrédito orientado, readequação da estrutura operacional do programa e do agente operador, especialmente no que se refere à logística de pagamentos. Futuramente o acesso à rede de pagamentos poderá ser ampliado, incluindo outros bancos oficiais, o que permitirá ampliação da rede hoje disponível e conseqüente melhoria nos serviços financeiros prestados aos beneficiários. Também abrirá a possibilidade de formação de poupança e de integração com outras políticas de microcrédito. Fiscalização O MDS, por intermédio da Senarc, continua desenvolvendo ações no sentido de garantir a efetividade, transparência e controle do Programa Bolsa Família, segundo o que dispõe a legislação que o criou. Dentre estas ações, podem ser destacadas: desenvolvimento e implantação de uma nova ferramenta de controle denominada Sistema de Fiscalização Sisfis, que veio modernizar e aperfeiçoar a gestão de informações referentes à fiscalização, bem como dar maior segurança no armazenamento dos dados; informatização e otimização da gestão de informações relativas ao processamento e acompanhamento das denúncias; e reavaliação do fluxo e da metodologia aplicados no tratamento de denúncias, dentre outras. Na ação de fiscalização realizada pela Secretaria Federal de Controle Interno da Controladoria- Geral da União, foram enviados ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, no exercício de 2007, os resultados de exames in loco realizados em 838 municípios. Deste total, 812 referem-se aos Sorteios Públicos de nºs. 8 a 22; 25 são ações de controle específicas; uma auditoria especial; quatro demandas especiais e uma demanda externa. Observa-se que todas as falhas e disfunções reportadas nos relatórios de fiscalização dos Sorteios Públicos foram objeto de diligências às prefeituras executoras e ao agente operador do programa, para fins de manifestação quanto ao saneamento das irregularidades detectadas. Como resultado, 357 diligências já foram objeto de regularização, 298 se encontram em processo de análise da manifestação do gestor e 157 estão no aguardo de manifestação do gestor municipal. 1018

STATUS DAS DILIGÊNCIAS DE APURAÇÃO DE DENUNCIAS, REFERENTES AOS SORTEIOS PÚBLICOS - CGU 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 43 43 0 0 40 57 60 57 58 58 54 49 47 38 39 24 0 2 8 7 5 3 8 24 16 49 42 18 11 9 5 3 17 12 60 60 60 60 54 34 31 32 32 28 21 5 9 6 41 13 10 9 8 10 23 32 33 25 20 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º 21º 22º 2 Sorteios Municípios Fiscalizados Municípios com processo em fase de análise das medidas saneadoras Municípios com Irregularidades Sanadas Municípios com processos pendentes de manifestação Fonte: Senarc/MDS Apoio à gestão descentralizada Uma das principais estratégias para o aperfeiçoamento do PBF é o fortalecimento da gestão compartilhada com Estados e Municípios. Duas modalidades principais são utilizadas nesta estratégia: a adesão de Municípios e Estados à gestão do PBF, considerada como instrumento padrão, e a pactuação, utilizada apenas nos casos em que há integração para pagamento conjunto de programas de transferência de renda. No caso dos Municípios, para aqueles que assinaram o Termo de Adesão (5.560 dos 5.564 Municípios existentes no País), o MDS apóia financeiramente a gestão descentralizada por meio do Índice de Gestão Descentralizada, criado em 2006. O índice varia de 0 a 1 e indica a qualidade da gestão do Programa implementada pelos Municípios. Para obter um bom índice, os gestores municipais devem manter as informações do Cadastro Único atualizadas e validadas e, também, informar os dados sobre o acompanhamento das condicionalidades de saúde e educação. De acordo com o desempenho, são transferidos, mensalmente, recursos financeiros para os Fundos Municipais de Assistência Social. No ano de 2007 foi transferido o valor R$ 210.437.053. Considerando as informações referentes ao IGD de novembro de 2007, apenas 16 Municípios não atingiram o índice mínimo de 0,4, a partir do qual há liberação de recursos financeiros para apoio à gestão. Cerca de 5 mil Municípios têm IGD maior ou igual a 0,6, considerado como indicador de boa gestão. 1019

INCENTIVOS À QUALIDADE RESULTADOS DO IGD NOVEMBRO DE 2007 nº Municípios 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 3.253 1.730 565 16 < 0,4 >= 0,4 < 0,6 >= 0,6 < 0,8 >= 0,8 Faixas de Distribuição - IGD Fonte: Senarc/MDS Segundo a regulamentação específica do IGD, os Municípios podem utilizar o recurso para: (a) apoiar a gestão de condicionalidades; (b) apoiar a gestão de benefícios; (c) acompanhamento das famílias beneficiárias; (d) cadastramento de novas famílias e atualização e revisão dos dados contidos no CadÚnico; (e) atendimento às demandas relacionadas à fiscalização do PBF e (f) implementação de programas complementares ao PBF nas áreas de alfabetização e educação de jovens e adultos, capacitação profissional, geração de trabalho e renda, acesso ao microcrédito produtivo orientado e desenvolvimento comunitário e territorial, dentre outras. Estudo realizado por meio de questionário respondido por 2.633 Municípios mostra que a maior parte destes utiliza os recursos do IGD para desenvolver ações com as próprias famílias, em especial ações de geração de trabalho e renda. O PBF tem entre as suas diretrizes a busca pela integração dos programas de transferência de renda condicionada em todos os níveis de governo. Desde 2004, o MDS tem buscado a implementação conjunta de programas de transferência de renda, por meio da assinatura de Termos de Cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Nessa proposta, o ente federado que tiver programa próprio pode complementar os benefícios pagos pelo Programa Bolsa Família, aumentando os valores recebidos pelas famílias e, principalmente, evitando a sobreposição de ações e de custos administrativos e possibilitando a ampliação do atendimento do programa. Atualmente estão em vigor as pactuações com o Estado do Ceará, com o Distrito Federal e os Municípios de São Luís /MA, Nova Lima/MG e Boa Vista/RR. ASSISTÊNCIA SOCIAL A política de Assistência Social, integrante da Seguridade Social, é implementada por meio do Sistema Único de Assistência Social - SUAS que regula e organiza em todo o território nacional as ações socioassistenciais nos níveis de proteção social básica e proteção social especial, com centralidade na família. Por meio dessa política, são garantidos serviços, projetos, programas e benefícios para pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social. Em 2007, 97,8% dos Municípios brasileiros (5.439 Municípios) estavam habilitados em algum nível de gestão do SUAS: 1.262 Municípios (22,7%) habilitados em gestão inicial, 3.813 Municípios (68,5%) estão em gestão básica e. em gestão plena, 364 Municípios (6,5%). No final do ano, apenas 124 Municípios brasileiros (2,2%) não estavam habilitados ao SUAS. Nesse ano, o Sistema Único da Assistência Social foi marcado por avanços significativos nas dimensões de planejamento, concepção e implementação, que contribuíram na sua consolidação como um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo. Entre os marcos regulatórios da política de Assistência Social, destaca-se a Lei Orgânica da Assistência Social LOAS (Lei n. 8.742, de 7/12/93), que define a Assistência Social como direito, repelindo o ideário de tutela ou assistencialismo. A Agenda do Governo Federal em 2007 além de fortalecer esta concepção, avançou na concretização de uma gestão fundamentada na participação social e na transparência da utilização dos recursos públicos. 1020

Um desses avanços diz respeito à construção coletiva do Plano Decenal do SUAS, orientado pelas metas deliberadas na V Conferência Nacional de Assistência Social, e aprovado pelo Conselho Nacional de Assistência Social CNAS, por meio da Resolução nº. 210, de 22/11/2007. Esse instrumento expressa um planejamento para a implementação do SUAS em todo o território nacional até o ano de 2015, representando, sobretudo, um pacto de metas, resultados e compromissos entre as três esferas de governo, considerando a exigência em instituir ações sistematizadas, baseadas em estudos da realidade e desenvolvidas com monitoramento e avaliação. A Agenda Social constituída pelo Governo Federal em 2007, para ser implementada no período de 2008 a 2010, também representa um instrumento importante no planejamento das ações de Assistência Social. Essa agenda envolve todas as políticas sociais e tem por objetivos: consolidar uma política garantidora de direitos; reduzir ainda mais a desigualdade social; buscar a gestão integrada das políticas, promovendo oportunidades; e efetivar a pactuação federativa no âmbito das políticas sociais. Foram incluídas na Agenda as seguintes iniciativas na área de Assistência Social: ampliação e qualificação do atendimento às famílias por meio do Programa de Atenção Integral à Família PAIF, executado nos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS; inclusão social e educacional das pessoas com deficiência beneficiárias do BPC; aprimoramento dos mecanismos de controle do BPC e de avaliação da deficiência e do grau de incapacidade para acesso ao benefício; potencialização do atendimento, no âmbito dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social Creas, a crianças e adolescentes vítimas de violência, abuso e exploração sexual; apoio às famílias para propiciar a acolhida dos filhos abrigados por situação de pobreza; implantação do serviço de atendimento das medidas socioeducativas em meio aberto nos Creas; implementação do Pro-Jovem Adolescente; oferta de serviços especializados e garantia de abrigamento para as mulheres vítimas de violência, por meio de rede socioassistencial vinculada ao SUAS; dentre outras. Essas ações foram distribuídas nos eixos: Geração de Oportunidades às Famílias Pobres; Ampliação de Serviços Socioassistenciais; Juventude; Mulheres; Quilombolas; Povos Indígenas; Criança e Adolescente; Pessoas com Deficiência; Documentação Civil Básica; e Territórios de Cidadania. No campo da produção de informação, destacam-se a Pesquisa das Entidades de Assistência Social Privadas sem Fins Lucrativos - PEAS e a Pesquisa de Contagem da População em Situação de Rua. A PEAS, realizada em 2006 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, em parceria com o MDS, e lançada em dezembro de 2007, abrangeu em todo o território nacional 16.089 entidades prestadoras de serviços de Assistência Social. Esse estudo traçou um perfil das entidades quanto aos aspectos de qualificação, títulos, credenciamento pelos órgãos competentes, serviços prestados, modalidades socioassistenciais, caracterização dos usuários, âmbito de atuação, período de funcionamento, metodologia de atendimento, instalações e equipamentos disponíveis, capacitação e nível de formação dos colaboradores, financiamentos, parcerias. Seus resultados permitiram conhecer dados básicos sobre a rede de atendimento constituída por essas entidades e proporcionará uma melhor orientação estratégica na implementação do SUAS. Já a Pesquisa de Contagem da População em Situação de Rua foi realizada no 2º semestre de 2007, com o objetivo de quantificar e caracterizar o perfil socioeconômico da população em situação de rua, de modo a orientar a implementação de políticas públicas direcionadas a esta parcela da população. O campo de pesquisa abrangeu 71 Municípios com população superior a 300 mil habitantes, em todas as unidades da federação. Estima-se que essa pesquisa seja publicada no primeiro semestre de 2008. Outro avanço importante foi a regulamentação do artigo 3º da Lei Orgânica de Assistência Social LOAS (Lei 8.742, de 07/12/93), com a publicação do Decreto nº. 6.308, de 14/12/07, que dispõe sobre as entidades e organizações de assistência social. Esse Decreto estabelece como entidades e organizações de assistência social aquelas cujos atos constitutivos definem expressamente sua natureza, objetivos, missão e público alvo, de acordo com as disposições da LOAS. São apresentadas também as funções essenciais dessas entidades e organizações, quais sejam: (i) realizar atendimento, assessoramento ou defesa e garantia de direitos na área de assistência social; (ii) garantir a universalidade do atendimento, independentemente de contraprestação do usuário; e (iii) ter finalidade pública e transparência nas suas ações. Merece destaque, também, a regulamentação da forma de participação dos órgãos gestores da assistência social na emissão da Carteira do Idoso para fins de acesso ao benefício tarifário no sistema de transporte coletivo interestadual para pessoas idosas que possuem renda de até dois salários mínimos sem meios de comprovála. Nesse sentido foi publicada a Resolução nº. 04 de 18/04/07 da Comissão Intergestores Tripartite CIT, contendo os procedimentos a serem adotados pelas secretarias municipais de assistência social ou congêneres, e a Instrução Operacional Senarc-SNAS/MDS nº. 2, de 31/07/07, que divulga os procedimentos operacionais relativos ao 1021

cadastramento dos usuários para a emissão da Carteira do Idoso. Até o final de 2007, mais de 61 mil carteiras foram emitidas em todas as unidades da federação. Por fim, ressalta-se a VI Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em Brasília/DF, no período de 14 a 17 de dezembro de 2007, com a participação de, aproximadamente, 1.700 pessoas, entre delegados, observadores e convidados. Representantes de segmentos dos usuários, técnicos, gestores e representantes de entidades e pesquisadores da política de assistência social contribuíram para um debate responsável e comprometido, que veio a apontar os rumos da Política de Assistência Social no país nos próximos anos. Compromissos e Responsabilidades para Assegurar Proteção Social pelo Sistema Único de Assistência Social foi o tema central da Conferência, que decorreu do processo de discussões, avaliações e deliberações realizadas nos Estados, Municípios e Distrito Federal, no decorrer de 2007, mobilizando mais de 500 mil pessoas em 90% dos Municípios e nas 27 Unidades da Federação. Durante a Conferência foram aprovadas as metas nacionais a serem inseridas no Plano Decenal da Assistência Social até 2015. Os delegados aprovaram a Carta Nacional dos Direitos Socioassistenciais entre outras ações, apontando para uma agenda nacional na área da assistência social. A seguir, serão explicitados os principais resultados das ações orçamentárias no âmbito da política de assistência social, destacando a meta de atendimento e a execução orçamentária e financeira do exercício de 2007. PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA Serviços de Proteção Social Básica às Famílias Os Serviços de Proteção Social Básica às Famílias consistem na viabilização do co-financiamento federal junto às demais esferas de governo, para custeio do Programa de Atenção Integral às Famílias (PAIF), desenvolvido nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), visando: a) contribuir na prevenção de situações de risco; b) fortalecer os vínculos familiares e comunitários; c) promover potencialidades e aquisições; e d) favorecer o convívio familiar e o protagonismo dos seus usuários. Os CRAS atuam como referência local e territorial e desenvolvem atendimento socioassistencial às famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, considerando as diversidades e especificidades e primando pela participação popular. São unidades públicas estatais locais de Proteção Social Básica e constituem a porta de entrada para a proteção básica, exercendo o papel de referência e contra-referência com vistas à concretização da função de proteção às famílias em determinado território. Em 2007 o Governo Federal co-financiou a execução dos serviços em 3.248 CRAS, envolvendo 2.624 Municípios, o que possibilitou o referenciamento de aproximadamente 11 milhões de famílias que vivem em territórios de vulnerabilidade, e o atendimento de cerca de 2 milhões de famílias. Para tanto, a execução financeira foi de R$ 276.443.335. Destaca-se também o processo de monitoramento dos CRAS, a partir do preenchimento da Ficha de Monitoramento dos Centros de Referência de Assistência Social - CRAS, disponibilizada no sítio do MDS aos Municípios no período de 13/07/2007 a 22/10/2007. Esse processo significou uma etapa importante na consolidação e gestão das informações dos serviços ofertados e da sua qualidade. A Ficha de Monitoramento contemplou informações qualitativas e quantitativas que possibilitam conhecimento dos espaços e das atividades dos CRAS, a fim de melhorar o planejamento das ações e a formulação de orientações aos Municípios. Com os resultados obtidos, é possível conhecer dados da identificação dos CRAS tais como: endereço, telefone, e-mail, fontes de financiamento, mês e ano de implantação, planejamento de implantação, horário de funcionamento, situação do imóvel, estrutura física, público prioritário, atividades realizadas, intersetorialidade e a composição da equipe técnica de todos os CRAS existentes no País. Será publicado em 2008 um relatório contendo os dados coletados. É importante ressaltar que esse processo de monitoramento repercutiu na formatação do Plano de Acompanhamento dos Serviços de Proteção Social Básica, cuja implantação foi iniciada em 2007. Os dados da ficha também subsidiaram a partilha de recursos do ProJovem Adolescente, na medida em que possibilitaram a identificação dos municípios que têm CRAS em funcionamento. 1022

Serviços Específicos de Proteção Social Básica Os Serviços Específicos de Proteção Social Básica têm por objetivo atender a demandas e necessidades específicas de famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, por meio de atividades complementares às ações do serviço de proteção social básica às famílias, ofertados no CRAS ou na rede de serviços socioassistenciais de proteção básica. No âmbito dessa ação são atendidos, prioritariamente, crianças de 0 a 6 anos, jovens e pessoas idosas. Com relação ao público de zero a seis anos, são co-financiadas ações socioeducativas para crianças atingidas pela pobreza e suas famílias, além de creches e pré-escolas. Foram atendidas no exercício de 2007 aproximadamente 1,6 milhões de crianças. Destaca-se que para o aperfeiçoamento do atendimento à criança foram realizados estudos e discussões sobre a transição das ações de creche e pré-escola, do âmbito da Assistência Social para o da Educação, cumprindo o estabelecido pela LDB, e pelo Fundeb, aprovado por meio da Lei nº 11.494/07, segundo o qual toda a rede de Educação Infantil se integrará ao sistema educacional até o ano de 2009. Nesse sentido foi publicada a Portaria MDS nº 460 de 18/12/07, que orienta os Municípios quanto à aplicação dos recursos no atendimento às crianças e suas famílias, priorizando o público de zero a três anos integrantes de famílias vulnerabilizadas pela pobreza, bem como pessoas idosas. Em relação ao público jovem, são co-financiados os serviços socioeducativos para jovens de 15 a 17 anos em situação de vulnerabilidade e risco social, cuja renda per capita familiar é de até meio salário mínimo, e que recebem a bolsa do Agente Jovem. No ano de 2007, foram atendidos aproximadamente 111.793, distribuídos em cerca de 4.472 núcleos, cada um com capacidade de atender até 25 jovens, abrangendo 1.711 Municípios. Cabe ressaltar que em 2007 foi lançado o novo Programa Nacional de Inclusão de Jovens ProJovem, subdividido em ProJovem Adolescente, ProJovem Urbano, ProJovem Trabalhador e ProJovem Campo. O ProJovem Adolescente, coordenado pelo MDS, é uma reformulação do Agente Jovem, fundamentada nos resultados da pesquisa de avaliação do Projeto Agente Jovem realizada em 2006, em recomendações do Tribunal de Contas da União - TCU e na constituição da Agenda Social do Governo Federal, no ano de 2007. Trata-se de um serviço de Proteção Social Básica, desenvolvido no âmbito do Sistema Único de Assistência Social SUAS, com o objetivo de investir na formação social e humana do jovem e incentivar o aumento de sua escolaridade, gerando maiores oportunidades de integração social e de ingresso em melhores condições no mundo do trabalho, possibilitando, dessa forma, o rompimento do ciclo transgeracional de reprodução da miséria. Para tanto serão oferecidos conteúdos e atividades nas áreas de Meio Ambiente, Saúde, Cultura, Esporte e Lazer, Direitos Sociais e Humanos, Noções Gerais do Mundo do Trabalho, dentre outros de interesse da juventude. O serviço vai beneficiar jovens de 15 a 17 anos de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família; egressos do PETI; egressos ou pessoas vinculadas aos programas de combate ao abuso e a exploração sexual; egressos de medida socioeducativa de internação; egressos ou em cumprimento de outras medidas socioeducativas, conforme disposto na Lei n 8.069 de 13 de julho de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente ECA; egressos ou sob medida de proteção, conforme disposto no ECA. Em 2007, foram realizadas duas teleconferências para todos os gestores do Brasil, por meio do Programa Ponto a Ponto do Banco do Brasil, além da exposição de um painel na VI Conferência Nacional de Assistência Social sobre o serviço socioeducativo e as regras de transição do Agente Jovem para o ProJovem Adolescente. O ano de 2008 será de transição do Agente Jovem para o ProJovem Adolescente. A partir de 2009 não mais será desenvolvido o Projeto Agente Jovem. Quanto ao atendimento a pessoas idosas, foram co-financiados serviços desenvolvidos em grupos e centros de convivência em 2.192 Municípios, beneficiando cerca de 364,2 mil pessoas. No total, foram atendidas no âmbito dessa ação aproximadamente 2,1 milhões de pessoas, sendo que para tanto foi executado o montante de R$ 310.559.093. 1023

Benefício de Prestação Continuada O Beneficio de Prestação Continuada da Assistência Social - BPC, em vigor desde 1º de janeiro de 1996, está regulamentado pela Lei nº. 8.742, de 7 de dezembro de 1993 Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, e pelo Decreto n.º 6.214, de 26 de setembro de 2007, em conformidade aos preceitos constitucionais dos artigos 203 e 204 da Carta Magna Brasileira. Consiste na garantia de um salário mínimo mensal às pessoas idosas a partir dos 65 anos de idade e às pessoas com deficiência incapazes para a vida independente e para o trabalho, em qualquer idade, e que, em ambos os casos, possuam renda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Tratase de um benefício individual, intransferível, não-contributivo, com parcelas continuadas, orçamento definido, com concessão desvinculada de contribuições prévias e desvinculadas da inserção anterior no mercado de trabalho, que legitima uma nova lógica de definição da assistência social como um direito social. No âmbito normativo, destaca-se a publicação do Decreto nº. 6.214, de 26/09/2007, que regula o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social BPC, e do Decreto nº. 6.307, de 14/12/2007, que regula os benefícios eventuais. Outra ação de relevância no ano de 2007 foi a Instituição de Programa de Monitoramento e Acompanhamento do Acesso e Permanência na Escola das Pessoas com Deficiência beneficiárias do BPC, por meio da Portaria Normativa Interministerial nº. 18, de 24/04/07, assinada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério da Educação, Ministério da Saúde e Secretaria Especial de Direitos Humanos. O BPC preenche uma lacuna na proteção social brasileira, incluindo nas políticas públicas uma parcela da população anteriormente sem cobertura. Em 2007, atingiu-se a meta de 1.295.716 beneficiários idosos e 1.385.107 beneficiários com deficiência, tendo uma execução orçamentária de respectivamente R$ 5.555.624.701 e R$ 6.010.882.521. Renda Mensal Vitalícia A Renda Mensal Vitalícia - RMV foi um benefício criado em 1974, no âmbito da Previdência Social, destinado às pessoas com 70 anos ou mais e pessoas em situação de invalidez, que tenham contribuído com a previdência, no mínimo por 12 meses ou tenham exercido atividade remunerada anteriormente não coberta pela Previdência Social, por cinco anos, no mínimo. Foi concedido até 1º de janeiro de 1996, quando foi regulamentada a concessão do BPC. Seu financiamento deve ser mantido até a extinção completa do benefício, com base no pressuposto do direito adquirido. No exercício de 2007 foi realizado o pagamento de 115.965 benefícios de RMV por idade e 284.033 benefícios de RMV por invalidez, envolvendo os montantes de, respectivamente, R$ 577.344.106 e R$ 1.324.439.976. Concessão de Bolsa para Jovens em Situação de Vulnerabilidade Social A concessão de bolsa para jovens em situação de vulnerabilidade social objetiva garantir meios para que o jovem em situação de vulnerabilidade e risco social possa se inserir em atividades que promovam sua cidadania, objetivando sua permanência no sistema educacional e sua iniciação no mercado de trabalho, contribuindo para a promoção da convivência familiar e comunitária. Esta ação integra o Projeto Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano, juntamente com os serviços socioeducativos. Em 2007, foram atendidos cerca de 111.793 jovens em situação de vulnerabilidade e risco social, inseridos em famílias cuja renda per capta é de até meio salário mínimo, envolvendo o montante de R$ 89.341.961. Ressalta-se que com a implantação do ProJovem Adolescente, e a conseqüente extinção do Agente Jovem, e com a unificação dos programas de transferência de renda, será realizada a integração entre a bolsa do Agente Jovem e o Programa Bolsa Família. Dessa forma, as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família, com jovens de 16 e 17 anos, que estejam estudando, terão um repasse mensal de R$ 30,00 até o limite de dois benefícios por família. A estimativa é de que a partir de 2009 não haja mais concessão de bolsa por meio desta ação orçamentária. 1024

Estruturação de Rede de Serviços de Proteção Social Básica Os projetos de Estruturação da Rede de Proteção Social Básica são aqueles que promovem o apoio à estruturação e modernização da rede de serviços e de suas unidades, a melhoria das condições de acesso e de atendimento ao público e do aprimoramento da gestão, com a finalidade de potencializar os serviços desenvolvidos e qualificar a rede da Proteção Social Básica do SUAS. No ano de 2007 essa ação destinou-se ao aprimoramento do atendimento nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), sendo regulada pela Portaria MDS nº. 223, de 25/06/2007 e Edital 002/SNAS/MDS-2007, que aprova e torna públicos os critérios de habilitação e seleção dos pré-projetos cadastrados no Sistema de Convênios (SISCON). Foram selecionados 112 projetos de execução com localizador nacional e 433 selecionados com referência às emendas parlamentares individuais e de bancada. Desta forma, o montante global de recursos com empenhos liquidados dos referidos projetos foi de R$ 56.679.467. PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL Serviços de Proteção Social Especial à Família Os serviços de Proteção Social Especial à Família destinam-se as famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, dentre outras. Nesse âmbito, são co-financiados os serviços de acolhimento às crianças, adolescentes e idosos, mulheres vítimas de violência e o atendimento à população em situação de rua, buscando o fortalecimento dos vínculos e da convivência familiar e comunitária. A oferta dos serviços é estruturada em articulação com outras políticas públicas e sociais, valorizando a participação e o controle social exercido pelos conselhos, fóruns, organizações, entre outros, buscando a promoção do fortalecimento dos vínculos e da convivência familiar e comunitária, mesmo nos casos em que, comprovadamente, houve rompimento de tais vínculos. Em 2007, esses serviços alcançaram o atendimento de aproximadamente 107,2 mil indivíduos, sendo que destes, cerca de 7 mil são pessoas em situação de rua. Para tanto, foi aplicado o montante de R$ 41.761.232. Destaca-se que, tendo em vista a necessidade de reordenar a rede de serviços da alta complexidade e de implantar novas modalidades de atendimento, em 2007 foi realizado, por meio da Portaria MDS nº 460, de 18/12/2007, o reajuste dos valores transferidos aos entes federados, a partir da definição de valores de referência de acordo com o porte do município; bem como a expansão da cobertura desses serviços para mais 50 municípios, priorizando aqueles localizados nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. De acordo com a Portaria, os Municípios e Estados que recebem recursos do Governo Federal terão o prazo de doze meses, a contar de sua publicação, para proceder ao reordenamento dos serviços de acolhimento e implantação de novas formas de atendimento, em conformidade com o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, do Estatuto da Criança e do Adolescente e ao Estatuto do Idoso, entre outras normativas e legislações vigentes. Serviços Específicos de Proteção Social Especial Os Serviços Específicos de Proteção Social Especial oferecem atendimento a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade, com vínculos familiares mantidos, visando melhorar a qualidade de vida da pessoa idosa e da pessoa com deficiência, apoiando a família no exercício de sua função de cuidado e proteção. Esses serviços são constituídos por ações de habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência, atendimento de reabilitação na comunidade, atendimento domiciliar a pessoas idosas e pessoas com deficiência e centro-dia (atendimento especializado diurno na área de assistência social e saúde destinado a pessoas idosas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social, que possuam limitações para a realização de Atividades para a Vida Diária - AVD, cujos cuidados não possam ser dispensados no domicílio ou em outros serviços da rede, apoiando a família em sua função de proteção e cuidado e prevenindo o isolamento e a institucionalização desses usuários). Em 2007 foram beneficiadas 185.352 pessoas, em 1.547 municípios, com execução orçamentária R$ 83.327.359. Estruturação da Rede de Serviços de Proteção Social Especial A Estruturação da Rede de Serviços de Proteção Social especial visa contribuir para a melhoria do acesso e da qualidade dos serviços prestados aos usuários, por meio do apoio técnico e financeiro aos projetos apresentados por Municípios e pelo Distrito Federal para estruturação e modernização das seguintes unidades da rede de serviços da proteção social especial: abrigo institucional para crianças e adolescentes e pessoas idosas; casa- 1025

lar para crianças, adolescentes e pessoas idosas; casa de acolhida temporária para pessoas em situação de rua; e Centro de Referência Especializado da Assistência Social CREAS, dentre outras. No ano de 2007, a aplicação desses recursos foi regulada pela Portaria MDS n. 224, de 24/06/2007, que estabelece normas para o co-financiamento de projetos de Estruturação da Rede da Rede de Serviços de Proteção Social Especial no âmbito do SUAS. Por meio dessa Portaria foi priorizado o cofinanciamento dos projetos a partir da lógica de reordenamento da rede, com recursos destinados à adequação da estrutura física, por meio de ampliação ou conclusão de obra, e à aquisição de bens permanentes para os Creas e para a rede de serviços socioassistenciais de acolhimento da alta complexidade. Foram selecionados 278 projetos para aplicação dos recursos direcionados ao aprimoramento dessa rede de atendimento sócio-assistencial equivalente a 100% do valor alocado nesta ação (exceto emendas de bancada e individuais). No que tange os processos de emendas parlamentares de bancada e individuais, foram selecionados 254 projetos. Para tanto, foi aplicado o montante total de R$ 33.548.030. PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI é destinado a famílias com crianças e adolescentes de até 16 anos em situação de trabalho e consiste na implementação de duas ações articuladas entre si: a transferência de renda às famílias e a oferta de ações socioeducativas para as crianças e adolescentes retirados do trabalho. Em 2007 o MDS trabalhou no sentido de orientar e capacitar os Municípios quanto à identificação e cadastramento de crianças e adolescentes em situação de trabalho precoce no Cadastro Único do governo federal - CadÚnico. Esse trabalho resultou na identificação e atendimento de cerca de 863,2 mil crianças e adolescentes nos serviços socioeducativos, mediante a aplicação de R$ 215.764.588, atendendo em torno de 591.000 famílias. Para o monitoramento das ações do PETI, foi implantado o Sistema de Controle e Acompanhamento das Ações ofertadas pelo Serviço Socioeducativo do PETI - Sispeti, que consiste em um módulo do aplicativo Suasweb, ferramenta via internet da Rede SUAS, com o objetivo de controlar e acompanhar a freqüência mensal mínima de 85% exigida para o serviço socioeducativo do programa. Até o final de 2007, 1.681 Municípios já estavam utilizando o Sispeti como ferramenta de gestão e controle da freqüência mensal no serviço socioeducativo do PETI, representando aproximadamente 50% dos Municípios que tem o programa implantado. Para potencializar as ações do programa e a fiscalização do trabalho infantil, foi assinado em 25 de janeiro de 2007 um termo de cooperação técnica entre o MDS e Ministério Público do Trabalho. Destaca-se também o lançamento, em junho de 2007, da Campanha Com o trabalho infantil, a infância desaparece, que retrata a realidade do trabalho de crianças e adolescentes no campo, nas ruas da cidade e no trabalho doméstico, sensibilizando a sociedade sobre a necessidade de erradicar o trabalho infantil. A campanha foi recentemente premiada no Salão da Propaganda, realizado em Porto Alegre/RS. No ano de 2007 foi iniciada ainda a revisão do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, no âmbito da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil Conaeti, com o objetivo de analisar os resultados alcançados pelos órgãos que têm responsabilidades e ações previstas no Plano. Ressalta-se que das 133 ações previstas no Plano, o MDS é responsável por 48 ações, e alcançou 75% das metas previstas até 2007. Por fim, cabe mencionar os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, divulgada em setembro de 2007, que apontam para uma redução no nível de ocupação das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, de 12,2% em 2005 para 11,5% em 2006. COMBATE AO ABUSO E À EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Proteção Social às Crianças e aos Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias O enfrentamento à violência, ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes é um dos serviços realizados nos Creas, destinado ao atendimento especializado de crianças, adolescentes e suas famílias vitimadas pela violência, abuso e exploração sexual comercial, com o objetivo de assegurar proteção imediata e 1026