Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Decisão 322/96 - Segunda Câmara - Ata 33/96 Processo nº TC 675.079/96-9. Unidade: Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão/SE. Vinculação: Ministério da Educação e do Desporto. Responsável: Cláudia Maria Lima Dantas. Relator: Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha. Representante do Ministério Público: não atuou. Unidade Técnica: SECEX/SE. Especificação do "quorum": Ministros presentes: Adhemar Paladini Ghisi (na Presidência), Paulo Affonso Martins de Oliveira e os Ministros-Substitutos José Antonio Barreto de Macedo e Lincoln Magalhães da Rocha (Relator). Assunto: Relatório de Auditoria. Ementa: Auditoria. Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão SE. Área de pessoal, licitação e contrato. Abono pecuniário de férias. Incorporação de Função Gratificada. Relação de forma irregular com cooperativa agrícola de alunos. Determinação. Juntada às contas. Data DOU: 24/09/1996 Página DOU: 19022 Data da Sessão: 12/09/1996 Relatório do Ministro Relator: GRUPO I - CLASSE III - 2ª Câmara -TC 675.079/96-9 -Natureza: Relatório de Auditoria. -Unidade: Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão em Sergipe. -Responsável: Cláudia Maria Lima Dantas. -Ementa: Relatório de Auditoria. Escola Agrotécnica. Áreas de
pessoal, licitações e contratos, suprimento de fundos, cooperativa agrícola dos alunos e controle de semoventes. Abono pecuniário de férias. Incorporação de Função Comissionada. Juntada do processo às contas da Unidade. Determinações. Trata-se de Relatório de Auditoria, realizada no período de 18/03 a 22/03/96, pela equipe da SECEX/SE, na Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão/SE, abrangendo o período de 01/01 a 22/03/96, em cumprimento ao Plano de Auditoria referente ao 1º semestre de 1996. 2. A Equipe de Auditoria encontrou basicamente as seguintes falhas na Escola, nas áreas de pessoal, licitações e contratos, suprimento de fundos, cooperativa agrícola dos alunos e controle de semoventes (fls. 01/08): 2.1 - PESSOAL 2.1.1 - Abono Pecuniário Férias: Pago através de medida liminar, cujo recurso já foi impetrado pela Assessoria Jurídica da Escola; teve seu cálculo realizado de forma incorreta, no que concerne a professores, pois fazem jus a 45 dias de férias; foram detectados 28 servidores que receberam a maior. 2.1.2 - Incorporação de Função Comissionada-FC: O pagamento de quintos deve ser feito com base no valor do Cargo de Direção-CD ou da Função Gratificada-FG, e não nos parâmetros da Portaria 474/87 (Decisão 322/95-TCU-Plenário). Assim sendo, resta à Escola rever os proventos de seus servidores, Francisco Gonçalves dos Santos, Gilberto Melo Barbosa e Laonte Gama da Silva, bem como de outros que se enquadrem no caso, transformando as parcelas incorporadas ou a opção, ambas calculadas sobre a Função Comissionada, em Cargo de Direção-CD ou Função Gratificada-FG, aplicando os valores inerentes a estas. 2.2 - LICITAÇÕES E CONTRATOS 2.2.1 - Contrato com a Empresa Plansel: Objetivando a prestação de serviços de cozinha, campo e limpeza, foram contratadas 16 pessoas, que passaram a trabalhar a partir de 04/12/95. Relativamente a dez/95 foram encontradas folhas de ponto para 15 funcionários; também o recolhimento da GRPS por parte da empresa incluiu a informação do mesmo número, o que corrobora a conclusão de que, no referido mês, foi feito pagamento a maior de 01 cozinheiro. Valor a ressarcir: R$ 411,48. 2.2.2 - Licitações e Contratos - falhas gerais: a) Falta de exigência de regularidade fiscal (na licitação e
contratação) (Lei nº 8.036/90 - FGTS; art. 194 da Constituição Federal - INSS e art. 193 da Lei nº 5.172/66 - regularidades com as Fazendas Federal, Estadual e Municipal) - Convite NE 94/96 e Convite NE 52/96; b) fixação de prazo de recurso em 02 dias úteis, fora do art. 109 da Lei nº 8.666/93 - Convite nº 46/95; c) contrato sem prévio empenho e conseqüente ausência de citação do número deste no contrato (inciso V, art. 55, da Lei nº 8.666/93 e art. 60 da Lei nº 4.320/64) - Convite nº 49/95; d) inserção de juros de mora no contrato, contra a Administração (Decisão nº 018/94-2ª Câmara/TCU) - Convite nº 46/95; e) falta de assinatura de membros da comissão de licitação nas atas ( 1º do art. 43 da Lei nº 8.666/93) - Tomada de Preços NE 88/96; Convite NE 94/96 e Convite NE 52/96; f) não anexação do Convite com as peças completas nos processos (inciso IV do 2º do art. 40 da Lei nº 8.666/93) - Convite NE 52/96 e Convite 39/95; g) não juntada aos processos da comprovação do cumprimento ao art. 6º do Decreto nº 449/92 (referente a pesquisas para efeito de homologação). 2.3 - SUPRIMENTO DE FUNDOS Ateste de despesas pelo próprio suprido, descumprindo o princípio da segregação das funções; e realização de despesas que poderiam ter sido objeto de procedimentos normais de compra (art. 45 do Decreto 93.972/86). 2.4 - COOPERATIVA AGRÍCOLA DOS ALUNOS 2.4.1 - Os problemas remontam a 1991, quando a Cooperativa não mais apresentou qualquer demonstrativo contábil de suas despesas. 2.4.2 - Ressalte-se que, como alega a Escola, inexiste qualquer normatização, por parte do Ministério da Educação sobre a questão do Cooperativismo. Neste aspecto é necessário que a SEMTEC emita normas disciplinadoras sobre a matéria para que os procedimentos sejam padronizados a nível nacional, bem como auxilie as Instituições nesta tarefa de característica privada. 2.4.3 - Levantou-se os balancetes de outubro, novembro e dezembro de 1995, tarefa executada com sucesso e constatou-se que: a) Existem receitas sem que as notas fiscais estejam anexas; b) Existem receitas em que o documento anexado não foi nota fiscal, citando-a mas não a anexando;
c) Existem receitas e despesas cujos documentos constavam dos pacotes, mas não estavam contabilizadas; d) Inexiste documentos que comprovem o ingresso das mercadorias para venda; e) Não houve juntada de documentos que comprovem a entrega de bens alimentícios ao almoxarifado; e f) manteve-se quantias razoáveis no Caixa por mais de dois meses, sem depósito e aplicação bancária. Estas foram, no âmbito contábil, as constatações que mereceram destaque, pois impossibilitam um fechamento de balanço onde os dados sejam reais. 2.4.4 - Da questão do fluxo de mercadorias: Dada a desorganização da parte contábil, realizou-se levantamentos no sentido de fazer o controle de dados entre as diversas áreas por onde passariam as mercadorias. Procedeu-se à análise na Cooperativa através de solicitação de produção nos meses de outubro, novembro e dezembro/95. No Departamento de Produção da Escola - DEPES solicitou-se as vias das Notas de Produção dos referidos meses. Do almoxarifado pediu-se o demonstrativo de entradas e saídas das mercadorias vindas da Cooperativa. Com isto tentou-se verificar se os controles eram confiáveis, mas demonstraram-se totalmente precários. 2.4.5 - Para efeito de análise, fez-se a apuração do fluxo administrativo das ações e documentos com vistas a identificar pontos de fragilidade nos controles, os quais merecem imediata ação por parte das autoridades competentes, sob pena de desvio de bens, perdas, descontrole administrativo, etc. 2.5 - CONTROLE DE SEMOVENTES 2.5.1 - O Setor de Patrimônio não exerce controle dos animais destinados a corte e postura. Os dados de controle se prendem a animais de tração, gado leiteiro e suínos para reprodução. As crias e os produtos advindos não são controlados nem pelo Patrimônio, nem pelo Almoxarifado. 2.5.2 - Há a necessidade de a Escola apresentar um plano estratégico que englobe o controle de entrada e saída de materiais, exposição de mecanismos de segurança dos animais, evitando roubos, como por exemplo o uso de rodízios de pastos, concentração do gado em um pasto e seu confinamento. 3. Finalmente, a Equipe de Auditoria apresentou proposta de encaminhamento, com a qual está de acordo o Secretário de Controle
Externo, vazada nos seguintes termos, "verbis" (fl. 09): "9. Assim sendo, e com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92, c/c art. 31, inciso II, da IN/TCU - 09/95, propomos a juntada do processo às contas, determinando ao responsável pela Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão a adoção das seguintes medidas corretivas: a) que seja providenciado o desconto dos valores pagos a maior, a título de abono pecuniário, a professores, tendo em vista que o cálculo do mesmo deve abranger um terço da soma do período de férias (45 dias) com o acréscimo, de mesma fração, dado pelo art. 76 da Lei nº 8.112/90, conforme determina o art. 78 do mesmo estatuto; b) que seja adequado o pagamento dos servidores, mesmo aposentados, que incorporaram a antiga Função Comissionada - FC, transformando esta em Cargos de Direção - CD ou Funções Gratificadas - FG, conforme o caso, lembrando ser vedado qualquer pagamento a título de diferenças entre funções, tendo em vista a inexistência de amparo legal (Decisão nº 322/95 - Plenário - TCU); c) que sejam observados os ditames da Lei nº 8.666/93, quando das licitações e contratos, bem como a mesma Lei e o art. 45 do Decreto nº 93.872/86, que regulam a utilização de suprimentos de fundos; d) que seja implantado um plano de controle para os bens semoventes, incluídos aí os destinados a corte e postura, bem como uma total reavaliação destes ativos da Escola; e) que seja procedida a regularização das relações da Cooperativa com a Escola, devendo esta passar pelo controle dos bens a ela destinados, a contabilização das receitas e despesas e a regulamentação do uso de verbas oriundas desta relação; 9.1- Determinar à SEMTEC do Ministério da Educação e do Desporto que estabeleça normas que padronizem, a nível nacional, as regras gerais de relacionamento das Escolas Agrotécnicas com as Cooperativas que operam junto às mesmas; 9.2- Conceder aos órgãos citados 90 (noventa) dias para a apresentação, a este Tribunal, dos resultados do cumprimento das determinações acima descritas; e 9.3- Encaminhar cópia integral do Relatório de Auditoria para a Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão para que observe os fatos lá citados, adotando as providências cabíveis para a regularização."
4. O Ministério Público não se pronunciou neste processo. Voto do Ministro Relator: Acompanhando a proposta da Secretaria Técnica, Voto por que o Colegiado adote a Decisão ora apresentada. Decisão: A Segunda Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, com fundamento no artigo 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92, c/c o artigo 194, incisos I e II, do Regimento Interno/TCU, DECIDE: 1 - Determinar: 1.1 - a juntada do presente processo às contas da Unidade, exercício de 1996, para exame em conjunto e em confronto; 1.2 - à responsável pela Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão a adoção de medidas corretivas, no sentido de que seja(m): a) providenciado o desconto dos valores pagos a maior, a título de abono pecuniário, a professores, tendo em vista que o cálculo do mesmo deve abranger um terço da soma do período de férias (45 dias) com o acréscimo, de mesma fração, dado pelo art. 76 da Lei nº 8.112/90, conforme determina o art. 78 do mesmo estatuto; b) revisto o pagamento dos servidores, inclusive dos aposentados, que incorporaram a antiga Função Comissionada - FC, transformando esta em Cargos de Direção - CD ou Funções Gratificadas - FG, conforme o caso, lembrando ser vedado as regras gerais de relacionamento das Escolas Agrotécnicas com as Cooperativas que operam junto às mesmas; qualquer pagamento a título de diferenças entre funções, tendo em vista a inexistência de amparo legal (Decisão nº 322/95 - Plenário - TCU); c) observados os ditames da Lei nº 8.666/93, quando das licitações e contratos, bem como a mesma Lei e o art. 45 do Decreto nº 93.872/86, que regulam a utilização de suprimentos de fundos; d) implantado um plano de controle para os bens semoventes, incluídos aí os destinados a corte e costura, bem como uma total reavaliação destes ativos da Escola; e e) feita a regularização das relações da Cooperativa com a Escola, devendo esta passar pelo controle dos bens a ela destinados, a contabilização das receitas e despesas e a regulamentação do uso de verbas oriundas desta relação; 1.3 - à SEMTEC do Ministério da Educação e do Desporto que
estabeleça normas que padronizem, a nível nacional, as regras gerais de relacionamento das Escolas Agrotécnicas com as Cooperativas que operam junto às mesmas; 2 - Conceder aos órgãos acima citados o prazo de 90 (noventa) dias, para a apresentação, a este Tribunal, dos resultados relativos ao cumprimento das determinações acima descritas; e 3 - Encaminhar cópia integral do Relatório de Auditoria à Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão, para que observe os fatos lá citados, adotando as providências cabíveis para a regularização. Indexação: Auditoria; Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão; Pessoal; Licitação; Função Gratificada; Incorporação de Gratificação; Abono de Férias; Contrato; Prestação de Serviços; Regularidade Fiscal; Despesa sem Prévio Empenho; Suprimento de Fundos; Bens; Patrimônio;