Uma publicação do DCECO UFSJ Ano III Nº 33 Janeiro de 2011. Problemas ambientais versus educação ambiental

Documentos relacionados
Departamento de Ciências Econômicas DCECO. Tel.:

A produção mundial e nacional de leite - a raça girolando - sua formação e melhoramento

Cadeia Produtiva do Leite. Médio Integrado em Agroindústria

Tabela 01 Mundo Soja Área, produção e produtividade Safra 2009/10 a 2013/14

Uma publicação do DCECO UFSJ Ano II Nº 19 Novembro de 2009

2015 InfoVer São João del-rei, fevereiro de 2013

Departamento de Ciências Econômicas DCECO. Tel.:

INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Leite de Cabra Departamento de Ciências Econômicas UFSJ. Orientador.: Prof. Ívis Bento de Lima

JURANDI MACHADO - DIRETOR. Cenário Carnes 2014/2015

LEITE E DERIVADOS AGOSTO / 2014 /2014/2009

Uma publicação do DCECO UFSJ Ano III Nº 37 Junho de Problemas ambientais versus educação ambiental

Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária RETROSPECTIVA DE 2012 E PERSPECTIVAS PARA 2013

O que esperar do mercado de leite no Brasil e no mundo

Soja - Análise da Conjuntura Agropecuária. Novembro 2015 PARANÁ

Milho Período: 11 a 15/05/2015

AGROMENSAL CEPEA/ESALQ Informações de Mercado

AGROMENSAL CEPEA/ESALQ Informações de Mercado

Desempenho Recente e Perspectivas para a Agricultura

Cesta básica tem alta moderada na maioria das capitais

SINCOR-SP 2016 FEVEREIRO 2016 CARTA DE CONJUNTURA DO SETOR DE SEGUROS

Tel.:

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Uma publicação do DCECO UFSJ Ano V Nº 46 Fevereiro de Termos de troca milho, soja e leite

Tabela 1 - OPERACOES DE CREDITO (milhões de R$) Ano I Nov/13. Fonte: ESTBAN, Banco Central do Brasil

Desempenho da Agroindústria em histórica iniciada em Como tem sido freqüente nos últimos anos (exceto em 2003), os

PROJEÇÕES DO AGRONEGÓCIO Brasil 2009/10 a 2019/20

O indicador do clima econômico piorou na América Latina e o Brasil registrou o indicador mais baixo desde janeiro de 1999

O gráfico 1 mostra a evolução da inflação esperada, medida pelo IPCA, comparando-a com a meta máxima de 6,5% estabelecida pelo governo.

Milho: preços elevados mesmo com super-safra norte-americana

BOVINOCULTURA DE CORTE

Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil

USDA REAFIRMA DÉFICIT INTERNACIONAL EM 2015/16 - MERCADO REAGE TIMIDAMENTE

Uma publicação do DCECO UFSJ Ano III Nº 28 Agosto de Uso do grão de soja na alimentação de vacas leiteiras. Por: Eduarda Pereira Viana*

PRODUÇÃO E ÁREA COLHIDA DE SOJA NO NORDESTE

SINCOR-SP 2016 ABRIL 2016 CARTA DE CONJUNTURA DO SETOR DE SEGUROS

Panorama Geral da Ovinocultura no Mundo e no Brasil

Balança Comercial 2003

Maçã: Balanço mundial (em mil toneladas métricas)

Enfrentando os Desafios Para Criar Competitividade Sustentável

Nota de Crédito PJ. Janeiro Fonte: BACEN Base: Novembro de 2014

MARGENS ESTREITAS PARA O PRODUTOR DE ALGODÃO

Ano V - Edição 34 Agosto 2014

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos FEIJÃO OUTUBRO DE 2015

Mercado Mundial de Carne Ovina e Caprina

PRODUÇÃO E PERPECTIVAS DA CADEIA DO LEITE NA AGRICULTURA FAMILIAR. Eng. Agr. Breno Kirchof

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos LEITE E DERIVADOS NOVEMBRO DE 2015

MERCADO DE TRIGO CONJUNTURA E CENÁRIO NO BRASIL E NO MUNDO

&(67$%É6,&$62%((0&$3,7$,6

O MERCADO DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

Redução do preço de alimentos básicos continua pelo terceiro mês

RELATÓRIO DE MERCADO JULHO DE 2015

Açúcar: Informativo Quinzenal. Oferta se acentua e preços cedem. Indicador de Açúcar Cristal Cepea/Esalq Estado de São Paulo.

Índice de Confiança do Agronegócio

Gráfico 1: Goiás - Saldo de empregos formais, 2000 a 2013

ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE ETENE INFORME RURAL ETENE PRODUÇÃO E ÁREA COLHIDA DE CANA DE AÇÚCAR NO NORDESTE.

Palestras Scot Consultoria

Figura 1 Principais índices de inflação, em variação % jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14

14º CONGRESSO BRASILEIRO DO AGRONEGÓCIO FÓRUM ALIMENTOS. Vamos tornar o Brasil o primeiro produtor de Alimentos do Mundo?

AGROMENSAL CEPEA/ESALQ Informações de Mercado

10º LEVANTAMENTO DE SAFRAS DA CONAB /2013 Julho/2013

A necessidade de elevar a incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre cigarros

NOTA TÉCNICA ALERTA PARA OS PRODUTORES DE SOJA

PAINEL. US$ Bilhões. nov-05 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1

Valor da Cesta Básica aumenta em 12 cidades

150 ISSN Sete Lagoas, MG Dezembro, 2007

Figura 01 - Evolução das exportações de suínos de Santa Catarina no período de 2010 a US$ Milhões.

Pesquisa Mensal de Emprego

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

LEITE E DERIVADOS JULHO / 2013 /2009

SINCOR-SP 2015 JULHO 2015 CARTA DE CONJUNTURA DO SETOR DE SEGUROS

Milho Perspectivas do mercado 2011/12

TRIGO Período de 02 a 06/11/2015

Em janeiro, preço da cesta só cai em duas capitais

CEASAMINAS UNIDADE GRANDE BELO HORIZONTE OFERTA DE ALHO EM AGOSTO NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

SINCOR-SP 2015 DEZEMBRO 2015 CARTA DE CONJUNTURA DO SETOR DE SEGUROS

A visão de longo prazo contempla: Produção Exportações líquidas Estoques. Área plantada Produtividade Consumo doméstico (total e per capita)

PIB do Agronegócio CEPEA-USP/CNA Janeiro a abril de 2008 NÚMEROS BONS E ESTÁVEIS PARA O AGRONEGÓCIO EM ABRIL

Conjuntura Dezembro. Boletim de

Indicador ANEFAC dos países do G-20 Edição Por Roberto Vertamatti*

INDICADORES INDUSTRIAIS RIO GRANDE DO SUL

Pelo segundo mês consecutivo cai o endividamento e a inadimplência em Santa Catarina. Síntese dos resultados Meses Situação da família

Exportação de Serviços

Um novo paradigma para o mercado de óleo de soja

América Latina como Novo Pólo de Produção de Leite

Suinocultura - Análise da Conjuntura Agropecuária

Uma publicação do DCECO UFSJ Ano III Nº 25 Maio de Adubação verde uma alternativa sustentável Por: Paulo Vitor Ferreira de Almeida*

PERFIL DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL SUBSECRETARIA DO AGRONEGÓCIO

PNAD - Segurança Alimentar Insegurança alimentar diminui, mas ainda atinge 30,2% dos domicílios brasileiros

Mamão Hawai uma análise de preços e comercialização no Estado do Ceará.

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) NOVEMBRO/2013

ECONOMIA. Setor fecha 1º bimestre com crescimento de 3,67% Associação Brasileira de Supermercados

Atlas Digital de MINAS GERAIS 1 de 18

SONDAGEM INDUSTRIAL Dezembro de 2015

PROJETO DE PESQUISA EMPRESA JÚNIOR FABAVI VITÓRIA DIRETORIA DE PROJETOS SOCIAIS. Projeto: CESTA BÁSICA DA CLASSE MÉDIA CAPIXABA

A aceleração da inflação de alimentos é resultado da combinação de fatores:

Projeções econômicas para o setor de seguros Ano 2000 (Trabalho concluído em 21/10/99)

A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E SOCIAL DA PRODUÇÃO DE FRANGOS E SUÍNOS EM SANTA CATARINA E NO BRASIL

Boletim Econômico e do Setor Portuário. Sumário

Custo da Cesta básica tem comportamento diferenciado nas capitais pesquisadas

Transcrição:

Uma publicação do DCECO UFSJ Ano III Nº 33 Janeiro de 2011 Problemas ambientais versus educação ambiental Por: Jisleny da Cruz e Heloísa Carneiro* A cadeia produtiva do leite, em abrangência nacional, vem desempenhando um relevante papel no suprimento de alimentos, na geração de empregos e de renda para a população. A cadeia agroindustrial do leite se configura como uma das mais importantes do agronegócio brasileiro. O rebanho bovino do Brasil é estimado em cerca de 202 milhões de cabeças de gado ocupando pouco mais de 172 milhões de hectares. Diante desses números, a pecuária tem sido apontada como uma das atividades que mais prejudicam o meio ambiente. Os impactos ambientais negativos causados pela bovinocultura estão relacionados principalmente com a forma de produção adotada no Brasil: o sistema extensivo de criação. Além disso, a pecuária passou a gerar grande preocupação entre os ambientalistas, devido às emissões globais de metano geradas a partir dos processos entéricos dos ruminantes. A crescente subordinação do processo de produção da pecuária à economia de mercado determina a constituição de uma situação paradoxal em que a incorporação tecnológica, por um lado, possibilita o aumento e a diversificação da produção e, por outro, está associada ao surgimento de novas injúrias ao meio ambiente. Por isso, fazem-se necessários novos enfoques na formação de técnicos ligados à agropecuária, que levem em conta os impactos da pecuária e das respectivas tecnologias sobre o ambiente, além de outros temas como: antropologia, sociologia, agroecologia, relações da saúde com o ambiente e educação ambiental. Como a Extensão Rural trabalha no dia-a-dia com os produtores, os seus técnicos deverão estar sempre atualizados nesses novos enfoques e aplicá-los na prática. A educação ambiental é uma das ferramentas existentes para a sensibilização e a capacitação da população em geral sobre os problemas ambientais. Com ela, buscase desenvolver técnicas e métodos que facilitem o processo de tomada de consciência sobre a gravidade dos problemas ambientais; por isso, a necessidade urgente de tomarmos providências. De forma similar, a "nova extensão rural" exigirá dos extencionistas a capacidade de compreender aspectos relacionados às relações sociais, assim como aspectos da história dos diferentes atores, como condições para o entendimento das reais necessidades, valores e aspirações que orientam sua busca permanente por melhores condições de vida. Acredita-se que uma maior interação da Educação Ambiental popular com a "nova extensão rural" possa promover mudanças mais efetivas nas relações socioambientais. Qualquer ação educativa no campo deve levar em consideração a fala e as representações que os indivíduos têm acerca de seu universo. Por intermédio da fala e dessas representações, é possível articular a situação do sujeito no mundo, apontando sempre novos lugares de onde o sujeito pode responder aos demais. Assim, torna-se possível explicar de que forma a experiência e o senso comum dos trabalhadores rurais se apropriam e dão sentido aos conceitos vindos das tecnologias, e do mau uso delas na pecuária, ponto de partida para toda e qualquer estratégia educativa relacionada ao uso de agrotóxicos, destino correto dos dejetos, poluição do ar no meio rural e impacto da atividade pecuária sobre o meio ambiente. * Jisleny da Cruz é Especialista em Educação Ambiental e Heloísa Carneiro é Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite e PhD em Produção Animal. Fonte: http://www.cileite.com.br/panorama/meioambiente44.h tml EXPEDIENTE InfoVer Informativo sobre o Mercado de Leite de Vaca do Campo das Vertentes Universidade Federal de São João del-rei UFSJ Campus Santo Antônio Praça Frei Orlando, nº 170 Centro São João del-rei Minas Gerais CEP: 36307-904 Tel.: +55 32 3379-2300 www.ufsj.edu.br Departamento de Ciências Econômicas DCECO Coord.: Prof. Ívis Bento de Lima Técnico Administrativo: Paulo Afonso Palumbo Mestrando PUCRS: Alexandre Rodrigues Loures Acadêmica UFSJ: Letícia Alves Tadeu Santiago

Saca de farelo de soja InfoVer São João del-rei, Janeiro de 2011 2 Termos de troca milho, soja e leite A trajetória de elevação dos custos da pecuária leiteira do Campo das Vertentes, em termos de troca, que teve início no mês de junho, encerra o ano com alta de 60%. Uma vez que naquele mês o produtor rural havia gasto 69,3 litros de leite na aquisição de uma saca de milho e de uma saca de soja e em dezembro foram necessários 110,9 litros para realizar a mesma compra. Essa análise refere-se ao período anterior. Na comparação à igual período do ano anterior os resultados foram distintos: soja/litros de leite queda de 18,1% e milho/litros de leite elevação de 17,9%. Gráfico 1 - Litros de leite necessários para adquirir uma saca de milho ou uma saca de soja 90 80 70 60 50 40 23 jan/10 mar/10 mai/10 jul/10 set/10 nov/10 jan/11 Soja (50 kg) Milho (50 kg) Com uma leve queda, 0,5%, na passagem de novembro para dezembro, o termo soja/litros de leite encerra 2010. Em novembro o produtor rural precisou de 66,5 litros de leite para adquirir uma saca de soja e em dezembro despendeu uma quantidade de 66,2 litros de leite. Por sua vez, no comparativo à igual período de 2009 o termo soja/litros de leite teve queda de 18,1%, pois naquele ano o produtor precisou de 80,8 litros de leite para comprar uma saca de soja. 53 48 43 38 33 28 Saca de milho Por mais um mês consecutivo, o termo milho/litros de leite teve alta no comparativo com igual período do ano anterior. Os dispêndios em 2009 e 2010 foram, respectivamente, 37,9 litros de leite e 44,7. Com esses resultados a elevação foi de 17,9%. Já na passagem de novembro para dezembro houve uma pequena elevação (0,7%). Uma vez que em novembro foram gastos 44,4 litros de leite e agora em dezembro 44,7 litros. Tabela 1 Relação de troca milho, soja e leite Mês Farelo de soja Milho 2010 2011 % 2010 2011 % Jan 86,1 71,1-17,4 40,1 53,6 33,7 Fev 66,8 32,9 Mar 70,9 33,0 Abr 47,2 26,4 Maio 47,0 24,8 Jun 43,3 26,0 Jul 46,7 28,2 Ago 47,0 28,4 Set 57,5 37,5 Out 56,2 38,7 Nov 66,5 44,4 Dez 66,2 44,7 O volume de leite necessário para adquirir uma saca de soja e uma saca de milho manteve-se estável na passagem de novembro para dezembro, pois em ambos os meses o produtor precisou de 110,9 litros de leite. No comparativo com igual período do ano anterior a queda foi de 6,6%, pois em dezembro de 2009 gastou-se 118,7 litros e em dezembro de 2010 foram necessários 110,9 litros de leite. Quantitativamente não houve alteração na comparação com o mês anterior, por sua vez, em relação à igual período do ano anterior ocorreu queda de 7,8 litros. Logo, no comparativo com igual período do ano anterior os gastos ficaram menores. Tabela 2 Preço médio dos insumos agrícolas em janeiro de 2011 Produto Kg R$ Var. em relação Var. em relação Produto Kg R$ ao mês anterior ao mês anterior Ração p/vaca 40 37,20 6,90% Ração bezerro 40 37,20 4,20% Sal mineral 30 43,00 0,00% Farelo soja 50 47,10 2,17% Farelo de trigo 40 24,90 3,75% Farelo algodão 50 33,80 1,50% Polpa cítrica 50 24,40 4,27% Milho 50 35,50 14,15%

InfoVer São João del-rei, Janeiro de 2011 3 Tabela 3 Preço médio por kg dos derivados do leite e do leite longa vida Lt. Produto Jan/10 Fev/10 Mar/10 Abr/10 Maio/10 Jun/10 Jul/10 Ago/10 Set/10 Out/10 Nov/10 Dez/10 Jan/11 Mussarela 9,95 10,90 10,65 12,10 12,65 11,90 12,99 12,85 13,96 13,92 13,99 14,20 14,85 Queijo Prato 9,65 9,90 9,87 10,25 11,50 12,20 12,45 12,70 12,99 12,95 12,65 13,99 14,20 Minas Frescal 7,65 6,99 7,02 6,30 6,67 7,10 7,99 8,10 8,20 8,23 8,49 8,79 9,10 Longa Vida 1,45 1,57 1,54 1,85 1,58 1,59 1,65 1,62 1,64 1,61 1,62 1,75 1,68 Mercado da bovinocultura leiteira Duas das três séries de preços pesquisadas pelo DCECO/UFSJ tiveram alta na passagem de novembro para dezembro, o que pode se repetir em janeiro. Pois para o CEPEA Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP): O mercado spot (comercialização do leite cru/resfriado entre as indústrias/cooperativas) seguiu firme entre novembro e dezembro, o que pode sinalizar que os preços a serem pagos aos produtores em janeiro também permaneçam nos mesmos patamares. O mercado spot funciona como um termômetro para o setor. As variações ocorrem de forma mais intensa e antecipada nesse segmento em relação ao mercado ao produtor. Entre os derivados, o leite UHT permaneceu estável em meados de dezembro, enquanto o queijo muçarela [sic] perdeu um pouco de força devido ao aumento da oferta, segundo agentes consultados pelo Cepea. (CEPEA/LEITE: Média de dezembro é a segunda maior para o mês desde 1994. 28 de dezembro de 2010, on line). Os quatros derivados do leite de vaca, no mercado são-joanense, tiveram alta nos preços na passagem de novembro para dezembro, segundo pesquisa mensal do DCECO/UFSJ. O queijo Mussarela foi vendido por R$ 13,99 em novembro e em dezembro a R$ 14,20, sendo assim, alta de 1,5% (a menor elevação). Com o maior percentual de aumento (10,6%) o queijo Prato foi comercializado por R$ 13,99 em dezembro ante R$ 12,65 (preço de novembro). O queijo Minas Frescal teve leve alta de 3,5%; R$ 8,49 em novembro e R$ 8,79 em dezembro. Com 8,0% de alta, o leite Longo Vida encerrou o mês de dezembro com preço de R$ 1,75; ante um preço de comercialização de R$ 1,62 em novembro. A série Latão foi a única das três séries de preços médios livres (descontados frete e CESSR, ex- Funrural) pagos aos produtores rurais da mesorregião Campo das Vertentes que teve queda na passagem de novembro para dezembro (referente à produção de novembro). A alta percentual na série Tanque Próprio foi de 3,51%, pois em novembro o pecuarista havia recebido R$ 0,7117/litro e em dezembro recebeu R$ 0,7367, ou seja, R$ 0,025 a mais por litro de leite. Os preços da série Tanque Comunitário em novembro e dezembro são, respectivamente, R$ 0,6867 e R$ 0,7000. Sendo assim, o produtor recebeu 0,0133 centavos a mais por litro de leite, alta de 1,94%. Na série Latão a queda de preço foi de 3,23%. Uma vez que em novembro o bovinocultor leiteiro dessa série havia recebido por cada litro de leite R$ 0,5925 e agora em dezembro o preço médio dessa série foi de R$ 0,5733. Ou seja, R$ 0,0192 a menos por litro de leite. As duas maiores altas, na série Tanque Próprio, foram da ASPROLEITE, com alta de 7,5%, e da COPRAZ, que teve uma elevação de 7,1%. Por sua vez, nessa mesma série (Tanque Próprio) a menor elevação de preço foi da ARCOBAM/COOPERBOM. Na série Tanque Comunitário a associação APLEI teve alta de 4,1%. Na série Latão tanto a ARCOBAM/SANTA ROSA quanto a ARCOBAM/VITÓRIA tiveram queda de 1,6% em seus preços médios. Tabela 4 Preço médio do leite Tipo C pasteurizado Mês/ano R$ Var.* Mês/ano R$ Var.* Jan/11 1,46 0,0% Jul/11 Fev/11 Ago/11 Mar/11 Set/11 Abr/11 Out/11 Maio/11 Nov/11 Jun/11 Dez/11 *Variação em relação ao mês anterior

R$/Litro R$/Litro InfoVer São João del-rei, Janeiro de 2011 4 Tabela 5 Leite de dezembro pago em JANEIRO/2011. Preço livre após descontos ASSOCIAÇÃO COMPRADOR TANQUE TANQUE PRÓPRIO COMUNITÁRIO LATÃO APLEI BIOLEITE - - - COOPERBOM 0,76 - - ARCOBAM SANTA ROSA 0,75-0,66 LATICÍNIO VITÓRIA 0,75-0,66 ALEMADRE DANONE/QUALIDADE - - - ASPRUR CASTIL 0,50 0,50 0,35 ASPROLPIG RENATA - - - ASPROLEITE ITAMBÉ 0,72 - - CAQ 5 ESTRELAS - - - ASPVALE E APROSERRA LATICÍNIO VITÓRIA 0,77 - - MORRO GRANDE DEL RIOS 0,72 - - COPRAZ KINUTRE 0,75 - - ASPRAVEN DEL RIOS - - - KINUTRE - - - EMBOABAS kinutre 0,72 - - SANTA RITA VALE DO YPÊ - - - MÉDIA 0,7156 0,5000 0,5567 Variação em relação ao mês anterior -2,87% -28,57% -2,91% *25 DE JANEIRO DE 2011. Pesquisa SindRural Informações fornecidas pelas associações. Gráfico 2 - Variação do preço livre pago ao produtor (deflacionado pelo IGP-DI) 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 jan/10 mar/10 mai/10 jul/10 set/10 nov/10 jan/11 Tanque próprio Tanque comunitário Latão Gráfico 3 - Variação do preço livre pago ao produtor (deflacionado pelo IGP-DI; Média Global: Tanque Próprio; Tanque Comunitário e Latão) 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50

InfoVer São João del-rei, Janeiro de 2011 5 Perspectivas para o mercado lácteo Por: Lucas Figueiredo Linhares, Marcos Franca de Almeida e Kennya Beatriz Siqueira* A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou em novembro o estudo Perspectivas da Alimentação 2010/2011. Neste relatório a FAO revisou algumas das projeções divulgadas em junho deste ano. Produção A produção de leite no mundo que era prevista de chegar em 694 milhões de toneladas em 2010, deve ultrapassar este valor e alcançar 710 milhões de toneladas até dezembro. Os maiores responsáveis por este crescimento são China, Índia, Brasil, União Europeia (UE) e Estados Unidos (Figura 1). 8%, devido a enchentes. As previsões de crescimento de 4% para a Índia e 10% para a China são consideradas conservadoras, já que a ocorrência de incidentes, como os relacionados à contaminação do leite com melamina, podem ter tido um impacto maior do que o esperado no setor. Estados Unidos e UE têm previsões de crescimento semelhantes, aproximadamente 1%. Nos Estados Unidos, a produção aumentará para 87 milhões de toneladas devido a melhorias em produtividade e menores taxas de abate. O baixo nível de crescimento da UE, chegando a 133 milhões de toneladas produzidas, se deve ao fato de que produtores e comerciantes ainda estão se adaptando ao novo ambiente de comércio criado pela reforma no setor leiteiro. Na Oceania, os firmes preços ao produtor e as boas condições climáticas criaram um ambiente favorável aos agricultores para expandir a produção nesta temporada (julho-junho 2010/2011). Na Nova Zelândia, espera-se alcançar 17,8 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 6% com relação à última temporada (2009/2010). Já na Austrália a produção chegará a 9,2 milhões de toneladas na temporada 2010/2011, um crescimento moderado de cerca de 2% devido aos altos preços para a alimentação dos animais. Comércio Internacional autores. Fonte: FAO (2010). Elaborado pelos Figura 1 Previsão de crescimento da produção para países selecionados em 2010. Segundo o relatório, em 2010 o comércio internacional de produtos lácteos deve crescer 5,7%, chegando a 46 milhões de toneladas equivalente de leite, o que foi impulsionado pela demanda asiática e da Rússia. O crescimento das exportações ocorreu principalmente pelos Estados Unidos, beneficiado pelos preços atrativos no mercado internacional, Nova Zelândia pela maior oferta de leite, e a UE devido à maior liberação dos estoques públicos. A seguir são apresentas as previsões para o comércio internacional separadamente por produto. China e Índia são os países que mais contribuem para o crescimento da produção. Por outro lado, o Paquistão terá sua produção reduzida em aproximadamente Leite em pó integral: Espera-se crescimento de 1% no comércio em 2010 (Tabela 1), impulsionado pela forte demanda da China, onde as importações praticamente dobraram em

InfoVer São João del-rei, Janeiro de 2011 6 relação a 2009. Outro fator importante foi a recuperação das importações de mercados importantes como Venezuela e Argélia, que aumentaram as quantidades compradas no segundo semestre. Por outro lado, depois de fracas exportações no primeiro semestre, a Argentina recuperou as vendas no segundo, devido à maior oferta do produto. Mas mesmo assim, é esperado queda de 14% nas exportações do produto argentino. Ao contrário, a Nova Zelândia deverá aumentar suas exportações em 8%. Leite em pó desnatado: As expectativas para o produto são boas, podendo haver um crescimento de 13% no comércio em 2010. As exportações dos Estados Unidos e Nova Zelândia podem apresentar forte expansão de 20% e 15%, respectivamente. Para a UE também é esperado um forte crescimento das exportações, mas as expectativas são baseadas em que haverá maiores liberações dos estoques reguladores nofinal do ano. As importações estão firmes, sustentadas pela demanda da China, Indonésia, Malásia e México, que juntos respondem pela metade das compras de leite em pó desnatado. Já as importações africanas podem cair cerca de 4%, principalmente pela queda das compras da Árgélia, segundo maior importador do produto. Manteiga: O relatório prevê um crescimento de 6% para o comércio em 2010, sustentado pela forte demanda por importações da Rússia, Sudeste Asiático e Oriente Médio. Tentando acompanhar a forte demanda, os estoques do produto da UE estão zerados e as exportações devem avançar até 11% esse ano. A Nova Zelândia deve aumentar suas vendas em 5%, impulsionada pela maior oferta de leite. Queijos: Para os queijos a previsão é de aumento de 5% no comércio mundial, com o crescimento sendo liderado pela UE, que aumentou a oferta para países desenvolvidos e a Rússia. Neste último, a previsão é de aumento de 10% nas importações. Essas compras têm aumentado à medida que os períodos recessivos na Rússia e nos países desenvolvidos diminuem. Japão, Coréia do Sul e México, tradicionais importadores de queijo, aumentaram recentemente suas importações. Além disso, há a expectativa de que a China dobre suas importações de queijo este ano, alcançando um volume de 28 mil toneladas. Tabela 1 Exportações mundiais e dos principais países por produto. Fonte: FAO (2010). *Lucas Figueiredo Linhares e Marcos Franca de Almeida são Estagiários da Embrapa Gado de Leite e Kennya Beatriz Siqueira é Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite. Fonte: http://www.cileite.com.br/content/perspectivaspara-o-mercado-l%c3%a1cteo-0 A reprodução de conteúdos das páginas 2, 3, 4 e 7 publicadas neste informativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte InfoVer/UFSJ e a devida data de publicação.

R$/litro R$/litro R$/litro InfoVer São João del-rei, Janeiro de 2011 7 Gráfico 4 - Variação do preço livre pago ao produtor (deflacionado pelo IGP-DI; série Tanque Próprio) 0,94 0,84 0,74 0,64 0,54 Gráfico 5 - Variação do preço livre pago ao produtor (deflacionado pelo IGP-DI; série Tanque Comunitário) 0,95 0,85 0,75 0,65 0,55 0,45 Gráfico 6 - Variação do preço livre pago ao produtor (deflacionado pelo IGP-DI; série Latão) 0,83 0,73 0,63 0,53 0,43