Os farmacêuticos lusófonos estiveram reunidos em Luanda, entre os dias 31 de Maio e 2 de Junho de 2006, por oca sião



Documentos relacionados
CONCLUSÕES DO XI CONGRESSO MUNDIAL DE FARMACÊUTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

AGRUPAMENTO DE CENTROS DE SAÚDE

DECLARAÇÕES EUROPEIAS DA FARMÁCIA HOSPITALAR

PROJETO de Documento síntese

Proposta de Alteração da Lei de Bases do Sistema Educativo

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

ACORDO DE COOPERAÇÃO ENTRE OS ESTADOS MEMBROS DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA SOBRE O COMBATE AO HIV/SIDA

CEF/0910/28031 Relatório preliminar da CAE (Poli) - Ciclo de estudos em funcionamento

Regulamento Interno da Comissão Especializada APIFARMA VET

Índice Descrição Valor

Partido Popular. CDS-PP Grupo Parlamentar. Projecto de Lei nº 195/X. Inclusão dos Médicos Dentistas na carreira dos Técnicos Superiores de Saúde

SISTEMA DE INCENTIVOS À I&DT

PÓS-GRADUAÇÃO EM CUIDADOS FARMACÊUTICOS

Projecto de Lei n.º 408/ X

Convenção 187 Convenção sobre o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho. A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,

A política do medicamento: passado, presente e futuro

Em ambos os casos estão em causa, sobretudo, os modos de relacionamento das empresas com os seus múltiplos stakeholders.

Conferência Internacional

A EXIGÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTÍNUA COMO GARANTIA DE QUALIDADE E DE SUSTENTABILIDADE DA PROFISSÃO

Universidade Nova de Lisboa ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA

Uma rede que nos une

COMISSÃO EXECUTIVA DA ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO ESPECIALISTA EM

MINISTÉRIO DO AMBIENTE

CPLP VII REUNIÃO DE MINISTROS DA EDUCAÇÃO DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA. Luanda, 30 de Março de 2012 DECLARAÇÃO FINAL

ORDEM DOS FARMACÊUTICOS - RESPOSTA A PEDIDO DE CREDITAÇÃO

Membro da direcção da Revista Intervenção Social Investigadora do CLISSIS Doutoranda em Serviço Social

República de Angola DNME/MINSA/ ANGOLA

EIXO PRIORITÁRIO VI ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Descrição de Tarefas para a Posição de Director de Programas, Políticas e Comunicação da AAMOZ

SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA, PRESTAÇÃO DE CONTAS E RESPONSABILIDADE

O Que São os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO)?

Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento. ( ) ENED Plano de Acção

Comemoração dos 30 Anos APAF Análise Financeira: alicerce do mercado de capitais e do crescimento económico Intervenção de boas vindas

PLANO DE ACÇÃO E ORÇAMENTO PARA 2008

Acreditação de Unidades de Saúde nos CSP. A experiência de Valongo

ESTATUTOS LISTA DOS MEMBROS FUNDADORES ASSOCIAÇÃO DE SUPERVISORES DE SEGUROS LUSÓFONOS (ASEL)

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O POSTO DE CONSELHEIRO EM GESTÃO DE FINANÇAS PUBLICAS

49 o CONSELHO DIRETOR 61 a SESSÃO DO COMITÊ REGIONAL

Caracterização dos cursos de licenciatura

ESTATUTOS DO CENTRO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA. Artigo 1.º (Natureza, Membros)

EIXO PRIORITÁRIO VI ASSISTÊNCIA TÉCNICA. Convite Público à Apresentação de Candidatura no Domínio da Assistência Técnica aos Órgãos de Gestão

Maria Augusta Soares de Dezembro 2010

Proposta de Metodologia na Elaboração de Projectos

Energia 2ª ALTERAÇÃO AO AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO. Aviso - ALG Eixo Prioritário 3 Valorização Territorial e Desenvolvimento Urbano

III COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE SEGUROS E FUNDOS DE PENSÕES. Sessão de Abertura

GRANDES OPÇÕES DO PLANO 2008 PRINCIPAIS ASPECTOS

O CHCB emprega mais de 1400 colaboradores;

em nada nem constitui um aviso de qualquer posição da Comissão sobre as questões em causa.

REGULAMENTO DO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM CONTABILIDADE DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA (NEPEC/UCB)

REGULAMENTO DA COMISSÃO DE AUDITORIA DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA IMPRESA-SOCIEDADE GESTORA DE PARTICIPAÇÕES SOCIAIS, S.A.

PROMOTOR. Parceria Científica com a UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone 517 Fax:

PROJECTO DE LEI N.º 393/VIII ESTABELECE O ESTATUTO LEGAL DO MEDIADOR SÓCIO-CULTURAL. Exposição de motivos

PROTOCOLO ENTRE O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E O MINISTÉRIO DA SAÚDE

AUTO-REGULAÇÃO - UMA DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS COMUNS E NORMAS DE BOAS PRATICAS DE ACTUAÇÃO

PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º 28/IX SOBRE A REVISÃO DA POLÍTICA COMUM DAS PESCAS

SISTEMA DE APOIO À MODERNIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CRITÉRIOS DE SELEÇÃO (PI 2.3 E 11.1)

NCE/15/00099 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos

Mestrado em Sistemas Integrados de Gestão (Qualidade, Ambiente e Segurança)

MMX - Controladas e Coligadas

- Reforma do Tesouro Público

Saúde Aviso de Abertura de Concurso para Apresentação de Candidaturas S/1/2007

NCE/11/01396 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos

SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO

AUDITORIAS DE VALOR FN-HOTELARIA, S.A.

Área Metropolitana do. Porto Programa Territorial de Desenvolvimento

Relatório detalhado do seminário: Qualidade e Certificação

Decreto-Lei n.º 228/2000 de 23 de Setembro

Rua da Cruz Vermelha Cidacos - Apartado Oliveira de Azeméis

SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO DE ENTIDADES FORMADORAS ASPECTOS PRINCIPAIS DA MUDANÇA

Plano de Atividades 2015

Restituição de cauções aos consumidores de electricidade e de gás natural Outubro de 2007

ORDEM DOS FARMACÊUTICOS - RESPOSTA A PEDIDO DE CREDITAÇÃO

Empreendedorismo De uma Boa Ideia a um Bom Negócio

REGULAMENTO DO CONSELHO DA COMUNIDADE DO ACES ALENTEJO CENTRAL 2

1. Objectivos do Observatório da Inclusão Financeira

XI Mestrado em Gestão do Desporto

; joao.tedim@sensocomum.pt; joanaviveiro@ordemfarmaceuticos.pt; joaomartinho@ordemfarmaceuticos.pt Assunto:

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE CENTRO DE BIOTECNOLOGIA REGULAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. CAPÍTULO I Das disposições gerais

BIOCANT PARK A NOSSA VISÃO

REGULAMENTO DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS PELO MUNÍCIPIO DE MORA. Nota justificativa

LIDERANÇA PARA A MUDANÇA

MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS. Coerência das Políticas: O Desafio do Desenvolvimento. Sessão Pública ABERTURA

Exmo. Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Exmos. Senhores Membros dos Corpos Directivos da Ordem dos Advogados de Moçambique,

Discurso de Sua Excelência o Governador do Banco de Cabo Verde, no acto de abertura do XIII Encontro de Recursos Humanos dos Bancos Centrais dos

CAPÍTULO VII (Disposições Finais e Transitórias)

1) Breve apresentação do AEV 2011

SÍNTESE DAS CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

CARTA DE AUDITORIA INTERNA GABINETE DE AUDITORIA INTERNA (GAI)

Grupo Parlamentar SAÚDE PELOS UTENTES DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE. Exposição de motivos

VI REUNIÃO DE MINISTROS DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA. Maputo, 15 de Abril de 2014

Transcrição:

ASSOCIAÇÃO DE FARMACÊUTICOS DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA 8 w w w. f a r m a c i a e m p o r t u g u e s. o r g A g o s t o 2 0 0 6 VIII Congresso Mundial dos Farmacêuticos de Língua Portuguesa Saúde em boas mãos A língua portuguesa voltou a unir os farmacêuticos para mais uma edição do congresso da Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa (AFPLP). A comunidade farmacêutica lusófona, ciente de que as funções que exerce no âmbito dos cuidados de saúde são imprescindíveis para a melhoria da qualidade de vida das populações, traçou o rumo para as suas intervenções junto dos respectivos países. Os farmacêuticos lusófonos estiveram reunidos em Luanda, entre os dias 31 de Maio e 2 de Junho de 2006, por oca sião do VIII Congresso Mundial dos Farmacêuticos de Língua Portuguesa. O evento juntou na capital angolana cerca de 400 profi ssionais de farmácia, oriundos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Durante os dois dias de trabalhos do Congresso, precedidos pela realização da Assembleia-geral da AFPLP, estiveram em discussão temas como o VIH/SIDA e Tuberculose, as necessidades formativas dos farmacêuticos e a regulamentação do sector nos diferentes países. Iniciativas de cooperação Uma das presenças mais mar cantes no evento foi a do ministro da Saúde angolano, Sebastião Veloso, que defendeu uma maior intervenção dos governos de língua portuguesa na protecção das populações no que toca ao acesso a medicamentos de qualidade, seguros e eficazes. Juntos conseguiremos manter uma qualidade de medicamentos aceitável para o uso humano, através de uma vigilância em todo o circuito, desde a formulação, passando pela produção, regulamentação e controlo na entrega, até ao momento em que é administrado ao doente, considerou Sebastião Veloso. Na sessão plenária dedicada ao problema do VIH/SIDA e Tuberculose, o consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o VIH/SIDA em África, Rui Gama Vaz, apresentou alguns números da pandemia no continente africano, sugerindo também algumas intervenções no âmbito da prevenção, diagnóstico e tratamento. Uma outra área que mereceu particular relevo foram as necessidades de formação dos farmacêuticos, tanto ao nível pré e pós-graduado, como numa perspectiva de formação contínua. O farmacêutico Boaventura Moura revelou a experiência angolana nesta área, seguindo-se as intervenções dos colegas de Moçambique, Cabo Verde e Portugal. Sebastião Veloso, ministro da Saúde de Angola Pelo desenvolvimento do sector Daniel António, Director nacional do Medicamento No segundo dia de trabalhos debateu -se o acesso, qualidade e segurança dos medicamentos. Ascenção Farinha, do Laboratório de Estudos Farmacêuticos (LEF), efectuou um ponto de situação sobre a contrafacção de medicamentos nos países de língua portuguesa, realçando algumas consequências do crescimento dos mercados paralelos, especialmente em termos de saúde pública. No encerramento dos trabalhos, o presidente da AFPLP, Salim Tuma Haber, insistiu na necessidade de as autoridades incluírem nas políticas de saúde dos seus países os serviços farmacêuticos. Não há como avançar em saúde, sem a participação profissional do farmacêutico.

w w w. f a r m a c i a e m p o r t u g u e s. o r g A g o s t o 2 0 0 6 Resumo das intervenções Troca de experiências foi a tónica do evento As cinco sessões plenárias agendadas para os dois dias de trabalhos reuniram no Palácio de Congressos de Luanda cerca de duas dezenas de oradores. Nos diferentes temas abordados foi dada uma ênfase particular sobre a situação individual de cada país, tornando possível confrontar experiências e perspectivar caminhos para o desenvolvimento. O arranque dos trabalhos do VIII Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa foi assinalado pelas intervenções de alguns responsáveis do país anfitrião. Convidado a presidir a mesa de abertura do evento, o ministro da Saúde angolano, Sebastião Veloso, e o secretário-geral da ASSOFARMA, Mateus Fernandes, deram as boas-vindas aos congressistas e apresentaram a realidade do sector farmacêutico angolano. A estratégia mundial no combate ao VIH/SIDA e Tuberculose foi o tema do primeiro painel de intervenções. Rui Gama Vaz, consultor da OMS para o VIH/SIDA em África, foi o primeiro orador a falar sobre o acesso à prevenção, tratamento e cuidados assistenciais face às duas patologias. Na opinião deste especialista, o continente africano, sendo o mais afectado pela pandemia do VIH, é também aquele que necessita de uma intervenção mais urgente por parte da comunidade internacional. Rui Gama Vaz aponta, o empenho político e a liderança nacional, com maior e melhores mecanismos de coordenação, como factores fundamentais para o sucesso do desenvolvimento de estratégias de combate à doença. Preocupações em torno do VIH/SIDA e Tuberculose Ainda no âmbito desta sessão plenária, a representante brasileira, Marília Salim Tuma Haber Coelho Cunha, explicou o programa de luta contra a doença no seu país. No Brasil, a seleção dos medicamentos anti-retrovirais a serem distribuídos está sob a responsabilidade da Coordenação Nacional de DST e Aids e do Ministério da Saúde, através de um comité assessor para a terapia anti-retroviral. O segundo painel de conferências foi subordinado ao tema Intervenção do Farmacêutico no Sistema de Saúde: Que Competências e que Conhecimentos. A intervenção inicial foi da responsabilidade de Boaventura Moura, que focou as necessidades de formação do farmacêutico, começando por traçar o panorama sobre a realidade do ensino farmacêutico em Angola. Este farmacêutico destaca, contudo, que a formação contínua é pouco actuante na área do medicamento. No que se refere à formação graduada e pós-graduada no sector público, embora seja inexistente, tem-se revelado fundamental em áreas como a gestão farmacêutica, farmácia clínica, farmácia hospitalar e docência. Segundo Boaventura Moura devem-se fomentar debates e promover a união de esforços entre os diversos actores envolvidos com o ensino farmacêutico, de tal forma que a sociedade possa continuar a contar com profissionais bem formados e capacitados a contribuir para a promoção de uma assistência farmacêutica de qualidade. Posteriormente, a representante de Cabo Verde, Ângela Silvestre, revelou que a Direcção Geral de Farmácia é o órgão central responsável pela regulamentação, orientação, execução, avaliação, inspecção da actividade farmacêutica e, de coordenação e apoio técnico à gestão dos equipamentos médico-hospitalares, contando, para o efeito com o apoio da Comissão Nacional de Medicamentos, um órgão consultivo em matéria de política de medicamentos. Ângela Silvestre considera que apesar do farmacêutico se encontrar bem posicionado dentro da orgânica do Ministério da Saúde, continua a ter um papel muito voltado para a gestão, distribuição e legislação. Nesse sentido, sugere uma maior integração nas equipas de saúde, enquanto profissional da saúde, e a abertura de oportunidades para intervir em áreas tão importantes como a saúde pública, nos programas de prevenção e educação e nos cuidados primários. Necessidades formativas Em relação à realidade portuguesa, o secretário-geral da AFPLP, Paulo Duarte, destacou as necessidades formativas dos profissionais do sector, sublinhando as novas directivas resultantes da Declaração de Bolonha. Neste contexto, enunciou algumas áreas-chave que devem constar do plano curricular das Faculdades de Farmácia. Além disso, o secretário-geral da AFPLP destacou a importância do desenvolvimento profissional contínuo, que no caso português está consagrado através do processo de Revalidação da Carteira Profissional. Na última sessão plenária do primeiro dia, com o tema Regulamentação da Farmácia e do Medicamentos, o Director Nacional do Medicamento de Angola, Daniel António, fez uma prelecção em que destacou os aspectos mais relevantes para as entidades reguladoras, considerando o acesso, disponibilidade, efi cácia, qualidade e Mateus Fernandes Thebar Miranda João de Jesus

segurança dos medicamentos como vectores fundamentais para actuação das agências. Na sua visão do sector, não existe um modelo ideal de regulamentação, devendo ser adoptado um modelo adequado às circunstâncias de cada país. Daniel António terminou a sua intervenção realçando um objectivo comum às entidades reguladoras: garantir que toda a população tenha acesso a medicamentos eficazes, seguros e com qualidade, em qualquer parte do país, e a preços controlados. Nas intervenções que se seguiram, foram apresentados alguns dados sobre actividade farmacêutica no Brasil e Portugal. O presidente da AFPLP, Salim Tuma Haber, evidenciou a legislação mais relevante para o exercício da profissão, desde a constituição do Conselho Federal de Farmácia passando pela criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em 1999. O presidente da AFPLP realçou ainda algumas importantes resoluções aprovadas no seu país, como o regulamento técnico de Boas Práticas de Farmácia ou a criação do Comité Nacional para Uso Racional de Medicamentos. No caso português, António Nogueira expôs alguns dados sobre a capitação de farmácias na Europa, explicou as atribuições das entidades reguladoras e da própria Ordem dos Farmacêuticos, dando particular destaque ao sistema de qualificação e admissão em vigor, e apresentou alguns dados sobre a composição do preço dos medicamentos e o seu consumo em Portugal. Promover a qualidade dos medicamentos O segundo dia iniciou-se com a abordagem ao problema contrafacção de medicamentos, uma questão perfeitamente actual nos países em vias de desenvolvimento e que, por isso, foi alvo de grande debate no decorrer do congresso. Ascensão Farinha, do Laboratório de Estudos Farmacêuticos (LEF), começou por esclarecer que a definição de medicamentos contrafeitos não está completamente uniformizada e varia muito de país para país, um facto que não só torna as trocas de informação entre países difícil como impede um correcto conhecimento da situação a nível global. As consequências do crescimento deste mercado paralelo são diversas, podendo conduzir à morte pela doença, a dificuldades no tratamento ou à criação de estirpes resistentes (antibióticos e sobretudo malária). As recentes quebras de barreiras fronteiriças entre países levou a um aumento na contrafacção de medicamentos, por isso, Ascensão Farinha considera fundamental a uniformização das medidas anti-contrafacção entre os diferentes países e uma cooperação de forma a poder haver fluxos de informação em tempo útil que impeçam o crescimento deste fenómeno. Em jeito de conclusão, Ascensão Farinha sugeriu a criação de um grupo de trabalho no seio da AFPLP com o objectivo de coordenar as actividades a desenvolver nesta área, começando desde logo por criar uma definição comum para medicamentos contrafeitos e medicamentos substandards. Ascensão Farinha sugere ainda a criação de um documento de notifi cação, com o objectivo de centralizar a notificação de contrafacções, a coordenação dos estudos de comprovação da qualidade de medicamentos e a ligação entre laboratórios independentes e as autoridades de cada país. Ascensão Farinha Ângela Silvestre w w w. f a r m a c i a e m p o r t u g u e s. o r g A g o s t o 2 0 0 6 Problemas de contrafacção Na intervenção seguinte, o representante de Angola, Constâncio João, veio defender a aprovação urgente da Política Nacional Farmacêutica, como forma de combater o crescimento de um mercado paralelo de medicamentos, além de permitir também a introdução de um sistema de farmacovigilância, de um serviço de registo de medicamentos e o estabelecimento de um laboratório de controlo da qualidade. Já no que se refere à situação de São Tomé e Príncipe, Marcelina Costa sublinhou os preceitos legais existentes para por cobro a problemática de autorização para comercialização e importação de medicamentos. A farmacêutica identifi cou alguns factores que influenciam a entrada de medicamentos duvidosos (ausência de política de medicamentos que pudessem contrariar a situação; morosidade na adopção de leis especificas e carência de recursos humanos capacitados), enunciando também algumas medidas que considera indispensáveis para inverter a situação, como a reformulação da área de regulamentação e controlo, a formação de recursos humanos e o melhoramento da qualidade da inspecção farmacêutica. No último painel do Congresso, sobre Tecnologias de Saúde como Motor de Desenvolvimento, Thebar Miranda, analisou alguns indicadores de saúde da OMS para os países de língua oficial portuguesa, incidindo, no entanto, a sua intervenção sobre a evolução da prestação de cuidados de saúde em Portugal. Na sua opinião, a utilização de medicamentos traduz o grau de desenvolvimento de um país, contudo, o crescimento do consumo deve ser sustentado e sustentável, cabendo às entidades reguladoras garantir a qualidade, segurança, eficácia e sustentabilidade do financiamento. Na intervenção seguinte, a cargo de Rui Loureiro foram analisados os sub-sistemas de Gestão da Qualidade na Saúde. Referindo-se ao sector farmacêutico, Rui Loureiro fez questão de sublinhar o papel das agências reguladoras no controlo da qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos, tanto através da vigilância do exercício profissional como dos próprios medicamentos e dispositivos médicos, que são sujeitos a processos de licenciamento. O VIII Congresso Mundial da AFPLP terminou com a apresentação das conclusões por parte do secretário-geral da AFPLP, enquanto o presidente da AFPLP, Salim Tuma Haber no discurso de encerramento sublinhou a elevada participação dos farmacêuticos lusófonos que mais uma vez demonstraram a sua disponibilidade para desenvolver projectos de cooperação entre os países de língua portuguesa, tendo em vista o desenvolvimento e aperfeiçoamento do sector farmacêutico. Marília Cunha Marcelina Costa

w w w. f a r m a c i a e m p o r t u g u e s. o r g A g o s t o 2 0 0 6 Organização apresentou conclusões Reunião alcançou consensos No final dos trabalhos do VIII Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa foram apresentadas aos participantes algumas conclusões sobre os diferentes temas abordados durante a reunião. Combate ao VIH/Sida 1. O combate ao VIH/Sida é uma preocupação mundial para a qual decisores políticos, organizações da sociedade civil e profissionais de saúde devem dirigir todos os esforços. 2. Os farmacêuticos e a farmácia são, muitas das vezes, o recurso de saúde mais disponível, estando empenhados em colaborar neste combate. 3. Os farmacêuticos reforçam o seu compromisso de contribuir de forma determinante para uma estratégia integrada e eficaz no combate ao VIH/Sida nos países de língua portuguesa, manifestando o seu total empenho em intervirem nos domínios da garantia da qualidade e segurança do circuito do medicamento, na promoção da saúde e prevenção da doença, no diagnóstico e na acessibilidade e adesão à terapêutica. Paulo Duarte Formação dos farmacêuticos 4. A existência de recursos humanos com conhecimentos e competências adequadas é determinante para o desenvolvimento, implementação e consolidação do sistema farmacêutico. 5. A intervenção diferenciada do farmacêutico é indispensável para alcançar o sucesso de políticas de saúde orientadas para o doente e para a obtenção de ganhos em saúde. 6. A existência de um sistema farmacêutico é essencial para a garantia do acesso das populações a medicamentos e produtos de saúde com qualidade, seguros e eficazes. 7. A intervenção farmacêutica promove, também, a difusão de informação e aconselhamento em saúde apropriado às necessidades da população. 8. O exercício da profissão farmacêutica deve ser encarado como uma actividade liberal, autónoma, auto-regulada e independente, alicerçado na evidência científica. 9. O medicamento assume uma importância crescente no âmbito dos sistemas de saúde, sendo uma das principais tecnologias de saúde no âmbito da prevenção e tratamento de doenças. 10. A formação técnica e científica do farmacêutico exigem conhecimentos, capacidades e competências que lhe permitam intervir em todas as fases do circuito do medicamento: investigação, formulação, produção, controlo de qualidade, regulamentação, distribuição, dispensa, monitorização da efectividade e segurança e farmacovigilância. 11. A evolução dos sistemas de saúde, o comportamento dos cidadãos, as novas tecnologias de comunicação e informação, a evolução técnico-científica na área da saúde, a implementação de sistemas de garantia e gestão de qualidade, a logística e as obrigações ético-deontológicas são exigências da sociedade para as quais a formação dos farmacêuticos deve encontrar as respostas adequadas. 12. O desenvolvimento profissional contínuo deve ser uma preocupação individual de cada farmacêutico. 13. Tendo presente a realidade Angolana, o desenvolvimento de uma licenciatura em ciências farmacêuticas, na Universidade pública Agostinho Neto deverá ser encarado como um objectivo prioritário, que deve ser concretizado tão cedo quanto possível. 14. O Governo Angolano, através de S. E. o Vice-Ministro do Ensino Superior, e a Reitoria da Universidade Agostinho Neto estão disponíveis e empenhados em concretizar esse objectivo. 15. A Ordem dos Farmacêuticos de Portugal está disponível e empenhada em suportar técnica e cientificamente esse objectivo. 16. A Associação de Profissionais de Farmácia de Angola (ASSOFARMA) e a Pró-Ordem dos Farmacêuticos de Angola irão formalizar tão cedo quanto possível o processo junto da Reitoria da Universidade Agostinho Neto, através da entrega do plano de Estudos já desenvolvido, criando condições para que ainda este ano possa ser formalizada uma parceria e definido o calendário da sua concretização. Acesso, qualidade e segurança dos medicamentos 17. A Organização Mundial de Saúde considera que a contrafacção de medicamentos é um problema significativamente crescente, estimando-se que representará cerca de 10% do mercado mundial de medicamentos. 18. O problema da contrafacção de medicamentos é global, atingindo todos os países, independentemente do seu estadio de desenvolvimento, como é o caso dos EUA, no qual, refira-se como exemplo, praticamente duplicaram Rui Gama Vaz

os casos identificados de medicamentos contrafeitos de 2003 (30) para 2004 (58), estimando-se que possam atingir os 75 mil milhões de dólares em 2010. 19. A qualidade dos medicamentos deve ser alcançada pela verificação de conceito global, garantido com a participação farmacêutica, que exija: i) um dossiê de autorização de introdução no mercado rigoroso e preciso que comprove a sua qualidade farmacêutica in vivo e in vitro, a sua segurança e a sua eficácia; ii) um processo produtivo de acordo com as especificações aprovadas; iii) uma constância na produção dos seus lotes; iv) um circuito de distribuição que garanta a sua conservação e estabilidade; v) uma prescrição adequada ao diagnóstico, perfil fisiopatológico e condição económico-social do doente; vi) uma dispensa que garanta o uso adequado e seguro do medicamento, promovendo a racionalidade terapêutica e o combate ao desperdício; vii) um sistema de farmacovigilância actuante; viii) uma estratégia de fiscalização e inspecção por autoridades que reforce a confiança no circuito do medicamento; José Sebastião 20. O farmacêutico é o especialista do medicamento, intervindo em todo o circuito, desde a formula ção, produção, regulamentação, controlo, dispensa, monitorização da efectividade e segurança e farma covigilância. 21. Os Governos têm a obrigação de proteger a população, garantindo o acesso a medicamentos e outros produtos de saúde que cumpram os requisitos internacionais de qualidade, segurança e efi cácia, ao menor custo possível. 22. Os farmacêuticos de língua portuguesa elegem a garantia de acesso da população a medicamentos de qualidade e seguros industriais ou manipulados como uma prioridade absoluta da sua actividade, estando: i) Empenhados em constituírem-se como fontes de informação credível e responsável sobre medicamentos, permitindo a difusão do conhecimento que assegure a qualidade global do medicamento; ii) Disponíveis para desenvolver estudos comparativos de qualidade, independentes de quem fabrica e de quem autoriza os medicamentos; iii) Disponíveis para implementar, em todas as fases em que intervêm no circuito do medicamento, sistemas integrados de boas práticas, de acordo com os mais elevados padrões internacionais de qualidade; iv) Empenhados no desenvolvimento e prestação de serviços farmacêuticos, essenciais e diferenciados, adequados às populações, que garantam o uso adequado e seguro dos medicamentos, visando a obtenção de ganhos em saúde; v) Empenhados em contribuir na farmacovigilância e na avaliação farmacoepidemiológica dos medicamentos no espaço lusófono. w w w. f a r m a c i a e m p o r t u g u e s. o r g A g o s t o 2 0 0 6 23. Entendeu-se como importante constituir no seio da AFPLP uma estrutura que garanta o acompanhamento permanente e a permuta de informação sobre a temática do acesso, qualidade e segurança dos medicamentos. 24. Recomenda-se aos colegas Angolanos que constituem uma Comissão de Acompanhamento que acompanhe de perto o desenvolvimento e implementação da Política Nacional Farmacêutica, em fase de aprovação pelo Governo Angolano. Grupos de artistas angolanos proporcionaram alguns momentos de descontração durante a reunião

w w w. f a r m a c i a e m p o r t u g u e s. o r g A g o s t o 2 0 0 6 Resoluções da Assembleia-geral da AFPLP Prioridade à Formação e Qualidade Na véspera do início dos trabalhos do VIII Congresso Mundial dos Farmacêuticos de Língua Portuguesa realizou-se a Assembleia-geral da Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa (AFPLP), donde emergiram duas importantes resoluções que serão dadas a conhecer à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, aos Governos e à população da comunidade lusófona. A QUALIDADE E SEGURANÇA DOS MEDICAMENTOS Considerando que: a) em 31 de Outubro de 2000, no Rio de Janeiro, a AFPLP aprovou uma resolução sobre a prevenção da falsificação de medicamentos, demonstrando o empenho dos farmacêuticos dos países de língua portuguesa no combate à sua disseminação; b) a Organização Mundial de Saúde considera que a contrafacção de medicamentos é um problema significativamente crescente, estimando-se que representará cerca de 10% do mercado mundial de medicamentos; c) o problema da contrafacção de medicamentos é global, atingindo todos os países, independentemente do seu estadio de desenvolvimento, como é o caso dos EUA, no qual, refira-se como exemplo, praticamente duplicaram os casos identificados de medicamentos contrafeitos de 2003 (30) para 2004 (58), estimandose que possam atingir os 75 mil milhões de dólares em 2010; d) a qualidade dos medicamentos deve ser alcançada pela verificação de conceito global, garantido com a par ticipação farmacêutica, que exija: i) um dossiê de autorização de introdução no mercado rigoroso e preciso que comprove a sua qualidade farmacêutica in vivo e in vitro, a sua segurança e a sua eficácia; ii) um processo produtivo de acordo com as especificações aprovadas; iii) uma constância na produção dos seus lotes; iv) um circuito de distribuição que garanta a sua conservação e estabilidade; Jaldo de Souza v) uma prescrição adequada ao diagnóstico, perfil fisiopatológico e condição económico-social do doente; vi) uma dispensa que garanta o uso adequado e seguro do medicamento, promovendo a racionalidade terapêutica e o combate ao desperdício; vii) um sistema de farmacovigilância actuante; viii) uma estratégia de fiscalização e inspecção por autoridades que reforce a confiança no circuito do medicamento; e) o farmacêutico é o especialista do medicamento, intervindo em todo o circuito, desde a formulação, produção, regulamentação, controlo, dispensa, monitorização da efectividade e segurança e farmacovigilância; f) os Governos têm a obrigação de proteger a população, garantindo o acesso a medicamentos e outros produtos de saúde que cumpram os requisitos internacionais de qualidade, segurança e eficácia, ao menor custo possível. Os farmacêuticos dos países de língua portuguesa: 1. Elegem a garantia de acesso da população a medicamentos de qualidade e seguros industriais ou manipulados - como uma prioridade absoluta da sua actividade; 2. Expressam às autoridades reguladoras internacionais e nacionais o seu total apoio e disponibilidade para a promoção de actividades coordenadas, com vista a detectar e a eliminar do sistema farmacêutico os medicamentos contrafeitos; 3. Entendem que a disponibilidade de recursos farmacêuticos, com formação, conhecimentos e competências adequadas, é um contributo essencial para garantir a qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos; 4. Estão empenhados em constituírem-se como fontes de informação credível e responsável sobre medicamentos, permitindo a difusão do conhecimento que assegure a qualidade global do medicamento; 5. Estão disponíveis para desenvolver estudos comparativos de qualidade, independentes de quem fabrica e de quem autoriza os medicamentos; 6. Estão disponíveis para implementar, em todas as fases em que intervêm no circuito do medicamento, sistemas integrados de boas práticas, de acordo com os mais elevados padrões internacionais de qualidade; 7. Estão empenhados no desenvolvimento e prestação de serviços farmacêuticos, essenciais e diferenciados, adequados às populações, que garantam o uso adequado e seguro dos medicamentos, visando a obtenção de ganhos em saúde; 8. Estão empenhados na farmacovigilância e na análise farmacoepidemiológica dos medicamentos no espaço lusófono.

DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO DE FARMACÊUTICOS NO SÉCULO XXI: CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS Considerando que: a) a existência de recursos humanos com conhecimentos e competências adequadas é determinante para o desenvolvimento, implementação e consolidação do sistema farmacêutico; b) a intervenção diferenciada do farmacêutico é indispensável para alcançar o sucesso de políticas de saúde orientadas para o doente e para a obtenção de ganhos em saúde; c) a existência de um sistema farmacêutico é essencial para a garantia do acesso das populações a medicamentos e produtos de saúde com qualidade, seguros e eficazes; d) a intervenção farmacêutica promove, também, a difusão de informação e aconselhamento em saúde apropriado às necessidades da As resoluções da AG da AFPLP foram apresentadas aos congressistas população; e) o exercício da profissão farmacêutica deve ser encarado como uma actividade liberal, autónoma, auto-regulada e independente, alicerçado na evidência científica; f) o farmacêutico é o especialista do medicamento; g) o medicamento assume uma importância crescente no âmbito dos sistemas de saúde, sendo uma dos principais tecnologias de saúde no âmbito da prevenção e tratamento de doenças; h) a formação técnica e científica do farmacêutico exige habilitações de conhecimentos, capacidades e competências que lhe permitam intervir em todas as fases do circuito do medicamento: investigação, formulação, produção, controlo de qualidade, regulamentação, distribuição, dispensa, monitorização da efectividade e segurança e farmacovigilância; i) a evolução dos sistemas de saúde, o comportamento dos cidadãos, as novas tecnologias de comunicação e informação, a evolução técnico-científica na área da saúde, a implementação de sistemas de garantia e gestão de qualidade, a logística e as obrigações ético-deontológicas são exigências da sociedade para as quais a formação dos farmacêuticos deve encontrar as respostas adequadas; j) o desenvolvimento profissional contínuo deve ser uma preocupação individual de cada farmacêutico. w w w. f a r m a c i a e m p o r t u g u e s. o r g A g o s t o 2 0 0 6 Os farmacêuticos dos países de língua portuguesa aprovam a resolução seguinte: 1. O farmacêutico deve reunir, conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde, 7 capacidades essenciais: prestador de cuidados; decisor/solucionador de problemas; comunicador/intérprete; líder/colaborador; gestor; estudante ao longo da vida; professor; 2. O farmacêutico deve congregar 5 valores essenciais: responsabilidade; competência/profissionalismo; integridade; solidariedade; crítica/avaliação; 3. A formação pré-graduada, pós-graduada e contínua deve ser orientada para dotar os farmacêuticos destas capacidades e destes valores, para além da indispensável e rigorosa formação técnico-científi ca universitária; 4. As faculdades de farmácia têm uma intervenção crucial na transmissão do conhecimento, devendo fornecer as ferramentas e as competências mínimas para o desenvolvimento da excelência profi ssional dos futuros farmacêuticos; 5. Os conhecimentos essenciais da formação pré-graduada do farmacêutico devem abranger as áreas seguintes: a. Ciências Biológicas, Clínicas, Analíticas, Farmacêuticas e Físicas; b. Farmacoterapia; c. Biologia Molecular, Genética e Microbiologia Clínica; d. Biotecnologia; e. Novos Sistemas de Libertação de Fármacos; f. Saúde Pública, Cuidados Farmacêuticos, Ensaios Clínicos; g. Farmacoepidemiologia e Economia da Saúde; h. Sistemas de Saúde, Gestão e Assuntos Profissionais; i. Comunicação e Farmácia Prática; j. Utilização das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação; k. Introdução à Qualidade e aos Sistemas de Gestão da Qualidade e Avaliação do Desempenho Profissional; l. Logística e Gestão Farmacêutica; m. Ética e Deontologia. 6. O desenvolvimento de conhecimentos teóricos deve ser suportado por forte componente prática, procurando que o contacto com o doente em contexto de prática real seja iniciado o mais precocemente possível; 7. Os farmacêuticos devem assumir a responsabilidade individual e sistemática de manter, desenvolver e alargar os seus conhecimentos, capacidades e atitudes, de modo a assegurar uma elevada competência profissional ao longo da sua carreira, através de um processo de desenvolvimento profissional contínuo; 8. Devem ser implementados mecanismos que assegurem o aperfeiçoamento e a evolução profissional constante da qualificação dos novos farmacêuticos e dos farmacêuticos em exercício.

w w w. f a r m a c i a e m p o r t u g u e s. o r g A g o s t o 2 0 0 6 Encarado como objectivo prioritário Proposta de licenciatura em Ciências Farmacêuticas na Universidade Agostinho Neto Os representantes da Ordem dos Farmacêuticos (OF) de Portugal reuniram-se com o vice-ministro do Ensino Superior angolano, Adão Nascimento, para entregar a proposta de licenciatura em Ciências Farmacêuticas na Universidade Agostinho Neto, naquela que poderá vir a ser a primeira instituição pública de ensino a leccionar este curso em Angola. No entender da OF, esteve objectivo deve ser concretizado tão cedo quanto possível, e a julgar pelo receptividade do vice-ministro do Ensino Superior e da própria Reitoria da Universidade Agostinho Neto existe um forte empenho em acelerar este processo. A OF, em parceria com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, tem-se demonstrado disponível e empenhada em suportar técnica e cientificamente esse objectivo. Entretanto a Associação de Profissionais de Farmácia de Angola (ASSOFARMA) e a Pró-Ordem dos Farmacêuticos de Angola já formalizaram o processo junto da Reitoria da Universidade Agostinho Neto, através da entrega do plano de estudos desenvolvido. Desta forma, poderão ficar reunidas as condições para que ainda este ano possa ser conceptualizada uma parceria e definido o calendário para o início da licenciatura. A delegação da OF reuniu-se com o vice -ministro do Ensino Superior Modelo de referência Voto de solidariedade para com os farmacêuticos portugueses A Associação de Farmacêutico dos Países de Língua Portuguesa (AFPLP), reunida Assembleia-geral em Luanda, no dia 31 de Maio de 2006, aprovou um voto de solidariedade para com os colegas portugueses, na sequência das alterações legislativas propostas pelo governo para o sector da Farmácia Comunitária. Considerando que: a actividade farmacêutica é um elemento determinante para o desenvolvimento sustentado das populações dos países de língua portuguesa; a actividade farmacêutica, enquanto profissão liberal, deve ser desenvolvida com total autonomia cientifica, ética e deontológica; a carta dos farmacêuticos dos países de língua portuguesa, aprovada em Assembleia Geral da AFPLP, realizada em 1997, na cidade do Maputo, determina como principio a exclusividade da propriedade de farmácia para os farmacêuticos, como elemento essencial para salvaguardar o interesse público e o exercício pleno da actividade farmacêutica; o modelo farmacêutico vigente em Portugal constitui uma referência de qualidade a prosseguir pelos restantes países que integram a AFPLP; tal evolução profissional só foi possível graças ao enquadramento legislativo vigente em Portugal; o Governo anunciou publicamente a sua vontade de alterar profundamente o quadro legislativo relativo à actividade das farmácias em Portugal, particularmente no que diz respeito ao alargamento da propriedade de farmácias a não farmacêuticos; A Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa, que reúne os profissionais de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe., reunida em Assembleia Geral em Luanda, Angola, em 31 de Maio de 2006, 1. Aprova um voto de solidariedade aos colegas portugueses face à decisão do Governo em alterar profundamente o enquadramento legislativo das farmácias, sem razão de preservação de saúde pública que o justifique; 2. Reforça o seu sentimento de que as farmácias portuguesas funcionam com elevada qualidade profissional, de acordo com os interesses do cidadão e representam um modelo a seguir para os restantes países que integram a AFPLP; 3. Manifesta aos colegas portugueses o total apoio na defesa dos seus legítimos interesses e disponibilidade para colaborar no suporte à implementação do novo quadro legislativo, que deverá ter subjacente os princípios inscritos na Carta dos Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa. Luanda, 31 de Maio de 2006 NOTÍCIAS FARMÁCIA EM PORTUGUÊS Publicação da Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa Director: Salim Tuma Haber Comissão de Redacção: Paulo Duarte (coordenador), Pedro Nandin de Carvalho, Rui Vaz Contactos: Rua da Sociedade Farmacêutica, n.º 18, 1169-075 Lisboa, Portugal Tel.: +351 21 319 13 81 (Raquel Neto) Fax: +351 21 319 13 99 E-mail: afplp@farmaciaemportugues.org