MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS. Coerência das Políticas: O Desafio do Desenvolvimento. Sessão Pública ABERTURA
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- Thereza Carreiro Santos
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1 MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS Coerência das Políticas: O Desafio do Desenvolvimento Sessão Pública Assembleia da República ABERTURA Senhor Presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas da Assembleia da República, Dr. José Ribeiro e Castro Senhor Director do Instituto Marquês do Vale Flôr IMVF, Dr. Ahmed Zaky, Senhor Director da Direcção Cooperação e Desenvolvimento do CAD OCDE, Sr. Jon Lomoy, Caros Deputados, Senhores e Senhoras, É com muito prazer que estou presente na abertura desta Sessão Pública sobre a Coerência das Políticas o Desafio do Desenvolvimento. O trabalho da Cooperação Portuguesa no domínio da Coerência das Políticas para o Desenvolvimento (CPD) tem vindo a consolidar se e esta iniciativa do Instituto Marquês de
2 Valle Flôr (IMVF), é um excelente exemplo deste progresso que quero realçar. O projecto Coerencia.pt, promovido pelo IMVF e com o apoio do IPAD, tem vindo a identificar lacunas, a apontar soluções, e a mobilizar os decisores e a opinião pública, promovendo a discussão sobre a concepção de políticas de desenvolvimento mais eficazes e eficientes, mais dirigidas, em suma, mais coerentes. É também importante realçar as parcerias que se podem desenvolver neste domínio, e a este respeito destacaria o apoio do Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais e o patrocínio da Comissão Negócios Estrangeiros da Assembleia da República a esta iniciativa. O desafio do desenvolvimento exige, entre outros factores, um empenho permanente e um investimento internacional crescente tanto na quantidade como na qualidade da ajuda. Se por um lado, é essencial que os doadores respeitem os compromissos assumidos em Monterrey e no quadro da União Europeia quanto aos níveis de Ajuda Pública ao Desenvolvimento, e que a crise global não se traduza numa contracção dos orçamentos da cooperação para o desenvolvimento, é igualmente fundamental que os esforços financeiros de todos sejam aplicados da forma mais eficaz e eficiente
3 possível. As opiniões públicas dos países doadores não compreenderiam qualquer outra postura. Neste momento de importante reflexão sobre os constrangimentos decorrentes da crise financeira internacional, importa portanto desenvolver uma análise séria e ponderada sobre as actuais limitações e desafios à cooperação para o desenvolvimento e sobre as possíveis formas de as ultrapassar. É neste contexto que devemos pensar o constante aperfeiçoamento das políticas de desenvolvimento, e assegurar que estamos a evitar a duplicação de esforços, que apoiamos os projectos mais capazes e viáveis e que estes podem ser realmente eficazes. A exigência de políticas coerentes, sérias e eficazes, que respeitem o investimento e os esforços públicos e privados, das ONGDs e dos contribuintes tem de continuar a ser a tónica central da nossa actuação. A este panorama acresce o grau crescente de complexidade que caracteriza a cooperação para o desenvolvimento, decorrente não só da sua natureza multidimensional, mas também da proliferação de intervenientes, de novas dinâmicas introduzidas pelos chamados doadores emergentes, e de uma consciência acrescida da sua importância para a paz e a estabilidade mundial. Esta realidade impõe igualmente dinâmicas de coordenação e complementaridade entre os variados actores e domínios de intervenção.
4 Cabe nos a tarefa essencial de assegurar que o financiamento da ajuda é canalizado da forma mais eficaz possível através de políticas informadas e bem coordenadas coerentes na sua concepção e execução pelos vários actores responsáveis. Só então estamos em condições de assegurar uma maior eficácia da ajuda e da gestão de resultados e só através destas poderemos garantir os resultados esperados em matéria de ODM. Foi neste contexto que o Governo Português aprovou no passado mês de Outubro uma Resolução do Conselho de Ministros dedicada à Coerência das Políticas para o Desenvolvimento (RCM nº 82/2010 de 21/10/2010), reconhecida como um instrumento essencial para a melhoria da coerência da política externa portuguesa, e que identifica a necessidade de estabelecer mecanismos formais de coordenação e seguimento e o reforço do diálogo interministerial neste domínio. No mesmo sentido, o novo documento orientador da Cooperação Portuguesa para o desenvolvimento, actualmente a ser ultimado, reflecte a continuação da exigência de esforços no sentido de maior concentração da ajuda, racionalização dos fluxos e implementação de uma gestão centrada nos resultados, de forma a aumentar a eficácia da Cooperação Portuguesa e a potenciar melhores resultados.
5 Também no contexto europeu, a promoção da complementaridade entre doadores, no quadro da divisão do trabalho em matéria de desenvolvimento, representa um novo impulso na eficácia da cooperação para o desenvolvimento. A redução da fragmentação da ajuda, seja nas actividades sectoriais, seja dentro dos países ou entre os países, não é uma tarefa fácil, exigindo novas atitudes entre doadores e nos países parceiros; mas também escolhas políticas e mudanças nos processos de planeamento e implementação da ajuda. Neste sentido procuramos assegurar uma coordenação efectiva entre os doadores europeus a qual implica a delegação de autoridade e competências entre os Estados Membros e a Comissão Europeia. A Cooperação Portuguesa com reconhecida experiência e mais valias no seu relacionamento institucional com os PALOP e em Timor Leste, viu o IPAD certificado pela Comissão Europeia para poder passar a assumir a gestão de projectos de cooperação delegada, em áreas como a justiça, a cooperação policial, o desenvolvimento rural ou a comunicação social de forma a evitar duplicidade de esforços com outros actores europeus. Estes esforços são fruto de um importante progresso nos processos de reflexão e maior coerência que a política europeia de cooperação para o desenvolvimento tem vindo a procurar consolidar.
6 Porventura hoje, mais do que em qualquer outro momento da História, e apesar dos difíceis momentos que atravessamos, acredito que temos a capacidade tecnológica, a experiência e o conhecimento para promover a mudança e atingir os resultados pretendidos. Mas apenas com uma actuação global concertada conseguiremos ultrapassar os desafios que se nos colocam. A definição de uma política de cooperação para o desenvolvimento ao nível nacional, como aos níveis europeu e mundial cada vez mais eficaz, eficiente, e coerente é essencial para uma actuação concertada e bem sucedida. A iniciativa Coerência PT, e a sessão de hoje, são seguramente passos importantes neste sentido. Muito obrigada João Gomes Cravinho Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação
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