TRABALHANDO COM O GÊNERO TEXTUAL HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS



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Transcrição:

TRABALHANDO COM O GÊNERO TEXTUAL HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS Erida Souza Lima 1 Eixo temático: Educação e Ensino de Ciências Humanas e Sociais Resumo: Os gêneros textuais vêm sendo defendidos como uma boa ferramenta para o ensino de línguas, pois os mesmos possibilitam que os educandos tenham contato com diferentes tipos de textos e formas de expressão da linguagem. Contudo, é importante saber trabalhar com os mesmos para que não sejam utilizados somente como mero pretexto para o ensino da gramática. Neste trabalho, o gênero história em quadrinho foi elegido por ser um gênero que, na sua grande maioria, é bastante apreciado pelo público infanto-juvenil, podendo possibilitar o trabalho com competências importantes para aquisição de uma língua estrangeira. A proposta está direcionada para a Educação Básica, podendo ser utilizada nos diferentes níveis de ensino, seja o fundamental ou médio. Palavras chave: Gênero textual, História em Quadrinho, Metodologia. Resumen: Los géneros textuales vienen siendo defendidos como una buena herramienta para la enseñanza de lenguas, pues los mismos posibilitan que los estudiantes tengan contacto con los distintos tipos de textos y maneras de expresión del lenguaje. Sin embargo, es importante saber trabajar con los mismos para que no sean utilizados solamente como um mero pretexto para la ensenãnza de la gramática. En esta investigación, el género cómic fue elegido por ser un género que, en su gran mayoría, es bastante apreciado por el público infanto juvenil, pudiendo posibilitar el trabajo con competencias importantes para la aquisición de una lengua extranjera. La propuesta está direccionada para la Enseñanza Básica, pudiendo ser utilizada en los distintos niveles de enseñanza, sea el primario o secundario. 1 Graduanda do 7º período, do curso Letras Espanhol Licenciatura, da Universidade Federal de Sergipe. Monitora da disciplina Laboratório para o Ensino de Gêneros textuais. E-mail: erida.souza@hotmail.com

Palabras clave: Género textual, Cómic, Metodología. 1 Considerações Iniciais Os gêneros textuais vêm sendo defendido como uma boa ferramenta para o ensino de línguas, pois os mesmos possibilitam que os educandos tenham contato com diferentes tipos de textos e formas de expressão da linguagem. Contudo, o que se observa, é que muitos profissionais do ensino se utilizam dos gêneros como pretextos para o ensino da gramática, reduzindo o papel e importância dos mesmos no ensino de línguas. Saber trabalhar com gêneros textuais é utilizá-los não como um mero pretexto para o ensino de normas do sistema linguístico, mas como uma ferramenta que pode possibilitar o uso da língua nas suas variadas formas. Nesse sentido, não basta trabalhar com os gêneros textuais, o saber trabalhar se encaixa como a peça chave para que os objetivos com o trabalho a partir dos gêneros sejam alcançados, trazendo como resultado a eficácia no processo ensino/aprendizagem de línguas. Neste trabalho, o gênero história em quadrinho foi elegido, por ser um gênero que, na sua grande maioria, é bastante apreciado pelo público infanto-juvenil, podendo possibilitar o trabalho com competências importantes para aquisição de uma língua estrangeira. A proposta está voltada para a Educação Básica, podendo ser utilizada nos diferentes níveis de ensino, seja o ensino fundamental ou médio. 2 Os gêneros textuais 2.1 Conceito

Os gêneros textuais são enunciados escritos ou orais, utilizados no dia a dia de cada indivíduo, sendo que cada um possui suas características específicas, como afirma Bakhtin: A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) (...). O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas [ esferas da atividade humana ], não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua- recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais-, mas também, e, sobretudo, por sua construção composicional [...]. Qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, mas casa esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso. (BAKHTIN, 2003, p. 279) 1. Segundo Marscuschi, os gêneros textuais são textos materializados encontrados na vida cotidiana e que apresentam características sócio comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. (MARCUSCHI, 2005, pág. 22-23) 2 2.2 Importância dos gêneros textuais No ensino de línguas, é importante que o educando tenha contato com os mais variados tipos de textos e gêneros, e que saibam que estes podem ser organizados de diferentes formas na língua, a depender do que se pretende emitir com o uso dos mesmos, como trata o PCN: Os textos organizam-se sempre dentro de certas restrições de natureza temática, composicional e estilística, que os caracterizam como pertencentes a este ou àquele gênero. Desse modo, a noção de gênero, cosntitutiva do texto, precisa ser tomada como objeto de ensino. Nessa perspectiva, é necessário contemplar, nas atividades de ensino, a diversidade de textos e gêneros, e não apenas em função de sua relevância social, mas também pelo fato de que textos pertencentes a diferentes gêneros são organizados de diferentes formas. (PCN, 1998, p.23) 3 Os gêneros textuais sendo tomados como objeto de ensino de línguas estrangeiras poderá possibilitar o desenvolvimento das habilidades necessárias para que o educando possa adquirir a proficiência na língua estrangeira estudada. Essa possibilidade se deve a grande variedade de gêneros textuais existentes na língua, podendo atender às necessidades de cada habilidade.

2.3 O trabalho com os gêneros textuais Para que o trabalho com gêneros textuais possa ser realizado de maneira eficaz, é essencial analizar no momento da escolha do gênero ao qual se quer trabalhar: quem estará falando, para quem se destinará o enunciado, qual o principal objetivo e qual o tema do texto. Também, é importante discutir com os educandos alguns aspectos pertinentes ao gênero trabalhado, como: Funcionalidade; Intencionalidade; Domínio ao qual está inserido; Suporte ao qual está fixado; Como se estrutura; Elementos linguísticos presentes. Estes pontos poderão ajudar o educando a entender e compreender melhor o gênero que será trabalhado, por isso, a importância de discutí-los para cada gênero a ser trabalhado em classe. Depois de discutidos estes pontos, a partir do gênero trabalhado, será mais fácil desenvolver o Comportamento Leitor e o Comportamento Escritor 4 dos educandos. Estes, considerados os verdadeiros conteúdos nas aulas de línguas. 3 O gênero história em quadrinhos 3.1 Conceito De acordo com Guimarães, a HQ 2 é uma forma de expressão artística em que há o predomínio estímulo visual, ou seja, engloba formas de expressão em que o espectador para apreciá-las utiliza principalmente o sentido da visão. (GUIMARÃES, p.6) 5 2 A sigla HQ foi adotada nos anos 1960, pelo grupo do professor e pesquisador Álvaro de Moya. Nos países de Língua Portuguesa, é adotado o termo "História aos Quadradinhos", enquanto no Brasil, Moya adotou o termo "História em Quadrinhos", ambos passíveis do uso da sigla HQ, que se refere ao formato gráfico da organização da narrativa.

Segundo Mendonça, a HQ é caracterizada como um gênero icônico ou icônico verbal narrativo 3 cuja progressão temporal se organiza quadro a quadro, apresentando como elementos típicos: desenhos, quadros e balões e/ou legendas, onde é inserido o texto verbal. (MENDONÇA, 2005, p.199-200) 6 3.2 Contribuições para o ensino de línguas estrangeiras As HQs podem trazer várias contribuições para o ensino de línguas, começando pela formação de leitores, a partir da leitura prazer, conforme Bari: Pelo trânsito natural de informações essenciais para a convivência social nas histórias em quadrinhos, seja com intencionalidade educativa ou voltadas para mero entretenimento, esta linguagem atrativa e amigável realmente tem o poder especial de formar suas próprias comunidades de leitores e aprimorar-lhes as habilidades e competências inerentes à leitura. Assim, se a significação do ato de ler está contida nas vivências cotidianas, a leitura das histórias em quadrinhos eleva os níveis de significação e convivência social inseridos nas leituras, ampliando os conceitos fundamentais de seu ato manifesto. (BARI, 2008, p.118) 7 Além da questão da leitura, as HQs também podem contribuir com outras questões que ajudam no processo ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, como o desenvolvimento: Competência leitor compreensiva; Competência oral; Competência escrita; Comportamento leitor; Comportamento escritor; Competência argumentativa; Senso crítico; Imaginário e criatividade; Capacidade para a decodificação e a apropriação de diferentes linguagens; Entre outros. 3 O gênero icônico é representado pelo visual, enquanto que o gênero icônico verbal narrativo é representado pelo visual verbal. Nas HQs, tanto pode predominar o visual quanto o visual verbal, por isso, a classificação em gênero icônico ou icônico verbal narrativo.

4 Estrutura da HQ O sistema narrativo das HQs é composto por dois códigos que atuam em constante interação: o visual e o verbal. Também, utiliza elementos comunicacionais específicos que identificam a linguagem 8, são eles: 4.1 Requadro É o elemento determinativo das margens de uma vinheta. Pode ser composto por uma moldura, uma linha demarcatória ou uma borda. Tem como principal função distinguir os diferentes momentos da ação representados na história em quadrinhos, logo, também agrega a representação do tempo. 4.2 Desenho ou Vinheta Pode representar o ambiente, ações e personagens. De modo que estas representações gerem imagens eficazes para o entendimento da mensagem. Cada vinheta é constituída da relação dos elementos visuais com os elementos verbais. 4.3 Linhas cinéticas

Constitui o elemento comunicativo que ajuda no reconhecimento visual dos objetos representados. As linhas podem representar elas mesmas um objeto ou o contorno do objeto, podem criar um relevo ou superfície, dar idéia de luminosidade, além de representar ações concretas e movimentos. 4.4 Balão O balão vai indicar a verbalização dos personagens. Ele possui variadas formas, cada uma com significações distintas: O rabicho aponta para o personagem que está falando; Quando o rabicho é representado por bolinhas, indica que o personagem está pensando; O balão pontilhado indica que o personagem está cochichando; O balão trêmulo indica o temor do personagem durante sua fala; O balão splash indica a raiva e alteração de voz do personagem. 4.5 Recordatório

É a caixa de texto inserido na vinheta que tem como principal função recordar ao leitor os fatos narrados na HQ anterior. Também, funciona para indicar a simultaneidade dos acontecimentos da narrativa, a passagem de tempo ou o deslocamento do espaço. 4.6 Onomatopeias São palavras que indicam sons ambientais, ruídos, urros e interjeições humanas. Nas HQs, adquirem o status de símbolos gráficos, complemetando e reiterando as ações descritas na narrativa. 4.7 Metáforas visuais original. Ocorrem quando uma imagem se associa a um conceito diferente de seu significado

4.8 Cor A colorização da HQ não se restringe somente aos aspectos estéticos. Ela pode refinar a representação ambiental, dos personagens e movimentos, das emoções dos personagens. Também, sua significação poderá variar de acordo com cada cultura. 5 Trabalhando com as HQs A utilização das HQs para o ensino de línguas estrangeiras pode ser realizada de diversas maneiras. Neste trabalho, serão apresentadas algumas propostas visando o desenvolvimento das competências leitor compreensiva, oral e escrita. São elas: Texto a partir da imagem Essa técnica resulta na elaboração do texto verbal a partir das imagens; Desenvolve a capacidade de decodificação a partir das imagens; Estimula o Comportamento escritor do educando; Desenvolve a competência escrita. Imagem a partir do texto Essa técnica resulta na elaboração do texto visual a partir do texto verbal; Desenvolve a competência leitor compreensiva do texto; Estimula o Comportamento leitor do educando; Desenvolve a capacidade criativa.

Leitura, compreensão e discussão da HQ Desenvolve a competência leitor compreensiva do texto; Estimula o Comportamento leitor; Desenvolve a competência oral; Desenvolve o senso crítico; Possibilita o desenvolvimento da competência argumentativa. Produção da HQ a partir de um tema discutido em sala de aula Desenvolve a competência escrita; Desenvolve a capacidade criativa; Desenvolve a capacidade de produção do gênero textual HQ. As HQs nacionais podem ser utilizadas nesta proposta desde que as falas dos balões sejam suprimidas ou substituídas por falas da língua estrangeira estudada. 6 Considerações Finais Diante dos conceitos e contribuições apresentados em relação à utilização de gêneros textuais no processo ensino/aprendizagem de línguas, fica latente que o gênero textual história em quadrinhos pode ser uma boa ferramenta eficaz para esse processo. Podendo desenvolver nos educandos: competência leitor compreensiva, competência oral, competência escrita, comportamento leitor, comportamento escritor, competência argumentativa, senso crítico, imaginário e criatividade, além da capacidade para a decodificação e a apropriação de diferentes linguagens. Para o ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, tendo como foco a Educação Básica, o gênero HQ se constitui uma ferramenta adequada para a realização das propostas deste presente trabalho. Pois, ele estimula a leitura prazer, já que possui um formato,

linguagem e conteúdo voltados para o público infanto juvenil em especial, facilitando o desenvolvimento das competências necessárias para aquisição de uma língua estrangeira. 1 BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 2 MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A.P.; MACHADO, A.R.; BEZERRA, M.A. (org.) Gêneros textuais e ensino. 4 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. 3 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino fundamental 3º e 4º ciclos: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998. 4 LERNER, Delia. Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. 5 GUIMARÃES, Edgard. Uma caracterização ampla para a História em Quadrinhos e seus limites com outras formas de expressão. Disponível em: http://klicarte.no.sapo.pt/historiaeartes.pdf Acessado em: 01/05/2011. 6 MENDONÇA, M.R. de S. Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos. In: DIONISIO, A.P.; MACHADO, A.R.; BEZERRA, M.A. (org.) Gêneros textuais e ensino. 4 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. 7 BARI, Valéria Aparecida. O potencial das histórias em quadrinhos na formação de leitores. São Paulo: Escola de Comunicações e Artes- ECA/USP, 2008. (Tese de Doutorado) URL:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-27042009-121512/ptbr.php 8 RAMA, Ângela (org); VEGUEIRO, Waldomiro C.S. (org). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004.

7 Referências Bibliográficas BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BARI, Valéria Aparecida. O potencial das histórias em quadrinhos na formação de leitores. São Paulo: Escola de Comunicações e Artes- ECA/USP, 2008. (Tese de Doutorado) URL:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-27042009-121512/ptbr.php BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino fundamental 3º e 4º ciclos: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998. GUIMARÃES, Edgard. Uma caracterização ampla para a História em Quadrinhos e seus limites com outras formas de expressão. Disponível em: http://klicarte.no.sapo.pt/historiaeartes.pdf Acessado em: 01/05/2011. LERNER, Delia. Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A.P.; MACHADO, A.R.; BEZERRA, M.A. (org.) Gêneros textuais e ensino. 4 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. MENDONÇA, M.R. de S. Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos. In: DIONISIO, A.P.; MACHADO, A.R.; BEZERRA, M.A. (org.) Gêneros textuais e ensino. 4 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. RAMA, Ângela (org); VEGUEIRO, Waldomiro C.S. (org). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004.