ESCOLA: AMBIENTE DE HARMORNIA OU CONFLITO? 1 Sandra Gaspar de Sousa Moura RESUMO Este artigo tem a finalidade de mostrar a importância das relações interpessoais dentro do ambiente escolar e como os sujeitos envolvidos (professores, gestores, famílias e alunos) lidam com suas emoções diante das pessoas, mostrando que as dificuldades de ouvir e lidar com o outro, faz com que os conflitos e desentendimentos ocorram nesses ambientes. O trabalho apresenta também a importância do respeito ao próximo e que os conflitos são normais, mas podem deixar de existir se respeitarmos as diversidades existentes neste ambiente. Será mostrado também que as relações interpessoais são de suma importância para uma melhor convivência em grupo e que esta pode proporcionar um ambiente mais harmonioso de convivência e por fim, mostrar qual é a contribuição que a família tem para a formação de indivíduos e para que possam ser adultos melhores dentro de uma perspectiva inter-relacional. PALAVRAS-CHAVE: Relação interpessoal; escola; harmonia, respeito. 1 - INTRODUÇÃO As relações humanas na atualidade mostra que cada vez o homem afastase de si mesmo e dos outros, isto porque conviver em grupo não é tarefa fácil e isso exige de nós educadores, uma alto reflexão sobre nossas ações e o porquê que agimos de forma que não agrada o outro e vice e versa. Tarefa árdua, mas este é o nosso desafio diário. Então o que seria necessário para um respeito mútuo entre todos os envolvidos no espaço escolar? Para que se consiga este respeito é necessário que cada um de nós, como profissionais, possamos compreender que somos seres humanos, e como tais, somos passíveis de erros, de atitudes muitas das vezes impensadas, que pensamos diferentes um dos outros e que portanto, devemos respeitar e sermos respeitados. Se nós, conseguirmos pelo menos, reconhecer um dessas situações e que a partir dela mudarmos nossa prática e a relação com o outro, penso que já está excelente e o clima neste espaço escolar será mais harmonioso, agradável e mais produtivo. 1 Licenciada Plena em Letras - UFPA, Especialista em Língua Portuguesa e Literaturas - UFPA, Graduanda em Licenciatura em Computação IFPA, Professora da Rede Municipal do município de Salinópolis.
Estas atitudes perpassam por todos os envolvidos no ato de educar (professores, gestores, técnicos pedagógicos, apoio, família.,.). Precisamos criar canais adequados de comunicação e interação entre todos deste ambiente, para que assim se tenha um ambiente satisfatório. Esta é a maior prova de que relação interpessoal na escola é saber trabalhar em equipe. A escola é um ambiente social, de comunicação e de convivência afetiva, mas por conta da globalização, informatização e das inovações tecnológicas, as pessoas se tornaram menos comunicativas e sociáveis entre si. A velocidade de informações, da rapidez que se tem de entregar, por exemplo, um relatório, de pensar rápido, perdeu-se um pouco do contato físico, dos valores, da afetividade. A escola é regida por inúmeras regras, cumprimento de tarefas, de cronogramas e prazos, ficando de escanteio o saber ouvir o outro. Bom Sucesso (2002) fala que o saber ouvir é umas das dificuldades na relação interpessoal. A maioria dos conflitos acontece em virtude da dificuldade que temos em ouvir e compreender o outro. Temos o hábito de julgar o outro a partir dos nossos valores, esquecendo-se de respeitar as diferenças individuais. A nossa dificuldade em ouvir o outro aumenta, principalmente se temos pontos de vistas diferentes (Bom Sucesso, 2002, p. 29-30). Esta habilidade de saber ouvir o outro, que como tal Bom sucesso considera umas das maiores habilidades do ser humano, é de fundamental importância para o saber viver em equipe, porque saber o que os outros pensam, seus anseios, sugestões, desejos, com certeza é uma das formas de demonstrar o respeito, de uma forma mais humana, que temos pelos sujeitos que fazem parte do ambiente escolar. 2 - AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS COMO FIO CONDUTOR DA HARMONIA NO AMBIENTE ESCOLAR Desde muito cedo aprendemos que precisamos fazer uma sociedade justa e igualitária, embora entendemos que isso na prática é um pouco difícil de
acontecer. As desigualdade são vistas a todos os instantes nas diversidades de etnias, religiosas, políticas, econômicas, sociais, sexuais, educacionais fazendo que nos deixe incrédulos à construir esta tão falada sociedade justa e igualitária, mas é através das relações interpessoais que o ser humano aprende a lidar com as pessoas e no meio em que vive, resgatando valores que muita das vezes estão perdidos, como respeito, solidariedade, justiça união, etc. Se assim acontecer, conseguiremos chegar a uma sociedade mais próxima daquela que desejamos e o trabalho coletivo e em equipe proporciona uma interação entre as pessoas, onde elas tanto aprendem, como são sujeitos do saber. Na escola, os sujeitos só conseguem conviver em equipe se estas diferenças forem respeitadas. Precisamos deixar de ser individualistas para que assim possamos compreender que cada pessoa é um ser único e diferente do outro, com temperamentos, habilidades, motivações, desejos, humores bem distintos. Quando essas particularidades dos sujeitos são desrespeitadas os conflitos internos acontecem, o que não é agradável em nenhum ambiente e muito menos em ambientes que formam cidadãos e promovem educação e é aí que entra uma sábia capacidade de aceitação do outro no saber falar, no saber ouvir e no saber calar. As relações interpessoais no ambiente escolar é de fundamental importância para os membros da escola, porque cria um ambiente de aceitação, de interação e de confiança. O relacionamento interpessoal no ambiente escolar exige muito mais do que trabalhar em equipe, mas trabalhar de forma que o respeito e a confiança estejam sempre caminhando juntos, assim possibilitando um melhor relacionamento entre todos. A escola lida diariamente com sujeitos que não têm a capacidade de lidar com suas emoções, com autocontrole o que dificulta ainda mais esta convivência com o outro, mas se nós, enquanto educadores de forma geral soubermos explorar nos sujeitos os seus lados afetivos e emocionais, as relações interpessoais vão se estreitando. Goleman, 1995, p. 26 diz que Pessoas emocionalmente competentes que conhecem e lidam bem com os próprios sentimentos, e leem e consideram os sentimentos das outras pessoas levam vantagem em qualquer campo da vida, seja nas relações amorosas e íntimas, seja assimilando regras tácitas que governam o sucesso da política organizacional. (GOLEMAN, 1995, P. 26).
O autocontrole das emoções leva os sujeitos a conquistarem melhorias em todos os tipos de relação, logo haverá também um crescimento pessoal. 1.1- FAMÍLIA: O BERÇO DAS PRIMEIRAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS Antes de sermos engajados no ambiente escolar, primeiro participamos de uma instituição de fundamental importância na vida de todos os seres: a família. É nela que se aprendem valores como respeito, amor, solidariedade, união e é através dela que somos inseridos na sociedade e a partir daí saber conviver e respeitar as particularidades de cada um, mas se esses valores não forem bem processados, os resultados são trágicos. Crianças crescerão com atitudes negativas diante da vida e as relações com os outros não será positiva. A família precisa estar preparada para orientar estas crianças, já que esta é a responsável pelas primeiras relações interpessoais de uma criança. É na família que as crianças têm seus primeiros desequilíbrios, suas primeiras frustações, seus primeiros contatos com o amor, mas é nela também que ela aprende a lidar com este equilíbrio, com o desequilíbrio, com as perdas, com as situações positivas e negativas de todos os aspectos. Se esta tiver uma família equilibrada, serão adultos mais felizes e consequentemente, mais propícios a conviverem melhor com os outros. Tiba (2012, p. 211) diz que a educação hoje é um projeto racional, regado a muito afeto, para que os filhos sejam cidadãos éticos. Não ofender, não agredir, nem explorar os mais fracos, mas sim ajudá-los Uma relação baseada no respeito, no diálogo, na honestidade, na justiça é fundamental para o crescimento de uma criança e esta, quando engajar na escola terá mais facilidade para convier em grupo e para lidar com seus sentimentos e emoções. 3 CONCLUSÃO Percebemos quão importante é a convivência com o outro, embora não seja uma tarefa fácil. Tentar compreender o outro sem antes nos entendermos é tarefa praticamente impossível, mas o bom de tudo isso é que existem formas de tentar se amenizar e estreitar o conviver do outro com o nosso, e isto as relações interpessoais vem nos ensinar.
O ambiente escolar é um dos ambientes que mais conseguimos perceber os conflitos, pois a cada momento é uma luta por espaços, por status, por lutas de direitos, de respeitos, de aceitação e se esta escola não estiver preparada para encarar tudo isto, dificilmente terá um ambiente harmonioso e prazeroso de trabalho e de convivência. Espero que este trabalho consiga mostrar aos leitores a importância que se tem de conviver com o outro, de se conviver em grupo, de sermos tolerantes e pacientes, assim como mostrar que somos seres humanos, e que sendo assim pensamos e agimos diferentes um dos outros.
REFERÊNCIAS BOM SUCESSO, Edina de Paula. Relações Interpessoais e Qualidade de Vida no Trabalho. São Paulo: Qualitymark, 2002. GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente, Editora Objetiva, 1995. TIBA, Içami. Quem ama, educa!: Formando cidadãos éticos. São Paulo: integrare Editora, 2012. http://www.artigonal.com/educacao-artigos/relacoes-interpessoais-729010.html http://www.homemdemello.com.br/psicologia/intelmult.html http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=s0870-8231200400010