CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior (Aula 26/02/2018) Contratos, requisitos e princípios. Introdução ao estudo dos contratos. Código de Hamurábi de 2093 A.C acredita-se ser o primeiro código escrito a trazer regras de contratação (escambo / permuta). Conceito de contrato. Contrato convergência de declarações de vontade, emitida no propósito de constituir, regular, alterar ou extinguir uma relação jurídica patrimonial de conveniência mútua. (Orlando Gomes) Convergência de vontades: todos partem para o mesmo ponto quando as pessoas concordam. Para que haja contrato precisa ter convergência de
vontades. Assim toda vez que houver uma modificação no contrato estamos contratando, exemplo aditamento contratual. Requisitos do contrato. Os requisitos do contrato são observados no artigo 104 do Código Civil, in verbis: Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. 1- Capacidade das partes e sua legitimação. Agente capaz é saber discernir (ter discernimento), que pode ser alcançado pela idade de 18 anos ou quando emancipado a partir de 16 anos. Pela idade Capacidade Pela Emancipação
2- Idoneidade do objeto, sua possibilidade, existência atual ou futura. Objeto lícito é temporal, tem coisa que é impossível, exemplo, dar a volta ao mundo a pé em um dia. Objeto determinado já existe, determinável ainda não, contudo, é possível descriminar, exemplo apartamento na planta. O inciso II do artigo 104 CC, cuida do objeto do contrato, estipulado pelo legislador que tal bem esteja dentro do mundo do direito, que não seja obrigação impossível, e que possa ser objeto de negócio, coisas existentes ou mesmo coisas futuras. 3- Obediência a forma ou não ser o negócio proibido pelo mundo do direito. Forma prescrita em lei trata-se dos contratos ditos nominados ou típicos, existe uma lei para ele, lei está que lhe dá o nome, exemplo, contrato de locação. Não proibida em lei são os contratos ditos inominados ou atípicos, não há ainda lei para eles, mas se observarem os incisos I e II do artigo 104 CC, serão
válidos, exemplo, contrato de leasing que surgiu primeiro no mundo dos negócios e só depois veio a ter legislação para regular. Código Civil. Os contratos inominados precisa observar toda a teoria geral do Contrato nas relações de consumo. Neste âmbito o objeto do contrato vai se fixar em produto ou serviço, tendo em pelo menos uma das partes um fornecedor e um consumidor. Importante observar que nas relações de consumo, normalmente, o contrato é de adesão, a lei é bastante protetiva daquele que se apresenta hipossuficiente. Exemplo, todos os incisos das cláusulas nulas, que minimizam essa ausência de proteção do consumidor. Princípios fundamentais. Segundo Pontes de Miranda os princípios formam as bases das instituições, o não atendimento aos princípios causam a nulidade do negócio. I- Princípio da autonomia da vontade. Princípio da autonomia da vontade apenas limitado pela supremacia da Ordem Pública, é a prerrogativa conferida às pessoas de realizarem negócios com base em sua liberdade, ainda que possam recorrer a um negócio que ainda não existe ou combinar várias espécies de contratos criando um novo, observando os artigos 421 e 425 do Código Civil, in verbis: Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. II- Princípio da relatividade das convenções. Os efeitos do contrato se limitam aos contratantes, não aproveitando nem prejudicando terceiros, é um princípio de segurança, pois, o que for contratado em um determinado instrumento, só produz efeitos entre as partes. III- Princípio da força vinculante das convenções. "Pacta sunt servanda" os pactos devem ser cumpridos. Uma vez concluído o contrato este se torna obrigatório entre as partes, formando uma lei privada entre contratante é contratado, salvo cláusula específica não pode ser desfeito unilateralmente. "Rebus sic stantibus", assim como as coisas estão, princípio é contrário ao "pacta sunt servanda". Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. (Grifo nosso). Para ter a aplicação do artigo 478 (rebus sic stantibus), tem que provar excessivamente onerosidade, extrema vantagem para outra parte e ainda acontecimentos extraordinários e imprevisível, ficar desempregado não configura acontecimento imprevisível. Os efeitos da sentença são retroativos a data da citação. Bons Estudos!!! Prof.ª. Adriana Aparecida Duarte