CARACTERIZAÇÃO DA BASE DE SCHIFF BIOPOLIMERICA DE QUITOSANA/GOMA DO CAJUEIRO ALDEIDO FUNCIONALIZADA.

Documentos relacionados
NANOPARTICULAS DE GOMA DO CAJUEIRO MODIFICADA E QUITOSANA POR COMPLEXAÇÃO POLIELETROLÍTICA

EFEITO DA MASSA MOLAR NA FORMAÇÃO DE COMPLEXOS POLIELETROLÍTICOS DE QUITOSANA GOMA DO CAJUEIRO CARBOXIMETILADA.

QUITOSANA QUIMICAMENTE MODIFICADA COM ACETILACETONA NA AUSÊNCIA DE SOLVENTE

APLICAÇÃO DE QUITOSANA MODIFICADA COMO CATALISADOR HETEROGÊNEO NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL POR ESTERIFICAÇÃO

REMOÇÃO DE METAIS PESADOS EM ÁGUA ATRAVÉS DE BIOPOLÍMEROS MODIFICADOS 1 INTRODUÇÃO

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA OBTENÇÃO DE HIDROXIAPATITA PARA FINS BIOMÉDICOS

4001 Transesterificação do óleo de mamona em ricinoleato de metila

ABSORÇÃO DE ÁGUA EM FILMES DE GOMA GUAR RETICULADOS COM 1-ETIL-3-(3-DIMETILAMINOPROPIL) CARBODIIMIDA (EDC)

CARACTERIZAÇÃO POR ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO DE FILMES DE QUITOSANA COM DIFERENTES QUANTIDADES DE AGENTE RETICULANTE

2017 Obtenção da amida do ácido cinâmico através da reação do cloreto do ácido cinâmico com amônia

EFEITO DO PROCESSO DE RETICULAÇÃO EM FILMES FORMADOS POR GELATINA E POLI(ACRILAMIDA-CO- ÁCIDO ACRÍLICO) COM POTENCIAL APLICAÇÃO EM EMBALAGENS.

Obtenção de nanocompósito de Atapulgita/goma do cajueiro (Anarcadium Occidentale) em sistemas de liberação de fármacos

4028 Síntese de 1-bromodecano a partir de 1-dodecanol

CARACTERIZAÇÃO ESPECTROSCÓPICA E FISICO- QUÍMICA DE FILMES DE BLENDAS DE AMIDO E CARBOXIMETILCELULOSE.

1017 Acoplamento Azo do cloreto de benzenodiazônio com 2- naftol, originando 1-fenilazo-2-naftol

4002 Síntese de benzil a partir da benzoína

5026 Oxidação do antraceno à antraquinona

Estudo da incorporação de fármaco em dispositivo de liberação obtido da fibroína de seda

Desenvolvimento de Materiais Híbridos com Aplicações Biomédicas. Prof. Joana Lancastre

2008 Esterificação do ácido propiônico com 1-butanol via catálise ácida para a obtenção do éster propanoato de butila

Nanopartículas de Prata e. Curva de Calibração da Curcumina

ESTUDO AVALIATIVO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DO METAL PESADO CHUMBO (II) EM VERMICULITA REVESTIDA COM QUITOSANA

Figura 1.2: Esquema representativo da derivatização do quitosano com anidrido maleico... 9

FUNCIONALIZAÇÃO DA CELULOSE COM AMINOETANOTIOL

DESENVOLVIMENTO DE ENZIMAS IMOBILIZADAS EM SUPORTE DE QUITOSANA VISANDO À APLICAÇÃO EM REAÇÕES DE MANNICH RESUMO

8 GAB. 1 1 O DIA PROCESSO SELETIVO/2006 QUÍMICA QUESTÕES DE 16 A 30

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BLENDAS DE POLI(m-FENILENO. SANTOS, Sandra Cruz dos; LOGUERCIO, Lara Fernandes; GARCIA, Irene Teresinha Santos 1 ;

PREPARAÇÃO DE DERIVADOS DE QUITOSANA POR ALQUILAÇÃO REDUTIVA E O EFEITO NA SOLUBILIDADE E VISCOSIDADE DOS DERIVADOS

3001 Hidroboração/oxidação de 1-octeno a 1-octanol

SÍNTESE E CARCATERIZAÇÃO DE BETA FOSFATO TRICÁLCICO OBTIDO POR MISTURA A SECO EM MOINHO DE ALTA ENERGIA

4. Materiais e métodos

INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DE CITRATO DE SÓDIO NA FORMAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE PRATA.

4025 Síntese de 2-iodopropano a partir do 2-propanol

3003 Síntese de 2-cloro-ciclohexanol a partir de ciclohexeno

4006 Síntese do éster etílico do ácido 2-(3-oxobutil) ciclopentanona-2-carboxílico

USO DE FTIR PARA ANÁLISE DE BACTÉRIAS CAUSADORAS DO CANCRO CÍTRICO E CVC

4 Materiais e métodos

4024 Síntese enantioseletiva do éster etílico do ácido (1R,2S)-cishidroxiciclopentano-carboxílico

Membranas de Eletrodiálise: Síntese e Caracterização. Prof. Dr. Marco Antônio Siqueira Rodrigues

CORRELAÇÃO ENTRE A CAPACIDADE DE INCHAMENTO E AS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DE POLÍMEROS SUPERABSORVENTES

Material Suplementar. Quim. Nova, Vol. 38, No. 6, S1-S9, 2015

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE HIDROGÉIS DE ALGINATO CONTENDO HIDROXIETILCELULOSE ETOXILATO QUATERNIZADO

2004 Redução diastereosseletiva de benzoina com boro-hidreto de sódio a 1,2-difenil-1,2-etanodiol

Graduação em Biotecnologia Disciplina de Proteômica. Caroline Rizzi Doutoranda em Biotecnologia -UFPel

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES REACIONAIS NA CARBOXIMETILAÇÃO DA QUITINA

Metodologia Analítica

Hidrogéis de quitosana/alginato no formato beads

DÉBORA SGORLA. Orientador: Dr. Osvaldo Albuquerque Cavalcanti Co-orientadores: Drs. Bruno Sarmento e Élcio José Bunhak

ENCAPSULAÇÃO DE CORANTES FUNCIONAIS EM MATRIZ DE ALGINATO PURO OU RECOBERTO POR BIOPOLÍMEROS

4014 Separação enantiomérica de (R)- e (S)-2,2'-dihidroxi-1,1'- binaftil ((R)- e (S)-1,1-bi-2-naftol)

ESFERAS DE QUITOSANA/GOMA DE CAJUEIRO DOPADAS COM ÓLEO ESSENCIAL DE LIPPIA SIDOIDES: EMBEBIÇÃO E CINÉTICA DE LIBERAÇÃO

3005 Síntese de 7,7-diclorobiciclo [4.1.0] heptano (7,7- dicloronorcarano) a partir de ciclohexeno

CAPACIDADE DE INCHAMENTO E CARACTERÍTICAS ESTRUTURAIS DE COMPÓSITOS BIOPOLÍMERO/ARGILA SUPERABSOVENTES

ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE PARECETAMOL EM MATRIZES DE ACETATO DE CELULOSE PRODUZIDOS A PARTIR DA CELULOSE DE CAROÇO DE MANGA PURIFICADO

4 MATERIAIS E MÉTODOS

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO USO DO IMIDAZOL COMO INIBIDOR DE CORROSÃO DO AÇO 420-R.

DEGRADAÇÃO DO ANTIBIÓTICO CIPROFLOXACINA POR NANOPARTÍCULAS DE COBRE DE VALÊNCIA ZERO

4010 Síntese de p-metoxiacetofenona a partir do anisol

INVESTIGAÇÃO DOS POSSÍVEIS SÍTIOS DE ADSORÇÃO DE Cd +2 E Hg +2 EM SOLUÇÃO AQUOSA

Purificação parcial, Caracterização e Imobilização de lectina de sementes de Brosimum gaudichaudii.

Química Analítica I Tratamento dos dados analíticos Soluções analíticas

4023 Síntese do éster etílico do ácido 2-cicclopentanona carboxílico a partir do éster dietílico do ácido adípico

4 Materiais e Métodos

UTILIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE SÍLICA FUNCIONALIZADAS COM GRUPOS NITROGENADOS COMO SUPORTE PARA IMOBILIZAÇÃO DE CORANTES

1.1. Classifique-os quanto ao nº de átomos de carbono, número de unidades monoméricas.

2ª SÉRIE roteiro 1 SOLUÇÕES

Prática 10 Determinação da constante de equilíbrio entre íons Fe 3+ e SCN -

2005 Síntese da acetonida do meso-1,2-difenil-1,2-etanodiol (2,2- dimetil-4,5-difenil-1,3-dioxolana)

Introdução. Ezequiel de S. Costa Jr. 1, Herman S. Mansur 2 *

Questão 01 - Em qual região do espectro você encontraria uma banda C=C?

38 th International Chemistry Olympiad Gyeongsan - Coréia

Química Geral I. Química - Licenciatura Prof. Udo Eckard Sinks

2029 Reação do trifenilfosfano com o éster metílico do ácido bromoacético originando brometo de (carbometoximetil) trifenilfosfônio

Espectroscopia no IV

Análise Estrutural. José Carlos Marques Departamento de Química Universidade da Madeira

MICROCÁPSULAS DE QUITOSANA E HIDROXIAPATITA

3015 Síntese de iodociclohexano a partir de ciclohexano e iodofórmio

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE MEMBRANAS DENSAS DE FIBROÍNA DE SEDA COM GLICERINA

Vinicius Müller, Juliana Francis Piai, André R. Fajardo, Silvia L. Fávaro, Adley Forti Rubira, Edvani C. Muniz*

Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC 2016

MATERIAL SUPLEMENTAR. Benzamidoxima

7. Resultados e discussão

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA CASCA DE OVO DE GALINHA E UTILIZAÇÃO COMO FONTE PARA PRODUÇÃO DE COMPOSTOS DE CÁLCIO (CA).

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE REVESTIMENTO Ni METÁLICO EM MEMBRANAS DE QUITOSANA POR ELETRODEPOSIÇÃO

Métodos Físicos de Análise - ESPECTROFOTOMETRIA NO INFRAVERMELHO

Blendas de poli(álcool vinílico)/quitosana: avaliação da morfologia e propriedades

6 Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel 9º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel 953 Estudo das c

Centro de Ciências da Natureza DEPARTAMENTO DE QUÍMICA OLIMPÍADAS DE QUÍMICA

PROPRIEDADES TÉRMICAS, ESPECTROSCÓPICAS E DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM COMPLEXOS DE POLI(VINILPIRIDINAS)/CLORETO DE FERRO(III)

Os sais são neutros, ácidos ou básicos? Íons como Ácidos e Bases

OBTENÇÃO DE ESFERAS DE QUITOSANA PARA ESTUDO DO COMPORTAMENTO EM ÁGUAS POLUÍDAS ARTIFICIALMENTE COM METAIS PESADOS

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO BIOPOLÍMERO

3016 Oxidação do ácido ricinoléico a ácido azeláico (a partir de óleo de rícino) com KMnO 4

Química Orgânica Experimental I BAC CRITÉRIOS PARA CORREÇÃO DOS PRÉ-RELATÓRIOS E RELATÓRIOS

10 QUÍMICA 3º DIA 2º Processo Seletivo/ NO e N 2 O são óxidos de nitrogênio com importantes atividades biológicas.

SÍNTESE DE PARTÍCULAS DE COPOLÍMERO DE ESTIRENO- DIVINILBENZENO MAGNETIZADAS E SUA APLICAÇÃO NA IMOBILIZAÇÃO DE LIPASES

3009 Síntese de ácido-trans-5-norborneno-2-3-dicarboxílico a partir de ácido fumárico e ciclopentadieno

Universidade Federal de Viçosa Departamento de Química Programa de Pós-Graduação em Agroquímica

1004 Nitração do N-óxido de piridina para N-óxido de 4- nitropiridina

Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO DA BASE DE SCHIFF BIOPOLIMERICA DE QUITOSANA/GOMA DO CAJUEIRO ALDEIDO FUNCIONALIZADA. Maria Alexsandra Tomaz, Guilherme A. M. Jr., Regina C. M. Paula, Jeanny da S. Maciel * Laboratório de Polímeros,Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, Universidade Federal do Ceará C. Postal 12.200, 60.455-760, Fortaleza -CE Brasil- * jeanny@dqoi.ufc.br; rpaula@.dqoi.ufc.br; alexsandra_tomaz@yahoo.com.br; guilhermeaugustom@yahoo.com.br Characterization of the biopolimeric Schiff bases of chitosan and aldehydes functionalised cashew gum Aldehyde functionalized cashew gum derivatives were synthesized by reaction with sodium periodate. The samples were characterized by FTIR, GPC and degree of oxidation (DO). Degrees of oxidation ranging from 1 to 9.5% were obtained. Spheres of oxidized cashew gum (CGOX) and chitosan (CH) were obtained by Schiff bases reaction. The spheres were characterized by SEM, FTIR and swelling behavior. The decrease of 1570 cm -1 FTIR band, stability at ph 1.2 and roughness of the spheres indicate that CH/CGOX particles were formed by Schiff base reaction. Introdução Sistemas de liberação a base de polímeros vem sendo proposto para várias aplicações na área de alimentos, terapêutica e agricultura 1. Polímeros naturais como a quitosana e colágeno têm sido investigados em aplicações biomédicas. A boa biocompatibilidade, a degradação com formação de produtos não-tóxicos e excretáveis são o principal atrativo de biopolímeros como quitosana e colágeno, para aplicação em sistema de liberação de fármacos 2. No entanto, vários biopolímeros, especialmente a classe dos polissacarídeos, têm desvantagens inerentes, tais como pobres propriedades mecânicas, absorção de água não controlável, e contaminação microbiana 3. Para superar esses problemas matrizes modificadas por reticulação química e formação de redes interpenetradas (géis do tipo IPN) com outros polímeros vem sendo desenvolvida 4-6. Agentes reticulantes frequentemente utilizados na reticulação de colágeno e quitosana são glutaraldeído e formaldeído, entre outros. No entanto a presença de resíduos de agentes reticulantes pode ocasionar efeitos tóxicos laterais. Além disso, as reações entre a droga e o agente reticulante pode resultar na formação de derivados tóxicos ou inativos 7. Diante desse fato, reticulantes naturais tais como, açúcares ou derivados têm sido proposto para reticulação de quitosana e colágeno 8-10. Dentro desses agentes reticulantes encontram-se a genipina, substância extraída da fruta do jenipapo (Gardênia jasminoide). Genipina forma ligações covalentes com grupos ε-amina contidos em polímeros, formando uma ponte entre duas cadeias 11-12. Outro tipo de modificação também bastante interessante para aplicações biomédicas ou farmacêuticas é a formação da base de Schiff de polissacarídeos aminados, como a quitosana, com

polissacarídeos aldeído funcionalizado. Polissacarídeos oxidados como escleroglucana 13 e PEG 14 reagem com quitosana para formar hidrogéis. A oxidação de polissacarídeos com periodato de sódio tem sido proposta para obtenção de derivados aldeídicos de goma guar 15, dextrana 2 e alginato 16. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é a modificação da goma do cajueiro por oxidação com periodato de sódio para obtenção de derivados aldeídos funcionalizados e interação desses derivados com quitosana via formação de Base de Schiff biopolimérica. Experimental Reação de oxidação A reação de oxidação parcial da goma do cajueiro foi realizada por modificação do método descrito por Stokke e col. [1995] 17 para escleroglucana e Dawlee e col. [2005] 18 para sulfato de condroitina. Goma do cajueiro (1g) foi suspensa em água e deixada sob agitação por 2 h, após completa dissolução, álcool n-propílico e NaIO 4 foram adicionados para obtenção de diferentes razões em mol polissacarídeo/periodato de sódio. A mistura reacional foi deixada por 6 h à temperatura ambiente e em seguida dialisada contra água destilada até ausência de álcool n- propílico e então liofilizada. A concentração de ácido fórmico formado durante a reação de oxidação foi determinada por titulação com NaOH 0,018 moles/l. A distribuição de massa dos derivados foi analisada por cromatografia de permeação em gel (GPC) utilizando equipamento Shimadzu com coluna Ultrahydrogel linear (7,8 x 300 mm), fluxo 0,5 ml/min e detector de índice de refração (RID 6A). Preparação das esferas de Quitosana/Goma do cajueiro oxidada Foram feitas as esferas de quitosana por gotejamento, utilizando uma seringa hipodérmica de uma solução de quitosana 2% m/v (ácido acético 1% v/v) em NaOH 0,25 M. As esferas foram deixadas em repouso na solução de NaOH por 24 h, em seguida foram filtradas e lavadas com água destilada até ph 7. As esferas de quitosana foram adicionadas à solução de goma do cajueiro oxidada 1% m/v em água destilada com o ph ajustado para 7,0 na razão de 3:2 NH 2 :CHO. A mistura foi deixada sob agitação por 24 h, em seguida lavada com água destilada para retirar o excesso de GCOX da superfície. As esferas de QT e QT/GCOX foram suspensa (1% m/v) em HCl 0,1M separadamente por 2 h para verificar a solubilidade da base de Schiff GCOX/QT neste meio.

Espectroscopia na região do infravermelho Os espectros foram obtidos em espectrofotômetro modelo Shimadzu 8300 utilizando pastilhas de KBr. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) A observação da superfície das esferas de QT e QT/GCOX, após secagem, foi realizada utilizando-se um equipamento de microscopia eletrônica de varredura (MEV) PHILIPES HOLANDA XL30 montadas em suporte de metal e revestidas com carbono. Ensaio de intumescimento A variação do diâmetro das esferas com o intumescimento foi acompanhada por microscopia ótica (microscópio ótico Olympus CH30) em intervalos de 10 min por duas horas em ph 1,2 e seguido por mais duas horas em ph 7,4. Resultados e Discussão Reação de Oxidação com periodato de sódio (NaIO 4 ) Foram obtidos derivados da goma do cajueiro com 1,0 a 9,5 % de unidades oxidadas a medida que a razão [NaIO 4 ]/GC unid. glicosidica aumenta (Figura 1). A analise da distribuição de massa por GPC (cromatografia de permeação em gel) mostrou que não ocorreu diminuição da massa molar dos derivados em relação ao polissacarídeo não-modificado, indicando que não houve degradação do polímero durante a reação. 11 10 9 8 7 % oxidação 6 5 4 3 2 1 0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 [NaIO 4 ]/GC (unidades glicosidicas) Figura 1. Relação entre a percentagem de oxidação e a razão periodato/unidades glicosídicas da goma do cajueiro (GC). Espectroscopia na região do infravermelho O espectro de GCOX (Figure 2) com 9,5% de unidades oxidadas mostra no espectro na região do infravermelho absorções de baixa intensidade em 1736 cm -1 oxidação da GC. (νc=o), indicando a

2,0 Absorbância 1,5 1,0 0,5 1736 GCOX9,5 GC 0,0 0,5 4000 3600 3200 2800 2400 2000 1600 1200 800 400 número de onda (cm -1 ) Figura 2. Espectros na região do infravermelho da goma do cajueiro nativa e goma modificada por oxidação com periodato de sódio (GCOX9,5). Caracterização da base de Schiff QT/GCOX (goma do cajueiro aldeído funcionalizada) Observou-se após a interação QT/GCOX9,5 que as esferas apresentam uma mudança de coloração de amarelo para marrom, o que pode ser uma evidência macroscópica da modificação superficial. Espectroscopia na região do infravermelho A Figura 3 mostra os espectros na região do infravermelho de esferas de quitosana (QT) e quitosana/goma do cajueiro oxidada (GCOX). Observam-se as seguintes absorções para as esferas apenas de quitosana (QT), 1653 e 1570 cm -1 correspondente às vibrações do grupo amida I (C=O) e da ligação N-H de amina respectivamente. Nas esferas de QT/GCOX observa-se que a absorção em 1570 cm -1 diminui o que indica a formação de ligação C=N entre os grupamentos CHO da GCOX e NH 2 da QT. QT/GCOX9,5 Absorbância 1570 QT esfera 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 número de onda (cm -1 ) Figura 3. Espectros na região do infravermelho esferas de quitosana e quitosana/goma do cajueiro oxidada (GCOX9,5).

Microscopia eletrônica de varredura Observou-se que as esferas de QT/GCOX9,5 (Figura 4B) apresentam superfície mais rugosa que as esferas preparadas apenas com QT (Figura 4A), o que pode ser conseqüência da formação de uma camada de GCOX9,5 sob a superfície das esferas de quitosana. A B Figura 4. Micrografias das esferas: A- QT e B-QT/GCOX9,5 Ensaio de intumescimento As esferas de QT e QT/GCOX9,5 foram testadas quanto à solubilidade em meio ácido (ph 1,2) e observou-se que nas condições testadas (suspensão de 1% m/v de esferas em HCl 0,1 M por 24 h) as esferas de QT/GCOX9,5 não se dissolvem, enquanto que as esferas de QT, sem interação com a solução de GCOX, dissolvem neste ph em menos de 10 min. O ensaio de intumescimento foi realizado em meio ácido (ph 1,2) e em meio básico (ph 7,4). A variação do diâmetro normalizado com o tempo mostra que a amostra intumesce pouco, com uma razão máxima de diâmetro no tempo t por diâmetro no tempo zero (seca) de 1,2. Observou-se que no intumescimento seqüenciado a amostra perde água quando retirada da solução com ph 1,2 e adicionada em meio básico (ph 7,4), permanecendo sem intumescer por todo o período de 2 h no último ph. Os dados obtidos indicam que a protonação e desprotonação dos grupamentos NH 2 livres são ainda os fatores determinantes no intumescimento, o que indica baixo grau de reticulação C=N, entre NH 2 da quitosana e CHO da GCOX. Conclusões A goma do cajueiro foi oxidada usando periodato de sódio para obter o polissacarídeo aldeído funcionalizado o qual pode ser usado para reticulação com grupamentos amina da quitosana via a reação de base de Schiff. Nas condições reacionais de oxidação não se observou diminuição da massa molar do polissacarídeo, a oxidação foi constatada pelo aparecimento de nova absorção em 1736 cm -1 ((νc=o). O modificado com maior percentagem de oxidação (9,5%) reage com quitosana para formação da base de Schiff na razão de 3:2 de NH 2 :CHO, sendo observada pela diminuição da absorção em 1570 cm -1 (δn-h) na região do infravermelho. As esferas de quitosana/gcox são insolúveis em meio ácido e apresentam superfície mais rugosa que as de

quitosana, indicando a interação dos polissacarídeos por formação de uma camada externa de GCOX. Agradecimentos Os autores gostariam de agradecer a Rede de Nanoglicobiotec (CNPq) e CAPES pelo apoio financeiro. Referências Bibliográficas 1. K. H. Bouhadir; E. Alsberg; D. J. Mooney Biomaterials 2001, 22, 2625. 2. H. Wu; Z. Zhang; D. Wu; H. Zhao; K. Hou J. Biomed. Res. Part B: Biomater. 2006, 78B, 56. 3. S. G. Kumbar; K. S. Soppimath; T. M. Aminabhavi J. Appl. Polym. Sci. 2003, 87, 1525. 4. N. Isklan J. Appl. Polym. Sci. 2006, 99, 1310. 5. S. G. Kumbar; T.M.Aminabhavi J. Appl. Polym. Sci. 2002, 84, 552. 6. S. G. Kumbar; K. S. Soppimath; T. M. Aminabhavi J. Appl. Polym. Sci. 2003, 87, 1525. 7. R. Cortesia; E. Espositoa; M. Ostia; Squarzonia G.; E. Menegattia; S.S. Davisb; C. Nastruzzia Eur. J. Pharm Biopharm 1999, 47, 153. 8. Y. Yuan; B. M. Chesnutt; G. Utturkar; W. O. Haggard; Y. Yang; J. L. Ong; J. D. Bumgardner Carbohydr. Polym. 2007, 68, 561. 9. S-C Chen; Y-C. Wu; F-L Mi; Y-H. Lin; L-C Yu, H-W. Sung J. Controlled Release 2004, 96, 285. 10. H- C. Liang; W- H. Chang; K. J. Lin; H-S. Sung J. Biom. Mater. Res. A 2003, 65A, 271. 11. M. F. Butler; Y- F. Ng, P. D. A. Pudney J. Polym. Sci. Part A: Polym. Chem. 2003, 41, 3941. 12. F. L. Mi; S. S. Shyu; C-K. Peng J. Polym. Sci. Part A: Polym. Chem. 2005, 43, 1985. 13. V. Crescenzi; D. Embriaco; C. L. Velásquez; M. Dentini; A. Ceferri Macromol. Chem. Phys. 1995, 196, 2873. 14. A. Dal Pozzo; L. Vanini; M. Fagnoni; M. Guerrini; De Benedittis; R. Muzzarelli. Carbohydr. Polym. 2000, 42, 201. 15. A.J. Varma; S.P Kokane; G. Pathak; S.P Pradhan Carbohydr. Polym. 1997, 32, 111. 16. C. G. Gómez; M. Rinaudo; M. A. Villar Carbohydr. Polym. 2007, 67, 296. 17. B. T. Stokke; A. Elgsaeter; O. Smidsod; B. E. Christensen Carbohydr. Polym. 1995, 27, 5. 18. S. Dawlee; A. Sugandhi; B. Balakrishnan; D. Labarre; A. Jayakrishnan Biomacromol 2005, 6, 2040.