Empresa virtual: uma realidade



Documentos relacionados
PHC dcontroldoc. O acesso a diversos tipos de ficheiros

w w w. y e l l o w s c i r e. p t

Base de Dados para Administrações de Condomínios

5.7.6 Internet/Intranet Gestão logística 177 CAPÍTULO 6. DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE WORKFLOW Métodos de Desenvolvimento 181

Apresentação da Solução. Divisão Área Saúde. Solução: Gestão de Camas

Introdução ao Modelos de Duas Camadas Cliente Servidor

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO As Normas da família ISO 9000

Apresentação de Solução

A Gestão, os Sistemas de Informação e a Informação nas Organizações

FERRAMENTAS E SOLUÇÕES DE APOIO À GESTÃO E MANUTENÇÃO DE ATIVOS

Plataforma de Gestão de Actualizações de Software Descrição do Problema

Sistemas de Informação I

Inteligência de Parceiros e Colaboração nos Negócios: a evolução no setor de Telecomunicações

Apresentação do Manual de Gestão de IDI

. evolução do conceito. Inspecção 3. Controlo da qualidade 4. Controlo da Qualidade Aula 05. Gestão da qualidade:

CSCW - Trabalho Cooperativo Suportado por Computador

Na medida em que se cria um produto, o sistema de software, que será usado e mantido, nos aproximamos da engenharia.

Virtualização e Consolidação de Centro de Dados O Caso da UTAD António Costa - acosta@utad.pt

Como elaborar um Plano de Negócios de Sucesso

Gestão da Informação

PHC Serviços CS. A gestão de processos de prestação de serviços

A NANOTEC Uma Iniciativa em Nanotecnologia

Gestão dos Níveis de Serviço

Qualidade e Inovação. CONTROLO DA QUALIDADE Qualidade e Inovação Trabalho de grupo

Conceito. As empresas como ecossistemas de relações dinâmicas

Controlo da Qualidade Aula 05

Empresariado Nacional e Tecnologias de Informação e Comunicação: Que Soluções Viáveis para o Desenvolvimento dos Distritos?

A certificação de Qualidade para a Reparação Automóvel.

Case study. II Encontro de Parceiros Sociais Microsoft CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE EMPRESA

Realizou-se dia 24 de Março, na Maia, nas instalações da Sonae Learning Center, a 6ª sessão da CoP, desta vez presencial.

1 ARQUITECTURA DO PRODUTO - MODULARIZAÇÃO E SISTEMAS DE PLATAFORMAS NA INDUSTRIA FERROVIÁRIA

PHC dteamcontrol Externo

AUDITORIAS DE VALOR FN-HOTELARIA, S.A.

PHC dteamcontrol Interno

Gestão do conhecimento

Enunciados dos Trabalhos de Laboratório. Instituto Superior Técnico / Introdução. 2 Configuração de Redes

Certificação da Sociedade Portuguesa de Inovação pela NP4457:2007 O Processo de Certificação e Instrumentos de Apoio ao SGIDI

Estratégia Empresarial. Capítulo 4 Missão e Objectivos. João Pedro Couto

DESENVOLVER E GERIR COMPETÊNCIAS EM CONTEXTO DE MUDANÇA (Publicado na Revista Hotéis de Portugal Julho/Agosto 2004)

Software Registado e Certificado pela AT GESTÃO DE LAVANDARIAS. mercado exigente! Certificado. Retail Solutions

O contributo do Cluster Habitat Sustentável

Ilustratown - Informação Tecnológica, Lda.

PHC dteamcontrol Interno

Soluções de Gestão de Clientes e Impressão Universal

Software PHC com MapPoint

EMPRESAS VIRTUAIS. Autor: Pedro Miguel da Silva Fernandes. PDF processed with CutePDF evaluation edition Pág.

Escola Secundária de Paços de Ferreira 12ºAno de secretariado TECS. Departamento Comercial e Marketing

Arquitecturas de Software Licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores

Sinopse das Unidades Curriculares Mestrado em Marketing e Comunicação. 1.º Ano / 1.º Semestre

Material de Apoio. Sistema de Informação Gerencial (SIG)

Moçambique. Agenda EVENTOS 2013 NEW!! INSCREVA-SE EM. Também in Company. VISITE

Nota: texto da autoria do IAPMEI - UR PME, publicado na revista Ideias & Mercados, da NERSANT edição Setembro/Outubro 2005.

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 300 ÍNDICE

A GESTÃO DA INOVAÇÃO APCER

QUALIDADE E EXCELÊNCIA NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO. Manuel Antunes

Sistema de Monitorização e Avaliação da Rede Social de Alcochete. Sistema de Monitorização e Avaliação - REDE SOCIAL DE ALCOCHETE

Computer Supported Cooperative Work - CSCW

Serviço a Pedido ( On Demand ) da CA - Termos e Política de Manutenção Em vigor a partir de 1 de Setembro de 2010

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, ORGANIZAÇÕES, ADMINISTRAÇÃO E ESTRATÉGIA

1. ENQUADRAMENTO. Contacte-nos hoje para saber mais. Esta é a solução de Gestão do Desempenho de que a sua Empresa precisa!

PHC Workflow CS. O controlo e a automatização de processos internos

Em início de nova fase, forumb2b.com alarga a oferta

21/03/2012. WorkFlow. Gestão Eletrônica de Documentos. Workflow HISTÓRICO

Negócios à Sua dimensão

sistemas de informação nas organizações

1. Objectivos do Observatório da Inclusão Financeira

Gestão da inovação A avaliação e a medição das actividades de IDI

QUALIDADE E INOVAÇÃO. Docente: Dr. José Carlos Marques

Software Livre Expectativas e realidades

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE. Modelos de Processo de Desenvolvimento de Software

Marketing Turístico e Hoteleiro

CANDIDATURAS ABERTAS:

Política de Responsabilidade Corporativa. Março 2013

ESTRATÉGIAS DE NÍVEL EMPRESARIAL. Administração Estratégica Conceitos. Autores Peter Wright Mark J. Kroll John Parnell

Sistemas de Informação para a Gestão

NP EN ISO 9001:2000 LISTA DE COMPROVAÇÃO

O Quadro Nacional de Qualificações e a sua articulação com o Quadro Europeu de Qualificações

ISEP. Instituto Superior de Engenharia do Porto. Análise de Sistemas Informáticos

XI Mestrado em Gestão do Desporto

Corporativo. Transformar dados em informações claras e objetivas que. Star Soft.

Condições do Franchising

EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO. Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui. Complexidade das tecnologias critério de avaliação que

Oficina de Multimédia B. ESEQ 12º i 2009/2010

Manual de Gestão da Qualidade

Por existir diferentes níveis em uma organização, existem diferentes tipos de sistemas servindo cada nível organizacional

ü Curso - Bacharelado em Sistemas de Informação

PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º 255/IX RECOMENDA AO GOVERNO A TOMADA DE MEDIDAS COM VISTA AO DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE LIVRE EM PORTUGAL

Resultados da Lei de Informática - Uma Avaliação. Parte 4 - Programas Prioritários em Informática

NOTA DE ESCLARECIMENTO

SPEKTRUM SOLUÇÕES DE GRANDE PORTE PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS SPEKTRUM SAP Partner 1

O aumento da força de vendas da empresa

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Transcrição:

Empresa : uma realidade António Jorge Silva Cardoso José Carlos Teixeira CCG/ZGDV - Centro de Computação Gráfica Rua Rodrigues de Gusmão, 21 3000 Coimbra - Portugal jcardoso@ccg.uc.pt teixeira@ccg.uc.pt Abstracto Hoje em dia, a dinâmica mundial dos mercados económicos obrigou à adopção de novas políticas estruturais por parte de muitas empresas. De modo a fazer face às crescentes exigências de competitividade, a alteração das estruturas organizacionais é uma necessidade. Numa tentativa de transformar as empresas, com vista a torná-las mais flexíveis, será introduzido o conceito de empresa. Neste trabalho, pretende-se introduzir o enquadramento que permitirá a criação de empresas compostas por diversas entidades especializadas em dominos previamente definidos seguindo uma política just-in-time. A agregação temporária tem por objectivo final a realização de uma tarefa inicialmente definida, com o auxílio e cooperação de todas as entidades envolvidas no processo. O aspecto social da cooperação e coordenação, que estará patente entre as diversas entidades, terá o apoio de infraestruturas de telecomunicações e tecnologias computacionais, assim como o apoio dos resultados da investigação em CSCW (Computer Supported Cooperative Work). 1 Introdução Nas últimas duas décadas, o equipamento disponível no mercado informático tem tido um desenvolvimento extremamente rápido. As soluções oferecidas pelos fabricantes têm surgido como resposta rápida às necessidades evocadas pelos utilizadores. Esta evolução constante das tecnologias do mundo informático encontra uma caracterização bem elucidativa na analogia feita por Edwards [Edwards, 79], entre a indústria informática e de transporte; but suppose for a moment that the automobile industry had developed at the same rate as computer and over the same period: how much cheaper and more efficient would the current models be? Today you would be able to buy a Rolls Royce for 1.35, it would be three million miles to the gallon, and it would deliver enough power to drive the Queen Elizabeth. Esta evolução pode ser caracterizada pelo desenvolvimento de duas grandes áreas tecnológicas: os computadores pessoais e as redes de dados. Estas duas vertentes tornam possível a existência de uma máquina em cada secretária, assim como a interligação de todos os computadores, dando origem ao conceito de aldeia global. A interligação de máquinas não constitui o fim desta evolução. Actualmente a troca de dados já se tornou uma tarefa comum entre todos os utilizadores, e o próximo passo lógico, que é o reflexo das necessidades evocadas pelos utilizadores, consiste em ligar, não só programas que funcionam em máquinas e ambientes distintos, mas ligar os próprios utilizadores [Wilson, 91], através da criação de ambientes envolventes que permitam uma interacção mais estreita e produtiva. Uma das capacidades mais notáveis destes ambientes, consiste no suporte do trabalho cooperativo. A área de CSCW tem tido um papel fundamental na análise dos factores que condicionam a construção de ambientes de trabalho de grupo assistido por computador. Os desenvolvimentos realizadas deram origem a um novo tipo de trabalho, possibilitando às pessoas trabalhar em casa, às empresas criar sucursais, filiais ou alianças em qualquer parte do mundo, sem nunca perderem os elementos de comunicação, colaboração e coodenação. Estas alterações irão modificar as tradicionais estruturas sociais, políticas, financeiras e organizacionais, dando lugar a novas entidades cujo núcleo operacional está assente numa estrutura de suporte cuja troca de informação, sem limite geográfico ou temporal, é a característica mais importante. Tais mudanças dão um grau de mobilidade física e organizacional às pessoas e às empresas, possibilitando que sejam estabelecidos laços de união com outras entidades de uma forma espontânea com vista a alcançar um objectivo. As estruturas organizacionais rígidas e estáticas, firmemente implantadas, transformam-se num

conjunto de estruturas apoiadas numa camada flutuante que se pode mover e interligar a várias entidades. São esses aspectos que este trabalho pretente caracterizar, definindo o enquadramento necessário à criação de redes de entidades flexáveis, ao qual chamamos empresa. 2 Problemas existentes nas empresas São muitos os problemas que existem e podem surgir numa empresa, sendo impossível inumerálos a todos. Para o nosso estudo iremos analizar duas características importantes relacionadas com a dimensão das empresas, e que geralmente penalizam a sua capacidade competitiva. As empresas de grandes dimensões, têm geralmente uma estrutura organizacional que inclui todos os recursos necessários à realização dos seus objectivos. A adopção desta estratégia implica frequentemente uma perda de capacidade de resposta, face à transformação de oportunidades existentes no mercado num valor acrescentado. Por outro lado, as empresas de pequeno porte, não têm a capacidade de incluir todos os recursos necessários à realização da sua actividade, tendo por isso poucas camadas a nível organizacional. Esta estrutura interna simples e flexível, permitelhe alcançar uma dinâmica notável face as oportunidades existentes no mercado, mas a falta de recursos e de competências a nível do seu núcleo operacional impede-lhe muitas vezes a exploração de potenciais oportunidades já identificadas. 3 Empresa : uma dimensão híbrida Tendo em conta a importância das características analisadas anteriormente, e que dependem directamente da estratégia adoptada na estruturação do núcleo operativo de uma empresa, é necessário criar um modelo que enquadre recursos equivalentes aos de uma grande empresa, tendo ao mesmo tempo a estrutura simples de uma pequena empresa. O modelo pretendido tem de ser antes de tudo uma entidade flexível, com uma capacidade de resposta rápida e eficiente, permitindo-lhe rentabilizar ao máximo as potenciais oportunidades existentes no mercado. O conceito de empresa, introduzido por Jan Hopland, um executivo da DEC (Digital Equipment Corporation), pretende caracterizar uma entidade, que através da criação de uma rede temporária de empresas independentes, interligadas por sistemas e tecnologias de informação, constituem uma única empresa denominada (Figura 3-1), com vista a alcançarem um objectivo comum. A interligação de várias empresas seguindo uma politica just-intime permite agregar temporariamente recursos, experiências, e tecnologias necessárias a exploração de uma oportunidade detectada no mercado. B E D C F A H G I Figura 3-1 Rede de entidades de uma empresa 4 Caracteristicas de uma empresa Uma das ideias implícitas neste modelo é a redução dos níveis da estrutura organizacional da empresa, até restarem unicamente os elementos estritamente necessários constituidos pelas suas competências fundamentais. Desta forma a empresa formada adquire agilidade, velocidade, flexibilidade e especialização a todos os níveis. Estes elementos, indispensáveis à conquista de novas oportunidades no mercado, permitem-lhe ser altamente competitiva. A criação de uma empresa está directamente relacionada com a percepção da existência de uma potencial oportunidade que possa ser explorada a nível do mercado. A criação de uma força competitiva a qualquer instante através da interligação de várias entidades, só durará enquanto for necessário realizar um objectivo específico, quando essa necessidade cessar, a empresa será desmantelada de uma forma simples, e sem custos associados. A capacidade de poder ser realizado trabalho em paralelo pelas diversas entidades, possibilita a existência de tempos aceitáveis entre a identificação e o processamento de uma oportunidade. É também fundamental que sejam cumpridos os prazos estabelecidos entre as entidades constituintes de uma empresa. Esta necessidade é garantida com a introdução da noção de velocidade local a uma entidade, uma variável que quantifica o tempo dispendido na realização de uma tarefa, e cuja controlo adequado garante uma 2

imagem de eficiência indispensável para futuras alianças. A delegação de tarefas específicas a serem realizadas por outras empresas, com a finalidade de reduzir ou mesmo anular os custos associados, implica uma perca de controlo sobre essas tarefas. A tecnologia é um elemento fundamental para uma empresa que queira ser líder na sua área de acção. Na criação de uma empresa, é muitas vezes necessário partilhar os processos utilizados na elaboração do produto com uma ou mais empresas envolvidas, podendo em alguns casos verificar-se uma transferência de know-how, colocando uma empresa aliada numa posição de futura competidora. A perda de poder por parte dos gestores no controlo da execução de tarefas efectuadas por entidades externas à empresa, pode consistituir um problema, no sentido em que é necessário estabelecer laços de comunicação, colaboração, coordenação e confiança com os novos colegas de trabalho, em substituição ao comando directo. Numa empresa tradicional a cadeia de comando está organizada de tal foma que os elementos do topo comandam o elementos de um nivel inferior e estes respondem perante o seu superior. Numa empresa esse controlo é muito mais difícil, além da cadeia de comando existem interacções que se baseam exclusivamente em questões sociais de confiança. Cada entidade assume responsabilidade pela sua tarefa, e confia no seu parceiro pela elaboração da sua parte. 5 Enquadramento de uma empresa Como já foi referido, os aspectos relacionados com a interacção social, com a troca de informação e com os processos de negócio existentes nas organizações devem ser ponderados de uma forma minuciosa, estando o sucesso da empresa dependente dessa análise. Duas grandes àreas de investigação devem ser consideradas: a área de CSCW que nos fornece sistemas de groupware que contêm processos sociais de grupo [Johnson-Lentz e Johnson-Lentz., 82], e a área de workflow que fornece sistemas de automatização dos processos de negócio. 5.1 CSCW e Groupware É no início da década de oitenta que surge a sigla CSCW, acrónimo de computer-supported cooperative work. Introduzida por Paul Cashman da DEC e Irene Greif do MIT, o termo CSCW pretende classificar uma área de investigação dedicada ao estudo do trabalho realizado por pessoas em grupo e de que forma podem as tecnologias apoiar esse trabalho [Grudin, 91]. Grudin [Grudin, 94] caracteriza o Trabalho Cooperativo Suportado por Computador como sendo o esforço realizado pelos investigadores no sentido de aprender com os economistas, psicólogos, antropologistas, teóricos organizacionais, educadores e com qualquer outro tipo de pessoa que possa fornecer dados sobre a actividade de grupo. Grudin explica que enquanto CSCW designa a área de investigação, o termo groupware representa as tecnologias (hardware e software) resultantes da pesquisa em CSCW, sendo sistemas baseados em computadores que assistem grupos de pessoas envolvidas numa tarefa comum e que fornecem um interface de ambiente partilhado [Ellis et al., 91]. Ao conceito de empresa está associada a noção de distribuição, isso porque as entidades envolvidas encontram-se fisicamente dispersas. A distribuição geográfica dos participantes e consequente descentralização do trabalho implica uma forte coordenação das actividades [Busbach, 96]. O surgimento de grupos de trabalho cooperativo distribuidos (Figura 5-1), poderá ser a chave para uma nova estrutura organizacional. É no entanto necessário construir mecanismos que permitam às empresas criar sucursais, filiais ou alianças em qualquer parte do mundo, assim como permitir às pessoas trabalhar em casa, sem nunca perderem os elementos de comunicação, colaboração e coodenação existentes no trabalho tradicional. É nestes aspectos que os resultados das investigações na àrea de CSCW nos irão ajudar. Figura 5-1 Modelo de trabalho cooperativo distribudo 5.2 Workflow Em 1985, um grupo de engenheiros introduziu o termo workflow software, com a finalidade de caracterizar um conjunto de software que tinha por objectivo a substituição das folhas de papel existentes nas empresas por sistemas automatizados. 3

Várias definições têm sido propostas, Dyson [Dyson, 92] classifica o workflow como sendo um novo conjunto de software e ferramentas para a automatização e melhoramento dos processos do negócio. Hollingsworth [Hollingsworth, 94] dá uma definição extremamante abrangente, sendo para ele qualquer modelo computadorizado de um processo do negócio. Para Fritz [Fritz, 95] é uma ferramenta importante na estruturação e optimização do processo do negócio e no suporte de implementações práticas do processo de reengenharia do negócio. Na tecnologia groupware, os sistemas de workflow constituem um dos ambientes mais poderosos que fomentam o trabalho cooperativo. O seu objectivo consiste em automatizar os processos e as tarefas existentes numa empresa, através da criação de canais lógicos de comunicação, de forma a permitir uma troca intensa de dados entre as pessoas (Figura 5-2). Os processos e as tarefas são modeladas através de nós, que representam pessoas, equipamentos, aplicações ou outros processos, interligados entre si por arcos (links) que representam os fluxos de informação geralmente compostos por documentos, requisições, instruções e comandos. Cliente Requisição Transporte Dept. VENDAS Facturação Notificação Proc. não aprovada aprovada Requisição não satisfeita Material não disponível Envio Dept. COMPRAS Material Fornecedor Figura 5-2 Exemplo da modelização de um processo No modelo de empresa, cada entidade envolvida deverá possuir sistemas informáticos que permitem que sejam descritos os workflows existentes tanto a nível interno como a nível externo. Os sistemas criados, locais a cada entidade, estarão ligados entre si com os interfaces necessários, formando uma rede homogénea e transparente. Com as ferramentas disponibilizadas, os utilizadores poderão interactuar com todo o sistema e com todos as pessoas pertencentes a empresa, independentemente da sua localização geográfica. Esta facilidade de poder trabalhar em grupo com pessoas que estejam em casa, numa sucursal, numa filial, ou noutra empresa, só é possível devido a estrutura previamente descrita, e que tem por finalidade interligar as várias empresas envolvidas homogeneamente e transparentemente formando uma só. A adopção de um sistema de workflow para cada empresa deve ser precedido de duas fases: a fase de definição e a fase de construção. A primeira engloba a análise de viabilidade e a definição dos requisitos pretendidos que permitem alcançar os objectivos de cada entidade. A fase seguinte, é composta pelo design, construção e verificação do sistema em causa. O design do sistema é talvés a fase mais crítica para a construção de um sistema de workflow, onde se avaliam todos os aspectos da organização que devem ser tomados em consideração, tal como a estratégica dos processos de negócio e a cultura da empresa. A monitorização e gestão dos processos em execução, é uma funcionalidade importante que deve existir num sistema de workflow, possibilitando a extenção ou modificação dos processos do negócio a medida que o ambiente envolvente sofre alterações. 6 Requisitos para integrar uma empresa São vários os requisitos necessários a uma empresa para poder integrar uma empresa de forma a dar uma contribuição positiva. Existem no entando dois factores que têm uma importância acrescida; a existência de um ambiente cooperativo e a aceitação de uma assitência tecnológica por parte das pessoas. De seguida apresentamos uma lista, que tem por função caracterizar de uma forma rápida a ilegibilidade de uma entidade com vista a integração de uma empresa. - Existência de estações de trabalho com interface gráfica, ligadas a uma rede informática. - As tarefas e processos existentes na empresa serem desempenhadas cooperativamente pelas pessoas, mas existindo a vontade de estreitecer estes laços, com vista a tornar o trabalho mais eficiente. - Os telefones, faxes, e e-mails serem os meios de comunicação vulgarmente utilizados e imprescindíveis para o bom funcionamento da empresa. - Existência nas pessoas, o desejo de aceitar o desafio de transfomar as novas tecnologias de informação em vantagens competitivas para a empresa. - Não existirem participantes ou grupos de trabalho que estejam separados por questões sociais, tal como divergências baseadas em políticas, rivalidades ou concorrência. 4

7 Instalação dos sistemas de suporte Em relação a instalação de um sistema de suporte ao conceito de empresa, cada entidade deverá ter em conta os seguintes pontos: aspectos organizacionais e de implementação física. Os aspectos organizacionais terão de ser ponderados num primeiro plano, visto influenciarem a posterior implementação física dos sistemas. Estes aspectos incluiem o planeamento dos recursos humanos, a criação de grupos de trabalho, e a selecção das aplicações a utilizar. A implementação física dos sistemas, preocupa-se com a instalação de redes, computadores, servidores e clientes. Uma particular importância tem de ser dada a possível heterogeneidade dos sistemas existente tanto a nível local, como externo, de forma a contornar os problemas inerentes na partilha e troca de informação. Uma possível fase piloto poderá ter o seguinte aspecto: 1. Criação de grupos de trabalho para a instalação dos sistemas. 2. Seleccionar o sistema de suporte a instalar. 3. Identificar os utilizadores que participarão no projecto piloto. 4. Efectuar um inventário das infraestruturas das redes informáticas. 5. Avaliar as necessidades de software e hardware. 6. Criar uma grupo de apoio e administração para o sistema instalado. O processo de instalação terá sempre um componente incremental, permitindo assim uma melhor sedimentação das soluções oferecidas, sendo também um processo iterativo, possibilitando refinar e ampliar a potencialidade das caracteristicas existentes no prototipo inicial. 9 Referências bibliográficas [Busbach, 96] Uwe Busbach, "Activity Coordination in Decentralized Working Environments", CSCW issues for Mobile and Teleworkers, Springer, 1996. [Edwards, 79] Edwards, Chris The Mighty Micro, Hodder & Stoughton, London, 1979. [Ellis et al., 91] Ellis, C.A.,Gibbs, S.J., e Rein, G.L. Groupware Some Issues and Experiences, CACM, Vol.34 N.1, pp.38-58, 1991. [Fritz, 95] Fritz, F. J., Workflow Implementation Based on the R/3 Reference Model, SAP AG report, 1995. [Johnson-Lentz e Johnson-Lentz., 82] Johnson- Lentz, P. e Johnson-Lentz, T., Groupware: The process and impacts of design choices, in Computer-Mediated Communication Systems: Status and Evaluation, Academic Press, New York, N.Y., 1982. [Grudin, 91] Grundin, Jonathan, CSCW: The Convergence of Two Development Contexts, in Proceedings of CHI 91, ACM, pp.91-97, 1991. [Grudin, 94] Grudin, Jonathan, "CSCW: History and Focus", IEEE Computer, Maio, 1994. [Hollingsworth, 94] Hollingsworth, D., The Workflow Reference Model, Workflow Management Coalition, TC00-1003, Dezembro, 1994. [Wilson, 91] Wilson, P. Computer Supported Cooperative Work: An Introduction, Oxford, UK, Intellect Books, 1991. 8 Conclusões A adopção de um modelo empresarial baseado no conceito de empresa, tem actualmente todos os elementos tecnológicos necessários a sua implementação. Existe no entanto um obstáculo importante que dificulta a sua aplicação prática: a resistência a mudança por parte das pessoas. Em Coimbra, na FCTUC está a ser realizado um estudo sobre a aceitação e integração de ferramentas de groupware/workflow, com vista a criação de uma plataforma comum de trabalho colaborativo. Os resultados deste trabalho servirão para validar a nossa aproximação ao conceito de empresa. 5