Glaucenete Barros de Oliveira INTRODUÇÃO

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Transcrição:

I I I Levantamento da metodologia utilizada na orientação vocacional em Fortaleza Glaucenete Barros de Oliveira INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo situar a Orientação Vocacional dos estabelecimentos de ensino de 1.0 e 2. Graus de Fortaleza dentro de um panorama histórico da Orientação Vocacional e verificar que modalidade é mais empregada nestes estabelecimentos, considerando as expectativas de mudança de um novo contexto social. O trabalho apresenta-se dividido em três partes. A primeira se constitui de um estudo preliminar com o objetivo de apresentar uma perspectiva histórica e conceitual da Orientação Vocacional. Procura-se estabelecer uma classificação quanto às formas de atendimento e modalidade de Orientação Vocacional. Nesta primeira parte também é apresentado um breve histórico da Orientação Educacional e Vocacional, em Fortaleza, e os objetivos do levantamento são especificados. A segunda parte se ocupa do estudo de algumas características da Orientação Vocacional em Fortaleza, computadas através de entrevistas realizadas com Coordenadores de Serviço de Orientação Educacional (S. O. E. ). Os resultados obtidos das respostas dos Coordenadores de S. O.E., comparados com os aspectos classificados nas considerações pre- (*) Resumo da tese submetida como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Educação na PUC/RJ. Orientação de Maria Apparecida Campos Mameda Neves. liminares, permitem uma caracterização sobre a maneira como vem sendo realizada a Orientação Vocacional em Fortaleza, nos estabelecimentos de 1.0 e 2. Graus. A terceira parte é reservada à discussão de como se processa a Orientação Vocacional em Fortaleza, e dos moldes como está sendo desenvolvida. Ao fim do estudo, espera-se oferecer aos Orientadores Educacionais uma ajuda, ainda que pequena, no sentido de explicitar o grau de defasagem entre a modalidade de Orientação Vocacional mais usada em Fortaleza e as novas metodologias deste processo. Parte I - Considerações preliminares 1. Perspectiva histórica e conceitual da Orientação Vocacional. A teoria de Parsons é a teoria mais antiga no campo da Orientação Vocacional e pode ser descrita como indicando que o indivíduo possui certos traços e que diferentes ocupações requerem diferentes padrões de traços. Uma escolha significativa resultaria da combinação dos traços pessoais com requisitos ocupacionais. Para Parsons tanto os traços como os requisitos ocupacionais são supostos como pontos de apoio imutáveis que podem definir a escolha vocacional por toda vida. Parsons preconiza as seguintes estratégias para Orientação Vocacional (16): 1) observação das experiências e conhecimentos do indivíduo através de questionários e entrevistas para determinar suas habilidades e interesses; 2) estudo das ocupações através de observações e leituras; 3) comparação entre estes dados para, através de um "raciocínio correto", aconselhar uma escolha adequada. Super (42) caracteriza de estrutural a posição metodológica de Parsons. Segundo ele o modelo estrutural de Orientação Vocacional analisa as características dos homens 42 43

e das profissões e a maneira como estes fatores determinam as opções profissionais. A Orientação Vocacional estrutural corresponde, segundo ele, às teorias de aptidões e interesses, derivando-se da psicologia diferencial. Acredita também que as teorias estruturais não negam a importância do desenvolvimento psicológico, mas tomam como ponto pacífico que este desenvolvimento é completo no momento da Orientação. Super distingue, fundamentalmente, dois modelos de Orientação Vocacional: um estrutural, denominado modelo profissional, e outro evolutivo, chamado modelo de carreira (42). Com o aparecimento do conceito de estágios de desenvolvimento e a reconsideração de que nem as características individuais de personalidades, nem os requisitos ocupacionais são estáticos mas estão constantemente mudando, surgiu a necessidade de uma Orientação Vocacional desenvolvimentista e fora da noção rígida de combinar homens com empregos. A Orientação Vocacional passou a ser encarada não mais como uma ajuda em determinado estágio da vida (periódica), mas como um acompanhamento do processo de desenvolvimento (contínua). Como Orientação Vocacional desenvolvimentista, foi difundida a idéia de que orientação e instrução deveriam caminhar juntas como partes de um processo educativo integral. Processo amplo e contínuo que desenvolvesse a maturidade vocacional, a capacidade decisória durante o transcurso de escolaridade, de forma que o indivíduo possa fazer escolhas realistas, preparando-o para opções futuras. O modelo de carreira surgiu com a abordagem evolutiva da escolha ocupacional. Embora "orientação de carreira" esteja ganhando popularidade, o termo Orientação Vocacional é mais conhecido e aceito. Orientação Vocacional tem profundas raízes históricas e segundo Katz (20) há uma tendência para se manter o termo e mudar o conceito. Isto é, o que vem acontecendo desde 1950. Os anos 50 são considerados como tendo marcado uma etapa muito importante na história da Orientação Vocacional. A escolha vocacional passou a ser encarada como parte 44 de um processo que se desenvolve através de uma série de estágios. As teorias desenvolvimentistas mais conhecidas, inspiradas nos trabalhos de Buhler (1933), que colaboraram para o desenvolvimento destas idéias, foram: Ginzberg - 1951, Super - 1953 e Tiedeman - 1963. Estas teorias fora~ enriquecidas por uma série de pesquisas, entre elas as realizadas por Gribbons e Lohnes, que contribuíram com novas descobertas para a teoria do desenvolvimento vocacional (39). Após todos estes estudos, a idéia de maturidade vocacional passou a ser levada em conta e desde então tenta-se utilizá-ia na prática da Orientação Vocacional. Novas metodologias de Orientação Vocacional Como pudemos fundamentar no item anterior, os programas de Orientação Vocacional, baseados em teorias desenvolvimentistas, estão numa linha de auto-reflexão, caracterizando-se como processos de orientar o indivíduo a tomar, gradativamente, uma série de decisões. Como exemplo, cita-se o Ensayo Metodologico de Orientatión Proieseionol de Arce (1971) e o Dossier d'orientatión de Noiseux e Pelletier (1973). Estes programas utilizam múltiplos recursos pedagógicos para formação e informação com o intuito de desenvolver no jovem uma consciência mais clara de suas possibilidades pessoais e ambientais. São programas que pretendem facilitar a aquisição de uma aprendizagem significativa de escolhas e decisões autônomas. 2. Histórico da Orientação Educacional e Vocacional em Fortaleza A Escola Técnica Federal iniciou o Serviço de Orientação Educacional e Profissional (S. O.E.P.) em 1957, no mesmo ano que se iniciou no Brasil, em nível de graduação, a formação de orientadores educacionais. Em 1958, o Colégio Estadual Justiniano de Serpa, mesmo sem existir a função de Orientado r Educacional na Secretaria de Educação do Estado, implantou um Serviço de Orientação Educacional. Acredita- -se que estas foram as primeiras experiências realizadas em. 45

Fortaleza, embora não existam dados a respeito dos estabelecimentos particulares de ensino. Em 1961,teve início o 1.0 Curso de Orientação Educadonal na Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, atualmente Faculdade de Filosofia do Ceará. Em julho de 1962, a Secretaria de Educação do Ceará, num gesto pioneiro, instituiu a função de Orientado r Educacional em três estabelecimentos de ensino de Fortaleza: Colégio Estadual Liceu do Ceará, Colégio Estadual Justiniano de Serpa e Instituto de Educação ":0 Ceará. Em 1972, o Departamento de Educação da Universidade Federal do Ceará ofereceu, como uma das habilitações do curso de Pedagogia, a habilitação em Orientação Educacional. Em 1972, a Faculdade de Filosofia do Ceará, antiga Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, reabriu o Curso de Orientação Educacional, desta vez, como habilitação do curso de pedagogia. Com a repercussão da Lei 5692/71 no Serviço de Orientação Educacional e, especialmente, no trabalho de Orientação Vocacional, muitas medidas foram adotadas pelas instituições de ensino de Fortaleza. A Secretaria de Educação do Ceará, em 1973,contratou 25 Orientadores Educacionais para o 2.0 grau. Em 1974 foi feita a designação para Orientação Educacional entre professores do Estado e, neste mesmo ano, criou-se o quadro de Orientadores Educacionais no 1.0 grau. Segundo a coordenadora do S. O.E. da Secretaria de Educação e Cultura do Ceará, verificou-se a partir da Lei 5692/71 que a informação ocupacional foi intensificada e ampliado o Serviço de Orientação Vocacional nas escolas. 3. Objetivos do Levantamento O presente estudo teve por objetivo estabelecer uma caracterização, dentro de uma perspectiva histórica e conceitual, da Orientação Vocacional de estabelecimentos de 1.0 e 2.0 Graus, públicos e particulares de Fortaleza: 46 Procurou-se: 1. Verificar se a Orientação Vocacional, em Fortaleza, é uma função isolada ou uma atividade conjunta dos serviços de orientação e dos professores. 2. Verificar a posição metodológica dos Orientadores Educacionais de Fortaleza quanto aos recursos empregados e formas de atendimento. 3. Verificar a tendência teórica tanto conceitual como operacional da Orientação Vocacional em Fortaleza. Parte II - O Levantamento: Características da Orientação Vocacional em Fortaleza. Verificou-se que apenas 24 (15,2% dos estabelecimentos de 1.0 e 2. 0 Graus de Fortaleza) estavam realizando Orientação Vocacional sendo esta, portanto, a população existente e estudada. Vinte e quatro Coordenadores dos Serviços de Orientação Educacional, de estabelecimentos de ensino de 1.0 e 2.0 Graus, públicos e particulares de Fortaleza, foram, portanto, entrevistados. Adotando-se este critério, partiu-se da suposição de que um coordenador está mais a par de como vem sendo desenvolvido o serviço sob sua coordenação. Limitando-se a entrevista aos coordenadores de S. O. E., economizou-setempo na coleta e avaliação dos resultados. No caso de o estabelecimento não possuir coordenador de S. O. E., optou-se por entrevistar o mais antigo na função e, no caso de o estabelecimento possuiu apenas um orientado r, esse era o entrevistado. Verificou-se que a Orientação Vocacional, em Fortaleza, atua, especialmente, nas séries terminais de 1.0 grau e na 1.a e 2.a séries do 2.0 grau. Portanto, verificou-se que 100% dos estabelecimentos estudados utilizam a forma de Orientação Vocacional periódica, limitada a determinadas séries escolares. Observa-se que"em 11 estabelecimentos públicos (91,7%) a Orientação Vocacional é feita em equipe, ao passo que apenas 7 estabelecimentos particulares (58,3%) possuem equipe 47

para Orientação Vocacional. Em 1 estabelecimento público, a Orientação Vocacional é realizada por um orientado r no turno da manhã, e outro orientado r no turno da noite. Cinco estabelecimentos particulares (41,7%) possuem apenas um oríentador que realiza sozinho o serviço de Orientação Vocacional. É praticamente inexistente a participação do professor, psicólogo e assistente social no desenvolvimento da Orientação Vocacional nos estabelecimentos de ensino de 1.0 e 2.0 Graus de Fortaleza. Nos estabelecimentos públicos e particulares há uma predominância no uso de recursos: a) que informam - 95,9% (palestras, visitas, trabalhos de grupo, fichas profissiográficas, audiovisuais, pesquisas, outros) ; b) que avaliam - 87,5% (testes de interesses, questionários, testes de inteligência, testes de inteligência e aptidões, testes de personalidade, rendimento escolar) sendo estes dados possivelmente fornecidos através de uma entrevista, para informação dos resultados procurando levar o aluno a uma decisão. Portanto, em Fortaleza, a Orientação Vocacional atua a curto prazo como Orientação Vocacional estrutural. Apenas 2 estabelecimentos utilizam a informação ocupacional como único recurso. Mas, nenhum adota uma posição desenvolvimentista como um processo ao longo do ensino. Parte lu - Discussão Pode-se afirmar que a Orientação Vocacional, em Fortaleza, necessita de melhores condições para que se possa adaptar ao espírito flexível e renovador da Lei 5 692/71 e a idéia de que as opções não são momentâneas mas emergem de um processo evolutivo (48, 49, 50). Estando a Orientação Vocacional, em Fortaleza, limitada, quase exclusivamente, à 8.a série de 1.0 grau ela, 2.a 48 senes de 2. 0 grau, dificilmente oferecerá aos alunos uma orientação desenvolvimentista no sentido do amadurecimento vocacional e transitoriedade da vida moderna. Como a Orientação Vocacional em Fortaleza vem sendo realizada, quase exclusivamente, por Orientado r Educacional (62,5%), não há integração entre a. totalidade das experiências que constituem o currículo, não há coordenação de esforços de toda equipe escolar no mesmo sentido, pois, a tentência comum é deixar a Orientação Vocacional a carga apenas de um serviço especializado (8. O. E.). Nos estabelecimentos de ensino de Fortaleza a Orientação Vocacional não é, portanto, conseqüência do desenvolvimento de um trabalho integrado e interdisciplinar. Pode-se dizer que a Orientação Vocacional, em Fortaleza, é padronizada quanto a forma de recursos e atendimento. É uma Orientação Vocacionalestrutural, baseada nos achados da psicologia diferencial, procurando combinar traços individuais com as exigências ocupacionais. Os Orientadores Educacionais de Fortaleza não dispõem de condições para utilizar um processo de ajuda que desenvolva nos alunos o auto- -conhecimento aplicável à compreensão das ocupações. Portanto, os aspectos desenvolvimentistas do programa de Arce ou as proposições de Noiseux e Pelletier não estão presentes na modalidade de Orientação Vocacional de Fortaleza. Conclusões e Sugestões Historicamente muitas modificações ocorreram no campo da Orientação Vocacional e, principalmente, nas últimas duas décadas houve grandes transformações na conceituação e metodologia deste processo. As principais modificações podem ser resumidas nas seguintes proposições:. 1. Numa visão clássica, Educação e Orientação Vocacional não eram processosinterdependentes. 2. Atualmente, as teorias desenvolvimentistas relacionam escolha vocacionale tempo de aprendizagem, admitindo 49

que uma escolha realmente significativa emerge de um processo evolutivo. 3. A maturidade vocacional deve ser conquistada de modo sistemático e gradativo. Embora tenha se verificado que os interesses expressos pelos adolescentes são instáveis; que revelam expectativas ou fantasias dependendo do grau de maturidade vocacional, a Orientação Vocacional, em Fortaleza, conserva muitas características do modelo de Parsons (estrutural). 1. A influência psicomética continua ainda predominante nos estabelecimentos de ensino de 1.0 e 2. Graus de Fortaleza, centralizando-se mais na avaliação dos interesses. 2. Seu caráter periódico, limitado aos adolescentes. 3. Desenvolvendo-se independente do ensino, não permitindo uma abordagem desenvolvimentista de escolha vocacional. Baseando-se nas condições teóricas e na realidade da Orientação Vocacional, em Fortaleza, sugere-se: 1. Ampliação do processo de Orientação Vocacional, em Fortaleza, para incluí-lo no processo educacional total, dando orig m à "orientação de carreira" como hoje é conhecida a 01'1 nt ~o Vocacional. 2. Qnc 0, ri ntadores Educacionais de Fortaleza se mp nh m n pr fund m nto das teorias desenvolvimentlsta d Orienta fi V c ci nal obtenham a efetiva parti'lpação dos professor d turma no Serviço de Orientação Vocacional para que os alunos possam ser atendidos num trabalho interdisciplinar de Orientação Vocacional. 3. Melhores oportunidades de aperfeiçoamento para os Orientadores Educacionais, de tal modo que deles possa ser exigido, em termos justos, um Serviço de Orientação Vocacional mais qualificado e produtivo. 4. Esforço de criatividade por parte dos Orientadores e a disponibilidade de trabalhos sistematizados destinados a informação ocupacional e a exploração de atitudes, sentimentos e interesses, dentro de uma programação a longo prazo, dinâmica e educativa. 50 5. Não apenas uma nova metodologia de Orientação Vocacional, em Fortaleza, mas uma abordagem sistêmica onde os efeitos interdependentes da Orientação Vocacíonaí e Educação possam ser medidos. Torna-se evidente que nos últimos 20 anos a Orientação Vocacional passou a ser encarada como um processo que implica em decisões e escolha. A etapa inicial foi superada, hoje a Orientação Vocacional é um recurso educativo de reconhecido valor e não se reduz a uma técnica, mais que isso, é uma ampla metodologia com uma nova dimensão dinâmica e educacional. REFER~NClAS BlBLlOGRAFlCAS 16 - HEER, E. L. & CRAMER, S. H. dance and career systems approach. 20-42 - development Vocational quiin scholls; Toward a Boston, Houghton Mifflin, 1972, Capo 1, p. 3-24. KATZ, M. R. -- The name and nature of vocation guidance In : BOROW, H. - Career guidance for a new age. Boston, Houghton, Mifflin, 1973, Capo 3 p. 83-133. SUPER, D. E. - Les theories du choix professionel: leur evolution, leur condition courante et leur utilité pour le conseíller, In: LA FLAMME C. & PETlT, A. L'intormation, Scolaire et professionnelle dans l'orientation. Sherbrooke, Centre de Documentation 48-49 - 50 - scotaíre et Proffessionnelle. Faculte des Sciences de L'Education, 1973.Pato r, p. 45-61. VASCONCELOS,P. José de - A Lei 5692}71, de 11 de agosto de 1971. ln:. Legislação [unâamental; ensino de 1.0 e 2.0 graus. São Paulo, S. P., Lisa Livros lrradiantes, 1972, Capo 4, p. 69-86.. A sondagem de aptidões e iniciação para o trabalho. In:. Legislação iuruiamental; ensino de 1. e 2. graus. São Paulo. S. P., Lisa Livros Irradiantes, 1972, Capo 6, p. 119-36.. A habilitação profissional. ln:. Legislação fundamental; ensino de 1.0 e 2.0 graus. São Paulo, S. P., Lisa Livros lrradiantes, 1972, Capo 7, p. 137-66. 51