Regulação do Setor Elétrico Dr. Eng. Clodomiro Unsihuay Vila Curitiba-Brasil, 20 de Junio del 2014
OS BENS E A ESCASSEZ, O PROBLEMA CENTRAL DA ECONOMIA B E N S RECURSOS ESCASSEZ x LIMITAÇÃO 2
Economia (Objetos de Estudo): - Alocação de recursos; - Eficiência técnica; - Crescimento econômico; - Estabilidade de preços; - Distribuição de renda.
QUESTÃO-CHAVE PARA ENTENDER O FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS Saber se as empresas têm ou não poder de mercado para aumentar preços (e se exercem este poder): a) Em geral, quanto maior a concentração, maior o poder de mercado. b) Quanto maiores as barreiras à entrada de novos competidores, maior a possibilidade de que as empresas exerçam este poder (ou seja, aumentem preços).
ESTRUTURAS DE MERCADOS E PADRÕES DE CONCORRÊNCIA CONCORRÊNCIA PERFEITA OLIGOPÓLIO MONOPÓLIO Modelo - Referencial teórico - Referencial teórico e prático - Referencial teórico e prático Estrutura de oferta - Grande no. de ofertantes - Reduzido no. de empresas que concentram a maior parcela do mercado - Apenas um ofertante Estrutura de demanda - Grande no. de demandantes - Informação completa (não há assimetria de informações s/ preços) - Grande ou pequeno no. de demandantes (neste último caso, oligopsônio) - Assimetria de informações - Em geral, grande no. de demandantes Natureza do produto Condições de entrada e saída - Homogêneos - Homogêneos ou diferenciados (por modelo / qualidade / marca) - Muitos substitutos - Muitos ou poucos substitutos - Livre entrada e saída (i.e., total inexistência de barreiras à entrada) - Barreiras à entrada e saída (maiores ou menores) Fontes: i) substituição imperfeita dos produtos ii) know-how / marcas / patentes iii) custo de capital iv) economia de escala ("oligopólio natural") - Ausência de substitutos - Máxima barreira à entrada Fontes: i) ausência de produtos substitutos ii) proteção por marcas / patentes / know-how iii) custo de capital necessário para o investimento iv) economia de escala ("monopólio natural") Preços e custos no longo prazo - Preço igual a custo médio - Preço maior que custo médio ou preço convergindo para o custo médio - Preço maior que custo médio
Monopólio Natural Ocorre quando a demanda é pequena para uma tecnologia que envolve vultuosos recursos. Exemplo: Sistemas de Distribuição de energia Elétrica, Sistemas de Transmissão de Energia Elétrica, etc.
MODELOS ONDE HÁ INTERAÇÃO ENTRE OS AGENTES Em concorrência perfeita e monopólio não havia rivalidade. Seguem modelos de OLIGOPÓLIO, onde nem só existe uma única firma, nem a mesma é tão pequena que as suas ações não afetem o mercado. A ESCOLHA DA ESTRATÉGIA QUE MAXIMIZA O LUCRO EM UM JOGO: cooperativo CARTEL jogo jogam simultanea. não cooper. não jogam simulta. 7
FUNDAMENTOS TÉCNICO/ECONÔMICOS DA REGULAÇÃO Falhas de Mercado Poder de Mercado preço, qtd, entradas e saídas Assimetria de Informação Externalidades Problema: Falhas de mercado X Falhas de regulação
Teoria positiva / normativa / interesse público Finalidade da regulação é corrigir falhas de mercado (monopólio natural, assimetria de informação, externalidades, bens públicos), diminuindo as ineficiências Subestima o custo da regulação (considera que a regulação praticamente não tem custos) Desconsidera que há uma série de mercados sem falhas estruturais graves que acabam sendo regulados
Porém......a regulação acaba sendo favorável aos regulados Só deveria haver regulação em mercados fortemente concentrados ou com graves falhas, mas não é o que ocorre na prática Não considera os custos da regulação Os regulados acabam conseguindo fazer passar regulação que lhes é favorável institucionalização do cartel ou do monopólio => Teoria da captura Obs. Não esquecer que a captura também pode ser governamental!
ESTRATÉGIAS REGULATÓRIAS (como regular?) Controle Legal. regulador legisla, executa e julga baseado em lei. Problemas: captura, excesso de normas, efeitos anticompetitivos, execução, elevado custo Autorregulação e Regulação Incentivada. flexibilidade. resultado incerto Regime de Incentivos (financeiros, tributação, subsídios). mercado funciona. resultado incerto Introdução de Concorrência Disponibilização de Informação. consumidor decide. custo > benefício
QUEM REGULA? Autorregulação. conselhos profissionais (expertise, corporativismo) Autoridade Local (Município). meio ambiente, saneamento (conhecimento local, descoordenação) Parlamento. FTC (democrático e transparente, limitação de expertise e descoordenação) Tribunais Executivo. coordenação com outras políticas de governo. perda de independência, viés político, LP pautado pelo CP Diretor Geral. decisões rápidas. individualismo, personalismo, descontinuidade Agências
REGULAÇÃO POR AGÊNCIAS Aspectos positivos independência expertise proteção do executivo continuidade transparência legisla, executa e julga Aspectos negativos legisla, executa e julga conflito com o executivo
A BOA REGULAÇÃO (5 pontos) Mandato legislativo. critério de indicação?. objetivo do parlamento? Transparência Devido processo legal Competência (expertise). burocracia não avalia eficiência. conflito entre competência e interesse político. dificuldade da burocracia manter competência Eficiência. difícil medir. difícil identificar. conflito com interesses do executivo e do legislativo
COMO REGULAR? Introduzir concorrência. preço de acesso (qualidade e qtd) Taxa de Retorno / Custo Regulação Incentivada. Price Cap. Benchmarking. Yardstick Comparison Problemas: assimetria de informação
INTRODUZINDO CONCORRÊNCIA Eletricidade: Geração + Transporte + Distribuição residencial 0 Distribuição empresas +/- Gás Idem Eletricidade Telecom Água 0
Objetivo das agências: Supervisionar o poder de mercado dos operadores e evitar práticas anticompetitivas; Organizar a entrada de novos operadores e promover a competição; Zelar pela implementação de um novo modo de organização industrial; Defender e interpretar as regras, arbitrando os eventuais conflitos entre atores;
Complementar o processo de regulamentação; Estimular a eficiência e a inovação; Zelar pelas condições de operação coordenada das redes; Assegurar o cumprimento das missões de serviço público.
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia criada em 1996, regula e fiscaliza a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia elétrica. Vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), também atende a reclamações de agentes e consumidores e media os conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores.
1ª Reforma SEB Governo FHC (1995-2002) Lei das Concessões (Lei 8987/95) : diretrizes gerais Lei da reforma do setor elétrico (Lei 9074/95): Produtor Independente, Consumidor Livre, livre acesso às redes T-D; Rede Básica ( > 230 kv) Incentivo às privatizações estaduais: PEPE-BNDES e Programa de Ajuste Fiscal dos Estados Privatização das Distribuidoras iniciada em 1995, com aumentos tarifários pré-privatização, para melhorar a geração de recursos e valor de venda no leilão 21
1ª Reforma SEB Lei 9427 /96 : Criação da ANEEL, agência reguladora independente Novo regime econômico e financeiro da concessão do serviço público de energia elétrica, (Exposição de Motivos: estimular concessionário eficiente por meio da regulação por incentivos ) Tarifas baseadas no serviço pelo preço : tarifas máximas fixadas por contratos e novos valores decorrentes de reajuste e revisão, nas condições do Contrato (metodologia price-cap; fim do regime de Custo do Serviço ) 22
1ª Reforma SEB 1996 - consultoria Coopers &Lybrand contratada pelo MME, para planejar a reforma setorial e propor novo modelo 1996-98 - Projeto Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro Lei 9648/98: Criação do ONS e do MAE Contratos Iniciais 1998-2002 com transição 2003-2006 para a livre contratação a preços de mercado 23
1ªReforma SEB Planejamento indicativo substitui planejamento determinativo: CCPE - Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão Livre Contratação de suprimento e uso de Valor Normativo como limite para repasse às tarifas das distribuidoras Concessões de geração: leilão por maior pagamento à União (e não pela menor tarifa de geração) e livre preço de venda Self-dealing : compra de energia de empresas do mesmo grupo 24
1ªReforma SEB 1999/2000 dificuldades com a expansão da geração leva ao Programa Prioritário de Térmicas (PPT), sem obter êxito: Racionamento 2001-2002, com redução de 20% no consumo de eletricidade e perda de economias de escala Tentativas de revitalização e ajuste do modelo em 2001-2002 Sobras de energia e tentativas de venda em leilões em 2002 25
2ª Reforma SEB Governo LULA (2003-2010) 2003 descontratação progressiva dos contratos iniciais (25% ao ano, 2003 a 2006), amplia excedente das geradoras 2003 1º ciclo de Revisão Tarifária das Distribuidoras : Custos Não Gerenciáveis = 65% (Parcela A), pass-through Custos Gerenciáveis = 35% (Parcela B), sob ação do regulador 26
2ª Reforma SEB 2003 - novo governo reabre discussões sobre o modo de funcionamento do setor elétrico brasileiro 2004 - aprovada pela Lei 10.848 uma nova proposta de modelo setorial, com as seguintes diretrizes: Segurança de suprimento (CMSE, planejamento EPE) Modicidade tarifária (competição: leilões de menor tarifa) Inclusão social (Programa Luz para Todos ) 27
2ª Reforma SEB Principais alterações do novo modelo : Dois ambientes de mercado regulado (distribuidoras D) e livre (grandes consumidores CL) Lastro físico obrigatório para os vendedores de energia e Contratação integral 100% das necessidades pelos agentes de consumo (D e CL); penalização por insuficiência; Distribuidoras contratam com 5 anos de antecipação, para sinalizar necessidade de expansão e início de obras Compra de energia pelas distribuidoras: leilões de menor tarifa energia nova - usinas a construir (hidro A-5, térmica A-3) energia existente - usinas já construídas (A 1) 28
2ª Reforma SEB Principais alterações do novo modelo (cont.) Geradores : competição pelo mercado, no leilão de energia Fim do self-dealing - proibida a aquisição de energia de empresas vinculadas ao mesmo grupo de controle Planejamento da expansão - criada Empresa de Pesquisa Energética - EPE, para estudos e licença prévia ambiental de projetos hidrelétricos para serem levados aos leilões Criação do CMSE - Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico para zelar pela segurança de suprimento Nova governança do ONS MAE CCEE Câm. de Comercialização de En. Elétr. 29