Protocolo para controle glicêmico em paciente não crítico HCFMUSP



Documentos relacionados
Protocolo para controle glicêmico de paciente não crítico com diagnóstico prévio ou não de diabetes mellitus

DIABETES E CIRURGIA ALVOS DO CONTROLE GLICÊMICO PERIOPERATÓRIO

Insulinização. Niepen Programa de Educação Continuada Educação Continuada para APS. Dra Carla Lanna Dra Christiane Leite

5) Hiperglicemia hospitalar

HIPERGLICEMIA HOSPITALAR GRUPO DE ESTUDO DA HIPERGLICEMIA HOSPITALAR

Tratamento de hiperglicemia no paciente internado

INSULINOTERAPIA. Aluna: Maria Eduarda Zanetti

Diabetes Tipo 1 e Cirurgia em Idade Pediátrica

Dra. Roberta Frota Villas-Boas. GruPAC9: Diabetes

DIABETES MELLITUS. Prof. Claudia Witzel

HIPERCALCEMIA NO RECÉM NASCIDO (RN)

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE COORDENADORIA DAS REGIÕES DE SAÚDE DIR-XIV-MARÍLIA

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO DIABETES MELLITUS: SULFONILUREIAS E BIGUANIDAS

24 de Outubro 5ª feira insulinoterapia Curso Prático Televoter

Proteger nosso. Futuro

Saiba quais são os diferentes tipos de diabetes

AS MODERNAS INSULINAS

Incretinomiméticos e inibidores de DPP-IV

Uso Correto da Medicação. Oral e Insulina Parte 2. Denise Reis Franco Médica. Alessandra Gonçalves de Souza Nutricionista

PROTOCOLO PARA CONTROLE GLICÊMICO EM PACIENTES NÃO CRÍTICOS

RESPOSTA RÁPIDA 219/2014 Insulina Glargina (Lantus ) e tiras reagentes

RESPOSTA RÁPIDA /2014

Quais são os sintomas? O sucesso no controle do diabetes depende de quais fatores? O que é monitorização da glicemia? O que é diabetes?

VOCÊ CUIDA DO SEU DIABETES, A GENTE CUIDA DE VOCÊ.

Sessão Televoter Diabetes

TEMA: Uso de Insulina Humalog ou Novorapid (aspart) ou Apidra (glulisina) no tratamento do diabetes mellitus

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO DIRETORIA DE ENFERMAGEM SERVIÇO DE EDUCAÇÃO EM ENFERMAGEM INSULINOTERAPIA

Como prescrever o exercício no tratamento do DM. Acad. Mariana Amorim Abdo

Diário de Glicemia. Uma ferramenta para ajudar no controle da glicemia

O que é diabetes mellitus tipo 2?

Workshop em insulinoterapia CASOS CLÍNICOS. Joana Guimarães e Márcia Alves 16 de Maio de 2014

Pesquisa revela que um em cada 11 adultos no mundo tem diabetes

ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Tópicos da Aula. Classificação CHO. Processo de Digestão 24/09/2012. Locais de estoque de CHO. Nível de concentração de glicose no sangue

Fluxograma do Manejo da Estase

Diabetes mellitus em felinos Ricardo Duarte

Os portadores de diabetes representam 30% dos pacientes que se internam em unidades coronarianas.

Diabetes Mellitus em animais de companhia. Natália Leonel Ferreira 2º ano Medicina Veterinária

EXERCÍCIO E DIABETES

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DA SAÚDE CESAU

à diabetes? As complicações resultam da de açúcar no sangue. São frequentes e graves podendo (hiperglicemia).

OS 5 PASSOS QUE MELHORAM ATÉ 80% OS RESULTADOS NO CONTROLE DO DIABETES. Mônica Amaral Lenzi Farmacêutica Educadora em Diabetes

Diário da Diabetes. Automonitorizar a sua glicemia. Como a HbA1c corresponde à média a da glicose sanguínea. Valores de glicemia

Controle Glicêmico Intra-Hospitalar. Introdução

O QUE SABE SOBRE A DIABETES?

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DELIBERAÇÃO CIB-SUS/MG Nº 256, DE 11 DE ABRIL DE 2006.

Sessão Televoter Diabetes

VI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIABETES DIETOTERAPIA ACADÊMICA LIGA DE DIABETES ÂNGELA MENDONÇA

Estudo mostra que LANTUS ajudou pacientes com Diabetes Tipo 2 a atingirem a meta recomendada pela ADA para o controle de açúcar no sangue

Diabetes - Introdução

INTRODUÇÃO. Diabetes & você

Insulinoterapia no pré per e pós operatório. Profa. Fernanda Oliveira Magalhães

Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Diabete Melito Não Complicada em Cães

TEMA: Sistema Integrado Inteligente de Infusão Contínua de Insulina ACCU-CHEK COMBO

Diário da diabetes CONTROLAR A DIABETES. Este diário pertence a:

Sybelle de Araujo Cavalcante Nutricionista

Que tipos de Diabetes existem?

Exercícios. 2) O paciente tem uma garrafa d água que contém 960 ml ou 4 xícaras de água. Quantos ml de água contêm cada xícara?

HUMALOG KWIKPEN insulina lispro (derivada de ADN* recombinante)

Prefeitura Municipal de Campo Grande MS Secretaria Municipal de Saúde - SESAU PROGRAMA DE AUTOMONITORAMENTO GLICÊMICO

PROJETO DE LEI Nº 76, DE 07 DE OUTUBRO DE 2013.

Na diabetes e dislipidemia

3. Cópia dos resultados dos principais exames clínicos e os relacionados à obesidade Hemograma Glicemia Colesterol Triglicérides T3 T4 TSH

Bruno de Oliveira Fonseca Liga de Diabetes UNIUBE 11/06/2012

INSULINOTERAPIA: Histórico

CONCEITOS BÁSICOS DE INSULINIZAÇÃO PARA A REDE PÚBLICA DE SAÚDE. Aula 1: DM1: Diagnóstico, Metas de Tratamento e Esquema Basal-Bolus

Tratamento do Diabético com Doença Renal Crônica

- E S T U D O D E C A S O -

Manual com Diretrizes para Professores de Crianças com Diabetes

PALAVRAS CHAVE Diabetes mellitus tipo 2, IMC. Obesidade. Hemoglobina glicada.

Diagnóstico. Exame Laboratorial. Poliúria Polidpsia Polifagia

TIPOS: Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 Diabetes secundária Diabetes gestacional

PROTOCOLOS CLÍNICOS PARA ASSISTÊNCIA AO DIABETES NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE

NUTRIÇÃO INFANTIL E AS CONSEQUENCIAS NOS CICLOS DA VIDA. Profª Ms. Ana Carolina L. Ottoni Gothardo

Teste seus conhecimentos: Caça-Palavras

Hiperglicemia Hospitalar: Tratamento Atual

I CURSO DE CONDUTAS MÉDICAS NAS INTERCORRÊNCIAS EM PACIENTES INTERNADOS

DIABETES MELLITUS. Ricardo Rodrigues Cardoso Educação Física e Ciências do DesportoPUC-RS

AS SOLUÇÕES A prevalência da diabetes na população portuguesa entre os anos é:

DIABETES TIPO 2 PREVALÊNCIA DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM. Paula Bogalho. S. Endocrinologia Diabetes e Metabolismo

Contagem de Carboidratos

Congresso do Desporto Desporto, Saúde e Segurança

FORXIGA (dapagliflozina)

RESPOSTA RÁPIDA 154/2014 Alfapoetina na IRC

Cetoacidose Diabética. Prof. Gilberto Perez Cardoso Titular de Medicina Interna UFF

Tratamento de diabetes: insulina e anti-diabéticos. Profa. Dra. Fernanda Datti

Insulinoterapia na Diabetes tipo 2

Transcrição:

Protocolo para controle glicêmico em paciente não crítico HCFMUSP OBJETIVOS DE TRATAMENTO: Alvos glicêmicos: -Pré prandial: entre 100 e 140mg/dL -Pós prandial: < 180mg/dL -Evitar hipoglicemia Este protocolo está sendo testado em algumas enfermarias do HC

Protocolo para controle glicêmico em paciente não crítico HCFMUSP Abreviaturas: -ADO: medicação antidiabética oral -GC: glicemia capilar ou dextro -DM: diabetes mellitus -DM1: diabetes mellitus tipo 1 -DM2: diabetes mellitus tipo 2 - HbA1c: hemoglobina glicada -VO: via oral

MONITORIZAÇÃO INICIAL NO CONTROLE GLICÊMICO EM PACIENTE NÃO CRÍTICO INTERNADO COM OU SEM DIABETES MELLITUS GLICEMIA CAPILAR (GC) ALEATÓRIA (DEXTRO) EM TODO PACIENTE QUE INTERNAR (ADMISSÃO) < 140mg/dL >140mg/dL HISTÓRICO DE DM NOVA GC ANTES DA PRÓXIMA REFEIÇÃO SEM fatores de risco para hiperglicemia hospitalar 140mg/dL > 140mg/dL SEM NECESSIDADE DE MONITORIZAÇÃO DA GC Nenhum/ um valor > 140mg/dL GC ANTES DAS REFEIÇÕES SE ALIMENTAÇÃO ORAL GC 6/6h SE JEJUM OU DIETA ENTERAL + EXAME DE HEMOGLOBINA GLICADA (HbA1c)** REAVALIARSE NOVOS FATORES DE RISCO PARA HIPERGLICEMIA HOSPITALAR* Dois ou mais valores > 140mg/dL MONITORIZAÇÃO ATÉ A ALTA * corticosteroide, drogas vasoativas, nutrição enteral ou parenteral; piora do status clínico, falência pancreática ou hepática, infusão de glicose excessiva ou GLICEMIA aleatória > 140mg/dL. **Se último < 3 meses, não é necessário solicitar

MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA DURANTE A INTERNAÇÃO DE PACIENTE COM HIPERGLICEMIA HOSPITALAR OU DM PRÉVIO DIETA ORAL JEJUM DIETA ENTERAL OU PARENTERAL GC pré prandial GC às 22 horas GC 4/4 ou 6/6 h GC 4/4 ou 6/6 h

TRATAMENTO para controle glicêmico em paciente não crítico SEM DIABETES MELLITUS prévio CATEGORIAS PARA O TRATAMENTO INICIAL Categoria A: 60kg Categoria B: 61 80kg Categoria C: 81 100kg Categoria D: 101 120kg Categoria E: 121kg Iniciar na categoria anterior: -Idosos -Insuficiência renal - Jejum 1º DIA GC 140 a 250mg/dL Insulina Regular/ Ultrarrápida SC (Tabela 1) GC >250mg/dL Insulina Regular/ Ultrarrápida SC (Tabela 1) + Insulina NPH SC (Tabela 2) 2º DIA < 100 100-180 esquerda Checar GC (mg/dl) Manter tratamento 180-250 >250 direita Acrescentar insulina NPH (Tabela 2) Checar GC (mg/dl) < 100 100-180 esquerda Manter tratamento >180 direita 3º DIA EM DIANTE: MUDANÇA A CADA 2 DIAS, SE ALVOS NÃO ATINGIDOS, ALTERANDO AS COLUNAS DAS TABELAS 1 E 2

TRATAMENTO PARA CONTROLE GLICÊMICO EM PACIENTE NÃO CRÍTICO COM DM PRÉVIO EM USO DE ANTIDIABÉTICO ORAL E/OU UMA DOSE DE INSULINA Pacientes com DM tipo 2 ou outros tipos de diabetes mellitus em uso de antidiabético oral e/ ou uma únicadose de insulina Exclusão: gestantes, DM tipo 1 CATEGORIAS PARA O TRATAMENTO INICIAL Categoria A: 60kg Categoria B: 61 80kg Categoria C: 81 100kg Categoria D: 101 120kg Categoria E: 121kg Iniciar na categoria anterior: -Idosos -Insuficiência renal -Jejum GC 140 a 250mg/dL GC >250mg/dL 1º DIA Insulina Regular/ Ultrarrápida SC (Tabela 1) Insulina Regular/ Ultrarrápida SC (Tabela 1) + Insulina NPH SC (Tabela 2) 2º DIA < 100 100-180 esquerda Checar GC (mg/dl) Manter tratamento 180-250 >250 direita Acrescentar insulina NPH (Tabela 2) Checar GC (mg/dl) < 100 100-180 esquerda Manter tratamento >180 direita 3º DIA EM DIANTE: MUDANÇA A CADA 2 DIAS, SE ALVOS NÃO ATINGIDOS, ALTERANDO AS COLUNAS DAS TABELAS 1 E 2

TRATAMENTO PARA CONTROLE GLICÊMICO EM PACIENTE NÃO CRÍTICO COM DM PRÉVIO EM USO DE MÚLTIPLAS DOSES DE INSULINA Pacientes com DM tipo 1, DM tipo 2 ou outros tipos com múltiplas doses de insulina associado ou não a antidiabético oral Exclusão: gestantes CATEGORIAS PARA O TRATAMENTO INICIAL Categoria A: 60kg Categoria B: 61 80kg Categoria C: 81 100kg Categoria D: 101 120kg Categoria E: 121kg Iniciar na categoria anterior: -Idosos -Insuficiência renal -Jejum 1º DIA Insulina Regular/ Ultrarrápida SC (Tabela 1) + Insulina NPH SC (Tabela 2) Checar GC (mg/dl) 2º DIA < 100 100-180 colunas da esquerda Manter tratamento >180 colunas da direita 3º DIA EM DIANTE: MUDANÇA A CADA 2 DIAS, SE ALVOS NÃO ATINGIDOS, ALTERANDO AS COLUNAS DAS TABELAS 1 E 2

TABELA 1 GC antes das refeições ou GC de horário se jejum; Doses de Insulina Regular ou Ultrarrápida, via subcutânea, em Unidade de Insulina (UI) Categoria A B C D E GC (mg/dl) Dieta Jejum Dieta Jejum Dieta Jejum Dieta Jejum Dieta Jejum < 70 Política de hipoglicemia 70 140 2 0 4 0 6 0 8 0 10 0 141 170 2 0 4 0 7 1 8 2 10 2 171 200 3 1 5 1 8 2 10 3 10 3 201 230 3 1 5 1 9 3 10 4 12 4 231 260 4 2 6 2 10 4 12 5 12 5 261 290 4 2 6 2 11 5 12 6 12 6 291 320 5 3 7 3 12 6 14 7 14 7 321 350 5 3 7 3 13 7 14 8 14 8 351 380 6 4 8 4 14 8 16 9 16 9 >381 7 5 9 5 15 9 16 10 16 10 TABELA 2 Insulina NPH antes do café, almoço e às 22 horas, via subcutânea, em UI (unidade de insulina) Categoria A B C D E Insulina NPH 2 4 6 8 10 GC (mg/dl) TABELA DE CORREÇÃO DA GC DAS 22 HORAS Conduta 250 350 2 UI de Insulina Regular ou Ultrarrápida >351 4 UI de Insulina Regular ou Ultrarrápida < 100 Oferecer Lanche/ Leite Realizar dose de insulina NPH independente do valor da GC

PROTOCOLO PARA CORREÇÃO DA HIPOGLICEMIA EM PACIENTE NÃO CRÍTICO INTERNADO EM INSULINOTERAPIA Fatores de risco para hipoglicemia: Paciente em uso de insulina Diminuição de dose ou suspensão de glicocorticoide Uso de sulfonilureias, glinidas e insulinas mistas Baixo peso (IMC <18,5) Mudança no aporte calórico DM tipo 1 Comorbidades (ex: gastroparesia, insuficiência adrenal, renal, cardíaca e hepática) Uso de escala-móvel Vômitos Diminuição da capacidade do paciente de reportar sintomas Atenção! - Manter a dose prandial de insulina rápida, caso o paciente se alimente e esteja utilizando tal esquema. - Não suspender as doses de insulina NPH, glargina ou detemir, caso o paciente as esteja usando.

PROTOCOLO PARA CORREÇÃO DA HIPOGLICEMIA EM PACIENTE NÃO CRÍTICO INTERNADO EM INSULINOTERAPIA Atenção! Sempre que glicemias <100mg/dL, considerar diminuir dose de insulina GLICEMIA CAPILAR (DEXTRO) <70mg/dL Paciente alimentando-see acordado/ consciente Paciente em jejum E/OU desacordado/ inconsciente Confirmar hipoglicemia, sempre que possível 15 g de carboidrato simples VO Com acesso venoso: SG50% 20 a 40 ml EV Sem acesso venoso: Glucagon 1 ampola IM Aguardar 15 minutos NÃO Aguardar 5 minutos Recuperação de hipoglicemia? SIM Identificar causa e agir Oferecer lanche Se jejum: Aumentar aporte de glicose EV

PLANO DE ALTA HBA1C DA ENTRADA SEM DIAGNÓSTICO DE DIABETES DIABETES CONHECIDO <6,4% >6,5% HIPERGLICEMIA TEMPORÁRIA Orientações sobre risco de DM Seguimento para mudança de estilo de vida DIABETES SEM DIAGNÓSTICO PRÉVIO Confirmar diagnóstico Instituir tratamento Iniciar educação Avaliar grau de controle Ajustar o tratamento s/n Avaliar presença de complicações Orientações para seguimento ADO = antidiabético oral 6,5 7,5% 7,5 9,0% >9,0% Introduzir ADO ou Reintroduzir a medicação em uso antes da internação Introduzir 2 ADO Se já em uso de 2 ADO, introduzir insulina ao deitar ou Se já em uso de insulina, intensificar tratamento Manter 70% da dose de insulina prescrita no hospital Reintroduzir ADO, se possível Retorno breve