AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE FERRO ALIMENTAR EM PRÉ-ESCOLARES COM IDADE ENTRE 2 A 6 ANOS



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Transcrição:

1 LILIAN RAQUEL DE LIMA AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE FERRO ALIMENTAR EM PRÉ-ESCOLARES COM IDADE ENTRE 2 A 6 ANOS BRAGANÇA PAULISTA 2007

2 LILIAN RAQUEL DE LIMA AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE FERRO ALIMENTAR EM PRÉ- ESCOLARES COM IDADE ENTRE 2 á 6 ANOS Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de Graduação no Curso de Nutrição da Universidade São Francisco, sob orientação do Professor João Felipe Mota. BRAGANÇA PAULISTA 2007

3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... Pg 7 2. OBJETIVO... Pg 10 2.1 Objetivo geral... Pg 10 2.2 Objetivo específico... Pg 10 3. CASUÍSTICAS E MÉTODOS... Pg 11 3.1 Casuísticas... Pg 11 3.2 Métodos... Pg 11 3.2.1 Avaliação antropométrica... Pg 11 3.2.2 Avaliação da ingestão alimentar... Pg 12 3.2.3 Questionário sócio econômico... Pg 13 4. RESULTADOS... Pg 14 5. DISCUSSÃO... Pg 20 6. CONCLUSÃO... Pg 22 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... Pg 23 ANEXOS... Pg 25 Anexo I... Pg 26 Anexo II... Pg 27

4 Á Terezinha Maria de Lima Dedico este trabalho a minha maior paixão, minha mãe, pois sem ela eu não teria chegado até aqui. Agradeço primeiramente a DEUS que me deu força e coragem na minha caminhada. Agradeço a EDUCAFRO por ter me contemplado com uma bolsa de estudo. Agradeço a minha MÃE por sempre estar do meu lado tanto nas horas tristes como nas felizes. Agradeço aos meus amigos verdadeiros pela força e agradeço as pessoas que me ajudarão direta ou indiretamente. Agradeço ao meu orientador Prof. Ms. João Felipe Mota por ter me orientado com muita competência na elaboração deste trabalho.

5 Devia ter amado mais Ter chorado mais Ter visto o sol nascer Devia ter arriscado mais E até errado mais Ter feito o que eu queria fazer... Queria ter aceitado As pessoas como elas são Cada um sabe alegria E a dor que traz no coração... (Titãs/ Epitáfio)

6 RESUMO Objetivo: Avaliar o consumo de ferro alimentar em pré-escolares com idade entre 2 a 6 anos e compará-la com o estado socioeconômico e com o estado nutricional das crianças. Métodos: Participaram do estudo 24 escolares com idade entre 2 a 6 anos de idade. Para análise da composição corporal foram utilizadas as curvas do NCHS (2000). O consumo alimentar foi avaliado por registro alimentar de três dias e calculado pelo software NutWin (v.1.5). Para fins de comparação da ingestão alimentar foram utilizadas as Ingestões Dietéticas de Referências e NCEP para análise da ingestão dos lipídeos. Um questionário socioeconômico foi aplicado nos pais. Foi realizada estatística para o calculo das prevalências, médias, desviospadrão, mediana e percentis 25 e 75. Foram realizadas correlações de Pearson entre o peso e variáveis dietéticas. P<0,05 foi considerado significante. Resultados: Das 24 crianças avaliadas, 12,4% apresentavam desnutrição e 41,6% excesso de peso (sobrepeso e obesidade). Foi encontrada maior prevalência de excesso de peso nos meninos em relação às meninas (63,6 vs 23,1%, P<0,05). O consumo mediano de gorduras saturadas e proteínas esteve acima da ingestão dietética de referência, tanto nas meninas como nos meninos. A ingestão de vitaminas B6 e B12 também estavam acima da recomendação, apenas ferro e fibras esteve abaixo. CONCLUSÃO: Este estudo concluiu que dentre todas as variáveis estudadas observamos que a população estudada esteve com uma ingestão acima da DRI na maioria dos macronutrientes e micronutrientes, porém a ingestão de ferro esteve abaixo das recomendações, observamos assim que a hipótese proposta no inicio do trabalho de que o consumo de ferro em pré escolares é baixa foi comprovada neste trabalho. Termos de indexação: obesidade infantil, anemia, consumo alimentar.

7 1. INTRODUÇÃO A diversidade e o aumento da oferta de alimentos industrializados podem influenciar os padrões alimentares da população, principalmente a infantil, uma vez que nos primeiros anos de vida ocorre o estabelecimento dos hábitos alimentares. O consumo em excesso destes alimentos pode comprometer a saúde nesta fase e na idade adulta (AQUINO e PHILIPI, 2002). Geralmente, os alimentos industrializados são ricos em gorduras e carboidratos refinados, apresentando elevado valor energético e déficits em algumas vitaminas e minerais importantes para o desenvolvimento da criança. Na infância, a nutrição adequada é fundamental para garantir o crescimento saudável, sendo válida para os pré-escolares, os quais, além de serem biologicamente vulneráveis, constituem um dos grupos populacionais que mais necessitam de atendimento nutricional (AQUINO e PHILIPI, 2002). As deficiências alimentares em crianças levam ao déficit no crescimento, aumentam o risco às infecções, promovem irregularidades no processo de maturação do sistema nervoso, no desenvolvimento mental e intelectual. Dessa forma, desequilíbrios morfológicos e funcionais são evidentes e, dependendo da intensidade e duração, podem ser irreversíveis (ROCHA, CRUZ, FRANCESCHINI et al, 2006). A vitamina B6 tem sua importância na infância, pois ela age em várias em etapas da síntese do grupamento heme da hemoglobina. Sua carência prejudica a produção de eritrócitos e ocasionalmente pode ocorrer eritropoiese megaloblástica. Este evento parece ocorrer devido a uma etapa metabólica prejudicada, já que a vitamina B6 está envolvida com os folatos (COSTA, 2002). A vitamina B12 também é essencial é na infância, pois faz parte das coenzimas envolvidas com a síntese do DNA. Sua deficiência também pode causar anemia megaloblástica, com sintomas de fraqueza, aceleração rítmica cardíaca e respiratória, perda de apetite, palidez, alterações das mucosas intestinais, glossite e gastrite. Ela difere da B6 por promover alterações no sistema nervoso central, gerando alguns sinais clínicos como

8 formigamento nas mãos e nos pés, falta de coordenação motora, falta de sensibilidade e confusão mental (COSTA, 2002). A fibra alimentar pode atuar na prevenção de doenças intestinais, como constipação, hemorróidas, hérnia hiatal, doença diverticular e câncer de cólon. Pode contribuir, também, na prevenção e tratamento da obesidade, na redução do colesterol sangüíneo, regulação da glicemia após as refeições e, ainda, diminuir o risco de doenças cardiovasculares e diabetes. (VITOLO, et al, 2007) O ferro é um nutriente fundamental na infância, apresentando papel na homeostase orgânica, pois participa de processos celulares vitais como transporte de oxigênio, produção de energia por meio do metabolismo oxidativo, crescimento celular pela síntese de ácidos nucléicos, síntese de neurotransmissores cerebrais, co-fator em reações enzimáticas e outros processos metabólicos. (ROCHA, CRUZ, FRANCESCHINI, et al, 2006). A biodisponibilidade do ferro depende do tipo de alimento consumido e da combinação desse com outros na dieta. O ferro heme, derivado da hemoglobina e da mioglobina presente na carne bovina, vísceras, aves e embutidos, apresenta alta biodisponibilidade, sendo absorvida pela mucosa intestinal em torno de 10 a 30% da quantidade consumida. O ferro não heme, derivado dos produtos vegetais (cereais, leguminosas e tubérculos) tem biodisponibilidade variável, geralmente baixa. Sua biodisponibilidade é potencializada pelo consumo concomitante de carnes, vísceras e alimentos ricos em ácidos orgânicos, como o ácido ascórbico, vitamina A e beta carotenos (SANTOS, CÉSAR, MINTEN, et al, 2002). Os componentes de ferro do organismo podem ser agrupados em duas categorias; os com função enzimática ou metabólica como a hemoglobina, mioglobina, citocromos e flavoproteínas; e aqueles com função de armazenamento e transporte do mineral como a transferrina, lactoferrina, ferritina e hemossiderina (ROCHA, CRUZ, FRANCESCHINI, et al, 2006). Dessa forma, o menor consumo de ferro faz com que a criança fique com déficit em seu crescimento e desenvolvimento. Por isso existe certa preocupação em evitar que

9 mudanças nos padrões dietéticos não propiciem o aparecimento de morbidades relacionadas com esta deficiência (CRUZ, SANTOS, CARVALHO, et al, 2003). A deficiência de ferro é considerada a carência nutricional mais prevalente em todo o mundo, afetando, principalmente, lactentes, pré-escolares, adolescentes e gestantes. A anemia, por diminuição anormal na concentração de hemoglobina no sangue, é considerada a principal conseqüência da deficiência de ferro. Em sua fase mais avançada, está associada a sintomas clínicos, como fraqueza, diminuição da capacidade respiratória e tontura (ROCHA, CRUZ, FRANCESCHINI, et al, 2006). É indiscutível a importância de uma alimentação adequada, do ponto de vista nutricional para assegurar crescimento e desenvolvimento, principalmente durante a infância e, o seu papel para a promoção e a manutenção da saúde e do bem-estar do indivíduo (CRUZ, SANTOS, CARVALHO, et al, 2003). Considerando o exposto acima, levantamos a hipótese de que o consumo de ferro alimentar em pré-escolares é baixo podendo ocasionar déficits no desenvolvimento infantil.

10 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Avaliar consumo de ferro alimentar em pré-escolares com idade entre dois a seis anos. 2.2 Objetivos específicos Diagnosticar o estado nutricional; Comparar o consumo alimentar de acordo com os padrões de referência; Relacionar o consumo de ferro alimentar com o estado nutricional; Relacionar o consumo de ferro com o nível sócio econômico da família; Relacionar o estado nutricional com as variáveis dietéticas estudadas; Relacionar o consumo de ferro, B6 e B12 com as variáveis dietéticas estudadas.

11 3. CASUÍSTICA E MÉTODOS 3.1 Casuística Participaram da pesquisa 24 pré-escolares com idade entre 2 a 6 anos de uma escola particular do município de Bragança Paulista, São Paulo. Foi entregue aos pais de todos os alunos, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo I), conforme a resolução 196/96 sobre Pesquisas envolvendo seres humanos, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, sendo que somente participaram do estudo aqueles alunos que os pais autorizaram e, também, que se dispuseram a ser medidos. Esta pesquisa somente foi iniciada após a aprovação do Comitê de Ética em pesquisa da Universidade São Francisco, Bragança Paulista, Brasil. 3.2 Métodos 3.2.1 Avaliação antropométrica Mediu-se peso corporal e estatura de acordo com os procedimentos descritos por HEYWARD & STOLARCZYK (2000). Para isso foram utilizados estadiômetro portátil com precisão de 0,1 cm para estatura da marca TBW e balança portátil precisão 0,1 kg para peso da marca FILIZOLA. Posteriormente, foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC), sendo utilizados como pontes de corte os propostos pelo CDC/ NCHS (Developed by the National Center for Health Statistics in collaboration with the National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, 2000). Foram consideradas como sobrepeso as crianças e adolescentes com IMC para idade maior ou igual ao percentil 85 e menor que o percentil 95; com obesidade, serão consideradas aquelas com o IMC para idade maior ou igual ao percentil 95. Além disso, as crianças também foram avaliadas pelo peso para idade e altura para idade, de acordo com a faixa etária e sexo, por meio da tabelas do CDC/ NCHS (2000).

12 3.2.2 Avaliação da ingestão alimentar A avaliação da ingestão alimentar foi por meio da aplicação de três registros alimentares, sendo dois em dias de semana e um no final de semana, com o objetivo de analisar o consumo de ferro alimentar. A aplicação foi realizada tanto pela pesquisadora quanto pelos pais dos alunos (FISBERG, 2005). O registro conteve os dados das refeições realizadas na escola durante os dias da semana, sendo anotados pela pesquisadora e o que as crianças comerão em casa nesses mesmos dias foi anotado pelos pais, bem como no final de semana (FISBERG, 2005). Antes do preenchimento, os pais receberão orientações de como preencher o registro alimentar corretamente, anotando todos os alimentos consumidos, forma de preparo, tipo, quantidade e tamanho dos utensílios utilizados sem que haja influência no hábito alimentar da criança (FISBERG, 2005). Depois de feito isso, os dados colhidos foram calculados pelo software Nut Win (v.1.5) (UNIFESP/EPM, 2002), a fim de analisar a quantidade de nutrientes ingeridos pelas crianças.

13 Tabela 1. Recomendações para crianças de 2 à 6 anos. Nutrientes Recomendação Energia (Kcal) 1051,00* Carboidratos (g) 130,00* Proteína (g) 13,00* Lipídios % 30% + Saturados% 10% + Mono% 10% + Poli% 10% + Fibra (g) 19,00* Vitamina B6 (mg) 0,40* Vitamina B12 (mg) 0,70* Ferro (mg) 10* *Recomendação baseada na DRI (2002). + Recomendação baseada no NCEP 1992 (Programa nacional de educação para o colesterol). 3.2.3 Questionário sócio-econômico Foi aplicado um questionário sócio econômico (anexo II), renda familiar, para relacionar tais dados com o consumo alimentar das crianças.

14 4. RESULTADOS A amostra desta pesquisa constou de 24 pré-escolares com idade entre 2 a 6 anos de uma escola particular do município de Bragança Paulista, São Paulo. Com relação ao sexo 54,2% eram do sexo feminino e 45,8% masculino. A média de renda familiar dessa população pode ser considerada média alta, pois esta seria entre 1820,00 à 2080,00 reais. Os alimentos mais ingeridos por essa população nos dias da semana foram pães,embutidos, carnes de aves, sucos e bolos industrializados, entre outros. Nos finais de semana seria pizzas, macarrão, doces, refrigerantes,etc. Pela relação do peso por idade foi verificado que 45,8% da amostra era eutrófica e 35,7% apresentavam risco para sobrepeso. Cerca de 54,5% dos meninos apresentaram risco para sobrepeso e 18,2% risco nutricional e peso baixo para idade. Em relação às meninas, 23,1% apresentaram risco para sobrepeso e 15,4% risco nutricional e peso baixo para idade (tabela 2). Na relação altura para idade em ambos os sexos não foram observadas altura baixa para idade e risco de altura baixa para idade (tabela 2). Em relação ao Índice de Massa Corporal houve uma grande diferença quando comparados os sexos. A porcentagem de obesidade e sobrepeso prevaleceu nos meninos, sendo que as meninas apresentaram maior incidência de eutrofia. A incidência de desnutrição foi baixa em ambos os sexos (tabela 2). Para avaliação do consumo alimentar, os escolares foram divididos por faixa etária e por sexo. Foi observado que os meninos com idade entre 2 a 3 anos apresentam ingestão calórica equiparada com a recomendada pela DRI e as meninas abaixo do recomendado (tabela 3). Em relação aos macronutrientes, os meninos apresentavam consumo de carboidrato acima do recomendando enquanto que as meninas o contrário. No caso das proteínas ambos os sexos extrapolam a recomendação, sendo de forma mais expressiva no sexo masculino (tabela 3). Ao avaliar o consumo de lipídeos, foi verificado que ambos os sexos apresentaram consumo próximo do recomendado. Todavia, ao separar os lipídeos em saturados, monoinsaturados e poliinsaturados, foi observada que a proporção entre eles, em ambos os sexos, não estão adequadas. O consumo de saturados é elevado, o de monoinsaturados próximo do adequado e o de poliinsaturados está abaixo do recomendado. (tabela 3) O consumo de fibras entre meninas e meninos apresentou-se abaixo do recomendado (tabela 3). Já em relação aos micronutrinutrientes, a ingestão das vitaminas B6 e B12

15 estiveram em torno de 1,5 a 2 vezes superior ao recomendado e o ferro esteve abaixo do recomendado. (tabela 3). Tabela 2. Classificação do estado nutricional de meninos e meninas pré-escolares. Peso (kg)/ Idade (anos) Meninos Meninas Total (N=11) (N=13) Peso baixo para idade 1 (9,1%) 0 (0,0%) 1 (4,2%) Risco nutricional 1 (9,1%) 2 (15,4%) 3 (12,5%) Eutrófico 3 (27,3%) 8 (61,5%) 11 (45,8%) Risco de sobrepeso 6 (54,5%) 3 (23,1%) 9 (37,5%) Total 11 (100%) 13 (100%) 24 (100%) Altura (m)/ Idade (anos) Altura baixa para idade 0 (0,0%) 0(0,0%) 0(0,0%) Risco de altura baixa para idade 0(0,0%) 0(0,0%) 0(0,0%) Altura adequada para idade 10 (90,9%) 12 (92,3%) 22 (91,7%) Altura elevada para idade 1 (9,1%) 1 (7,7%) 2 (8,3%) Total 11 (100%) 13 (100%) 24 (100%) Índice de Massa Corporal (kg/m 2 ) Desnutrição 1 (9,1%) 2 (15,4%) 3 (12,5%) Eutrofia 3 (27,3%) 8 (61,5%) 11 (45,9%) Sobrepeso 3 (27,3%) 2 (15,4%) 5 (20,8%) Obesidade 4 (36,3%) 1 (7,7%) 5 (20,8%) Total 11 (100%) 13 (100%) 24 (100%)

16 Tabela 3. Caracterização da ingestão alimentar de meninos e meninas com idade entre 2 a 3 anos. Meninos Meninas Nutrientes N=5 Recomendação N=3 Recomendação Energia (kcal) 1030,03+274,04 999,9 (850,4-1304,5) 1051,00* (840,8-1261,2) 726,32 + 380,31 849,9 (299,6-1029,5) 1051,00* (840,8-1261,2) Carboidratos (g) 166,4 + 34,6 155,8 (147,5 202,0) 130,00* (104-156) 78,0 + 45,11 73,9 (35,1 125,0) 130,00* (104-156) Proteína (g) 40,6 + 8,3 45,7 (33,4 46,4) 13,00* (10,4-15,6) 26,0 + 11,8 29,1 (13,04 36,0) 13,00* (10,4-15,6) %Lipídios 25,67+3,33 26,23 (25,44-26,30) 30,00 + (24-36) 23,09+2,58 23,42 (20,36-25,48) 30,00 + (24-36) %Saturados 12,74+3,34 11,41 (10,01-15,91) 10,00 + (8-12) 12,58+1,82 12,59 (10,75-14,40) 10,00 + (8-12) %Monoinsaturado 9,72+1,57 9,89 (8,17-10,83) 10,00 + (8-12) 7,92+1,59 8,37 (6,15-9,24) 10,00 + (8-12) %Poliinsaturado 3,21+0,73 3,24 (2,80-3,81) 10,00 + (8-12) 2,59+0,91 2,71 (1,62-3,43) 10,00 + (8-12) Fibras (g) 10,51+2,63 9,73 (9,15-10,55) 19,00* (15,2-22,8) 8,16+3,77 10,04 (3,82-10,62) 19,00* (15,2-22,8) Vitamina B6 (mg) 0,86+0,26 0,91 (0,64-0,99) 0,40* (0,32-0,48) 0,53+0,23 0,66 (0,27-0,67) 0,40* (0,32-0,48) Vitamina B12 (mg) 1,41+0,47 1,31 (1,00-1,78) 0,70* (0,56-0,84) 0,89+0,42 0,67 (0,63-1,38) 0,70* (0,56-0,84) Ferro (mg) 7,47+1,20 6,96 (6,84-7,54) 10* (2,4-3,6) 5,07+2,52 5,78 (2,27-7,15) 10* (2,4-3,6) Dados apresentados em média + desvio padrão e mediana (P25-P75). *Recomendação baseada na DRI (2002). + Recomendação baseada no NCEP (1992). Os valores entre parênteses nas recomendações representam + 20% do valor recomendado. As crianças com idade entre 4 a 6 anos apresentaram ingestão calórica semelhante a recomendada. O consumo de carboidrato e proteínas encontra-se bem acima do recomendado em ambos os sexos. A ingestão de lipídeos totais estava próxima da recomendação, porém foi observado baixo consumo dos poliinsaturados entre meninos e meninas e alto de saturados apenas nas meninas. O consumo de fibras, em ambos os sexos apresentaram-se abaixo do recomendado (tabela 3).

17 Quando avaliada ingestão dos micronutrientes também foi verificado que estava acima da referência. Apenas o consumo de ferro esteve abaixo do recomendado (tabela 3). Tabela 4. Caracterização da ingestão alimentar de meninos e meninas com idade entre 4 a 6 anos. Meninos Meninas Nutrientes N=6 Recomendação N=10 Recomendação Energia (kcal) 1240,60+90,60 1236,4 (1184,9-1290,0) 1365,00* (1092-1638) 1351,31+286,50 1279,9 (1113,2-1682,4) 1365,00* (1092-1638) Carboidratos (g) 193,90+9,00 190,0 (188,1-204,0) 130,00* (104-156) 196,48+190,52 162,92 (238,86 66,74) 130,00* (104-156) Proteína (g) 51,5+12,4 50,0 (40,1-64,8) 19,00* (15,2-22,8) 46,84+45,33 41,71 (13,35-16,01) 19,00* (15,2-22,8) %Lipídios 22,21+2,38 22,85 (19,31-24,13) 30,00 + (24-36) 27,06+4,70 27,48 (21,65-30,83) 30,00 + (24-36) %Saturados 10,80+1,34 11,26 (9,38-11,87) 10,00 + (8-12) 13,25+3,57 13,31 (9,66-16,20) 10,00 + (8-12) %Monoinsaturado 8,43+1,15 8,11 (7,47-9,59) 10,00 + (8-12) 10,16+16,20 10,93 (8,12-11,38) 10,00 + (8-12) %Poliinsaturado 2,98+0,51 2,87 (2,58-3,22) 10,00 + (8-12) 3,65+1,21 3,32 (3,12-3,85) 10,00 + (8-12) Fibras (g) 13,68+1,09 13,94 (12,72-14,39) 25,00* (20-30) 14,85+7,21 13,58 (9,32-17,01) 25,00* (20-30) Vitamina B6 (mg) 1,11+0,13 1,10 (1,02-1,19) 0,50* (0,4-0,6) 0,95+0,15 0,91 (0,89-0,99) 0,50* (0,4-0,6) Vitamina B12 (mg) 1,25+0,52 1,11 (1,01-1,24) 1,00* (0,8-1,2) 1,89+0,82 1,71 (1,33-2,33) 1,00* (0,8-1,2) Ferro (mg) 9,73+1,22 10,19 (8,56-10,76) 10* (3,28-4,92) 8,99+2,11 8,27 (7,86-10,86) 10* (3,28-4,92) Dados apresentados em média + desvio padrão e mediana (P25-P75). *Recomendação baseada na DRI (2002). + Recomendação baseada no NCEP (1992). Os valores entre parênteses nas recomendações representam + 20% do valor recomendado. Quando avaliamos a associação do peso com cada variável estudada foi observada correlações positivas entre o peso e o consumo de ferro e o consumo de gordura poliinsaturada (p<0,05) (tabela 5).

18 Tabela 5. Correlações lineares de Spearman entre o peso e as variáveis estudadas. Variáveis r p Renda 0,26 0,228 Ingestão calórica (kcal/dia) 0,32 0,132 Carboidratos (g/dia) 0,22 0,311 Proteínas (g/dia) 0,34 0,101 Lipídeos (g/dia) 0,31 0,145 Saturados (g/dia) 0,29 0,166 Monoinsaturados (g/dia) 0,26 0,226 Poliinsaturados (g/dia) 0,48 0,018 Fibras (g/dia) 0,19 0,355 Ferro (mg/dia) 0,50 0,012 Vitamina B6 (mg/dia) 0,30 0,158 Vitamina B12 (mg/dia) 0,08 0,696 Já a ingestão de ferro teve associações positivas e significativas com o peso, o consumo de calorias, proteína, lipídeos (total, saturado, moninsaturado e poliinsaturado), carboidrato, fibras e vitamina B6 (tabela 6). O consumo de proteínas obteve correlações positivas e significativas com o peso e o consumo de calorias, proteína, lipídeos (total, saturado, moninsaturado e poliinsaturado), carboidrato, fibras e vitaminas B6 e B12 (tabela 7).

19 Tabela 6. Correlações lineares de Spearman entre a ingestão de ferro e as variáveis estudadas. Variáveis r p Renda -0,17 0,433 Peso (kg) 0,50 0,012 Ingestão calórica (kcal/dia) 0,69 0,000 Carboidratos (g/dia) 0,56 0,005 Proteínas (g/dia) 0,76 0,000 Lipídeos (g/dia) 0,57 0,004 Saturados (g/dia) 0,41 0,046 Monoinsaturados (g/dia) 0,66 0,000 Poliinsaturados (g/dia) 0,61 0,002 Fibras (g/dia) 0,67 0,000 Vitamina B6 (mg/dia) 0,49 0,016 Vitamina B12 (mg/dia) 0,15 0,488 Tabela 7. Correlações lineares de Spearman entre a ingestão protéica e as variáveis estudadas. Variáveis r p Renda -0,18 0,405 Peso (kg) 0,34 0,101 Ingestão calórica (kcal/dia) 0,75 0,000 Carboidratos (g/dia) 0,56 0,004 Lipídeos (g/dia) 0,68 0,000 Saturados (g/dia) 0,66 0,000 Monoinsaturados (g/dia) 0,60 0,002 Poliinsaturados (g/dia) 0,56 0,005 Fibras (g/dia) -0,43 0,036 Ferro (mg/dia) 0,76 0,000 Vitamina B6 (mg/dia) 0,66 0,000 Vitamina B12 (mg/dia) 0,54 0,007

20 5. DISCUSSÃO Conhecer exatamente a ingestão alimentar de indivíduos ou de grupos é sempre uma tarefa complexa. Os aspectos culturais e até as experiências pessoais, nos métodos de investigação sobre consumo alimentar, conferem menos objetividade nos resultados do que se espera. Cada método empregado para avaliar o consumo alimentar apresenta vantagens e limitações e os estudos requerem uma equipe qualificada e capacitada para a coleta dos dados. Como estimativa da realidade do consumo alimentar, o recordatório de 24 horas ainda se constitui o método mais apropriado para avaliar a ingestão de alimentos de uma população. (FIDELIS, C. M. F. OSÓRIO, 2007) Segundo um estudo de (MENEZES, R. C. E. et al, 2007) a inadequação energética apresentou altas prevalências, principalmente, nas faixas etárias de 48-60 meses e 0-6 meses, em que, respectivamente, 55,2% e 49,0% das crianças apresentaram o consumo abaixo da EER. O percentual total de crianças com consumo energético inferior à EER foi de 42,4%, quando comparado a este estudo observamos que a ingestão energética esta adequada com a DRI, os únicos valores que se equiparam com o estudo tendo baixa ingestão de energia seria nas meninas de 2 a 3 anos, porém conforme a um aumento da idade a uma adequação na ingestão. No mesmo estudo a ingestão de proteínas, quando comparada às EAR, verificandose, em cada grupo, o percentual das crianças com o consumo esteve abaixo da EAR definida para as suas respectivas faixas etárias. Neste trabalho podemos verificar o contrário, ou seja, o consumo de proteínas esteve acima do recomendado pela DRI assim sendo quando separamos por idade e sexo vemos que as crianças com idade entre 2 á 3 anos estão ingerindo muita proteína e assim sendo nos meninos esta ingestão supera o dobro da recomendação e quando comparamos os sexos vemos que a ingestão das meninas está acima porém os meninos superam. Quando observamos a faixa etária de 4 à 6 anos podemos ver que continua a crescer a ingestão de proteínas sendo que os meninos ainda superam as meninas. Quando comparamos a porcentagem de gordura com a recomendação baseada no NCEP 1992 (Programa nacional de educação para o colesterol), podemos observar que a porcentagem de gordura está adequada nos dois sexos como também nas faixas etárias de 2 a 6 anos, no entanto quando dividimos este lipídio em monoinsaturados, poliinsaturados e saturados vemos que a porcentagem deste último em ambos os sexos estão acima do recomendado, sendo esta população com grande probabilidade de ter um adolescência como obesos.

21 As vitaminas e os minerais são nutrientes não energéticos que não podem ser sintetizados no corpo humano, devendo assim, serem supridos pela alimentação. Os minerais desempenham uma variedade expressiva de funções metabólicas que incluem ativação, regulação, transmissão e controle; e as vitaminas possuem funções relacionadas com as atividades estruturais. Portanto, esses micronutrientes são importantes para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança e suas deficiências podem causar seqüelas irreparáveis. (FIDELIS, C. M. F. OSÓRIO, 2007). O consumo de micronutrientes esteve acima do recomendado pela AI, tanto de vitamina B6, B12 e ferro, em um estudo de (FIDELIS, C. M. F et. al, 2007), e quando comparamos o presente trabalho com este estudo vemos o contrario pois o consumo de ferro estabeleceu-se abaixo da recomendação da DRI, podemos verificar que a ingestão de ferro está abaixo da recomendação nos dois sexos, podemos ainda afirmar que estas crianças possam vir a ter déficits de crescimento e desenvolvimento pela baixa ingestão deste nutriente. Quando observamos o IMC dos pré escolares podemos observar certa prevalência de sobrepeso e obesidade principalmente no sexo masculino, segundo (FERNANDES, I. T. et al. 2006) os dados equiparam se com este estudo quando vemos que sua amostra, do total das crianças pesquisadas, aproximadamente ¼ (91/347) encontra-se acima do peso adequado para idade, quando se leva em consideração o IMC.

22 6. CONCLUSÃO Este estudo concluiu que dentre todas as variáveis estudadas observamos que a população estudada esta com uma ingestão acima da DRI na maioria dos macronutrientes e micronutrientes apenas o ferro esteve abaixo do recomendado. Isso é uma situação preocupante, pois o consumo alto de gorduras pode levar a uma maior propensão a se tornarem adolescentes obesos assim acarretando em prejuízo para sua saúde. Portanto a hipótese que foi proposta no inicio deste trabalho de que o consumo de ferro alimentar em pré-escolares é baixo podendo ocasionar prejuízos no desenvolvimento infantil, foi comprovada neste estudo, assim sendo a falta desse nutriente pode estar causando futuramente déficits no crescimento e desenvolvimento dessas crianças.

23 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, R. C. PHILIPI, S. T. Consumo infantil de alimentos industrializados e renda familiar na cidade de São Paulo. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.36, n.6, p. 45 50, 2002. COSTA, E. A. Manual de nutrientes: prevenção das doenças através dos alimentos. Petrópolis: Vozes,2002. CRUZ, G. et al. Ingestão de alimentos e adequação de nutrientes no final da infância. Rev. de Nutrição. Campinas, v.16 n.4, p. 61-66, out./dez. 2003. FERNANDES, I. T. et. al. Avaliação antropométrica de pré-escolares do município de Mogi-Guaçú, São Paulo: subsídio para políticas públicas de saúde. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, v.6, n.2 abr. /jun. 2006. FIDELIS, C. M. F. OSÓRIO, M. M. Consumo alimentar de macro e micronutrientes de crianças menores de cinco anos no Estado de Pernambuco, Brasil. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, v.7, n.1 jan./mar. 2007. FISBERG, R. M. et al. Ínquéritos alimentares: métodos e bases científicas. Barueri: Manole, 2005. FLÁVIO, E. F. Alimentação escolar e avaliação nutricional dos alunos do ensino fundamental das escolas municipais de Lavras, MG. 2006. 293 f. Tese (doutorado) UFLA. Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, 2006. MENEZES, R. C. E. et al. Consumo energético-protéico e estado nutricional de crianças menores de cinco anos, no estado de Pernambuco, Brasil. Rev. Nutr. v.20, n.4 Campinas jul./ago. 2007. NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATISTIC. CDC Growtch Charts United States, 2000. On line disponível em <url: www.cdc.gov/growthcharts> [2001 nov20]. ROCHA, L. F. et. al. Consumo alimentar e estado nutricional de crianças atendidas em serviços públicos de saúde do município de Viçosa, Minas Gerais. Rev.de Nutrição, Campinas, v.19, n.3, p. 62 69, maio/jun. 2006.

24 SANTOS, I. et. al. Consumo alimentar de crianças de 6 a 18 meses em creches. Rev. de Nutrição. Campinas, v.15, n.3, p. 48 54, set. 2002. VITOLO, M. R. et.al. Fatores associados ao risco de consumo insuficiente em fibras alimentar entre adolescentes. J. Pediatria, Porto Alegre, v.83, n 1, jan./ fev. 2007.

ANEXOS 25

26 ANEXO I AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE FERRO ALIMENTAR EM CRIANÇAS PRÉ ESCOLARES COM IDADE ENTRE 2 A 6 ANOS. Responsáveis: Lilian Raquel de Lima e João Felipe Mota O abaixo-assinado declara que é de livre e espontânea vontade que estou participando como voluntário do projeto de pesquisa citado, de responsabilidade do pesquisador. O abaixo-assinado está ciente que: I- O objetivo da pesquisa é analisar o consumo de ferro alimentar em crianças pré escolares com idade entre 2 a 6 anos. II- Durante o estudo, as crianças serão submetidas à uma avaliação antropométrica. III- Não será identificado o voluntário por ocasião de exposição e/ou publicação dos mesmos. IV- Poderá contactar o Comitê de Ética em Pesquisa para apresentar recursos ou reclamações em relação ao ensaio clínico (fone 11 4034-8028). V- Poderá contactar o responsável pelo estudo, sempre que necessário pelo telefone (011) 7396 0786 - Lilian Raquel de Lima - pesquisadora. (019) 9718 7072 MS. João Felipe Mota Orientador Bragança paulista, de 2007. Nome do voluntário: (nome do filho) Assinatura Rg: (assinatura do responsável) Nome do responsável pelo estudo:

27 ANEXO II Questionário sócio econômico Aluno (a): Série Período 1. Nome do pai data de nasc. / / Ocupação do pai 2. Nome da mãe data de nasc. / / Ocupação da mãe 3. Escolaridade dos pais ou responsáveis (marcar uma das classes abaixo) Escolaridade Mãe Pai Responsável Observação Não sabe ler e escrever Ensino fundamental (1º até 4º série) Ensino fundamental (5º até 8º série) Ensino médio incompleto(2º grau incompleto) Ensino médio completo (2º grau completo) Curso superior incompleto Curso superior completo Curso de pós-graduação 4. Número das pessoas que moram na residência 5. Renda total das pessoas que moram na casa: marcar uma das classes abaixo: Menor que R$260,00 Entre R$260,00 e R$520,00 Entre R$520 e R$780,00 Entre R$780,00 e R$1040,00 Entre R$1040,00 e R$1300 Entre R$1300 e R$1560 Entre R$ 1560 e R$1820,00 Entre R$1820 e R$2080,00 Maior que R$ 2080,00