PESQUISA DE COLIFORMES FECAIS E PSEUDOMONAS AERUGINOSA EM LEITE HUMANO ORDENHADO PROVENIENTE DE BANCO DE LEITE LOCALIZADO NO AGRESTE PERNAMBUCANO Freire, Jamilly Nogueira Pinto¹; Santana, Alana Vitória Morais.¹; Fernandes, Larissa da Silva.¹; Jácome-Júnior, Agenor Tavares². 1- Graduandas do curso de bacharelado em Biomedicina ASCES-UNITA. 2- Professor Adjunto da ASCES-UNITA nos cursos de Biomedicina, Farmácia, Nutrição e Odontologia. RESUMO: Introdução: A amamentação é um ato natural, que consiste na melhor forma de promover alimentação e proteção ao bebê. O leite materno é normalmente isento de microrganismos patogênicos, permanecendo assim até o momento do consumo pelo recém-nascido, entretanto, situações na ordenha más condições de higiene das mães, do ambiente de coleta e do armazenamento podem provocar a sua contaminação, e consequentemente, tornar-se a possível causa de doenças neonatais. Objetivo Geral: Pesquisar bactérias indicadoras de contaminação em leite humano ordenhado proveniente de banco de leite, antes e após a pasteurização. Material e Métodos: Estudo laboratorial que teve como critério de inclusão amostras de leite humano enviadas em frascos de vidro ao Hospital Jesus Nazareno (Caruaru- PE). Foram excluídas amostras com alteração de cor, odor ou viscosidade. As amostras foram analisadas pela Técnica dos Tubos Múltiplos entre Fevereiro/2017 e Setembro/2017. Resultados e Discussão: Dentre as amostras cruas, 100% apresentaram positividade para o grupo coliformes, 50% para os coliformes termotolerantes e 83,33% para Pseudomonas aeruginosa, enquanto que todas as amostras pasteurizadas apresentaram negatividade para a presença de tais indicadores. De acordo com a RDC nº171, as amostras cruas se apresentaram impróprias para o consumo devido à presença de indicadores de contaminação, diferentemente das amostras pasteurizadas. Além disso, foi observado que o processo de pasteurização foi eficaz para todas as amostras; Conclusão: Dessa forma, percebese que é necessário que a ordenha seja conduzida com rigor higiênico-sanitário e que
a pasteurização associada ao controle microbiológico do leite humano deve ser realizada pelo banco de leite antes de concedê-lo ao recém-nascido. Palavras chave: Leite humano, coliformes, Pseudomonas aeruginosa, pasteurização. INTRODUÇÃO A amamentação é um ato natural, que consiste na melhor forma de promover a alimentação e a proteção do bebê. No leite materno estão contidos a água, todas as proteínas, açúcares, gorduras e vitaminas necessárias ao recém-nascido. Além disso, o leite materno contém anticorpos e leucócitos, que vão garantir proteção contra doenças e infecções, como otites, alergias, diarreia, pneumonia, dentre outras. Portanto, a principal importância da amamentação consiste em o leite materno ser o alimento ideal ao lactente, já que nele estão contidas as propriedades nutricionais e imunológicas essenciais à vida do recém-nascido (TRINDADE, 2008). A preocupação com a oferta de leite materno nas Unidades de Terapia Intensiva e o fato de existirem situações onde, por algum motivo, o recém-nascido não recebe o leite de sua própria mãe, geraram a necessidade de implantação de Bancos de Leite nas maternidades, a fim de incentivar o aleitamento materno, além de executar a coleta, processar e realizar o controle de qualidade do colostro, leite de transição e leite humano maduro, e posteriormente, distribuir o leite materno sob prescrição médica ou nutricional (SILVA, 2004; ANVISA, 2008). O leite materno é normalmente isento de microrganismos patogênicos e deve permanecer assim até o momento do consumo pelo recém-nascido. Entretanto, situações durante a ordenha, como as más condições de higiene das mães doadoras, do ambiente de coleta e armazenamento, podem contaminar o leite. Dentre os contaminantes estão o grupo dos coliformes totais composto pela Escherichia, Klebisiella, Citrobacter e Enterobacter, os coliformes termotolerantes cepas exclusivamente fecais que suportam temperaturas de até 44±0,5ºC e o grupo dos psicrotróficos representado principalmente pela Pseudomonas aeruginosa, pelo fato de estar associada a elevados índices de morbidade e mortalidade (SERAFINI, 2003; NOBRE, 2015). Dessa forma, devido ao risco de desenvolvimento de doenças neonatais, o presente trabalho visa determinar a frequência de bactérias indicadoras de contaminação em leite humano ordenhado proveniente de banco de leite localizado no
Agreste Pernambucano, antes e após a pasteurização. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo experimental que teve como critério de inclusão amostras de leite humano ordenhado enviadas em frascos de vidro ao Hospital Jesus Nazareno em Caruaru-PE. Foram excluídas amostras que apresentarem alteração de cor, odor ou viscosidade. A obtenção das amostras foi realizada de acordo com a conveniência estabelecida pelo BLH, sendo coletadas em vidrarias ofertadas pelo Hospital Jesus Nazareno 100 ml de leite não pasteurizado e após pasteurização, os quais foram transportados sob refrigeração para o laboratório de Controle de Qualidade Microbiológico de Alimentos e Medicamentos da ASCES-UNITA. A análise foi realizada entre Fevereiro/2017 e Setembro/2017, sendo adotada a Técnica dos Tubos Múltiplos, a qual se divide em duas etapas: presuntiva e confirmatória (APHA, 2012). Na etapa presuntiva houve a detecção de bactérias fermentadoras de lactose por meio da inoculação da amostra em 15 tubos de ensaio contendo caldo lactosado. Desse modo, cinco tubos continham caldo lactosado em concentração dupla ou seja, apresentando o dobro de meio desidratado para a quantidade desejada de água, onde foram inoculados 10 ml de amostra por tubo; e dez tubos apresentaram concentração simples, sendo cinco desses utilizados na inoculação de 1 ml de amostra, e os outros cinco na inoculação de 0,1 ml. É importante saber que a positividade dessa etapa da técnica consiste na captação de gás pelo tubo de Durham, indicando assim a presença de bactérias fermentadoras de lactose (EATON et al., 2005). Os tubos positivos seguiram para a etapa confirmatória, a qual é caracterizada pela identificação de coliformes totais. Nessa etapa houve a inoculação de 1 ou 2 alçadas dos tubos que apresentaram positividade na etapa presuntiva no meio verde brilhante bile de boi. Assim como a etapa anterior, a positividade ocorreu por meio da captação de gás no tubo de Durham, indicando assim a presença de coliformes totais (EATON et al., 2005). Posteriormente, foi necessário determinar a presença de coliformes termotolerantes. Nessa etapa ocorreu a transferência de 1 ou 2 alçadas dos tubos positivos na etapa confirmatória para o caldo EC.
Diferentemente das etapas anteriores, a incubação a 44,5 C temperatura suportada pelas bactérias consideradas como termotolerantes. A positividade desse teste, assim como dos anteriores, ocorreu por meio da captação de gás pelo tubo de Durham, indicando assim a presença de coliformes termotolerantes (EATON et al., 2005; APHA, 2012). A identificação da P. aeruginosa se sucedeu pela mesma técnica empregando-se os meios caldo asparagina e caldo acetamida nas provas presuntiva e confirmatória, respectivamente. A positividade da etapa presuntiva se caracterizou pelo aparecimento de um pigmento esverdeado fluorescente (pioverdina/piocianina) produzido pela Pseudomonas spp. (EATON et al., 2005). Já a confirmação da espécie Pseudomonas aeruginosa ocorreu pela formação de biofilme no caldo acetamida (EATON et al., 2005; APHA, 2012). RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre as amostras cruas analisadas, 100% apresentaram positividade para o grupo coliformes, 50% para os coliformes termotolerantes e 83,33% para Pseudomonas aeruginosa, enquanto que todas as amostras pasteurizadas apresentaram negatividade para a presença de tais indicadores. Vale ressaltar que o índice de contaminação das amostras cruas foi calculado com o auxílio da tabela de Hoskins, por meio do método do número mais provável (NMP), como mostra a tabela a seguir. Tabela 1 Índice de contaminação das amostras cruas por NMP. Amostras Coliformes totais Coliformes termotolerantes Pseudomonas aeruginosa 1C > 1600 NMP 26 NMP 0 2C > 1600 NMP 0 90 NMP 3C > 1600 NMP 0 90 NMP 4C > 1600 NMP 0 1600 NMP 5C > 1600 NMP 9 NMP 240 NMP 6C > 1600 NMP 9 NMP 30 NMP
De acordo com a RDC nº171, as amostras cruas se apresentaram impróprias para o consumo devido à presença de indicadores de contaminação, diferentemente das amostras pasteurizadas. Além disso, foi observado que o processo de pasteurização foi eficaz para todas as amostras CONCLUSÃO Devido a isso, é necessário que a ordenha seja conduzida com rigor higiênico-sanitário e que os Bancos de Leite Humano realizem a pasteurização associada ao controle microbiológico do leite humano ordenhado por meio da utilização de microrganismos indicadores de qualidade sanitária antes de concedê-lo ao recém-nascido. Afinal, as características imunobiológicas e nutricionais do leite humano devem ser mantidas, mesmo após a ordenha, pelo fato desse produto ser utilizado na alimentação de bebês prematuros e de baixo peso, e o seu consumo em situação de contaminação ser uma possível causa de doenças neonatais. REFERÊNCIAS 1. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard Methods For The Examination of Water and Wastewater. 22 ed. Washington: APHA, 2012. 2. ANVISA.- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Banco de leite humano: funcionamento, prevenção e controle de riscos. Brasília, 2008. 3. EATON, A.D. et al. Standard methods for the examination of water and wastewater: Centennial edition. Washington DC: American Public Health Association, p. 1368, 2005. 4. NOBRE, G.C. et al. Análise microbiológica do leite humano cru do banco de leite de um hospital de Araguaína-TO. Rev. Científica do Itpac, v.8, n.2, pub.8, pg; 2015. 5. SERAFINI, A.B. et al. Qualidade microbiológica de leite humano obtido em banco de leite. Rev Saúde Pública, 37(6):775-9; 2003. 6. SILVA, V.G. Normas técnicas para banco de leite humano: uma proposta para subsidiar a construção para Boas Práticas. Tese de Doutorado Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2004 7. TRINDADE, A.L.J. et al. Aleitamento materno: conhecimentos das puérperas a
respeito dessa prática. Rev. saúde.com, 4(2): 123-133; 2008.