A METODOLOGIA DE APRENDIZAGEM POR PROJETOS E A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO SUPERIOR



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Transcrição:

A METODOLOGIA DE APRENDIZAGEM POR PROJETOS E A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO SUPERIOR Gisele Mugnol Santos (PUCPR) Jayme Ferreira Bueno (PUCPR) RESUMO Este pôster expõe os principais tópicos de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná sobre a metodologia de aprendizagem por projetos e a prática pedagógica no ensino superior. Apresenta a temática, o problema de pesquisa, a metodologia e a fundamentação teórica. Dá ênfase a uma prática docente inovadora. A pesquisa, com o aprofundamento de alguns fundamentos teóricos, vem contribuindo para os próprios pesquisadores e poderá contribuir para os professores de um modo geral. Com o conhecimento e aplicação de uma nova metodologia, como a aprendizagem por projetos, o professor poderá rever a sua prática docente, buscando aprimorá-la. Essa é a finalidade e a proposta deste pôster. Palavras-chave: metodologia de aprendizagem por projetos, prática pedagógica, o professor e o ensino superior, metodologias inovadoras, paradigma emergente. 1 INTRODUÇÃO O aluno só aprenderá quando tiver prazer em conhecer (...) O professor só conseguirá ensinar quando tiver prazer na sua ação catalisadora da curiosidade dos seus alunos (MALPIQUE,1990, p. 68). Como uma forma de contínuo aprimoramento da prática pedagógica, o docente precisa buscar continuamente novas metodologias de ensino que proponham a reflexão, a pesquisa e a investigação sobre pressupostos teóricos e práticos das abordagens do ensino e da aprendizagem. Uma dessas novas propostas

2 metodológicas é a aprendizagem por projetos, que, por sua importância, tornou-se objeto de pesquisa que vimos desenvolvendo. 1.1 Temática A pesquisa sobre a metodologia de aprendizagem por projetos e a prática pedagógica no ensino superior vem sendo desenvolvida na Linha Teoria e Prática Pedagógica na Educação Superior do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com o intuito de contribuir para que mais professores conheçam esta metodologia e com ela possam refletir sobre suas práticas pedagógicas. 1.2 Problema de pesquisa Considerando a importância do tema e a linha em que se insere no Mestrado em Educação da PUCPR, a pesquisa questiona principalmente como a metodologia de aprendizagem por projetos numa prática pedagógica inovadora pode contribuir para a produção do conhecimento no ensino superior? 2 METODOLOGIA DA PESQUISA Este estudo terá como base uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo. Inicialmente, serão pesquisadas e descritas teorias que abordem práticas pedagógicas inovadoras, que buscam a produção do conhecimento. Em seguida, serão estudados e apresentados aspectos teóricos mais específicos da metodologia de aprendizagem por projetos. A pesquisa de campo será realizada na Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUCPR e na Faculdade Internacional de Curitiba FACINTER, no primeiro semestre letivo de 2004. 2.1 Sujeitos da pesquisa

3 Participarão como sujeitos da pesquisa professores e alunos que trabalham com a metodologia de aprendizagem por projetos. Serão entrevistados 10 (dez) professores: cinco de cada Instituição, dentre aqueles que utilizam ou têm utilizado como prática pedagógica a metodologia de aprendizagem objeto deste estudo. Da mesma forma, os alunos das duas Instituições convidados a responderem um questionário serão aqueles que participaram de aulas, nas quais foi utilizada a metodologia de aprendizagem por projetos. 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para tratar do tema a metodologia da aprendizagem por projetos e a prática pedagógica no ensino superior torna-se necessário primeiramente fazer referência às transformações da sociedade e principalmente à mudança dos paradigmas da ciência. Nesse contexto, transformou-se também o papel do professor. São conhecidas as transformações que a sociedade sofreu e vem sofrendo nas últimas décadas. De uma sociedade caracterizada pela produção em massa passou a uma sociedade da informação. Essas mudanças, ao lado dos avanços da ciência e da tecnologia, provocaram um grande impacto em todos os setores nossas vidas. 3.1 A prática pedagógica e o paradigma emergente Na sociedade de produção em massa, as práticas pedagógicas, influenciadas por uma visão conservadora, levaram, de uma forma geral, à reprodução do conhecimento, com a conseqüente ênfase na repetição, na memorização e na cópia. Era o predomínio dos paradigmas tradicional, escolanovista e tecnicista. Em contraposição, numa sociedade caracterizada pela produção e uso de informações, como a Sociedade do Conhecimento, já não basta reproduzir o conhecimento, há que produzi-lo. Nesse sentido, Behrens (2000, p. 59-60) ressalta

4 que o ensino como produção de conhecimento propõe o envolvimento do aluno no processo educativo. A exigência de tornar o sujeito cognoscente valoriza a reflexão, a ação, a curiosidade, o espírito crítico, a incerteza, a provisoriedade, o questionamento, e exige reconstruir a prática educativa proposta em sala de aula. Para a nova realidade, já não são suficientes os velhos paradigmas. Surgem, então, as visões inovadoras, representadas por um novo paradigma. Esse paradigma, que recebeu várias denominações, inovador, emergente, tem, porém, nos diferentes estudos pontos em comum: uma mesma idéia de totalidade e a busca da superação da reprodução do conhecimento. Neste pôster, entende-se por paradigma: uma relação científica de grande envergadura, com base teórica e metodológica convincente e sedutora, e que passa a ser aceita pela maioria dos cientistas integrantes de uma comunidade (KUHN, citado por MORAES, 1998, p. 31). Para Morin (2001, p. 25): o paradigma efetua a seleção e a determinação dos conceitos e das operações lógicas. Designa as categorias fundamentais da inteligibilidade que conhecem, pensam e agem segundo paradigmas inscritos culturalmente neles. O paradigma, portanto, organiza o pensamento. Por esse motivo, ele é importante em qualquer teoria, doutrina ou ideologia. O paradigma emergente se caracteriza por privilegiar a produção do conhecimento. Os pressupostos deste paradigma propõem movimentos de evolução, de interconexão, de entropia, de inter-relacionamento e defendem um pensamento em rede, em que todos os seres interagem. O movimento paradigmático originou uma crise advinda de um conhecimento fragmentado, dividido. A visão de inter-relacionamento, ou seja, a conexão proposta pelo paradigma emergente busca a superação de verdades que antes eram consideradas inquestionáveis. Uma transformação da prática educativa somente poderá ser eficiente se pensada e edificada em sua base. É preciso que o coletivo escolar, especialmente os professores, participem dessa reformulação, dessa nova construção teórica.

5 A incorporação de um novo paradigma educacional somente será possível a partir de uma revisão teórico-crítica sobre as tendências que historicamente estiveram influenciando a prática pedagógica na educação brasileira. Esse pensamento é reforçado por Behrens (2000, p. 84), ao afirmar: a prática pedagógica do professor precisa desafiar os alunos a buscarem uma formação humana, crítica e competente, alicerçada numa visão holística, com uma abordagem progressista e num ensino com pesquisa que levará o aluno a aprender a aprender. As práticas devem ser repensadas em todos os sentidos, inclusive a prática pedagógica. Para alicerçar uma prática pedagógica compatível com as mudanças ocorridas na Sociedade do Conhecimento, Behrens (2000, p. 61) acredita na aliança de abordagens pedagógicas, formando uma verdadeira teia com uma visão sistêmica, ou holística, com a abordagem progressista e com o ensino com pesquisa. O professor que deseja modificar ou aperfeiçoar a sua prática em sala de aula deve ter inicialmente conhecimento desses referenciais teóricos do paradigma emergente, da função das três abordagens, em que a visão sistêmica ou holística promove o envolvimento do aluno em todo o processo. A junção das abordagens apresenta-se como uma proposta criativa, crítica e transformadora. Tem o intuito de ultrapassar a reprodução buscando a produção do conhecimento. Pode-se finalizar com esta reflexão: o paradigma emergente busca provocar uma prática pedagógica que ultrapassa a visão uniforme e que desencadeie a visão de rede, de teia, de interdependência, procurando interconectar vários interferentes que levem o aluno a uma aprendizagem significativa, com autonomia, de maneira contínua, como um processo de aprender a aprender para toda a vida. (BEHRENS, 2000, p.123) 4 A METODOLOGIA DA APRENDIZAGEM POR PROJETOS E A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO SUPERIOR Na Sociedade do Conhecimento, o desafio da Universidade é proporcionar meios ao aluno para que se torne, no processo de educação, um pesquisador.

6 Portanto, a produção do conhecimento precisa de ações que levem o professor e o aluno a buscar processos de investigação e pesquisa. Para isso, é preciso aprender como acessar a informação, onde buscá-la e o que fazer com ela. Daí a necessidade de uma prática pedagógica diferenciada, uma prática baseada no paradigma emergente, ou seja, numa abordagem progressista, no ensino com pesquisa e com visão holística, instrumentalizados por uma tecnologia inovadora. Segundo Behrens (2000, p. 127), este tipo de prática trará para a Universidade uma produção de conhecimento relevante, que propicia a formação de um cidadão crítico e consciente de suas responsabilidades. Na entrada do século XXI, surge como uma nova prática, a metodologia de aprendizagem por projetos, que, de acordo com Behrens (2002), leva cada docente a analisar, refletir e criar sua própria prática pedagógica. Nessa prática, o docente propõe a reflexão, a pesquisa e a investigação sobre pressupostos teóricos e práticos das abordagens pedagógicas. A idéia inicial da metodologia de aprendizagem por projetos surge inicialmente com Dewey (1968), por volta dos anos trinta, na abordagem da Escola Nova. Várias das considerações feitas por Dewey permanecem como base da metodologia.uma das considerações diz respeito ao papel do aluno. Segundo seus estudos um autêntico projeto encontra sempre o seu ponto de partida no impulso do aluno. Segundo Behrens e José (2001, p.81), a opção por uma aprendizagem com base em projetos possibilita uma aprendizagem pluralista e permite articulações diferenciadas de cada aluno participante. Ao alicerçar projetos, o professor pode optar por um ensino com pesquisa, com uma abordagem de discussão coletiva crítica e reflexiva que proporcione aos alunos a convivência com a diversidade de opiniões, convertendo as atividades metodológicas em situações de aprendizagem significativas. Pode-se afirmar, portanto, que a metodologia de aprendizagem por projetos propicia o acesso a maneiras diferenciadas de aprender. A metodologia de aprendizagem por projetos é dividida em fases: 1) Discussão do projeto: o professor apresenta aos alunos uma minuta de proposta que elaborou e submete à apreciação dos alunos. É o que Perrenoud (1999) denomina contrato didático (ou contratos de trabalho didático, ou plano de

7 trabalho ou plano de organização didática, têm como objetivo desdobrar os programas de aprendizagem em encontros semanais para descrição da proposta metodológica a ser desenvolvida, bem como a indicação de bibliografia a ser investigada (BEHRENS e JOSÉ, 2001, p. 93 )). 2) Problematização - O professor coloca o problema como provocação para estimular os alunos a se envolver no projeto. 3) Contextualização Corresponde à localização histórica da temática. 4) Aulas expositivas dialogadas - O professor apresenta os temas, os conhecimentos, os conteúdos e as informações envolvidos na temática. 5) Pesquisa individual - Os alunos fazem uma pesquisa fora de sala e trazem para a aula o material para fazer a produção individual do assunto. 6) Discussão crítica e reflexiva Com base na discussão crítica, os alunos podem produzir conhecimento coletivamente. O professor e os alunos devem discutir a possibilidade de aplicação da produção numa atividade final. 7) Avaliação da aprendizagem - Será proposta, de maneira contínua, com base na discussão do processo e dos critérios acordados no contrato. De acordo com Behrens (2000, p. 44), essas fases não se esgotam, nem pretendem ser um engessamento na criatividade do docente, mas servem como ações didáticas que deverão ser consideradas no processo. Na metodologia de aprendizagem por projetos, o aluno se torna o principal agente da aprendizagem, responsável pelo seu próprio sucesso. Ela privilegia uma aprendizagem por descoberta pessoal do aluno com informação vinda do professor. A metodologia de aprendizagem por projetos oportuniza uma antecipação coletiva e formal das fases do seu desenvolvimento e dos objetivos a serem alcançados por meio de um contrato didático flexível que permita reorganização após uma discussão prévia com o grupo de alunos. Neste caso, os alunos implicam-se na concretização de uma intenção, realizando um desejo. Envolve trabalho de pesquisa no terreno, tempos de planificação e intervenção com a finalidade de responder a problemas encontrados, problemas considerados de interesse pelo grupo e com enfoque social (LEITE, MALPIQUE e SANTOS, 1990, p.140).

8 Os professores que utilizam esta metodologia precisam ser profissionais reflexivos sobre suas próprias ações pedagógicas. Esse processo de reflexão auxiliará na condução da aprendizagem do aluno. A ação docente deve provocar processos que permitam conseguir compreender e interpretar os temas apresentados, deixando claro o objetivo ou o significado de por que está se originando nesse processo a produção de novos conhecimentos. O professor que se propõe a trabalhar em projetos possibilita situações que desenvolvem a aprendizagem e a inteligência do aluno. Valoriza o ser humano, com uma visão holística e contempla tanto a emoção como a razão, a ciência e a ética, o subjetivo e o objetivo, ou seja, aquelas características apresentadas pelos dois lados do cérebro (DRYDEN; VOSS, citados por BATISTA, 2003). O ensino por projetos exige que o professor tenha comprometimento constante com a busca do conhecimento, pois, o aluno requer auxílio em forma de sugestões. Essas sugestões devem evidenciar desde a escolha do tema a ser aprofundado pelo grupo ou problema a ser resolvido. O conhecimento deve ser aprofundado sobre os assuntos ou situações-problema, que os alunos desejam desenvolver. Para a construção do conhecimento faz-se necessária a pesquisa individual do aluno para buscar possíveis soluções do problema apresentado, o que leva o estudante a acessar as informações disponíveis. Ele deverá saber selecionar a informação produzida e colocada nos meios de comunicação com a orientação do professor. A metodologia da aprendizagem por projetos permite que o professor observe as mudanças de seus alunos de uma forma gradativa. Esta mudança é percebida continuamente, não apenas pela avaliação de uma tarefa, mas por um conjunto de atividades individuais e coletivas. CONSIDERAÇÕES FINAIS

9 O professor que deseja modificar ou aperfeiçoar a sua prática em sala de aula com a utilização da metodologia de aprendizagem por projetos deve ter conhecimento dos referenciais teóricos do paradigma emergente, da função das abordagens, como a progressista, o ensino com pesquisa e o holismo. Deve também conhecer os fundamentos da visão sistêmica, ou holística, que promove o envolvimento do aluno em todo o processo do ensino e da aprendizagem, buscando superar a fragmentação do conhecimento e tentando criar novos caminhos que contemplem a emoção, a intuição, a responsabilidade, a alegria, o entusiasmo em produzir o conhecimento que beneficie a si mesmo e à coletividade. A abordagem progressista, por sua vez, deve ser entendida como mediadora, ao proporcionar a participação do grupo, da coletividade de conhecimento na busca de uma transformação. Finalmente, o ensino com pesquisa deve ser entendido como instrumento para a produção do conhecimento, que proporciona acesso às informações, à investigação, ao aprender a aprender. Nesse contexto de mudanças da sociedade e das práticas sociais e, em conseqüência, das práticas pedagógicas, a metodologia de aprendizagem por projetos pode tornar-se importante recurso para que o professor, consciente e desejoso de melhoria, venha a transformar a sua própria prática docente. REFERÊNCIAS BATISTA, Ieda Pinheiro Lima. A aprendizagem colaborativa no ensino por projeto, em Behrens, org. Docência Universidade na Sociedade do Conhecimento. Curitiba: Champagnat, 2003. BEHRENS, Marilda. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Curitiba: Champagnat, 2000.. Tecnologia interativa a serviço da aprendizagem colaborativa num paradigma emergente. Disponível em: http://www.tvebrasil.com.br/salto/tec/tectxt3.htm. Acesso em 10 de novembro de 2002. BEHRENS, Marilda Ap.; JOSÉ, Eliana Mara Age. Aprendizagem por projetos e os contratos didáticos. Diálogo educacional. Curitiba, n. 3, v.2, p. 79-98, 2001.

10 DEWEY, J. O sentido do projecto. In: LEITE, MALPIQUE, SANTOS. Trabalho de projecto: leitura comentada. Porto: Afrontamento, 1990. LEITE, Elvira; MALPIQUE, Manuela; SANTOS, Milice Ribeiro dos. Trabalho de projecto: leitura comentada. Porto: Afrontamento, 1990. MALPIQUE, Celeste. Comentário. In: Trabalho de projecto: leitura comentada. Porto: Afrontamento, 1990. MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas, SP: Papirus, 1998. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2001. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.