Observatório da Cidade: instrumento de monitoramento e controle social do desenvolvimento urbano de Porto Alegre



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Transcrição:

Observatório da Cidade: instrumento de monitoramento e controle social do desenvolvimento urbano de Porto Alegre (Proposta apresentada ao Legislativo municipal e Fórum de Entidades 1 durante a reformulação do Plano Diretor de Porto Alegre, em 2009.) AUTOR: Milton Cruz Justificativa: O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU, 1979) - propôs a criação do Sistema Municipal de Planejamento centralizado na Secretaria do Planejamento Municipal (SPM), que não conseguiu articular os órgãos de governo na atividade de planejamento; - introduziu a participação de colaboradores comunitários no Conselho do Plano Diretor que tiveram participação pontual e limitada; O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA, 1999) - ampliou a participação social no Conselho e as competências do Sistema de Planejamento, criou instrumentos como o solo criado e introduziu um novo modelo de desenvolvimento da cidade no Plano Diretor; - criou espaços públicos de debate, como o projeto Cidade Constituinte, que viabilizou a construção de propostas consensuadas entre o governo, o SINDUSCON e setores populares. - também não conseguiu constituiu constituir um sistema com capacidade de articular a formulação de propostas setoriais, e de monitoramento e aperfeiçoamento permanente da política de planejamento da cidade; - persistem problemas como a fragmentação dos atores, divididos entre a priorização de demandas de bairros, temas de longo prazo (como o financiamento da cidade) e a disputa em torno das alturas; Reformulação do PDDUA - revela que o Sistema de Planejamento não articulou o debate de temas relacionados com o espaço urbano, como a mobilidade urbana, o desenvolvimento econômico, a sustentabilidade ambiental a preservação cultural, com o projeto de cidade e as estratégias de desenvolvimento; 1 O Fórum de Entidades foi criado para acompanhar a reformulação do Plano Diretor e apresentar propostas ao Legislativo. Dele participaram mais de oitenta entidades da sociedade civil como: as associações de moradores, entidades de defesa do meio ambiente, sindicatos, entidades empresariais, etc.

- o Sistema não tem se mostrado eficiente na articulação da ação do conjunto das secretarias municipais, e na organização da agenda dos diferentes interesses da sociedade; - persiste a crença do planejamento tradicional de que apenas uma área do conhecimento científico é capaz de formular propostas para os problemas complexos da cidade e da sociedade urbana; - é cada vez mais evidente a dificuldade dos poderes locais e dos planejadores em construir soluções que se articulem a um projeto de cidade sustentável (permanentemente debatido e aperfeiçoado), e romper com a prática que busca formular a política de planejamento da cidade a partir de demandas, o que fragmenta e fragiliza a ação das instituições e a participação da sociedade; - apesar da longa tradição da cidade em planejamento, instituições como a Secretaria de Planejamento, Secretarias Municipais, e Câmara de Vereadores ainda não dispõem de estrutura, equipes e metodologias para conduzir um processo de planejamento que se caracterize pela participação ativa da cidadania, pela interação constante de técnicos de diferentes áreas do conhecimento (planejadores, urbanistas, sociólogos, educadores, etc.), e pela formulação de soluções em espaços construtores de consensos; - dez anos após a aprovação do PDDUA, o Sistema de Planejamento ainda não desdobrou as estratégias de planejamento em programas, projetos e ações; - o Projeto de Lei Complementar encaminhado pelo Executivo para apreciação do Legislativo, não apresenta uma avaliação global sobre o funcionamento do sistema de planejamento; não faz um balanço sobre as estratégias e ações que foram implementadas, e se houve avanço na articulação dos componentes do Sistema em sua atuação no planejamento e organização da cidade; - projetos que tem grande impacto no planejamento da cidade como Centro de Compras do Centro (Camelódromo), Projetos de mobilidade urbana (como o Portais da Cidade, Plano Cicloviário), Projeto Lomba do Pinheiro, Instituto de Planejamento, entre outros, não estão sendo debatidos pelos componentes nos fóruns do Sistema de Planejamento; - a fragmentação do debate, da formulação dos programas e das ações opera como um poderoso método de deslegitimação do Plano Diretor e do Sistema de Planejamento como instrumentos que se propõe integrar esferas de governo, técnicos e representantes das Regiões de Planejamento e do Orçamento Participativo.

- o Legislativo não tem sido envolvido na formulação de propostas para o planejamento e organização da cidade, o que limita a tomada de decisão (ex. a cada reformulação do PDDUA a Câmara de Vereadores inicia os debates como se partisse do zero, pois não conta com o apoio de relatórios executivos avaliando o Sistema de Planejamento e a situação da organização da cidade); - o método de planejamento atual estimula a fragmentação, dificulta o desenvolvimento de uma capacitação institucional que formule soluções a partir da interação dos diferentes interesses da sociedade urbana; - este cenário reforça a tendência de transformar o Plano Diretor em um simples Plano Regulador, esvaziando seu potencial como instrumento de planejamento e de participação social, na contramão do que é proposto pelo Estatuto da Cidade; - a não criação do Conselho da Cidade, o não encaminhamento de Lei específica propondo os instrumentos tributários (como o IPTU progressivo) para a regularização urbana, a não apresentação de zonas gravadas no território, como Áreas Especiais de Interesse Social, indicam que o Sistema de Planejamento não foi acionado para operar o aprimoramento das estratégias de desenvolvimento da cidade e para a inclusão dos instrumentos aprovados pelo Estatuto da Cidade. Proposta Considerando as recorrentes manifestações de descontentamento das entidades com o funcionamento do Sistema de Planejamento da Cidade, e a necessidade de contribuirmos com a formulação da política de planejamento da cidade, sugerimos aos participantes do Fórum de Entidades: Participação permanente do Fórum de Entidades e do Legislativo no planejamento da cidade Objetivo: organizar instituições com maior capacidade para formular políticas públicas relacionadas com o planejamento urbano (O Donnell, 1991) e que melhorem o desempenho da representação e a qualidade da democracia (Lijphart, 2003).

- a política de planejamento urbano, nos marcos do projeto democrático-participativo-sustentável, demanda um projeto de cidade que exige a adesão ativa de atores formuladores de soluções para problemas que vão além daqueles que se fazem presentes na agenda do Orçamento Participativo e das urgências do governo; (estratégias, programas e projetos para seu desenvolvimento futuro, sua sustentabilidade ambiental e aperfeiçoamento de seu sistema de tomada de decisão); - criação do Observatório da Cidade, representando todos os interesses da sociedade urbana e o governo, apoiado tecnicamente pelos diferentes campos do conhecimento, que operaria como instituição que permanentemente avalia e propõe a qualificação da política urbana e do Sistema de Planejamento; Criação do Observatório da Cidade - arranjo institucional que articula os três elementos da política moderna: - liderança: governo (Executivo e Legislativo); - administração: capacidade técnica de formulação; - participação social: controle social na política de planejamento. - objetivo: acompanhar, avaliar e propor a qualificação da política de planejamento da cidade e do sistema de planejamento; - funcionamento: o Observatório da Cidade funcionaria todo o ano acompanhando e elaborando sugestões para o aperfeiçoamento das políticas públicas municipais relacionadas com o planejamento e a organização da cidade; - composição: o Observatório da Cidade poderia ser composto de: - Conselho Político com representantes das regiões de planejamento, especialistas, entidades, Universidades, ONGs, Legislativo, Executivo, - um sistema de informações, e - um grupo técnico estável encarregado de coletar, organizar, sistematizar informações, e elaborar relatórios periódicos para apreciação do Conselho Político.

Notas: 1. Existem Observatórios em países como Estados Unidos, Espanha, Chile, México. Recentemente a Prefeitura de Medelin, na Colômbia, realizou um seminário internacional para subsidiar a criação de um Observatório na cidade. Em São Paulo e Rio eles monitoram os direitos da cidadania, as políticas sociais, políticas ambientais, planejamento urbano, entre outras políticas. 2. Notícia sobre as emendas apresentadas pelo Fórum de Entidades. Fórum de Entidades finaliza apresentação de emendas. 24/06/2009 O Fórum de Entidades, que discute a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA) de Porto Alegre, concluiu na noite desta quarta-feira (24/06) a exposição do total de 15 emendas que serão apresentadas à Comissão Especial que estuda e avalia o tema na Câmara Municipal. O processo havia sido iniciado na semana passada quando as primeiras emendas foram votadas pelo grupo de entidades. As temáticas abordadas hoje contemplaram o lano Regulador, os Projetos Especiais do Centro da Cidade e do Cais do Porto e a Proteção e Preservação do Patrimônio Cultural e Natural da Cidade. Entre as retificações e sugestões avaliadas, apreciadas e votadas pelo plenário figuram a integração do transporte hidroviário dentro do PDDUA com o objetivo de qualificar a mobilidade urbana e oferecer outra forma de transporte coletivo com menor impacto ambiental; adoção de um instrumento legal que puna crimes ambientais cometidos por pessoas físicas ou jurídicas; regulamentação do uso e ocupação do solo de ambiente natural pela lei orgânica do município; delimitação no mapa da cidade das áreas de preservação ambiental bem como dos corredores ecológicos; criação de um observatório com representações da sociedade civil para acompanhar e fiscalizar as políticas de planejamento da cidade e elaboração de um sistema de planos e metas para implementação de uma política habitacional dentro do orçamento do Executivo. Ao parabenizar o trabalho das entidades, o coordenador do Fórum, vereador Toni Proença (PPS), explicou que as emendas seguirão para análise das relatorias da Comissão junto as 63 emendas já protocoladas na casa pelo Fórum do ano passado. Os vereadores terão até o dia 15 de agosto para apreciar as emendas e, se preciso for, propor alterações para votá-las em plenário. São temas de extrema relevância para a cidade e merecem todo o cuidado e estudo por parte da Câmara, defendeu. Os vereadores Carlos Comassetto (PT) e João Pancinha (PMDB) também acompanharam os debates. Ester Scotti (reg. prof. 13387) 3. O texto abaixo exemplifica a posição do Fórum de Entidades em relação aos projetos urbanos relacionados com a Copa do Mundo de 2014, a ser realizada no Brasil Porto Alegre em jogo

Texto divulgado hoje pelo Fórum Municipal de Entidades e pelo Movimento Defenda a Orla sobre os projetos da dupla Gre-Nal que devem ser votados na Câmara de Vereadores de Porto Alegre: "A paixão pelo futebol está sendo usada em nossa cidade como chantagem para permitir a flexibilização de normas urbanísticas, auferindo grandes vantagens para poucos empreendedores, dirigentes de futebol e políticos oportunistas e trazendo junto muitos prejuízos, ao ambiente natural e ao conforto urbano. Lazer e recreação é a vocação de qualquer orla do mundo. Em Porto Alegre, a área tomada do rio (aterro que vai da Usina do Gasômetro à Ponta do Mello), por acordo entre os poderes, deveria servir exclusivamente ao uso comum do povo. O estudo realizado pela Secretaria Municipal de Cultura, em conjunto com a Universidade Ritter dos Reis, qualifica este lugar da Capital como Área Especial de Interesse Cultural (C-5), denominada Parque Marinha do Brasil. A construção de blocos residenciais e hotéis inviabilizam o uso do espaço por toda a população, independente de condição social. O pôr-do-sol e o acesso ao rio não podem ser privatizados. O projeto Gigante para Sempre, como foi encaminhado à Câmara, admite o uso residencial e industrial entre o dique e a beira do rio, possibilita a transferência de índices construtivos das áreas públicas para as áreas privadas e autoriza a construção de três torres comerciais em área que hoje é pública, sem explicar como se dará esta relação entre o público e o privado. Privatiza e elitiza o uso do lugar (marina, hotéis, centro de convenções) e, ainda, induz a aprovação do Projeto Pontal do Estaleiro, bem próximo e construído com a mesma lógica. As construções admitidas promoverão um grande impacto ambiental na orla, onde será constituída uma barreira artificial de concreto, contendo os ventos e a luz do sol. O esgoto cloacal é ligado ao pluvial naquela região, o que torna a carga sobre o rio extremamente danosa. O projeto não tem compromisso com a sustentabilidade social, não existem contrapartidas aos privilégios concedidos. Nem os assentamentos humanos existentes no local, em situação provisória, são considerados. Questões importantes relativas à mobilidade urbana, associadas à composição topográfica da região não foram pensadas. O gargalo viário da Ponta do Mello, entre o morro e o rio, suporta toda a carga de transporte rodoviário no sentido sul, inclusive o coletivo. Hoje, só com o funcionamento do Barra Shopping a estrutura viária local encontra-se quase saturada. Com a projeção do fluxo do Beira-rio, Gigantinho, Iberê Camargo, Centro de Eventos, Centro de Medicina Desportiva, Centro Cultural do Samba, mais um Shopping Center, três torres comerciais e, ainda, o Pontal do Estaleiro, com seus quatro blocos residenciais e dois comerciais, não há estudo sério que possa avalizar a fluidez necessária ao fluxo viário, para garantir o conforto urbano. A Arena do Grêmio é um verdadeiro "estelionato urbano". Índices construtivos que não existem nas leis da cidade são ineditamente concedidos ao projeto, permitindo a construção de edifícios com setenta e dois metros de altura na Azenha, criando mais valia urbana em áreas privadas. Por outro lado, no Humaitá, são doadas terras públicas sem regime urbanístico, que pela alteração da lei adquirem valores estratosféricos. Não são apresentadas soluções para impactos na mobilidade urbana ou na estrutura de saneamento. Não há contrapartida de caráter social. Insistem na estratégia de aprovação de projetos localizados, que alteram profundamente os critérios utilizados para o planejamento urbano, antes da revisão da regra geral para toda a cidade, que é o Plano Diretor. A votação dos projetos será realizada "na calada", entre as festas de fim de ano, quando a maioria esta envolvida e desatenta. Aproveitam-se da desmobilização das pessoas e chantageiam com a

urgência na aprovação para "atender aos encargos da FIFA". Com isto, sonegam a discussão com a comunidade e condenam os moradores do bairro e da cidade, à revelia, a sofrerem os efeitos danosos ao ambiente natural, ao conforto urbano e, principalmente, os produzidos pela segregação espacial da cidade. São aportadas áreas públicas aos projetos privados, autorizadas construções privadas em áreas públicas, sem explicações. O exigível para a Copa, no caso do Inter, por exemplo, resolve-se apenas com a comercialização dos "Eucaliptos", para que o resto? Os projetos contrariam: a Lei Orgânica do Município, que no art. 245 assegura que a orla do Guaíba é Área de Preservação Permanente; o Plano Diretor, que no art. 88/ 3º admite apenas obras que preservem a função natural; o estudo SMC/Uniritter, que caracteriza o lugar como Área Especial de Interesse Cultural; a Lei Federal 4771 que caracteriza as áreas de orla dos cursos d'água como de Preservação Permanente. O Estatuto da Cidade, lei federal que regulamenta este tipo de intervenções urbanas de grande impacto, obriga às Operações Consorciadas, onde os empreendedores submetem-se à coordenação do Poder Público, que constrói o conjunto de medidas necessárias à sustentabilidade do empreendimento, junto com a comunidade. Sequer a Operação Concertada, exigida pelo Plano Diretor local, foi observada. Não somos contra a copa e muito menos contra Grêmio ou Inter. Queremos o respeito às leis e as pessoas, das presentes e das futuras gerações. Não aceitamos o uso da paixão popular pelo esporte para chantagear a opinião pública e então conceder benefícios a empreendimentos privados, com visíveis prejuízos à comunidade e ao ambiente natural". Postado por Marco Aurélio Weissheimer, abril, 2009.