ALIMENTAÇÃO, MEMÓRIA E EDUCAÇÃO: HÁBITOS SAUDÁVEIS DE VIDA EM ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS NA CIDADE DE PONTA GROSSA, NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX.



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Transcrição:

ALIMENTAÇÃO, MEMÓRIA E EDUCAÇÃO: HÁBITOS SAUDÁVEIS DE VIDA EM ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS NA CIDADE DE PONTA GROSSA, NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX. Maurício Wisniewski - Universidade Estadual de Ponta Grossa. O objeto desta pesquisa é a alimentação de crianças em idade escolar entre as décadas de 1920 e 1950, em escolas públicas de Ponta Grossa e região. O recorte histórico se justifica em função das transformações estruturais no estado do Paraná, neste período do entre guerras. Usando como referência Demeterco e Santos 1, a baliza inferior (1920) resgata o momento de consolidação da imigração estrangeira no Brasil, principalmente européia, estando algumas etnias com a segunda geração estabelecida na sociedade. A questão alimentar tem um vínculo estreito com a questão do imigrante e da sua culinária. A baliza posterior (1950) é o marco tanto da industrialização quanto da expansão do norte cafeeiro, o que traz para o estado, reflexos generalizados, principalmente na urbanização do interior, o que afeta consideravelmente os hábitos de vida na região. A investigação sobre o cotidiano infantil, mais particularmente, hábitos saudáveis de vida em crianças de idade escolar, inclui desde a merenda até a alimentação em família, passando pelos hábitos de higiene, pela possibilidade de uma educação alimentar, ainda que informal e pela incidência ou não da obesidade infanto-juvenil. O sul do Brasil, diferentemente do restante do país, sofreu a influência da gastronomia do imigrante europeu, que ao aqui chegar em meados do século XIX, encontrou a terra rica e fértil, onde se plantando, tudo dá: Os camponeses, que na Pomerânia ou no Palatinato se alimentavam de batatinhas, hortaliças, massas de farinha de trigo, carnes salgadas e defumadas, pão de centeio, foram obrigados a substituir tudo por feijão preto, mandioca, arroz, cará, taioba, pão de milho e carne-seca. E raramente aceitaram espontaneamente os novos padrões alimentares, logo voltando ao padrão antigo. Com isso, introduziram na região os seus hábitos alimentares 2 Desta insatisfação alimentar, e talvez também do desejo de preservar a cultura da pátria-mãe através da mesa, é que começa, principalmente nas regiões de serra, o cultivo da 1 Demeterco, S.M.S. e Santos, C.R.A. "Doces Lembranças - cadernos de receitas e comensalidade". Dissertação de Mestrado, UFPR, 1998. 2 Damasceno, Athos. Breve Notícia e Ligeiras Considerações acerca da Arte Doceira do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Globo, 1959. p.100.

uva, a fabricação do vinho, a confecção da pastelaria e charcutaria tão típicas dos povos germânicos, conforme Carlos R. A dos Santos 3. Esta tradição criou raízes e as mesas sulbrasileiras, criaram fama. As sociólogas Marina Heck e Rosa Beluzzo 4 explicam que tal fato se deve unicamente à memória culinária: dentre as diferentes formas de memória coletiva, uma das mais persistentes é a memória culinária, com sua variedade de sabores, aromas e cores que resistem ao impacto do tempo e até mesmo aos desenraizamento cultural e geográfico. Na investigação priorizou-se as fontes de história oral enquanto textualização da própria vida 5 e, conseqüentemente, construção da identidade pessoal ou coletiva através da memória 6. Estas recordações criaram um processo dialógico com o presente e acabaram por concluir que hoje a vida das crianças segue outros parâmetros de valores. Com a análise dos dados obtidos em campo e através da teoria tanto da História da Alimentação, quanto da tríade História, Memória e Educação, espera-se que, ao final, a contribuição deste trabalho no campo educacional possa ser dada na forma de um esclarecimento sobre hábitos saudáveis de vida presentes no contexto escolar, na primeira metade do século XX, em confronto com o sedentarismo e a obesidade infantil, das décadas mais recentes. O enfoque desta investigação de memória está na transformação do gosto alimentar, em Ponta Grossa, entre os anos 1920 e 1950 7. Averiguações sobre a modificação do comportamento ao comer, com sua desritualização (come-se o que se quer, onde e quando se quer), a crescente onda de terror à gordura (o que caracteriza a lipofobia,), bem como a culpabilização da obesidade frente a esbeltez. Todos estes são conceitos atuais dos ambientes escolares que estão em constante transformação (o que confere caráter provisório 3 (...) O trigo, juntamente com os cereais secundários como a cevada, a aveia e o centeio, afirmou, por onde passou, a expansão da civilização européia, e no Brasil, o trigo enfrentou culturas rivais como o milho e a mandioca, e se implantou com a valorização da qualidade da alimentação, implementada pelos hábitos alimentares dos camponeses imigrantes, e a partir daí pela pressão demográfica e pelo desenvolvimento urbano. Santos, C.R.A. dos, História da Alimentação no Paraná, p. 142. 4 Beluzzo, R. e Heck, M. Cozinha dos Imigrantes Memórias e Receitas. São Paulo, 1998, p 04. 5 Oliveira, M.H.P. Lembranças do Passado: a Infância e a Adolescência na vida de Escritores Brasileiros. Bragança Paulista: EDUSF, 2001. 6 Pollack, M. Memória e Identidade Social. IN Estudos Históricos. Rio de Janeiro: Cpdoc/FGV, vol. nº 10, 1992. p. 199-215. 7 Tal transformação do gosto alimentar tem referenciais na França do final do século XVIII, sendo que nesta época a mudança se operou do fausto para a simplicidade, da quantidade para a qualidade, do exótico para o nativo. Nos últimos 20 anos, algo parecido vem ocorrendo, porém o foco não é mais somente o gosto, o prazer de comer, mas sim o que faz bem ao organismo. (Flandrin, J-L., A distinção pelo gosto in A história da vida privada. vol. 3: da Renascença ao século das Luzes. São Paulo. Companhia das Letras, 1991, p. 275).

a este trabalho, no que diz respeito às discussões de tais conceitos no presente). A investigação em especial do recorte histórico 8, vem responder a uma necessidade de compreensão não só da História da Educação, mas também da História da Alimentação, Sociologia, Psicologia, Pedagogia e Nutrição sobre a formação de hábitos saudáveis de vida na infância e o aspecto sócio-histórico e cultural do alimento. Na sua busca constante pela melhora na qualidade de vida, a construção do corpo saudável do homem contemporâneo é seu objetivo maior, que nasce e se constrói a partir da visão arquetípica do bem viver: ser rico, bonito e saudável 9. Jean-Louis Flandrin, no seu A distinção pelo gosto 10 deixa clara a idéia de que o gosto de modo geral e o gosto alimentar, especificamente, eram vistos como prerrogativas das elites dominantes e então tidos como modelo de bom gosto. Também imposto socialmente, de cima para baixo, é o modelo de magreza que caracteriza uma sociedade de abundância, que considera a gordura ruim e a obesidade vulgar. Segundo Ariovaldo Franco 11 muitas dietas de emagrecimento têm nítidas conotações morais e são geradoras de sentimento de transgressão. A estética magra é imposta pela mídia, intimando as pessoas a se adaptarem adotando dietas e exercícios aeróbicos. O corpo dito ideal, bonito, saudável, segundo P. Bourdieu 12, é uma imposição que tem a forma sutil de uma luta de classes. Ao se acatar tal imposição de um modelo, este irá mais tarde formar um arquétipo, que segundo C. Jung, é possuidor de imenso significado emocional acatado pelo inconsciente coletivo 13. A lipofobia é a ilustração do estilo de vida contemporânea que gera a obesidade e em contrapartida a condena. O conceito de transgressor imposto ao obeso é discriminatório e culpabilizante, gerando uma obsessão em ser magro. No Brasil, mais especificamente na região sul, e particularmente no Paraná, com a promoção de Curitiba à Capital de Primeiro Mundo, na década de 1990, devida a repercussão de projetos que preservavam a ecologia, a população foi grandemente influenciada e levada a adotar o estilo de vida plausível a alcunha de primeiro mundo. O 8 A geração dos entrevistados compõe duas ou três gerações anteriores à geração que hoje se encontra no Ensino Fundamental. 9 Hatfield, E. & Sprecher, S., Weighty Issues in Mirror, Mirror The importance of looks in everyday life. State University of New York Press, Albany. 1986 10 Op. cit. Flandrin, J-L. 1991. 11 Op. cit. Franco, A. 2001. 12 Op. cit, Prost, A. e Vincent, G. 1992 13 Storr, A. As idéias de Jung. Cultrix, São Paulo, 1973.

conceito de qualidade de vida mudou, se aperfeiçoou e ficou mais exigente. Assim, se o hábito alimentar do paranaense era grandemente influenciado pela culinária do imigrante há mais de 100 anos, nos anos 1990 a influência do american way of life 14 veio para ficar e mudar. A criança do tipo bebê Johnson, gordinha e rosada perde o status de beleza saudável, para ganhar o de não saudável e remeter à idéia de que a obesidade na primeira infância pode levar à obesidade na fase adulta. METODOLOGIA DE PESQUISA As fontes orais utilizadas nesta pesquisa têm o objetivo de resgatar os significados culturais que permeiam as práticas alimentares, (principalmente, mas também os hábitos saudáveis de vida) buscando reconstruir o passado através da memória 15. As práticas da vida cotidiana são atualmente consideradas por alguns historiadores como a única história verdadeira, o centro a que tudo o mais deve ser relacionado 16. Le Goff, em seu História e Memória, coloca que a memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade individual ou coletiva 17. Também Thompson defende a utilização da fonte oral em conjunto com fontes tradicionais para a pesquisa, com bons resultados, pois a história oral não é apenas sobre eventos, ou estruturas, ou padrões de comportamentos, mas também como eles são vivenciados e lembrados na imaginação 18. Quanto à perspectiva da alimentação na escola, Peter MacLaren 19 comenta sobre a importância em se analisar o cotidiano escolar e as identidades culturais no contexto escolar (e aqui, especificamente o fator alimento-cultura), para melhor entendimento do processo ensino-aprendizagem. A coleta dos dados se deu através da realização de 10 entrevistas com idosos, 3 homens e 7 mulheres, com idades entre 65 e 97 anos. Todos estudaram em escolas públicas, da cidade de Ponta Grossa ou área rural próxima, sendo que três freqüentaram escola de língua polonesa dirigida por irmãs religiosas, porém de ensino gratuito. A seleção do grupo de amostragem se deu pelo conhecimento prévio do autor com alguns dos sujeitos, que 14 [modo de vida americano]. N. do autor. 15 Demeterco, S.M.S. e Santos, C.R.A. "Doces Lembranças - cadernos de receitas e comensalidade". Dissertação de Mestrado, UFPR, 1998. p.29. 16 Burke, Peter. A escrita da História IN Op. cit. Demeterco e Santos, 1998, p. 29. 17 Le Goff, J. Memória e História, Ed. Unicamp. Campinas, 1992. 18 Thompson, P. A voz do Passado.(Op. cit. Demeterco e Santos, UFPR, 1998) 19 Sobre o conceito de Hegemonia: McLAREN, P.L. A vida nas escolas: uma introdução à pedagogia crítica nos fundamentos da educação. Porto Alegre: Artmed, 2002.

concordaram em colaborar com a pesquisa. A amostragem se completou com indicações dos 4 primeiros sujeitos entrevistados. O questionário constava de 10 perguntas 20 abertas que buscavam diretamente traçar um perfil da vida das crianças em idade escolar na primeira metade do século XX. As 4 primeiras perguntas eram de identificação do entrevistado: nome, data e local de nascimento; descendência étnica; nome da escola que freqüentou; e idade de ingresso no sistema escolar. O fato de descendência étnica constar no rol de perguntas se deve à influência da culinária do imigrante nos hábitos alimentares do sul do Brasil. As entrevistas foram marcadas com antecedência e realizadas somente com prancheta, papel e lápis. O gravador cassete não foi utilizado, pois na primeira entrevista, houve resistência à gravação das respostas, o que veio alertar para a possibilidade do gravador cassete intimidar os sujeitos. Os entrevistados se limitaram a responder oralmente às perguntas, que eram anotadas na folha de respostas. O roteiro das perguntas foi elaborado seguindo a temática da investigação, isto é, priorizando a investigação dos hábitos alimentares tanto domésticos quanto no ambiente escolar, porém sem deixar de lado os hábitos saudáveis de vida que incluíam os momentos de lazer, os hábitos de higiene, e também a presença ou não de uma educação para a vida 21. Na quinta pergunta foi unânime a resposta negativa quanto à presença da merenda escolar. Dois dos entrevistados, inclusive citaram que não havia nem cozinha na escola, e um deles que não havia nem água para beber. Quanto ao que levavam de casa, o pão foi o alimento presente em 9 dos 10 relatos, e que variava somente no acompanhamento (banana, mel, banha ou salsichão). O alimento menos citado para merenda foi polenta frita (1). Na sexta pergunta, os alimentos que mais aparecem na dieta alimentar do cotidiano doméstico são: feijão (10), arroz (10), pão (10), café (10), carne de frango (10), polenta (10), verduras da horta (10), banana (10), frutas do pomar (9), carne de porco (9), banha de 20 5) Como era a alimentação na escola? Havia merenda? O que levava de casa para comer? 6) Como era a alimentação em casa? 7) Qual era a ocorrência de obesidade na infância nesta época? 8) Havia algum tipo de educação alimentar no programa das disciplinas escolares? 9) Fale sobre o dia-a-dia das crianças fora da escola? O que faziam? Brincavam? 10) Quanto aos cuidados com o corpo, higiene e hábitos saudáveis de vida, existia alguma disciplina na escola que cuidasse de tais assuntos? 21 i.e. produzir uma nova base para o diálogo entre políticas a metas educacionais (...) para que reflitam julgamentos sobre habilidades relevantes para a vida adulta. IN OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Conhecimentos e Atitudes para a Vida: Resultados do PISA 2000. 1 a. Ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 3

porco (9), macarrão caseiro (8), ovos (7), carne de caça (7), peixe pescado de rio (4), carne de boi (3), leite de chácara (3). Os alimentos menos citados foram: salsichão (2), bolo (2), cucas (2), pão doce (1). Quanto a guloseimas, a prevalência foi de balas e pirulitos (8), cocada (5), pé-de-moleque (4). A guloseima menos citada foi torrão de amendoim (1). Todos relataram a larga utilização da técnica de fritura em banha de porco, tanto para alimentos salgados, quanto para massas doces. Todos foram unânimes em considerar a prevalência na dieta dos carboidratos, tanto simples (farinhas refinadas e amidos), quanto os complexos (centeio e trigo sarraceno - muito utilizado pelos imigrantes poloneses). Na sétima pergunta, 8 dos 10 entrevistados relatam não haver índice significativo de obesidade entre alunos de escolas públicas na época em questão. A prevalência ficou entre 5% e 10%. Somente 2 entrevistados relataram que o índice devia se aproximar de 20% das crianças. Dado interessante: ambos são descendentes de famílias germânicas, caracterizadas principalmente pela mesa farta em açúcares e gorduras. Seis dos entrevistados ainda complementaram a pergunta ao relatar que na época em questão a obesidade não se constituía um problema, tanto que era considerada bonita a criança mais gordinha. As crianças e os adolescentes magros demais ainda que não discriminados eram tidos como os que não comiam bem. Na oitava pergunta todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que não havia qualquer espécie de educação alimentar no programa de disciplinas escolares. Tal fato se deve, segundo 6 dos entrevistados, a que este assunto era tratado em casa, pois a mulher era desde cedo educada para cozinhar. Dois ainda afirmaram que não havia necessidade de tal educação, visto que todo o alimento era consumido sem exageros. Na nona pergunta, todos foram unânimes em relatar que as brincadeiras eram todas de exercícios físicos por princípio: correr, pular corda, subir em árvores, jogar bola, andar de bicicleta, pular amarelinha. Além disso, o tempo restante, fora da escola era preenchido com pequenos trabalhos (8) como cuidar de animais de pequeno porte, varrer o quintal, juntar lenha. Porém 6 dos entrevistados relatam trabalhos de maior responsabilidade: atender fregueses no balcão (1), entregar encomendas (3), vender verduras e hortaliças de porta em porta (2). Novamente todos foram unânimes em afirmar que toda a atividade, desde passeios, idas à missa, pescaria, caça, idas à escola, tudo enfim era feito a pé. Muito pouca gente possuía carro puxado a cavalo ou automóvel, e mesmo que possuísse, não se

despendia tempo para levar uma criança onde ela precisasse ir. Todos iam sozinhos à escola ou simplesmente acompanhados dos outros colegas, a partir do 1º ano do ensino primário. Na décima e última pergunta, somente 2 dos entrevistados acreditavam existir uma disciplina que cuidasse do asseio e da higiene corporal, inclusive tais relatos pertencem aos dois sujeitos mais jovens do grupo, ambos com 65 anos. Porém todos os 10 são unânimes ao confirmar a presença da revista semanal. Esse procedimento, apesar de não estar ligado a nenhuma disciplina em particular, era realizado pela professora na maioria das vezes, e constava de exame apurado de mãos, unhas, cabelo, orelhas, nariz. A criança que apresentasse qualquer problema levava um bilhete de advertência aos pais (o mais comum, segundo 8 dos entrevistados, era a infestação por piolhos). Um dos entrevistados relata que havia alguns dias em que o fiscal da porta de entrada da escola não permitia admissão de crianças com mãos sujas. Outra entrevistada relata que esta inspeção semanal era o máximo que se exigia das crianças na época. Segundo ela, não havia esta preocupação intensa com o vestuário como ocorre atualmente (por vezes usava-se a mesma roupa durante a semana toda). Os banhos de corpo inteiro comumente eram somente aos sábados. Diariamente se usava lavar apenas pés, mãos e rosto. Ao serem questionados sobre hábitos saudáveis de vida, todos os 10 entrevistados são unânimes em afirmar que na época só se consumiam alimentos naturais, sem agrotóxicos, carnes na maioria caseiras, leite de chácara. Afora este fator nutricional, 6 dos entrevistados consideram que, pelo fato de ainda não existirem a televisão e o computador, as pessoas procuravam por outras atividades, principalmente ao ar livre, passeios, visitas. Como já mencionado todos andavam a pé e isso contribuía para que tudo o que era comido, fosse gasto (sic). ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS DE PESQUISA A abordagem do tema através da técnica da história oral fornece elementos inúmeros para interpretação, sendo um deles a dificuldade em falar de si mesmo. Pollack explica esse detalhe do depoimento pelo fato de que contar a própria vida nada tem de natural. 22 Neste caso em particular, os depoimentos tiveram um estilo temático 23, pois não 22 (...) Uma pessoa a quem nunca ninguém perguntou quem ela é, de repente ser solicitada a relatar como foi sua vida, tem muita dificuldade para entender esse súbito interesse. Op. cit. Pollack, M. 1992. p. 213. 23 Op. cit. Pollack, M. 1992. p. 213

se ligavam muito à questão cronológica, fazendo um caminho de idas e vindas entre a própria infância, a infância dos pais em outro país, a infância dos filhos e a vida das crianças de hoje. Os casos em que houve respostas unânimes delimitam de certa forma o conceito de Halbwachs sobre memória coletiva socialmente construída 24. Ainda citando Demeterco e Santos 25, o uso da história oral vem complementar os métodos tradicionais da investigação histórica, e tem impacto transformador no estudo da história da vida cotidiana. Os hábitos alimentares e os hábitos saudáveis de vida são, através do depoimento oral, resgatados e levam à construção de um perfil do fator alimentação x cultura no início do século XX. É interessante notar que a escolha por sujeitos de pesquisa que tivessem freqüentado escolas públicas se deu casualmente, pois somente os 4 primeiros depoimentos eram de ex-alunos do ensino público. Optou-se então, pela conclusão da amostragem neste âmbito. Desta maneira pôde-se formar o perfil da população infantil da classe média baixa, se for levado em consideração o fator econônico-social da época, no qual somente as elites freqüentavam escolas particulares. Vera Cleser, autora de O lar doméstico, manual de condutas e de economia doméstica do início do século, discute já a preocupação com a alimentação saudável e o reaproveitamento dos alimentos. No que tange ao cuidado com a alimentação dos pequenos fornece sugestões para o cardápio infantil 26, indicando vegetais, pão e leite, em detrimento da carne para o desjejum e para a ceia das crianças. Quanto ao asseio e hábitos de higiene, esta autora em 1906, apregoava que se pode avaliar o gráo de civilisação de uma família pela quantidade de sabão que ella gasta 27. Além disso, aborda os cuidados com outras partes do corpo: dentes, cabelo, mãos, unhas, olhos, postura, etc. Este dado vem confirmar, de certa forma, a unanimidade das entrevistas quando citam a revista semanal feita na escola. A ausência de uma educação alimentar é outro ponto de concordância entre todos os relatos, e se deve principalmente pelo fato de que a alimentação tem um estreita relação com o feminino, e a formação da mulher era, via de regra, no lar. Segundo Demeterco e Santos: 24 Burke, Peter. O mundo como teatro. IN Op. cit. Demeterco e Santos, 1998. p. 30. 25 Op. cit. 1998. 26 Cleser, Vera. O lar domestico: conselhos para a boa direcção de uma casa. 3 a. edição. Rio de janeiro: Dembert & C., 1906. p. 240-241. 27 Op. cit. Cleser, V., 1906. p. 59-71.

Esse saber eminentemente feminino, fruto da experimentação e da prática constantes, era valorizado como fator distintivo entre mulheres e fundamental para sua realização enquanto esposa/mãe/dona-de-casa exemplar, de acordo com os padrões ditados pela ideologia que pregava a permanência da mulher no ambiente doméstico 28 Quanto aos momentos fora da escola, é importante ressaltar que nas questões lazer e atividades domésticas de responsabilidade da criança, se nota certa dose de autonomia. Há também o fato de que todos os percursos na cidade eram feitos a pé, além é claro, da intensa atividade física no brincar. Ao concluir a pesquisa os dados apontam para a confirmação de que há 60 anos crianças em idade escolar possuíam outros parâmetros de valores em relação à vida saudável, não por opção, mas pela estrutura social na qual se inseriam. A questão obesidade, se presente, era em muito menor número do que atualmente, não se constituindo como problema de saúde pública, tal qual acontece hoje. Estima-se que dos aproximados 6 bilhões de pessoas no mundo, 1,7 bilhões estão acima do peso 29. O sedentarismo não existia, ou se existia, certamente não era como na proporção atual. Os perfis de magreza e obesidade eram tratados menos categoricamente do que o são hoje, pois os padrões estéticos eram menos rígidos. É a partir dos anos de 1980, principalmente no sul da Califórnia, Estados Unidos 30, que surge uma grande onda de culto ao corpo, com novos tipos de dietas e exercícios aeróbicos. Homens, mulheres, crianças, adolescentes, ninguém quer ser gordo. Comer passou a ser crime, e o pecado da gula parece ser, dos sete pecados, o único capital 31. Para acatar-se a imagem imposta como ideal, ou seja, magra, bonita e saudável, o homem do século 21 aboliu o açúcar, o amido e a gordura. Esta é a tríade criminosa inimiga nº 1 da geração-saúde, responsável pelo diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, cárie dentária, altos níveis de colesterol. Triglicérides, HDL, LDL são termos técnicos presentes em conversas casuais à mesa, ou na cozinha, ou no supermercado. O crítico da 28 Op. cit. Demeterco e Santos, 1998. p. 166. 29 C. Segatto e P. Pereira, Obesidade Zero in Revista Época, nº 275. Ed. Globo. 30 Prost, A. e Vincent, G. (org.) O corpo e o enigma sexual in A história da vida privada, vol. 5 São Paulo, 1992, p. 311. 31 Vítimas da Fome IN WEINBERG, Cybelle (org.). Geração Delivery". Rio de Janeiro: Sá Editora, 2001. p. 149.

revista Vogue, Jeffrey Steingarten 32 comenta que de acordo com pesquisa recentes, os consumidores americanos se mostram mais preocupados com o açúcar que com qualquer outra coisa em suas dietas, excetuando-se o colesterol. O gráfico de análise nutricional é obrigatório em todas as embalagens de alimentos e, se há 30 anos o consumidor passava pela prateleira apenas conferindo preços, hoje ele pode conhecer a análise química completa do que vai levar para casa. Chega-se assim forma de neocanibalismo que aflora como pensamento dominante: o alimento passa da condição de mantenedor para a de modificador do organismo. Citando Franco 33 : o liame entre alimentação e saúde não é novo. A novidade é a fonte de onde provém essa informação e os seus termos. Até os anos 1960, eram sobretudo os usos sociais que condicionavam a maneira de comer. A indústria alimentícia tem sabido explorar a moda da esbeltez, lançando produtos com aura de leveza,(...) que são apresentados como solução para os que desejam ser delgados, sem privações. Tais direcionamentos levam a reflexões sobre a trajetória do hábito alimentar no século XX, de como chegou a ser considerado um problema, de como a dietética frente ao processo de macdonaldização 34 se viu incapaz quase de atuar, e de como, nos últimos 20 anos, principalmente, o homem contemporâneo se identificou com a máxima dize-me o que comes, e te direi quem és. (Brillat-Savarin) 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CLESER, Vera. O lar domestico: conselhos para a boa direcção de uma casa. 3 a. edição. Rio de janeiro: Laemmert & Cia. Editores, 1906. p. 240-241. DAMASCENO, Athos. Breve Notícia e Ligeiras Considerações acerca da Arte Doceira do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Globo, 1959. p.100. DEMETERCO, S.M.S. e Santos, C.R.A. "Doces Lembranças - cadernos de receitas e comensalidade". Dissertação de Mestrado, UFPR, 1998. FIGUEIREDO, G. A culinária brasileira. Editora Globo. São Paulo, 1983. 32 Steingarten, J., O homem que comeu de tudo feitos gastronômicos do crítico da Vogue. Companhia das Letras, São Paulo, 1997. 33 Op. cit. A. Franco, 2001. 34 Flandrin, J-L. e Montanari, M. História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. 35 Figueiredo, G. A culinária brasileira. Editora Globo. São Paulo, 1983.

FLANDRIN, J.-L. e MONTANARI, M., HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO. São Paulo: Ed. Estação Liberdade, 1998. FRANCO, Ariovaldo. DE CAÇADOR A GOURMET Uma história da gastronomia. São Paulo. 2001. 2ª edição. HATFIELD, E. & SPRECHER, S., Weighty Issues in Mirror, Mirror The importance of looks in everyday life. State University of New York Press, Albany. 1986. McLAREN, P.L. A vida nas escolas: uma introdução à pedagogia crítica nos fundamentos da educação. Porto Alegre: Artmed, 2002. OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Conhecimentos e Atitudes para a Vida: Resultados do PISA 2000. 1 a. Ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 24. POLLACK, M. Memória e Identidade Social. IN Estudos Históricos. Rio de Janeiro: Cpdoc/FGV, vol. nº 10, 1992. p. 199-215. PROST, Antoine. Fronteiras e Espaço do Privado: A família e o indivíduo IN PROST, A.& VICENT, G. (orgs), A História da Vida Privada V: da Primeira Guerra aos nossos dias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 94. PROST, A. e VINCENT, G. O corpo e o enigma sexual. In HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA, V. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. P. 306-389. STORR, A. As idéias de Jung. Cultrix, São Paulo, 1973. SEGATTO, C & PEREIRA, P., "Obesidade Zero in Revista Época, nº 275. Ed. Globo. STEINGARTEN, J., O homem que comeu de tudo feitos gastronômicos do crítico da Vogue. Companhia das Letras, São Paulo, 1997. WEINBERG, Cybelle (org.). "Vítimas da Fome" IN "Geração Delivery". Rio de Janeiro: Sá Editora, 2001. p. 149.