FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DE LINHARES EDIMIR DOS SANTOS LUCAS GIUBERTI FORNACIARI SARAH NADIA OLIVEIRA LIBERDADE ANTIGA E LIBERADE MODERNA LINHARES 2011
EDIMIR DOS SANTOS LUCAS GIUBERTI FORNACIARI SARAH NADIA OLIVEIRA LIBERDADE ANTIGA E LIBERADE MODERNA Trabalho apresentado a Faculdade de Ensino Superior de Linhares, na disciplina de História e Institutos Jurídicos, dos alunos do 1º período de direito da turma B, como requisito parcial de aprovação. Profª orientador: Rosinete Cavalcante da Costa. LINHARES 2011
SUMÁRIO Introdução... 4 Liberdade Antiga e Liberdade Moderna... 5 Conclusão... 9 Referência... 10
Introdução A liberdade é formada por um conceito abstrato e sua definição modifica-se de acordo com a sociedade é a época em que esta se encontra. Portanto analisá-la na modernidade e na antiguidade requer um cuidado, pois ao se comparar estas necessita levar em consideração a evolução histórica, social e política. Não é possível compreender liberdade sem relacioná-la com o direito e, por conseguinte na política vigente, esta correlação é o que molda a sociedade e o significado de liberdade para os pertencentes a ela. Como forma de comparar a liberdade antiga e a liberdade moderna Miguel Reale, utilizou as comunidades consideradas berços da democracia, esta ligada a liberdade, a Grécia e a Roma antiga. Com base no modo de vida dessas sociedades é o que a liberdade representava utiliza-se de aspectos principais dessas para diferenciá-las ou aproximá-las.
Liberdade Antiga e Liberdade Moderna O homem é um ser mutável com o pensamento de sempre evoluir. Esta característica gera mudanças a cada geração, costumes e conceitos se modificam de acordo com o tempo, mesmo que aparentemente a essência seja a mesma, prova disso é que até pouco tempo só era considerado entidade familiar casais formados por homem e mulher, hoje se admite como entidade familiar casais independente do sexo, pais solteiros, etc. Mudou o conceito, entretanto a essência é a mesma, esse se modifica de acordo com a evolução e complexidade da sociedade. Portanto, quando Miguel Reale se dispôs a relacionar liberdade antiga, através da Grécia e da Roma antiga, com liberdade moderna, utilizou das características sociais e políticas presentes nessas comunidades, com o intuito de demonstrar que significado de liberdade depende da sociedade em que esta está inserida. A Grécia é considerada o berço da democracia e da liberdade, e na Roma antiga também era visível a liberdade de seus habitantes em relação às demais sociedades dessa época. Essas duas se diferenciavam das demais pela sua política, pois os moradores eram cidadãos e participavam ativamente da vida política, uma república direta, em contraponto as demais no qual o sistema político vigente, em sua maioria, era o imperialismo/totalitarismo. Entretanto, se refletirmos que o fato de os cidadãos dessas comunidades serem considerados livres é por participarem da vida política, permite vermos que a liberdade era confundida com cidadania. Nesse tempo ser livre era sinônimo de todos obedecerem às mesmas leis, liberdade o mesmo que igualdade democrática. A liberdade era vista como algo coletivo como o direito de todos a participar das decisões do Estado, segundo Constant, citado por Miguel Reale (2000, p. 7) liberdade entre os antigos significa participação ao poder do Estado (...) A liberdade antiga é uma liberdade coletiva; consiste, por assim dizer, na presença permanente do cidadão na praça pública, sem ser incompatível com a mais completa submissão do individuo à entidade do conjunto. Portanto, essa liberdade era bastante limitada, pois os cidadãos não poderiam agir da forma que preferissem, por exemplo no comércio, tudo era regido por um poder soberano, o
Estado. Ser livre significava somente participar das decisões políticas. Liberdade era um privilégio para quem era cidadão, como dizia Laboulaye, citado por Miguel Reale (2000, p. 8) Votar as leis nos comícios, eleger os chefes de Estado e julgá-los, eis o que constitui o privilégio dos cidadãos. Do restante, da religião, das finanças, da administração, do comércio e das indústrias encarrega-se um conselho depositário da tradição. Verifica-se o fenômeno estranho de uma dependência extrema ao lado de um poder sem limite. No Estado grego a religião é o que rege a vida pública e privada. Para ser cidadão deveria ser religioso, com um Estado político-religioso, os indivíduos se submetiam totalmente, como observa Coulanges, o homem era submetido ao Estado pelo corpo, alma e bens. Para a sociedade grega o significado de liberdade era de obedecerem a leis igualitárias, o princípio de isonomia era o que a caracterizava, ser livre tinha apenas o sentido de não ser escravo e direito significava igualdade. O Estado romano e o grego se baseavam no bem comum, que todos deveriam trabalhar para fortalecê-lo, não pensavam no indivíduo e sim na comunidade, por isso a maioria dos estudiosos difere a liberdade antiga da moderna pelo fato da primeira não haver direito e liberdade individual, os mesmos eram pensados em sociedade, não havia vida privada, como evidenciaram Constant e Coulanges em suas teses. Entretanto, outros estudiosos como Hauriou e Glotz, pensam o oposto e crêem que o Estado antigo não é mais pobre que o moderno considerando direitos individuais. Demonstravam que em Atenas, por exemplo, há um equilíbrio entre indivíduo e poder público, não houve mais escravos e até mesmo os estrangeiros gozavam dessa liberdade, entretanto isso não ocorreu em todas as cidades romanas e gregas, nas quais estrangeiros não teriam direito, pois a liberdade era fechada aos cidadãos dessas sociedades, e os atenienses nunca pretenderam expandir esse conceito aos povos que dominavam. Mesmo afirmando que liberdade individual na antiguidade era absoluta, Glotz reconheceu que a liberdade era um privilégio do cidadão e que a igualdade e não a liberdade era o aspecto importante naquelas sociedades, Glotz citado por Miguel Reale (2000, p. 15)
Orgulhosos por serem cidadãos livres, os atenienses ainda mais se vangloriavam de ser cidadãos iguais. A igualdade é para eles até mesmo a condição da liberdade; não podem ser escravos, nem senhores uns dos outros, porque todos são irmãos nascidos de uma mãe comum. As únicas palavras que na sua língua distinguem o regime republicano dos demais são isonomia, igualdade perante a lei, e isegoria, igual direito de falar. (grifo do autor). Entretanto, essa forma de liberdade não era algo que incomodassem os cidadãos gregos e romanos, participar das decisões do Estado e todos obedecerem à mesma lei, isonomia, era um grande progresso e uma grande conquista para aquele tempo, esses cidadãos se sentiam lisonjeados, e muitos os invejavam. O fato de liberdade ter se confundido com cidadania não retirou a sua importância e eficácia naquelas sociedades. Apesar da liberdade antiga ter caráter coletivo não se pode negar que houve de certa forma direitos individuais e a importância que o indivíduo apresentava perante o Estado. Em Atenas houve grandes realizações na área das artes, ciências, comércios e indústrias; estas não seriam possíveis se não houvesse liberdade individual. Portanto, havia certa liberdade, independente do Estado e também havia autolimitação do mesmo, entretanto os cidadãos não focaram no caráter individual da mesma, como afirma Miguel Reale (2000, p. 17) se nem os atenienses, nem os romanos alcançaram o conceito jurídico de liberdade individual, como decorrência natural da personalidade, e foram levados a confundir liberdade com cidadania, não devemos esquecer que (...) as liberdades individuais eram positivamente garantidas. Jellinek se preocupa em diferenciar o Estado romano do grego. No primeiro houve consciência jurídica do Estado, nesse havia o pensamente de que o Estado existia para garantir os direitos dos cidadãos, através dos direitos privados em Roma, o Estado era obrigado a respeitar o direito do indivíduo; o conceito de ratio naturalis que significava que o direito adquirido era inviolável; havia os status civitais, status familiae e status libertais que complementa os dois primeiros, a liberdade era vista como um status e este dependia de ser membro de uma comunidade e havia também o jus gentium que garantia as relações entre pessoas não integradas na
comunidade política romana. Entretanto esse caráter privado do direito e da liberdade não ganhou enfoque naquela época já que Estado e indivíduo formavam uma única personalidade. A liberdade moderna se difere da antiga, principalmente, pois a primeira reconhece o homem como pessoa, como personalidade humana. Enquanto a segunda via apenas o cidadão como corpo do Estado, pertencente a ele. Jellinek afirmava que na antiguidade nunca se reconheceu plenamente o homem como pessoa. Para que a liberdade seja plena tem que haver liberdade política e civil, entretanto na Grécia e em Roma não era possível uma liberdade privada, pois não havia o indivíduo perante a ordem estatal, e sim pela ordem estatal. O caráter privado era mera consequência do caráter público que era resultante do Estado e, por conseguinte não atingia o objetivo da garantia da liberdade civil e a consciência jurídica da liberdade de forma efetiva. É importante ressaltar que liberdade civil e política geram uma liberdade efetiva quando resultam de uma correlação entre elas, onde o enfoque seja a pessoa humana. Portanto, o que faltou na liberdade antiga foi o reconhecimento do homem como pessoa. A liberdade moderna se baseia na pessoa humana e no compreender da mesma pelo Estado, com isso o Estado é soberano sobre homens livres que participam ativamente dele. O poder do Estado passa a ser limitado por ele mesmo, pois quando se aceita a personalidade humana, o mesmo cria leis para protegê-la, passando a ser o garantidor da liberdade individual.
Conclusão Compreendendo e considerando os aspectos sociais e políticos das sociedades romanas e gregas e a evolução do homem, não se pode dizer que a liberdade moderna seja superior a liberdade antiga, no qual o mais importante era a isonomia e não o caráter de indivíduo liberto. Deve-se levar em conta o fato de que a liberdade antiga impulsionou e baseou a chamada liberdade moderna e que o conceito e a importância da liberdade evoluíram de acordo com as necessidades e complexidade da sociedade. Atualmente, têm-se a importância de se reconhecer a personalidade do indivíduo e proteger o seu direito individual, desde que este não fira o Estado. Enquanto antigamente o caráter era meramente de igualdade perante as leis, já que o mais importante para os gregos e os atenienses era o conceito de isonomia e de serem livres no sentido de haver igualdade entre os indivíduos.
REFERÊNCIAS Reale, Miguel. Horizontes do direito e da história. 3 edição. São Paulo: Saraiva, 2000.