OSTEOPATIA HIPERTÓFICA PULMONAR - RELATO DE CASO

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Transcrição:

OSTEOPATIA HIPERTÓFICA PULMONAR - RELATO DE CASO Maria Madalena Santos COSTA 1 ; Iago Martins OLIVEIRA 1 ; Daniella Ferreira Cordeiro GOMES 1 ; Taíza Gonçalves de FREITAS 2 ; Mauro Sergio Pereira ROQUE 3 e Naida Cristina BORGES 4 1 Estudantes de graduação em Medicina Veterinária, Bolsistas de Iniciação Científica/CNPQ, Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, madaasc@gmail.com 2 Medica Veterinária, Formada pela Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. 3 Médico Veterinário, Residente do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. 4 Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, GO. Resumo A osteopatia hipertrófica pulmonar (OH) é um distúrbio de neoprodução generalizada do periósteo ao redor das diáfises, cujo método auxiliar mais importante para o estabelecimento do diagnóstico definitivo é o exame radiográfico. Este estudo objetivou relatar o caso de um cão da raça Pointer, 11 anos, aproximadamente 29kg, atendido no HV-UFG, sob suspeita de processo neoplásico. O animal apresentava aumento de volume na região da axila esquerda, nas glândulas mamárias 2 e 4, antímero direito, na região perineal esquerda e nas extremidades dos ossos dos membros torácicos e pélvicos. Foi submetido a exames laboratoriais, como hemograma e analises bioquímicas, e exame radiográfico do tórax e membros apendiculares. Pelos exames laboratoriais, observou-se valores de fosfatase alcalina de 339 UI/L (referência 20 a 156 UI/L). Sem alterações dignas de nota no hemograma. No exame radiográfico foi possível visualizar aumento de tecido mole, reação periosteal com neoformação óssea, sem comprometimento do córtex nas extremidades de todos os ossos apendiculares. A radiografia da região torácica evidenciou-se em parênquima pulmonar a presença de áreas de consolidação nos campos pulmonares caudais e craniais, entre terceiro e quarto espaço intercostal (EIC) na região ventral do tórax e cranial ao coração, medindo 2,0 e 4,0 cm, respectivamente, sugestivas de neoplasia pulmonar. O resultado da citologia do nódulo pulmonar foi de neoplasia metastática de adenocarcinoma de glândula apócrina, na citologia dos nódulos espalhados pelo corpo diagnosticou mastocitoma e a citologia do aumento de volume da região perianal revelou adenocarcinoma de glândula apócrina. O diagnóstico de osteopatia hipertrófica corrobora pelo produto dos 3 exames: RX tórax, membros e citologia, dos quais os achados ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0788

patognomônicos e conclusivos foram o aumento de tecido mole e reação periosteal nos quatros membros cursando com achados de neoplasia pulmonar, que fora confirmado pela citologia. Palavras chaves: Cão, osteopatia, neoplasia pulmonar, reação periosteal. Keywords: Dog, osteopathy, lung cancer, periosteal reaction. Revisão de literatura A osteopatia hipertrófica (OH) é uma síndrome que provoca desordem osteoproliferativa periosteal, ocorrendo com maior frequência nas extremidades dos ossos longos (ALAN, 2007). A reação periosteal difusa resulta na formação de um novo tecido ósseo ao redor dos ossos longos metatársicos e metacárpicos. (JOHNSON e HULSE, 2005). É uma afecção incomum e secundária às patologias intratorácicas, como as neoplasias (SUSANECK e MACY, 1982). As lesões ósseas são confinadas à superfície de ossos longos do esqueleto apendicular, principalmente rádio, ulna, tíbia, metacarpo e metatarso (LIPTAK et al. 2004, THOMPSON 2007). Descreve-se que, normalmente, os quatro membros são acometidos de forma simétrica (THOMPSON 2007, WEISBRODE 2007). O diagnóstico se faz por meio do exame radiográfico com apresentação da característica das alterações (COSTA et al., 2008). O presente trabalho teve por objetivo relatar um caso de desordem osteoproliferativa periosteal, compatível com osteopatia, confirmado por meio de exame radiográfico. Descrição do caso Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás (HV/UFG) uma cadela de raça Pointer, 11 anos de idade e aproximadamente 29 kg, com escore corporal médio sob suspeita de neoplasia óssea. Segundo o proprietário, o animal apresentava nódulos na região mamária, os quais por meio de exame citológico foram diagnosticados como mastocitoma. Há cerca de um ano, o proprietário observou na região perianal do animal um aumento de volume, e há seis meses, nódulos subcutâneos distribuídos por todo o corpo. Ao exame físico os parâmetros avaliados estavam dentro dos padrões de normalidade. Na inspeção corpórea, observou-se presença de nódulos de consistência macia, pouco aderidos, na região da axila esquerda, medindo aproximadamente 5,0 cm de ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0789

diâmetro. Outro nódulo foi observado no membro pélvico direito, na face externa da coxa, medindo 4,0 cm de diâmetro, com as mesmas características do anterior. As glândulas mamárias 2 e 4 do antímero direito também apresentavam formações nodulares. Evidenciou-se ainda aumento de volume sólido na região perineal esquerda, parcialmente aderido e insensível ao toque. Nas extremidades dos ossos apendiculares, direito e esquerdo, notou-se volume anormal, principalmente em região de rádio e tíbia. Após o exame físico o animal foi submetido a exames radiográficos em posições médio-lateral e crânio-caudal de cada membro e em posição látero-lateral direita e esquerda e ventro-dorsal da região torácica e exames laboratoriais. Na avaliação do exame radiográfico do esqueleto apendicular, observou-se aumento de volume em tecido mole, reação periosteal com neoformação óssea, sem comprometimento do córtex, em aspecto de paliçada, acometendo principalmente diáfise e metáfise distais de rádio, ulna e tíbia, esquerda e direita, sem comprometimento das articulações. Os achados radiográficos da região torácica foram aumento de radiopacidade em campos pulmonares craniais e caudais, além de presença de nódulos entre terceiro e quarto espaço intercostal (EIC) na região ventral do tórax e cranial ao coração, medindo 2,0 e 4,0 cm, respectivamente. Pelos exames laboratoriais, observou-se valores de fosfatase alcalina de 339 UI/L (referência 20 a 156 UI/L). Sem alterações dignas de nota no hemograma. Foi realizado exame citológico de um dos nódulos pulmonares, guiado por aparelho ultrassonográfico e diagnosticou-se neoplasia metastática de adenocarcionoma de glândula apócrina. Na citologia dos nódulos espalhados pelo corpo foi sugestivo para mastocitoma e a citologia do aumento de volume da região perianal revelou adenocarcinoma de glândula apócrina. Discussão Casos de osteopatia hipertrófica (OH) são relatados como enfermidade de cães de grande porte associados às desordens intratorácicas, como neoplasias (THOMPSON, 2007). No presente relato, um Pointer, fêmea, apresentava aumento de volume na região da axila esquerda, nas glândulas mamárias, na região perineal esquerda e nas extremidades dos ossos dos membros torácicos e pélvicos, no qual, apresentava dor e claudicação, que segundo Johnson & Watson (2005) são tipos de sinais comuns na ocorrência desta enfermidade. Outro dado coerente com o descrito pela literatura, apresentado pelo animal e que reforça o diagnóstico é a dificuldade ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0790

de locomoção. Segundo Trost (2012), a limitação dos movimentos ocorre pelos depósitos periosteais que ocorrem nas extremidades dos ossos Além disso, apresentava nódulos mamários e subcutâneos distribuídos por todo o corpo. A paciente possuía idade avançada, compatível com a maior frequência de ocorrência de tumores, corroborando com os resultados de Trost, embora BRODEY (1971) descreva que a idade média para cães com OH seja próxima aos oito anos. Não foram encontrados relatos de OH em cães da raça Pointer, BRODEY (1971) cita a raça Boxer é mais acometida, devido a esta ser frequentemente acometida por neoplasias. Os sinais clínicos e os resultados dos exames radiográficos, conduzindo com o aumento do tecido mole e reação periosteal, são característicos de OH, bem como a presença de nódulos metastáticos na região intratorácica ratifica com o diagnóstico. Sinais que corroboraram com as imagens radiográficas deste caso clínico, onde foram visualizados na região torácica os dois nódulos pulmonares, tornando então o diagnóstico mais importante para a enfermidade, pela evidenciação das alterações bem características da neoformação óssea de aspecto de paliçada. Radiologicamente, a literatura cita que os sinais mais comuns são o aumento de volume e assimetria nos ossos da porção distal dos quatros membros (THOMPSON 2007, WEISBRODE 2007). Nas análises de bioquímica sérica, foi observado aumento da enzima fosfatase alcalina. Embora esse parâmetro não possa ser esclarecedor para o diagnóstico da OH, relata-se que a atividade dos osteoblastos de deposição de tecido ósseo eleva os valores séricos desta enzima (BUSH, 2004). O laudo citológico dos tumores na região torácica foram sugestivo para adenocarcinoma de glândula apócrina para os nódulos pulmonares, corroborando com a literatura, por ser o tipo de histológico mais comum para tumores pulmonares (SATO et al., 2005). Como desfecho, o proprietário não optou por nenhum tratamento que fora apresentado. Na OH, quando realizado tratamento adequado, a exemplo da retirada dos nódulos existentes e/ou realização de quimioterapia, as lesões podem regredir, possibilitando o bem-estar ao animal. Conclusão Os achados obtidos nos exames de radiografia torácica e extremidades dos membros apendiculares, associados aos achados da citologia dos nódulos foram decisivos para o diagnóstico da Osteopatia Hipertrofica. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0791

Referências ALAN, G. S., Radiographic signs of joint disease in dog and cats 6. ed. Missouri: St. Louis, 2007,454p. BRODEY, R.S. Hypertrophic osteoarthropathy in the dog: a clinicopathologic survey of 60 cases. Journal of the American Veterinary Medical Association, Schaumburg, v.159, n.10, p.1242-1256, 1971. BUSH, B. M. Interpretação de Resultados Laboratoriais Para Clínicos de Pequenos Animais. 1.ed. São Paulo: Roca, 2004, 96-97p. COSTA, F. S.; MACHADO, F. M.; PEREIRA, B. J. et al. Osteopatia hipertrófica relato em cão jovem. Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, Maringá, v.2, n.17, 2008. JOHNSON, A. L; HULSE, D. A. Outras Osteopatias e Artropatias. In: FOSSUM, T.W. HEDLUND,C. S.; HULSE, D.A.; JOHNSON,A.L; SEIM,H.B; WILLARD,M.D.; CARROLL,G.L.Cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Rocca, 2005. p. 1160-1161. JOHNSON, K.A., WATSON, A.D.J. Skeletal diseases. In: ETTINGER, S.J., FELDMAN, S.C. (Eds).Textbook of Veterinary Internal Medicine. 6.ed. St. Louis: Elsevier Saunders, 2005. p.1965-1991. LIPTAK J. M., MONNET E., DERNELL W. S.; WITHROW S. J. 2004. Pulmonary metastatectomy in the management of four dogs with hypertrophic osteopathy. Vet. Comp. Oncol. v.1p.1-12, 2004. SATO, T.; ITO, J.; SHIBUYA, H.; ASANO, K.; WATARI, T. Pulmonary adenosquamous carcinoma in a dog. Journal of the American. Veterinary Medical Association v.52, p.510-513, 2005. SUSANECK, S.J.; MACY, D.W. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, North Ametican, v.4, n.8, p.689-693, 1982. THOMPSON K. Diseases of bones. In: JUBB K. V. F., KENNEDY P. C.; PALMER N. (Eds.). Pathology of Domestic Animals. Academic Press: San Diego, 2007 p.2-180. TROST, M. E. Osteopatia hipertrófica em sete cães. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.32, p. 424-429, 2012. WEISBRODE S. W. Bone and joints. In: MCGAVIN M. D.; ZACHARY J. F. (Eds), Pathologic Basis of Veterinary Disease. Mosby: St Louis, 200. p.1075-1076. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0792