CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO - 03 Aula Ministrada pelo Prof. Pedro Bonifácio 20/02/2018 E-mail: tributario@legale.com.br AULA 30 TRIBUTOS EM ESPÉCIE IMPOSTOS Os impostos diferem de outras espécies tributárias, pois não possuem contraprestação direta por parte da autoridade pública. Observação: A Constituição estabeleceu que a Saúde e Educação, devem receber um percentual da arrecadação dos impostos. Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte Importante: Os impostos não são vinculados ou afetados.
Art. 167. São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, 8º, bem como o disposto no 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) VINCULAÇÃO AFETAÇÃO Vinculado: Existe uma contraprestação direta, com conhecimento exato do retorno que terá do Estado em razão do pagamento. (em razão do pagamento do tributo, sabe o serviço que será dado em troca). Exemplo: Taxa, que remunera o serviço público especifico pelo qual é cobrada. Afetação: Destinação do dinheiro para um determinado fundo ou despesa. (para qual despesa que o dinheiro será destinado, mas não se sabe qual é o serviço específico). Exemplo: Contribuição Previdenciária, pois tem a finalidade de financiar a Previdência Social. IMPOSTOS MUNICIPAIS A Constituição Federal estabelece os impostos municipais (ISS, IPTU e ITBI): Art. 156, CF. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.
REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA: Metodologia de análise da validade do tributo 5 elementos (mínimo existencial) - Material: Hipótese de Incidência (qual é a situação praticada que gera o dever de pagar tributo) - Espacial: Local da prática. (delimita o aspecto geográfico da cobrança do tributo) Antecedente - Temporal: Em qual momento escolhido para a incidência. (Quando?) - Pessoal: Define os Sujeitos (passivo e ativo) (Quem?) - Quantitativo: Base de cálculo e Alíquota Consequente (Quanto?)
Não, pois a Constituição define qual lei deve ser usado em relação a cada matéria. No caso de Impostos o art. 146, CF estabelece que deverá ser veiculado por lei complementar o Fato gerador, Base de Cálculo e Contribuinte (Material, Pessoal e Quantitativo). Sendo que o CTN regula essas matérias nos art. 32 a 34.
SÚMULA N. 399, STJ - Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU. Art. 1.228, C.C. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Os poderes do art. 1.228, C.C. devem ser somados com o animus domini para caracterizar o proprietário. Ocorre que o CTN define o Fato Gerador do IPTU não é apenas o ser proprietário, vejamos: Art. 32, CTN. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. Proprietário = Gozar, Reaver, Dispor, Usar e animus domini. Titular de Domínio Útil = Usar e Gozar. Posse = Usar e Gozar (inclusive de forma precária). Súmula 583, STF. Promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano.
Resposta: No caso do inquilino, os contratos vinculam apenas as partes, e para ser contribuinte a relação deve ser de direito real, ou seja, a relação direta com a coisa, coisa que não acontece com o locador e locatário.
IMÓVEL URBANO Foi definido o critério da localização, para estabelecer se o imóvel está localizado em área urbana. Art. 32, 1º, CTN. Para os efeitos deste imposto, entendese como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. Assim, para o imóvel ser considerado como imóvel urbano, este deve estar definido pela lei municipal como área urbana e ainda possuir 02 dos 05 melhoramentos estabelecidos no art. 32, 1º do CTN.
ARGUMENTOS DAS PARTES NOS AUTOS
Resposta: Não houve perda do direito com a área de preservação ambiental, mas sim uma limitação administrativa, que atende a função social (interesse público). Não se afasta a incidência do imposto, visto que o fato gerador permanece integro.
Art. 32, 2º, CTN. A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. É possível notar que o presente artigo exclui a exigência dos melhoramentos do parágrafo anterior, podendo ser contribuinte e pagar o IPTU mesmo se não houver os melhoramentos. A regra para definir se o imóvel é urbano, é a localização, conforme art. 32, 1º CTN. Exceção: A destinação do imóvel é critério para definir se o imóvel é urbano, conforme art. 15 do DECRETO-LEI Nº 57, de 18 de novembro de 1966. Art 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-industrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados. (Revogação suspensa pela RSF nº 9, de 2005) Mesmo se o imóvel localizado em área urbana, mas se a destinação for rural, pagará ITR. Importante: A lei 9393 revoga o decreto lei 57/66, porém, não revogou o art. 15 do decreto lei, fazendo com que este tenha sua vigência atualmente.
RESPOSTAS 1. Verdadeiro. Contrato de Concessão de Uso de Direito Real, particular explora atividade econômica no terreno concedido pela municipalidade, que antes era imune. Ocorre que a partir do momento que a exploração do terreno começa a ser feita por um particular, com atividade que visa lucro, deixa este de possuir a imunidade, também em respeito a isonomia e para evitar a concorrência desleal. 2. Verdadeiro. A Localização é que em regra define a incidência do IPTU, os melhoramentos não são imprescindíveis para caracterizar a área urbana.
3. Verdadeiro. Mesmo sendo área urbana com todos os melhoramento, tem que respeitar a destinação.
4. Verdadeiro. O direito pessoal não vincula o locador para que ele possa ser contribuinte. 5. Verdadeiro. No momento da invasão, o proprietário perdeu seu animus domini e assim não pode este ser obrigado a pagar o IPTU. 6. Verdadeiro. A Restrição administrativa dos poderes do proprietário não significa que houve uma retirada do poder do proprietário, assim, faz jus ao pagamento do IPTU. O critério temporal da regra matriz de incidência não está abarcado pela limitação a ser veiculado apenas por lei complementar, assim, cada município estabelece a sua data, conforme o exemplo acima.
Não, pois a constituição exige de a matéria seja veiculada por lei complementar federal. Porém, com ao relação ao perímetro, o município pode alterar.
Conflito de competência (IPTU X ITR) deve ser resolvido por meio da consignação em pagamento. Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: (..) III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. Observação: Sempre que a União for polo da ação, a justiça competente é a Federal. O juiz autoriza a consignação dos valores nos autos, devendo o contribuinte consignar o valor maior, para assim evitar uma execução da diferença dos valores entre os dois tributos. Bem como evitar que na sentença seja condenado a pagar o valor maior, e este será cobrado com juros e correção e multa. BONS ESTUDOS!!!! Prof. Ramiru Louzada