ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA



Documentos relacionados
Empresas de Capital Fechado, ou companhias fechadas, são aquelas que não podem negociar valores mobiliários no mercado.

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS: MERCADO DE CAPITAIS

GPME Prof. Marcelo Cruz

AULA 4 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE AÇOES

Administração Financeira e Orçamentária I

Introdução: Mercado Financeiro

Mercado de Câmbio. Mercado de câmbio é a denominação para o mercado de troca de moedas.

Fontesde Financiamentoe CustodaDívidano Brasil. Prof. Cláudio Bernardo

Valor ao par O valor de face uma ação ou título. No caso de ações, o valor ao par é, meramente, um registro contábil e não serve a outro propósito.

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

Unidade IV. Mercado Financeiro e de Capitais. Prof. Maurício Felippe Manzalli

Gestão Financeira de Organizações

Aula 2 Contextualização

Cédula de Crédito Imobiliário - CCI

Renda Fixa Privada Certificado de Recebíveis Imobiliários CRI. Certificado de Recebíveis Imobiliários - CRI

CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL

O QUE É A CVM? II - a negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários;

GESTOR DA CARTEIRA DE INVESTIMENTO

LEASING. Leasing operacional praticado pelo fabricante do bem, sendo realmente um aluguel. (Telefones, computadores, máquinas e copiadoras).

BNDES Prosoft. Programa BNDES para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços de Tecnologia da Informação

Letras Financeiras - LF

Securitização De Créditos Imobiliários

Conceito de Contabilidade

Como funcionam os fundos de investimentos

Financiamento a Longo Prazo. Alternativas. Capital Próprio. Prf. José Fajardo EBAPE-FGV. Ações Ordinárias Ações Preferenciais

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS» ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA «

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

CONTABILIDADE GERAL E GERENCIAL

Unidade III. Mercado Financeiro. Prof. Maurício Felippe Manzalli

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

As exportações de bens podem ocorrer, basicamente, de duas formas: direta ou indiretamente.

OS IMPACTOS DA FILOSOFIA JIT SOBRE A GESTÃO DO GIRO FINANCIADO POR CAPITAL DE TERCEIROS

Sistema de Informações de Crédito do Banco Central Solidez para o Sistema Financeiro Nacional Facilidades para os tomadores de empréstimos

SUL AMÉRICA S.A. EXERCÍCIO DE 2014

Renda Fixa Privada Certificado de Recebíveis do Agronegócio CRA. Certificado de Recebíveis do Agronegócio CRA

FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA

Conhecimentos Bancários. Item 2.2- Aplicação de Recursos Operações Ativas

ANÁLISE DE BALANÇO DAS SEGURADORAS. Contabilidade Atuarial 6º Período Curso de Ciências Contábeis

ATIVO Explicativa PASSIVO Explicativa

opções de crédito para sua empresa

Resumo Aula-tema 04: Dinâmica Funcional

1 - Por que a empresa precisa organizar e manter sua contabilidade?

Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

Conhecimentos Bancários. Item Mercado de Capitais

CONTABILIDADE SOCIETÁRIA AVANÇADA Revisão Geral BR-GAAP. PROF. Ms. EDUARDO RAMOS. Mestre em Ciências Contábeis FAF/UERJ SUMÁRIO

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS: POLÍTICA ECONÔMICA & MERCADO FINANCEIRO

Produto BNDES Exim Pós-embarque Normas Operacionais. Linha de Financiamento BNDES Exim Automático

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O VIDA FELIZ FUNDO DE INVESTIMENTO EM AÇÕES CNPJ / OUTUBRO/2015

FAPAN Faculdade de Agronegócio de Paraíso do Norte

O que é Finanças? instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos.

PRAZOS E RISCOS DE INVESTIMENTO. Proibida a reprodução.

EMPRÉSTIMO DE ATIVOS

RESOLUÇÃO CFC Nº /09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

PROJETO DE LEI N.º, DE 2002

LOCALIZA RENT A CAR S.A. 6ª. EMISSÃO PÚBLICA DE DEBÊNTURES RELATÓRIO ANUAL DO AGENTE FIDUCIÁRIO EXERCÍCIO DE 2012

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O SPINELLI FUNDO DE INVESTIMENTO EM AÇÕES CNPJ / SETEMBRO/2015

TRABALHO DE ECONOMIA:

Conhecimentos Bancários. Item 3.7 Captação de Recursos diretamente pelas empresas

Renda Fixa Privada Notas Promissórias NP. Notas Promissórias - NP

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

Conhecimentos Bancários. Item Factoring

Produto BNDES Exim Pós-embarque Normas Operacionais. Linha de Financiamento BNDES Exim Automático

UM CONCEITO FUNDAMENTAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO FINANCEIRO. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 07/09/2014.

1 - Estrutura do Sistema Financeiro Nacional: 2 - Sistema de Seguros Privados e Previdência Complementar:

INSTRUMENTOS FINANCEIROS

ADM020 Matemática Financeira

Depósito a Prazo com Garantia Especial do FGC (DPGE)

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1.1

INDICADORES FINANCEIROS NA TOMADA DE DECISÕES GERENCIAIS

QUALICORP ADMINISTRADORA DE BENEFÍCIOS S.A. 1ª. EMISSÃO PÚBLICA DE DEBÊNTURES RELATÓRIO ANUAL DO AGENTE FIDUCIÁRIO EXERCÍCIO DE 2014

MERCADO À VISTA. As ações, ordinárias ou preferenciais, são sempre nominativas, originando-se do fato a notação ON ou PN depois do nome da empresa.

Administração Financeira

CPC 15. Combinações de Negócios. Conselho Regional de Contabilidade - CE AUDIT

Relatório sobre as demonstrações financeiras Período de 13 de abril de 2012 (Data de constituição da Companhia) a 31 de dezembro de 2012

CERTIFICADO DE RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS CRI

ENTENDENDO OS DIVERSOS CONCEITOS DE LUCRO

O VALOR DO CONTROLE PARTE 2

Cotas de Fundos de Investimento em Participações - FIP

Sumário do Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

BAESA-ENERGETICA BARRA GRANDE S.A. 1ª. EMISSÃO PÚBLICA DE DEBÊNTURES RELATÓRIO ANUAL DO AGENTE FIDUCIÁRIO EXERCÍCIO DE 2014

AMIL PARTICIPAÇÕES S.A. 2ª. EMISSÃO PÚBLICA DE DEBÊNTURES RELATÓRIO ANUAL DO AGENTE FIDUCIÁRIO EXERCÍCIO DE 2010.

1-DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS BÁSICOS 1.1 OBJETIVO E CONTEÚDO

COMO INVESTIR NO MERCADO A TERMO MERCADOS

Administração Financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras

Elementos de Análise Financeira Matemática Financeira e Empréstimos para Capital de Giro

Simulado: Análise das Demonstrações Contábeis p/ TCU

O Sistema Financeiro Nacional

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS. Aula 12- Unidade III. Análise avançada das demonstrações contábeis. Prof.: Marcelo Valverde

CRITÉRIOS / Indicadores

Unidade III. Operadores. Demais instituições financeiras. Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros

EXERCÍCIOS PROF. SÉRGIO ALTENFELDER

BEMATECH S.A. EXERCÍCIO DE 2014

RESOLUÇÃO Nº 4.263, DE 05 DE SETEMBRO DE 2013 Dispõe sobre as condições de emissão de Certificado de Operações Estruturadas (COE) pelas instituições

ABIMEX IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO S.A. 1ª. EMISSÃO PÚBLICA DE DEBÊNTURES RELATÓRIO ANUAL DO AGENTE FIDUCIÁRIO EXERCÍCIO DE 2012

Acções. Amortização. Autofinanciamento. Bens

Certificado de Recebíveis Imobiliários - CRI

AULA 10 Sociedade Anônima:

Transcrição:

APOSTILA DE ESTUDO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Marcelo Cauduro de Castro - Mestre mccastro@terra.com.br MINI CURRÍCULO: Marcelo Cauduro de Castro é Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Finanças Empresariais pela Fundação Getulio Vargas com complemento na UCI, Administrador de Empresas e Contador pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Sua experiência profissional inclui 13 anos em bancos estrangeiros como gerente, diretor e consultor de empresas, conveniado da FGV em Blumenau e Itajaí por sete anos e sócio gerente da PowerSelf Desenvolvimento Pessoal e Power Training Consultoria e Treinamento Empresarial. Atua como docente em diversos cursos na área de finanças e contábil, bem como em MBA s e Pós Graduações da FGV. Atualmente se dedica a consultoria financeira, empresarial e pessoal.

6 FINANCIAMENTOS DE CURTO E LONGO PRAZO Introdução Como podemos verificar a seguir, as empresas financiam suas atividades através de recursos provenientes do passivo circulante, passivo não circulante (exigível a longo prazo) e patrimônio líquido. Tipo de Financiamento Fontes de Recursos de Financiamento Vencimento Classificação Contábil Curto Prazo Inferior a 360 dias Passivo Circulante Longo Prazo Superior a 360 dias Não Circulante (Exigível a Longo Prazo) Capital Próprio Sem Prazo Patrimônio Líquido O capital investido em uma empresa em ativos pode ser proveniente de financiamento interno e externo das empresas: Fontes de Recursos Internos das Empresas Lucros Retidos Capital de Giro Líquido Positivo Proteção Fiscal Fontes de Recursos Externos das Empresas Próprios o Capital Acionário (abertura e emissão de ações) Terceiros o Debêntures o Commercial Paper o Bancos o Crédito Subsidiado o Capital Estrangeiro o Fornecedores o Bonds o Securitização de Recebíveis Além de a origem ser interna ou externa a base de divisão que sugerimos é o prazo de pagamento destes financiamentos. Destacamos que os financiamentos de curto prazo (passivo circulante) são os mais vantajosos em nível de custo, sendo fundamental para a operação de uma empresa. Uma empresa que não consegue se financiar a curto prazo terá dificuldades muito maiores para obter recursos de longo prazo. OBSERVAÇÃO: O MERCADO FINANCEIRO É MUITO DINÂMICO. NESTE CAPÍTULO APRESENTAMOS OS CONCEITOS MACROS, PODENDO OCORRER ALTERAÇÕES DE NOMES DE PRODUTOS, BEM COMO

PRAZOS DAS OPERAÇÕES. O IMPORTANTE SÃO OS CONCEITOS ATRIBUÍDOS E AS POSSIBILIDADES DE FINANCIAMENTOS. Financiamentos a curto prazo espontâneos não garantidos Quando analisamos as necessidades de capital de giro de uma empresa, verificamos que uma parte dessas necessidades é coberta pelos chamados financiamentos espontâneos (ou naturais). Estes resultam das operações normais da empresa e as duas fontes principais são as duplicatas a pagar (fornecedores) e as contas a pagar referente às despesas incorridas e ainda não pagas. Não há normalmente nenhum custo explícito associado a qualquer um desses passivos circulantes, embora haja custos implícitos. Estes financiamentos são considerados não garantidos, pois não existem ativos como colaterais (garantia). A empresa deve aproveitar essas fontes de financiamento sempre que possível. o Duplicatas a pagar (Fornecedores) O crédito concedido pelos fornecedores representa hoje uma das mais importantes formas de financiamento, representando em torno de 40% das exigibilidades correntes das empresas não financeiras. Para as pequenas empresas que normalmente tem mais dificuldade de acesso ao crédito bancário, esse percentual é ainda maior. O surgimento dessa fonte de crédito espontâneo é resultado da compra de mercadorias a prazo, sem que o comprador precise submeter-se a muitas formalidades de crédito. As condições de crédito são geralmente, estipuladas na fatura do fornecedor. Para que tenhamos uma idéia da importância desse financiamento, imaginemos o seguinte exemplo: Uma empresa que efetua compras médias no valor de $2.000 por dia com prazo médio de pagamento de 30 dias. Na média, essa empresa estará devendo a seus fornecedores $60.000. Se os termos de pagamento aumentam para 40 dias, o volume de financiamento concedido por seus fornecedores aumenta automaticamente para $80.000. Condições comerciais As condições comerciais refletem a forma como os pagamentos deverão ser feitos aos fornecedores. Os principais fatores que influenciam as condições comerciais são: o Natureza econômica do produto o Capacidade de aquisição do comprador o Tamanho do fornecedor o Descontos para pagamento antecipado

Crédito comercial líquido Crédito comercial tem um significado duplo para as empresas. Ao mesmo tempo em que é um gerador de financiamento espontâneo é também uma utilização de recursos na medida em que a empresa também venda a prazo. A análise da diferença entre o período médio de vendas e o período médio de compras indica se a empresa é uma supridora líquida de crédito ou uma tomadora. Como forma de diminuir as necessidades de capital de giro, uma empresa deve buscar manterse na posição em que o prazo médio de venda é menor do que o prazo médio de compras. Custo do crédito comercial Muitas empresas em função do tamanho ou de problemas cadastrais passados, não se qualificam para a obtenção de empréstimos bancários, ficando o financiamento de seu capital de giro restrito aos créditos espontâneos. Apesar disso, conseguem comprar a prazo em função do histórico de pagamento com o fornecedor e dos limites estabelecidos por este, que podem ir aumentando na medida em que este histórico mantenha-se dentro dos padrões estabelecidos. Para o comprador, o crédito concedido pelo fornecedor também tem um custo já incluído no preço a pagar, embora no pagamento a prazo ao fornecedor, o comprador tenha a possibilidade de reduzir os impostos incidentes sobre o valor agregado. o Contas a Pagar Esta é a segunda fonte espontânea de financiamento a curto prazo e é o resultado dos serviços recebidos que ainda deverão ser pagos. Os itens mais comuns são salários e impostos. Já que os impostos são pagos ao governo a empresa não tem margem de manipulação sobre essa obrigação. No caso dos salários, tem maior facilidade para a obtenção de um financiamento a custo zero. Financiamentos a curto prazo não espontâneo e não garantidos As empresas obtêm empréstimos a curto prazo não garantidos de duas fontes, bancos e commercial papers. o Empréstimos bancários Os bancos emprestam recursos de três formas básicas:

Descontos de notas promissórias a empresa emite uma nota promissória e desconta no banco. No vencimento a empresa deve pagar o valor da nota. Linhas de crédito o banco coloca a disposição do cliente uma linha de crédito que poderá ser tomada mediante um simples aviso. Crédito rotativo nada mais é que uma linha de crédito, mas com regras específicas. o Commercial Papers Este tipo de operação é realizado por empresas de grande porte e com elevado conceito de crédito. Trata-se de uma nota que a empresa emite e vende para o mercado (outras empresas, bancos, fundos de pensão, fundos mútuos e companhia de seguros). Geralmente estes papéis têm uma taxa menor que os empréstimos bancários, fruto do conceito e situação financeira do emitente. O commercial paper é vendido pelo emitente diretamente aos investidores ou através de intermediários ( dealers ). Financiamentos a curto prazo não espontâneos e garantidos Quando uma empresa termina suas fontes de financiamento a curto prazo não garantidos, ela ainda pode recorrer a empréstimos de curto prazo com garantia. Este é caracterizado pela exigência de garantias de algum ativo. Geralmente as garantias solicitadas são duplicatas a receber e estoques. O credor exige a elaboração de um contrato de garantia, providencia o registro no cartório, pois isto lhe dá o direito legal sobre a garantia. A seguir os tipos mais comuns destes financiamentos: o Empréstimos bancários Esses empréstimos podem ser obtidos através de garantias reais (bens imóveis) ou garantias colaterais (bens móveis). Existem duas formas básicas de financiamento oferecidas pelas instituições financeiras: Financiamento direto ao comprador final As empresas que trabalham diretamente com o consumidor final procuram financiamentos para poder oferecer prazos mais elásticos e conseqüentemente aumentar o volume de suas vendas. Conforme vimos, o aumento das vendas através da concessão de prazos mais elásticos aumenta as necessidades de capital de giro. Para evitar incorrer nesse custo, as empresas transferem a bancos ou financeiras o financiamento para toda a sua carteira de clientes, transformando suas vendas a prazo em vendas a vista.

Embora nesse processo de transferência também existam custos para a empresa, sua magnitude é muito menor do que seria se a empresa decidisse suportar sozinha esse encargo. Essa forma de financiamento é o chamado CDC (crédito direto ao consumidor). Existem hoje outras formas de financiamento oferecidas pelos bancos e que visam a reduzir as necessidades de capital de giro para as empresas como, por exemplo, o vendor (será visto a seguir) e o leasing. Financiamento para a empresa Quando o financiamento é concedido diretamente à empresa, a utilização dos recursos pode estar direcionada a: o Compra de estoque o Financiamento ao consumidor final o Pagamento de despesas correntes As formas mais comuns de financiamento a curto prazo oferecido pelas instituições financeiras são: o Capital de giro com garantia de duplicatas (caução de duplicatas) o Capital de giro com garantia de estoques (penhor mercantil) o Desconto de duplicatas (será visto a seguir) O custo de cada uma das alternativas dependerá do banco, do grau de reciprocidade oferecido pela empresa ao longo do tempo, do porte, do tipo de garantia (quanto mais líquida menor o custo) e principalmente do grau de relacionamento entre a empresa e o banco. o Descontos de Duplicatas As operações de desconto bancário consistem no recebimento antecipado pelo emissor do título, de um valor que de outra forma somente seria percebido no vencimento do papel. Nestas operações existem os seguintes participantes: Cedente - é a empresa emissora do título Sacado - é a empresa contra quem a duplicata foi emitida e que tem a obrigação de pagamento no vencimento. Para o cálculo do desconto e do valor descontado nessas operações bancárias, utiliza-se o conceito empregado para o desconto comercial simples. As fórmulas dessa modalidade de desconto são listadas a seguir:

d = N * id * n d = valor do desconto, N = valor de face do título, id = taxa, n = prazo entre o vecto do título e a data da operação V = [ N (1 - id * n)] - (p * N) - u V = valor líquido da operação, p = % de impostos incidentes sobre a operação u = outros custos o Factoring Uma operação de factoring consiste na venda de faturamento (duplicatas a receber) a uma instituição não financeira chamada de Fomento Comercial ou Factoring. A factoring de duplicatas a receber envolve um contrato no qual são estipulados os procedimentos de seleção de títulos a serem adquiridas, datas de pagamento, condições de adiantamento e custos da operação. A diferença básica entre uma operação de desconto de duplicatas realizada em um banco e uma operação de factoring refere-se ao direito de regresso. Em uma operação factoring, todos os riscos de crédito e conseqüentes perdas são absorvidos pela empresa de factoring. Numa operação de desconto de duplicatas em um banco, o risco de crédito pertence à empresa que está descontando os títulos e não ao banco. o Vendor O vendor funciona da mesma forma que uma venda a prazo. Existe uma diferença básica. Ao invés da venda ser financiada pela empresa vendedora, o crédito é concedido por uma instituição financeira, geralmente com a interveniência da pessoa jurídica vendedora do bem. Importante: o O vendor é uma forma de venda a prazo. Diferentemente da venda a prazo tradicional, no vendor o vendedor transfere o direito de receber o produto da venda a um banco, sem, no entanto descontá-la, recebendo esse valor a vista. o No vendor o vendedor é normalmente, responsável pela liquidez do comprador junto ao banco. o No vendor a instituição financeira financia diretamente o comprador e não o vendedor. o Este recebe o valor da venda a vista, enquanto o comprador paga ao banco nas condições de prazos e taxas pactuadas. O cálculo da prestação na operação obedece aos conceitos de anuidades.

Outras formas de financiamentos a curto prazo que podem ser com ou sem garantia dependendo de cada situação o Adiantamento de Contrato de Cambio - ACC Toda empresa exportadora pode obter recursos para capital de giro junto aos bancos, através de adiantamentos totais ou parciais sobre contratos de exportação de bens para empresas sediadas no exterior. O objetivo do ACC é fornecer recursos para o exportador utilizar no processo de produção e comercialização da mercadoria a ser exportada, incentivando dessa forma as empresas a buscarem o mercado externo para obtenção de receitas em moeda forte. O ACC pode dividir-se em duas fases. Na primeira, o banco concede um adiantamento pelo prazo de até 180 dias antes do embarque da mercadoria, funcionando como um financiamento típico de capital de giro. Por ser concedido em moeda forte, o exportador é responsável pela desvalorização cambial existente entre a data da concessão do crédito e a data do pagamento. Na segunda fase, o exportador pode solicitar até 60 dias após o embarque da mercadoria, a prorrogação do ACC por mais um período de 180 dias. Nessa fase, o ACC passa a denominar-se ACE (Adiantamento sobre Contrato de Exportação ou Adiantamento sobre Cambiais Entregue). O prazo máximo de um ACC varia de acordo com interesses de política monetária e cambial do Banco Central, havendo penalidades para os exportadores que não efetivarem a exportação na data de embarque. o Adiantamentos de clientes Uma das formas mais saudáveis sob o ponto de vista financeiro para obtenção de financiamento é a utilização de adiantamentos obtidos juntos aos clientes. Os adiantamentos podem ocorrer sob a forma de pagamento integral ou parcial de um produto antes do seu recebimento. Na maioria das vezes os adiantamentos ocorrem quando o produto comprado é feito por encomenda ou quando o comprador tiver um grau de dependência elevado em relação a um determinado produto ou componente básico, acha vantajoso assegurar o suprimento daquele item em troca de um adiantamento ou mesmo do pagamento total. o Empréstimos privados Algumas empresas obtêm suprimento de suas necessidades de financiamento através de empréstimos concedidos por seus proprietários. Como esses são os maiores interessados no sucesso da empresa, em

muitas situações estão interessados em suprir recursos adicionais à empresa. Os empréstimos concedidos pelos proprietários precisam estar documentados e com o valor da taxa de juros explicitada. Outra forma de suprimento de fundos são os contratos de mútuos. Esses contratos refletem empréstimos entre pessoas jurídicas, normalmente intermediadas por instituições financeiras, com ou sem sua interveniência. Para ambas as partes, esse tipo de contrato é extremamente vantajoso. Para o tomador de recursos, a taxa de juros é menor do que aquele que pagaria junto a um banco. Para o proprietário dos recursos, a taxa é maior do que a que obteria, se investisse os recursos em uma instituição financeira. Financiamentos de longo prazo De forma genérica as mais habituais formas de financiamento de longo prazo são a Abertura de capital da empresa, Lançamento de debêntures, Obtenção de recursos através de agências e instituições de fomento nacionais e estrangeiras e Eximbanks. o Abertura de capital da empresa Toda empresa em fase de expansão necessita de recursos para financiar seus projetos. Mesmo que o retorno oferecido por determinado projeto seja positivo, é interessante que haja um balanceamento entre o financiamento do projeto com recursos próprios e de terceiros. A determinação do balanceamento ideal entre o nível de endividamento e o de capitalização de uma empresa envolve diversos fatores, sendo que muitas vezes de difícil avaliação. Com isto, a decisão de se obter capital próprio através das emissões de novas ações, para serem adquiridas pelo público, freqüentemente envolve questões de caráter objetivo e subjetivo na ponderação das vantagens e desvantagens na abertura de capital. Vantagens e desvantagens da abertura de capital Vantagens o Capacidade de suportar planos de expansão já definidos. o Divisão do risco do negócio com novos sócios. o Fortalecimento da empresa através do desenvolvimento de novas fontes de obtenção de recursos. o Criação de liquidez para o patrimônio dos acionistas. o Aumento na capacidade de endividamento. o Consolidação da imagem institucional da empresa junto aos segmentos financeiros. o Estabilidade dos recursos.

Além das vantagens acima citadas, quando uma empresa decide abrir seu capital, sua administração necessita ficar mais transparente. Com isso, normalmente se desencadeia um processo de profissionalização, que eleva sua eficiência administrativa, criando uma imagem de empresa competente, séria e bem administrada. Desvantagens o Divulgação de suas informações internas o Distribuição de dividendos aos acionistas o Influência nas suas decisões estratégicas, por parte dos novos acionistas. o Acréscimo nos custos administrativos (auditores, demonstrações financeiras publicadas, etc). Abertura de capital e emissão de novas ações Uma vez que a empresa tenha se decidido por abrir seu capital, alguns requisitos devem ser atendidos, antes que se promova a abertura de capital, tais como: Proceder, se necessário, a uma reorganização societária, através da criação de novas empresas, cisões ou fusões. Um caso comum é a criação de uma holding, com participações nas empresas do grupo, para que esta efetue a abertura de capital. No caso de ser uma empresa limitada, fazer a sua conversão em S.A. (Sociedade Anônima). O estatuto deve prever dispositivos que facilitem a administração da empresa como Companhia Aberta. Reavaliar os ativos no caso de sub-avaliação dos mesmos. Criação do Conselho de Administração e eleição dos seus membros. Contratação de Auditoria independente de renome para auditar as Demonstrações Financeiras da Companhia. Designação do Diretor de Relações de Mercado. Formas de subscrição de ações A empresa poderá decidir realizar a subscrição de ações sob a forma privada ou pública. Na forma privada, somente terão acesso os atuais acionistas da empresa. Na subscrição pública existe a procura de novos acionistas. Neste caso a emissão deverá obrigatoriamente ser submetida a prévio registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e ser intermediada por uma instituição financeira. Tipos de ações As ações são divididas em ordinárias e preferenciais. Principais características de cada uma:

Ordinárias o Não possui prioridade no pagamento dos dividendos nem em caso de falência; o Direito ao voto e a escolha de representantes do conselho de administração; o Direito de participar proporcionalmente no pagamento dos dividendos e nos ativos remanescentes após o pagamento de passivos em caso de liquidação; o Direito sobre deliberar sobre matérias de grande importância tais como fusões. Preferenciais o Possui preferência em relação às ordinárias na distribuição de dividendos e ativos da empresa em caso de liquidação; o Recebem os dividendos antes dos demais; o Muitas vezes não possui o privilégio ao voto Política de dividendos Com relação à estratégia das empresas, quanto a sua política de distribuição de dividendos, existem duas abordagens tradicionais: A teoria residual dos dividendos Tende a implicar que os dividendos são irrelevantes e que o valor da empresa é independente de sua política de dividendos. Os principais defensores desta abordagem são Franco Modigliani e Merton H. Miller (comumente chamados M & M). Eles argumentam, através de uma variedade de razões, e impondo inúmeras suposições restritivas, que a maneira como uma empresa divide seus lucros entre dividendos e reinvestimentos não tem nenhum efeito sobre seu valor, sugerindo a existência de um efeito clientela. Isto significa que uma empresa atrairá aqueles acionistas cujas preferências quanto ao pagamento e estabilidade dos dividendos correspondem ao padrão e estabilidade de pagamentos mostrados pela empresa. Já que os acionistas obtêm o que esperam, então, M & M argumentam que o valor da empresa não é afetado pelas alterações na política de dividendos. Contudo, reconhecendo que os dividendos, de algum modo, afetam os preços das ações, M & M sugerem que os efeitos positivos de acréscimos dos dividendos sobre os preços das ações não devem ser atribuídos aos dividendos, mas ao conteúdo informacional dos dividendos, quanto aos lucros futuros. A informação transmitida pelos dividendos leva os proprietários a elevar o preço da ação, com base em suas expectativas de lucros futuros.

A relevância dos dividendos Por outro lado, Gordon, o proponente líder desta escola, sugere que os acionistas têm preferência por dividendos correntes que, de fato, há uma relação direta entre a política de dividendos de uma empresa e seu valor de mercado. Gordon argumenta que os investidores geralmente são avessos ao risco e associam menos risco aos dividendos correntes do que os dividendos futuros ou ganhos de capital. Este argumento do pássaro-na-mão sugere que a política de dividendos de uma empresa é relevante, pois os investidores preferem algum dividendo imediato, a fim de reduzir sua incerteza. Quando os investidores estão menos incertos a respeito de seus retornos, descontam os lucros futuros da empresa a uma taxa menor, conseqüentemente atribuindo um maior valor à empresa (Gitman, op. cit). o Lançamento de debêntures A empresa, que emite ações, capta recursos, cuja devolução não é compulsória. É uma operação de aumento do patrimônio líquido da empresa. A debênture, entretanto, é um título de dívida. Quando uma empresa lança debêntures, ela está contraindo uma dívida de longo prazo sobre a qual incide juros e correção monetária, através de algum tipo de indexador. O lançamento de uma debênture conversível em ação representa normalmente um estágio inicial definido pela empresa, que efetivamente deseja futuramente abrir seu capital. Seja a seguinte conversão de debênture em ação, no valor de $1.500,00: Debênture no valor de $1.500, com fórmula de conversão onde cada ação vale uma vez e meia o valor apresentado no último balanço, cujo valor patrimonial é de $1,00. Portanto, o preço para a conversão da ação é de $1,50 ($1,00 x 1,5). Portanto, uma debênture no valor de $1.500,00 pode se transformar em 1000 ações ($1.500,00/$1,50). Diferenças entre ações e debentures: Características Ações Debêntures Retorno Resultados da empresa e Renda fixa e capacidade de valorização em Bolsa conversão Garantia Vinculada Não existem Ativo da empresa ou aval Vencimento Não tem Geralmente ao redor de cinco anos, podendo variar de 1 a 10 anos Público Instituições e indivíduos Geralmente investidor institucional Marketing Expectativa de lucro empresarial Renda fixa, cláusula de e desempenho no mercado conversão e garantia do Ativo Repactuação. Não se aplica Cláusula de repactuação

Visando ajustar os títulos de debêntures às condições de mercado, periodicamente a empresa repactua nova taxa de juros com os debenturistas. Caso não cheguem a acordo sobre a nova taxa de juros que prevalecerá, os debenturistas têm direitos a resgate antecipado de seus títulos. Esta condição cria, de fato, características de uma obrigação de curto prazo, embora de direito não seja verificada. Outro detalhe importante no lançamento de debêntures é que usualmente é oferecido ao mercado uma cesta de índices, prevalecendo aquele que remunerar mais alto no período. o Recursos de agências e instituições de fomento nacionais e estrangeiras Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) É uma empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que tem como objetivo financiar a longo prazo os empreendimentos de interesse para o país. Possui duas subsidiárias: BNDESPAR - visa fortalecer a estrutura de capital das empresas privadas e desenvolver o mercado de capitais; FINAME - tem como objetivo financiar a comercialização de máquinas e equipamentos, bem como a administração de operações de financiamento à exportação. Os repasses destes financiamentos são feitos através da rede bancária nacional. Fundado em 1952, o BNDES vem financiando grandes empreendimentos industriais e de infra-estrutura, apoiando os investimentos na agricultura, no comércio e no serviço. As atividades e linhas de financiamento do BNDES estão bem retratadas através do site do BNDES (www.bndes.gov.br). FINEP-Financiadora de Estudo e Projetos É uma agência do Ministério da Ciência e Tecnologia que financia os projetos de investimento nas seguintes áreas: Competitividade Infra-estrutura de ciência e tecnologia Tecnologias de ponta Tecnologia da informação Meio ambiente Energia e transporte

Desenvolvimento regional Para receber financiamentos da FINEP podem se qualificar empresas nacionais ou estrangeiras de qualquer porte, empresas públicas ou privadas, universidades, instituições de pesquisa e entidades sem fins lucrativos. Os recursos da FINEP são oriundos do Tesouro Nacional, fundos especiais de desenvolvimento, entidades de cooperação técnica, bancos e agências financeiras nacionais e internacionais, como o Banco Mundial (Bird) e o Banco Intercâmbio de Desenvolvimento (BID). (www.venturecapital.com.br; www.finep.gov.br). Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) O BID foi criado em 1959 para contribuir para o progresso econômico e social da América Latina e Caribe. Possui uma entidade afiliada, Corporação de Investimento Interamericana (IIC) que promove o desenvolvimento econômico dos 34 países membros, através do financiamento de pequenas e médias empresas. A partir de 1995 o BID também passou a emprestar cerca de 5% de seus recursos disponíveis diretamente ao setor privado, sem a necessidade de garantias governamentais. Banco Mundial (World Bank) O Banco Mundial é uma organização composta por cerca de 180 países, os quais têm como pré-requisito pertencerem ao FMI. Os objetivos são os seguintes: Reduzir a pobreza; Emprestar recursos para governos em projetos e programas que promovam progresso econômico e social, através do aumento da produtividade; Encorajar o investimento direto estrangeiro em países em desenvolvimento, através da oferta a investidores de garantias contra riscos políticos e do auxílio a governos na busca de investidores externos; Incentivar o aumento do fluxo de capital externo, fornecendo auxilio em disputas entre investidores externos e o governo local; Melhorar a qualidade de vida da população de seus países membros. o EXIMBANKS São bancos que financiam as exportações de países, através do oferecimento de linhas de crédito para os compradores. As contratações de empréstimos externos, diretamente pelas instituições financeiras, com carteira comercial ou de investimentos, são reguladas por resoluçções do Conselho Monetário Nacional. Por meio de contratos de repasse de empréstimo externo, os bancos repassam ao mutuário final, desde que seja pessoa física ou firmas individuais, os recursos por eles obtidos com a venda da moeda estrangeira correspondente, cobrando do tomador, alem da correção cambial, os custos de captação e o Imposto de Renda incidente sobre a remessa dos juros para o exterior.