MÓDULO 3: DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO - II TEMA 3 - SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Aula III Suspensões Por Motivo Ilícito Que Se Atribui ao Empregado. Suspensão Disciplinar. Suspensão Para Inquérito Policial. Suspensão Para Qualificação Profissional. MODELO Local e data À FEO INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA. Blumenau - SC Prezados Senhores. Muito embora o benefício do plano de assistência médica oferecido pela empresa aos seus empregados afastados por doença pela Previdência Social ou aposentados por invalidez não decorra de obrigação legal e nem convencional, a Súmula 440, do Tribunal Superior do Trabalho pacificou o entendimento no sentido de que, uma vez concedido pelo empregador tal benefício, não poderá ser suprimido ou interrompido no período em que o empregado estiver com o contrato de trabalho suspenso, em decorrência de seu afastamento previdenciário ou de aposentadoria por invalidez. Eis a redação da Súmula: AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. RECONHECIMENTO DO DIREITO À MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE OU DE ASSISTÊNCIA MÉDICA - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez. É fato que as hipóteses contempladas na Súmula nº 440 correspondem à suspensão do contrato de trabalho, não se justificando, a princípio, a obrigação do empregador manter o benefício do plano de saúde ou assistência médica, considerando que, diante da ausência de prestação de serviços, cessam as obrigações contratuais do empregador enquanto perdurar o afastamento
previdenciário ou aposentadoria por invalidez. No entanto, entende-se que o plano de saúde ou de assistência médica é benefício diretamente vinculado à manutenção do contrato de trabalho, não podendo, por essa razão, ser descontinuado. Isto já não ocorre com os benefícios que estão diretamente relacionados à prestação de serviços, como é o caso de vale-transporte e vale- refeição, cuja supressão é tida como lícita durante o afastamento do empregado por doença, que esteja recebendo benefício previdenciário, ou aposentado por invalidez. Poderia se cogitar a limitação temporal do benefício do plano de assistência médica aos inativos por meio de cláusula de instrumento coletivo. Porém, se tal cláusula for submetida à apreciação judicial, há risco alto de ser declarada nula, sob o fundamento de violar a proteção à dignidade da pessoa humana e afastar o direito à saúde, consagrados na Constituição Federal, como já ocorreu em alguns casos apreciados pelos Tribunais Trabalhistas. Considerando que o Supremo Tribunal Federal não tem analisado a matéria, porque envolve reexame de fatos e provas e/ou de legislação infraconstitucional, o que é vedado naquela instância extraordinária, por ora prevalece o entendimento sumulado pelo TST. Na hipótese da consulente optar pela supressão do benefício do plano de assistência médica dos empregados afastados por doença e/ou aposentados por aposentadoria, os riscos são os seguintes: (i) Ações individuais - os empregados poderão obter liminares, na Justiça do Trabalho ou Cível, determinando o imediato restabelecimento do plano de saúde, além de indenização por danos morais pelos prejuízos sofridos com a cessação do benefício; (ii) Ações coletivas o Sindicato poderá ingressar com ações coletivas objetivando impor a obrigação de não fazer (se abster de suprimir o benefício) à empresa e indenização por dano moral coletivo; e (iii) Inquérito Civil Público ou Ação Civil Pública o Ministério Púbico do Trabalho poderá instaurar ICP (para compelir a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta, por meio do qual a empresa assumirá o compromisso de não suprimir o benefício), sob pena de arcar com multas altíssimas ou ajuizar ação civil pública. Diante do cenário acima, não é recomendável, simplesmente, descontinuar os planos médicos para os empregados inativos, dados os custos envolvidos em litígios que provavelmente surgirão.
A alteração do padrão do plano de saúde dos empregados ativos é alternativa que pode ser discutida com o Sindicato dos Metalúrgicos de Blumenau SC. Caso haja concordância da entidade, será possível regular essa alteração por meio de norma coletiva, principalmente se negociada alguma compensação para minimizar os prejuízos que os empregados ativos sofrerão com a mudança da categoria do plano de assistência médica. Embora a norma coletiva possa vir a ser questionada na Justiça do Trabalho, a consulente poderá, em defesa, sustentar sua validade, por força do que dispõe o artigo7º, inciso XXVI, da Constituição Federal: Art. 7º -São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho. Forçoso também salientar que conforme prevê o artigo 611-A da CLT, as normas decorrentes das convenções coletivas de trabalho, por força da nova reforma trabalhista, possuem prevalência sobre as normas legais quando dispuserem sobre regulamento empresarial. Permanecemos à disposição. Advogado OAB