PROCEDIMENTOS APLICADOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO

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1 Página1 Curso/Disciplina: Direito Processual do Trabalho Objetivo Aula: Competência na Justiça do Trabalho Professor (a): Leandro Antunes Monitor (a): Rafael Cardoso Martins Aula 07 PROCEDIMENTOS APLICADOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO 2.2. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA Continuação da aula anterior Inciso III do art. 114 da CF III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; As ações acerca de representação sindical são de competência da justiça do trabalho. Obs.: se o sindicato for representante de servidor público, a competência será da justiça comum (estadual ou federal, dependendo). Em sendo assim, são ações de competência da justiça do trabalho: i. Ações de sindicato contra sindicato; ii. Ações de sindicato contra o empregador; iii. Sindicato contra o empregado.

2 Página2 Não há necessidade de relação de emprego numa questão sindical para tal questão ser levada à Justiça do Trabalho. Ex.: ação de cobrança do sindicato contra o empregador Inciso IV do art. 114 da CF IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; Habeas Corpus e Habeas Data envolvendo matéria e jurisdição trabalhista atraem a competência da justiça do trabalho. Obs.: esta regra é válida para concursos; o STF já firmou entendimento no sentido de que, se houver questão criminal envolvida, a competência é da Justiça Comum. Antes da EC n 45/2004, os Mandados de Segurança ( MS ) eram impetrados no TRT. Cabia quando o Juiz do trabalho proferia decisão interlocutória contra a qual não cabia recurso. Até hoje o mandado é, principalmente, para combater decisão interlocutória. Após a EC n 45/2004, os MS passaram a ser impetrados na Vara do Trabalho. Mas quando pode se impetrar MS na Vara do Trabalho? Quando houver autoridade coatora relacionada à relação trabalhista. Ex.: uma empresa de construção civil tem vários funcionários numa obra. Um dia, o fiscal do trabalho, em fiscalização à obra, disse ao gerente que os empregados não podem trabalhar como estão laborando, por falta de equipamentos de segurança. O gerente comprova seguir todas as regras de segurança exigidas. No entanto, o fiscal, por um critério subjetivo, acredita que os trabalhadores merecem maior segurança, e exige o uso de equipamentos não exigidos pela lei. Com base nisso, o fiscal interdita a obra. O ato do fiscal foi arbitrário, e o gerente tem prazo para entrega da obra; neste caso, o gerente pode impetrar MS na Vara do Trabalho para que seja dada continuidade à execução da obra. Antes da EC/45/2004, este MS seria impetrado na Justiça Federal.

3 Página3 Obs.: o MS cabe contra ato de autoridade pública ou de alguém que esteja no exercício ela. Não cabe contra ato de empregador que se recusa a entregar algo ao empregado, por exemplo Inciso V do art. 114 da CF V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; Obs.: a 1ª vara do trabalho da 1ª Região diz que a 2ª vara do trabalho da 1ª Região é competente para determinada matéria, e esta diz não ser competente para isso. O TRT da 1ª Região resolverá o conflito de competência, já que as varas são da mesma região. Obs.2: a 1ª vara do trabalho da 1ª Região diz que a 2ª vara do trabalho da 2ª Região é competente para determinada matéria, e esta diz não ser competente para isso. O TST julgará o conflito de competência, pois as varas são de regiões diferentes. Obs.3: a 1ª vara do trabalho da 1ª Região diz que a vara cível com jurisdição trabalhista é competente para determinada matéria, e esta diz não ser competente para isso. Aplicar-se-ão as regras acima: se a vara cível for da mesma região, o TRT resolve o conflito; se a cara cível for de região diversa, o TST que resolve o conflito. Obs.4: O TRT da 3ª Região conflita sua competência com a 1ª Vara do Trabalho da 4ª Região. O TST resolve o conflito de competência, pois as regiões são distintas. Obs.5: o TRT da 3ª Região conflita sua competência com a 1ª Vara da 3ª Região. Não há conflito de competência, pois a vara é subordinada ao TRT neste caso. Aplica-se a Súmula 420 do TST. Súmula nº 420 do TST COMPETÊNCIA FUNCIONAL. CONFLITO NEGATIVO. TRT E VARA DO TRABALHO DE IDÊNTICA REGIÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO (conversão da

4 Página4 Orientação Jurisprudencial nº 115 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada. (ex-oj nº 115 da SBDI-2 - DJ ) Inciso VI do art. 114 da CF VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; ATENÇÃO À SÚMULA VINCULANTE N 22 DO STF! Súmula Vinculante 22 A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04. Obs.: se o trabalhador falecer num acidente de trabalho, os herdeiros deverão ajuizar ação por dano moral na justiça do trabalho. Obs.2: um funcionário, no ambiente de trabalho, cai num buraco e se machuca demasiadamente, devendo ficar afastado do emprego por mais de um mês. O funcionário foi na previdência e pediu o auxílio acidentário após 15 dias. A previdência, no entanto, nota que o acidente ocorreu porque o empregador não cumpriu regras básicas de segurança. O INSS, assim, deseja ajuizar uma ação regressiva contra o empregador, pois o empregador não cuidou do necessário. Esta ação do INSS contra o empregador deve ser ajuizada na Justiça Federal, e não na Justiça do Trabalho.

5 Página5 Obs.3: o empregado, com dificuldade de enquadramento de benefício devido pelo INSS, ingressa com ação contra este. Este tipo de demanda deve ser julgada pela Justiça Comum Estadual (Súmula 501 do STF e art. 109 da CF). Art Aos juízes federais compete processar e julgar: 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. SÚMULA 501 Compete à Justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias, emprêsas públicas ou sociedades de economia mista Inciso VII do art. 114 da CF VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; Toda multa, autuação, etc., vinda do Ministério do Trabalho, a discussão da penalidade administrativa deve ser realizada perante a justiça do trabalho.

6 Página Inciso VIII do art. 114 da CF VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; As contribuições sociais dos incisos do art. 195 são as que nasceram na sentença trabalhista, ou seja, contribuições reconhecidas pelo juiz do trabalho ao proferir sentença. Súmula 454 do TST. Súmula nº 454 do TST COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO DE OFÍCIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO (SAT). ARTS. 114, VIII, E 195, I, A, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 414 da SBDI-1) Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social (arts. 114, VIII, e 195, I, a, da CF), pois se destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei nº 8.212/1991) Inciso IX do art. 114 da CF

7 Página7 IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. da CLT). A análise deste pode ser feita com diversos dispositivos (como com o art. 652 Art Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento: a) conciliar e julgar: I - os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de empregado; II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão do contrato individual de trabalho; III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice; IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho; b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave; c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões; d) julgar os recursos interpostos das decisões do presidente, nas execuções; d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência; e) impor multa e demais penalidades relativas aos atos de sua competência. V - as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho; Exceção: os profissionais liberais que buscam seus honorários não ajuizarão suas execuções perante a Justiça do Trabalho, mas perante a Comum.