CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO. Aula Ministrada pelo Prof. Custódio Nogueira (Aula 17-23/04/2018)
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- Natália Canela Caldas
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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO. Aula Ministrada pelo Prof. Custódio Nogueira (Aula 17-23/04/2018) JORNADA DO TRABALHO. A jornada normal de trabalho corresponde ao período de tempo durante o qual o empregado deve permanecer à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, pois o contrato de trabalho gera para o empregado o dever de sujeitar-se às ordens e à direção da pessoa que se aproveita dos frutos da sua atividade, relacionadas à fixação de como, onde e quando a atividade será prestada. A justificação à limitação da duração do trabalho diz respeito, sobretudo, à dignidade humana. Ao trabalhador deve ser assegurado o direito fundamental a uma vida pessoal, familiar e social alheia à profissional, em que possa se desenvolver intelectual, moral e fisicamente. As diversas esferas da vida do empregado, assim, devem ser, tanto quanto possível, dissociadas, protegendo-se a sua personalidade. O fundamento econômico para a limitação da duração do trabalho é também reconhecido. O direito do trabalho está intimamente relacionado ao desenvolvimento da infraestrutura técnica e econômica: é verdade que o direito do trabalho não avança senão nos limites das possibilidades técnicas e econômicas, mas também é verdade que o progresso tecnológico e econômico muitas vezes depende do direito do trabalho. A limitação da duração do trabalho, assim, exerceu uma ação estimulante sobre o processo técnico e sobre o próprio rendimento dos empregados; por outro lado, avanços tecnológicos, como a robótica, a telemática e a informática, são instrumentos eficazes à redução da jornada. Nesse contexto, o estudo sobre a jornada de trabalho não compreende apenas a duração da atividade, diária ou semanal, mas também o horário em que o trabalho é prestado, o tempo em geral à disposição do empregador, durante o qual, apesar de não trabalhar, o empregado permanece aguardando ordens, e os intervalos para repouso e alimentação. XIII,CF). A duração normal do trabalho é de 8 horas diárias e 44 semanais (artigo 7, A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite (artigo 58,CLT). Vale salientar que esta jornada pode ser maior (em caso de horas extras- A 1
2 duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, conforme artigo 59,CLT) ou menor ( jornadas de trabalho especiais- bancário, jornalista, telefonista,operador cinematográfico, entre outros). Podendo, inclusive, a jornada ser objeto de negociação coletiva. (Artigo 611- A,I,CLT).O legislador de 1943 estabeleceu que o tempo à disposição do empregador é o responsável por fixar a jornada de trabalho. A Lei /20117 responsável pela reforma trabalhista trouxe a supressão do direito ao recebimento de horas in itinere pelo empregado ao alterar o parágrafo 2º do artigo 58 da CLT, dispondo que: Art. 58 2o O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. (Redação dada pela Lei nº , de 13/07/2017). Assim, surge a questão se esse novo entendimento legislativo irá afetar o disposto na Súmula 429 do TST, a qual dispõe: Súmula nº 429 do TST TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. ART. 4º DA CLT. PERÍODO DE DESLOCAMENTO ENTRE A PORTARIA E O LOCAL DE TRABALHO Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e Considera-se à disposição do empregador, na forma do art. 4º da CLT, o tempo necessário ao deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho, desde que supere o limite de 10 (dez) minutos diários. A súmula foi criada no intuito de proteger aquele trabalhador que, após chegar à portaria da empresa, precisa caminhar para chegar ao seu posto de trabalho, já que em diversas empresas, devido à extensão dos pátios industriais, a caminhada do empregado pode superar o limite de dez minutos diários. Com a alteração legislativa e a utilização dos termos caminhando e até a efetiva ocupação do posto do trabalho na nova redação do parágrafo 2º do artigo 58 da CLT, é possível uma nova interpretação, onde esse tempo previsto pela súmula 429 do TST não seria considerado como tempo à disposição do empregador, não sendo, portanto, computado na jornada do empregado. Essa interpretação seria possível para aqueles que defendem que o deslocamento da portaria até o posto do trabalho era considerado como horas in itinere, ou ainda que a previsão do parágrafo 2º do artigo 58 da CLT seria uma disposição especial expressamente consignada, como dispõe o artigo 4º da CLT: 2
3 Art. 4º Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. Ao se basear no artigo 4º da CLT, pode ser ainda mantida a outra linha de interpretação que defende que o deslocamento é tempo à disposição do empregador, e que deve ser considerado como tempo de efetivo serviço, já que ao passar pela portaria da empresa o empregado estaria executando a ordem de se deslocar até um determinado local para realização de suas atividades. Resta, portanto, aguardar o posicionamento jurisprudencial após o início da vigência da reforma trabalhista para saber qual linha de interpretação será adotada pelo Tribunal Superior do Trabalho. A Jornada de Trabalho no Brasil é definida pela Constituição Federal, em seu art. 7º, XIII, e não poderia ser alterada por uma Lei Ordinária. Desta forma, a jornada regular de trabalho continua sendo de 8 horas diárias ou 44 horas semanais, com acréscimo máximo de 2 horas extras por dia. Neste ponto, uma mudança trouxe, embora já fosse praxe para a maioria das relações de emprego, diz respeito ao pagamento destas horas extras, que passam a ser pagas com acréscimo de pelo menos 50%, quando antes, segundo a lei, o acréscimo mínimo era de apenas 20% (art. 59). A Reforma trabalhista buscou disciplinar uma nova vertente para o conceito de tempo à disposição do empregador, que aparentemente- em muitos pontos- se mostra contrária à jurisprudência do TST, uma espécie de reação legislativa. Em suma: tempo à disposição é aquele que o empregado permanece nas dependências do estabelecimento por imposição do patrão ou se existir de fato o trabalho. O perigo da inserção do artigo 4º, 2, CLT e do artigo 58, 2,CLT é o empregador tentar forjar o conceito legal de tempo à disposição. Portanto, é imprescindível a utilização do princípio da primazia da realidade para cada caso concreto quando for examinar o tempo à disposição. Aliás, não só as horas in itinere, com o acréscimo do 2º ao artigo 4º da CLT a Reforma determina expressamente que o tempo que o empregado utiliza nas dependências da empresa para: higiene pessoal, alimentação, descanso, atividades de relacionamento pessoal, troca de uniforme, estudo, etc., não deverão mais ser computados na sua jornada de trabalho. Prorrogar horas de trabalho significa acrescer horas suplementares à jornada normal de trabalho. Tanto no acordo de prorrogação de horas como no acordo de compensação de horas, ocorre ao acréscimo de horas suplementares á jornada normal de trabalho. A diferença entre ambos os acordos é que o acordo de prorrogação de horas de trabalho é específico para realização de horas extras, ou seja, o empregado trabalha até 2 horas além da jornada normal, recebendo as horas suplementares acrescidas do adicional 3
4 extraordinário de, no mínimo, 50%. O mencionado acordo exige formalização escrita entre empregado e empregador ou acordo ou convenção coletiva de trabalho. Já no acordo de compensação de horas, embora o empregado também trabalhe até 2 horas além da jornada normal, as horas suplementares serão compensadas, em geral, posteriormente, uma vez que este acordo, normalmente objetiva a redução ou supressão do trabalho em sábados, segundas-feiras que antecedem feriados às terças-feiras, sextas-feiras que sucedem feriados às quintas-feiras, dias de carnaval e quarta-feira de cinzas (meio expediente) etc. Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. (Redação dada pela Lei nº , de 2017) (Vigência) 1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar, obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será, pelo menos, 20% (vinte por cento) superior à da hora normal. (Vide CF, art. 7º inciso XVI ) 1o A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. (Redação dada pela Lei nº , de 2017) (Vigência) 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou contrato coletivo, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda o horário normal da semana nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de cento e vinte dias, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o Iimite máximo de dez horas diárias. (Redação dada pela Lei nº 9.601, de ) 2o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. (Redação dada pela Medida Provisória nº , de 2001) 3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo anterior, fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. (Incluído pela Lei nº 9.601, de ) 3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma dos 2o e 5o deste artigo, o trabalhador terá direito ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o 4
5 valor da remuneração na data da rescisão. (Redação dada pela Lei nº , de 2017) (Vigência) extras. 4o Os empregados sob o regime de tempo parcial não poderão prestar horas (Incluído pela Medida Provisória nº , de 2001) (Revogado pela Lei nº , de 2017) 5º O banco de horas de que trata o 2o deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. (Incluído pela Lei nº , de 2017) (Vigência) 6o É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. (Incluído pela Lei nº , de 2017) (Vigência) Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. (Incluído pela Lei nº , de 2017) (Vigência) Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o 5º do art. 73 desta Consolidação. (Incluído pela Lei nº , de 2017) (Vigência) Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 e em leis específicas, é facultado às partes, por meio de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017) 1º A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o 5º do art. 73. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017) 2º É facultado às entidades atuantes no setor de saúde estabelecer, por meio de acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou 5
6 indenizados os intervalos para repouso e alimentação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017) Art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para compensação de jornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. (Incluído pela Lei nº , de 2017) (Vigência) Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas. (Incluído pela Lei nº , de 2017) (Vigência). BANCO DE HORAS - Com a reforma trabalhista, criou-se a possibilidade do banco de horas semestral e se manteve também o banco de horas anual. O banco de horas semestral pode ser estabelecido por acordo individual escrito. Antes da Reforma, só podia ser por negociação coletiva (Acordo entre Sindicato dos empregados e Empresa- Acordo coletivo ou Acordo entre sindicato dos empregadores e sindicatos das empresas- Convenção coletiva). CLT. art. 59º, 5º. O banco de horas de que trata parágrafo 2º deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. Quanto ao banco de horas anual, manteve-se como era antes da Reforma, só poderá ser feito mediante negociação coletiva. Porém, é nessa modalidade de banco de horas que entra o slogan da reforma trabalhista: O negociado poderá prevalecer sobre o legislado. CLT, art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (...) II- banco de horas anual; B, CLT. A Reforma trabalhista solidificou o entendimento da Súmula 85, III, TST, no art. 59- SÚMULA 85, III, TST. O mero não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o adicional. CLT, art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do 6
7 pagamento das horas excedentes à jornada normal diárias se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. Ex.: O empregado que trabalha com banco de horas que foi feito por acordo tácito, que não é permitido, somente por acordo escrito, trabalhou durante 44 horas na semana, sendo que laborou alguns dias mais que oito horas e nos outros dias trabalhou de modo que completou as 44 horas da semana. Por mais que tivesse dias que ele trabalhou mais que 8 horas em vários dias, ele não ultrapassou a duração máxima semanal de 44 horas. Portanto, ele não vai receber as horas que ele trabalhou a mais como extra, somente fará jus ao adicional de 50% sobre cada uma delas. A Reforma trabalhista também inovou com o art. 59-B, parágrafo único, CLT, afirmando que a prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas. Indo com isso de encontro ao que era entendido na Súmula 85, IV, TST. SÚMULA 85, IV, TST. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional de trabalho extraordinário. OBS: Acordo coletivo de trabalho. O acordo coletivo de trabalho, ou ACT, é um ato jurídico celebrado entre uma entidade sindical laboral e uma ou mais empresas correspondentes, no qual se estabelecem regras na relação trabalhista existente entre ambas as partes. Negociação coletiva é a que compreende todas que envolvem um empregador ou um grupo de empregadores ou organização de empregadores e uma ou várias organizações de trabalhadores visando fixar condições de trabalho e disciplinar as relações entre empregadores e trabalhadores. Dúvidas estou à disposição. Bons Estudos!!! Prof.ª Filomena Oliveira. 7
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