GRUPO I CLASSE II 2ª Câmara TC-031.085/2013-0



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DECRETO Nº , DE 1º DE OUTUBRO DE 2015.

Transcrição:

GRUPO I CLASSE II 2ª Câmara TC-031.085/2013-0 Natureza: Tomada de Contas Especial. Entidade: Município de Flores/PE. Responsável: Arnaldo Pedro da Silva, CPF n. 093.945.404-15. SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR. NÃO COMPROVAÇÃO DA BOA E REGULAR APLICAÇÃO DOS RECURSOS FEDERAIS RECEBIDOS. CITAÇÃO. REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. 1. Julgam-se irregulares as contas e em débito o responsável, com aplicação de multa, em função da não comprovação da boa e regular aplicação de recursos federais recebidos no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar. 2. O ônus de comprovar a regularidade da integral aplicação dos recursos públicos ao objeto do convênio compete ao gestor, por meio de documentação idônea, que demonstre, de forma efetiva, os gastos efetuados e o nexo de causalidade entre as despesas realizadas e a verba federal recebida. 3. Nos termos do art. 12, 3º, da Lei n. 8.443/1992, o responsável que não atende à citação deste Tribunal deve ser considerado revel, dando-se prosseguimento ao processo. RELATÓRIO Trata-se da Tomada de Contas Especial instaurada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério de Educação FNDE/MEC, em desfavor do Sr. Arnaldo Pedro da Silva, em decorrência da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos transferidos ao Município de Flores/PE, nos exercícios de 2001 e 2002, por meio de transferência automática à conta do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE. 2. O objetivo do PNAE é a aquisição exclusiva de gêneros alimentícios, em caráter complementar, para atendimento dos alunos matriculados em creches, pré-escolas e em escolas do ensino fundamental das redes federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, inclusive as indígenas e as localizadas em áreas remanescentes de quilombos, e, excepcionalmente, aquelas qualificadas como entidades filantrópicas ou por elas mantidas. 3. O total de recursos federais repassados ao Município de Flores/PE no exercício de 2001 está disposto no quadro abaixo (peça n. 1, p. 228): Data Valor 21/2/2001 12.165,80 3/4/2001 12.165,80 24/4/2001 12.165,80 22/5/2001 12.165,80 21/6/2001 12.165,80 17/7/2001 8.516,06 24/7/2001 12.165,80 4/9/2001 12.165,80 1

4. O Sr. Arnaldo Pedro da Silva apresentou a prestação de contas dos recursos federais recebidos. O FNDE, em análise, apontou a existência de irregularidades a serem sanadas pelo exalcaide. 5. Com efeito, o FNDE apontou, em relação aos recursos de 2001, que a prestação de contas encaminhada ao FNDE não estava de acordo com a legislação pertinente por não constar da documentação apresentada àquela Autarquia o Parecer do Conselho de Alimentação Escolar CAE devidamente assinado pelo seu Presidente, conforme determina o art. 12, 2º, da Resolução/CD/FNDE n. 15/2000, bem como porque havia divergência entre o valor correspondente ao saldo do exercício anterior, indicado na prestação de contas analisada, e aquele constante do saldo apontado na prestação de contas do ano anterior. 6. O FNDE asseverou ainda que R$ 30.742,23 repassados à municipalidade em 2002 remanesceram sem a devida comprovação da correta e regular aplicação, sendo que tal valor não fora acrescido ao montante de recursos transferidos no exercício de 2003. 7. Por meio do Relatório do Tomador de Contas Especial n. 36/2010 (peça 1, p. 226/238), o FNDE concluiu pela responsabilidade do Sr. Arnaldo Pedro da Silva, pela importância de R$ 124.418,89. 8. A Secretaria Federal de Controle Interno certificou a irregularidade das contas (peça n. 1, p. 260) e a autoridade ministerial competente manifestou haver tomado conhecimento das conclusões contidas no Certificado (peça n. 1, p. 262). 9. No âmbito deste Tribunal, a Secex/PE instruiu os autos (peça n. 3) e efetuou, por delegação de competência, a citação do Sr. Arnaldo Pedro da Silva pelos débitos abaixo discriminados em função da ausência do Parecer do Conselho de Administração Escolar CAE a respeito da prestação de contas dos recursos destinados ao PNAE 2001, devidamente assinado pelo presidente do referido Conselho, em descumprimento ao disposto no 2º do art. 12 da Resolução/CD/FNDE n. 15/2000, bem como da não comprovação de despesas efetuadas com o saldo dos recursos transferidos à conta do PNAE 2002 que não fora transferido para o exercício de 2003, em desacordo com o previsto no art. 16 da Resolução/CD/FNDE n. 35/2003 (peças ns. 6 e 7): DATA VALOR (R$) 21/2/2001 R$ 12.165,80 3/4/2001 R$ 12.165,80 24/4/2001 R$ 12.165,80 22/5/2001 R$ 12.165,80 21/6/2001 R$ 12.165,80 17/7/2001 R$ 8.516,06 24/7/2001 R$ 12.165,80 4/9/2001 R$ 12.165,80 25/9/2002 R$ 7.927,43 24/10/2002 R$ 11.407,40 23/11/2002 R$ 11.407,40 10. Transcorrido in albis o prazo para a apresentação das alegações de defesa, a Secex/PE propõe, em síntese, que: a) o responsável seja considerado revel, nos termos do art. 12, 3º da Lei n. 8.443/1992; b) suas contas julgadas irregulares; c) o débito apurado nos autos seja imputado ao responsável sem prejuízo de que seja-lhe cominada a multa prevista no art. 57 da indigitada Lei; e d) seja remetida cópia do Acórdão a ser proferido nos autos, acompanhado do Relatório e da Proposta de Deliberação que o fundamentam ao Ministério Público da União (peças ns. 8, pp. 3/4 e peças n. 9 e 10). 11. O Ministério Público especializado, em parecer da lavra do Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, anui ao encaminhamento alvitrado pela unidade técnica (peça n. 11). É o Relatório. 2

PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO Em exame a Tomada de Contas Especial instaurada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério de Educação FNDE/MEC, em desfavor do Sr. Arnaldo Pedro da Silva, em decorrência da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos transferidos ao Município de Flores/PE, nos exercícios de 2001 e 2002, por meio de transferência automática à conta do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE. 2. O objetivo do PNAE é a aquisição exclusiva de gêneros alimentícios, em caráter complementar, para atendimento dos alunos matriculados em creches, pré-escolas e em escolas do ensino fundamental das redes federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, inclusive as indígenas e as localizadas em áreas remanescentes de quilombos, e, excepcionalmente, aquelas qualificadas como entidades filantrópicas ou por elas mantidas. 3. Conforme se colhe do Relatório do Tomador de Contas (peça n. 1, p. 230), o FNDE apontou, em relação aos recursos de 2001, que a prestação de contas encaminhada ao FNDE não estava de acordo com a legislação pertinente por não constar da documentação apresentada àquela Autarquia o Parecer do Conselho de Alimentação Escolar CAE devidamente assinado pelo seu Presidente, conforme determina o art. 12, 2º, da Resolução/CD/FNDE n. 15/2000, bem como que havia divergência entre o valor correspondente ao saldo do exercício anterior, indicado na prestação de contas analisada, e aquele constante do saldo apontado na prestação de contas do ano anterior. 4. O FNDE também apontou que o saldo remanescente da conta do PNAE, relativo aos recursos de 2002, no valor de R$ 30.742,23, não fora transferido para o exercício de 2003, não havendo comprovação da aplicação daquela parcela no objetivo do multicitado Programa Nacional de Alimentação Escolar. 5. Em relação aos recursos de 2001, o responsável não atendeu ao chamamento do FNDE para regularizar a situação indicada por aquela Autarquia. Quanto às verbas recebidas em 2002, em que pese ter solicitado prazo para apresentação da documentação demandada, o responsável não encaminhou à entidade repassadora as justificativas, acompanhadas de elementos idôneos, que afastassem as irregularidades aventadas (peça n. 1, p. 230 e 232). 6. No âmbito desta Corte, o ex-prefeito foi citado para apresentar alegações de defesa, mas optou por permanecer silente, caracterizando-se, assim, a sua revelia, o que implica o prosseguimento do presente processo, nos termos do art. 12, 3º, da Lei n. 8.443/1992. 7. Conforme insculpido na Cartilha para Conselheiros do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE elaborada por este Tribunal (disponível em http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/tcu/comunidades/biblioteca_tcu/biblioteca_digital/cartilh a%20para%20conselheiros%20do%20programa%20nacional%20de%20alime.pdf), cabe aos Conselheiros do CAE analisar a prestação de contas dos recursos do PNAE e elaborar parecer acerca de sua aprovação ou reprovação. 8. É dizer, o CAE constitui-se em importante instância de controle sobre a correção da aplicação dos recursos do PNAE. Nesse sentido, diante da ausência do parecer daquele órgão, não há como se comprovar a lisura na gestão dos recursos recebidos à conta do Programa Nacional de Alimentação Escolar no exercício de 2001. 9. Quanto ao valor remanescente na conta do PNAE em 31/12/2002 que não fora transferido para o exercício de 2003, também inexiste nos autos documentação que comprove a correta aplicação dos R$ 30.742,23 no objetivo daquele programa. 10. Como é cediço, a obrigação de comprovar a boa e regular aplicação dos recursos federais recebidos cabe ao gestor, nos termos da vasta jurisprudência desta Corte. Se o Sr. Arnaldo Pedro da Silva não logrou êxito em apresentar, nem ao concedente nem a este Tribunal documentação idônea que demonstrasse, de forma cabal, a correta destinação da verba repassada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, cabe o julgamento pela irregularidade de suas contas. 3

11. Ressalto que a não comprovação da boa e regular aplicação de recursos recebidos, por parte de administrador público, representa, no meu entender, falta grave, ensejadora de aplicação de multa por este Tribunal ao responsável. 12. Dessarte, entendo que as contas do Sr. Arnaldo Pedro da Silva devem ser julgadas irregulares, imputando-se-lhe o débito apurado nos autos. 13. Cumpre, ainda, nos termos do 7 do art. 209 do Regimento Interno/TCU, encaminhar cópia do Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que o fundamentam, à Procuradoria da República no Estado de Pernambuco, para a adoção das medidas de sua alçada. Ante o exposto, manifesto-me por que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado. T.C.U., Sala das Sessões, em 22 de julho de 2014. MARCOS BEMQUERER COSTA Relator ACÓRDÃO Nº 3688/2014 TCU 2ª Câmara 1. Processo n. TC-031.085/2013-0. 2. Grupo I Classe de Assunto: II Tomada de Contas Especial. 3. Responsável: Arnaldo Pedro da Silva, CPF n. 093.945.404-15. 4. Entidade: Município de Flores/PE. 5. Relator: Ministro Substituto Marcos Bemquerer Costa. 6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco Secex/PE. 8. Advogado constituído nos autos: não há. 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Tomada de Contas Especial instaurada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério de Educação FNDE/MEC, em desfavor do Sr. Arnaldo Pedro da Silva, em decorrência da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos transferidos ao Município de Flores/PE, nos exercícios de 2001 e 2002, por meio de transferência automática à conta do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE. ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em: 9.1. nos termos dos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea c, e 19, caput, da Lei n. 8.443/1992, julgar irregulares as contas do Sr. Arnaldo Pedro da Silva, condenando-o pagamento das quantias originais, abaixo discriminadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (artigo 214, inciso III, alínea a do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas indicadas, até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor: DATA VALOR (R$) 21/2/2001 R$ 12.165,80 3/4/2001 R$ 12.165,80 24/4/2001 R$ 12.165,80 22/5/2001 R$ 12.165,80 4

21/6/2001 R$ 12.165,80 17/7/2001 R$ 8.516,06 24/7/2001 R$ 12.165,80 4/9/2001 R$ 12.165,80 25/9/2002 R$ 7.927,43 24/10/2002 R$ 11.407,40 23/11/2002 R$ 11.407,40 9.2. aplicar ao Sr. Arnaldo Pedro da Silva a multa prevista nos arts. 19, caput, e 57 da Lei n. 8.443/1992, no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove, perante este Tribunal, com fundamento no art. 214, inciso III, alínea a, do RI/TCU, o recolhimento da referida importância aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor; 9.3. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação; 9.4. enviar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que o fundamentam, à Procuradoria da República no Estado de Pernambuco, nos termos do 7 do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para a adoção das medidas que entender cabíveis. 10. Ata n 25/2014 2ª Câmara. 11. Data da Sessão: 22/7/2014 Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-3688-25/14-2. 13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (na Presidência), José Jorge e Ana Arraes. 13.2. Ministra que alegou impedimento na Sessão: Ana Arraes. 13.3. Ministro-Substituto convocado: André Luís de Carvalho. 13.4. Ministro-Substituto presente: Marcos Bemquerer Costa (Relator). RAIMUNDO CARREIRO na Presidência MARCOS BEMQUERER COSTA Relator Fui presente: CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA Subprocuradora-Geral 5