Recomendação PRDC/PR/PA nº 10/2009
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- Francisca Pais Bicalho
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1 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARÁ Recomendação PRDC/PR/PA nº 10/2009 O Ministério Público Federal, por meio da Procuradora da República subscrita, no regular exercício de suas atribuições legais e institucionais, Considerando que cabe ao Ministério Público, por determinação constitucional, zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição da República, promovendo as medidas necessárias à sua garantia, nos termos do art. 129, II, da Constituição Federal de 1988; Considerando ser atribuição do Ministério Público Federal promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, bem como expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências cabíveis (art. 129, inciso III, da Constituição Federal e art. 6º, incisos VII, alínea b, primeira parte e XX, da Lei Complementar nº 75/93); Considerando que o Ministério Público deve velar pela proteção Rua Domingos Marreiros, 690 Umarizal Belém/PA - CEP Fone: (91)
2 aos direitos sociais, dentre os quais está o direito à educação, previsto nos arts. 6º, caput, e 205 da Constituição Federal; Considerando que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, sendo referido dever do Estado, efetivado, também, mediante a garantia de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade e com o atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (arts. 205 e 208, IV e VII da Constituição Federal); Considerando que à conta do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE, gerido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE, opera-se a transferência corrente de recursos federais aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às escolas federais, em caráter suplementar, visando garantir a alimentação escolar dos alunos da rede pública da educação básica (creches, pré-escolas e escolas do ensino fundamental e médio), incluídas as indígenas e quilombolas e, a critério do FNDE, das escolas filantrópicas e comunitárias conveniadas (Medida Provisória nº 455, de 28 de janeiro de 2009, art. 5, caput, 4, 5, inc. I e II e 6 ); Considerando que o PNAE tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram, parcialmente, suas necessidades nutricionais durante o período letivo, devendo atender, no mínimo, 15% das necessidades nutricionais diárias; Considerando que a Medida Provisória nº 455/09 estabelece, em seu art. 18, a obrigatoriedade de os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituírem, no âmbito de suas respectivas jurisdições administrativas, Conselhos de Alimentação Escolar - CAE, órgãos colegiados de caráter fiscalizador, 2
3 permanente, deliberativo e de assessoramento, compostos da seguinte forma: I - um representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado; II - dois representantes das entidades de docentes, discentes e de trabalhadores na área de educação, indicados pelo respectivo órgão de classe, a serem escolhidos por meio de assembléia específica; III - dois representantes de pais de alunos, indicados pelos Conselhos Escolares, Associações de Pais e Mestres ou entidades similares, escolhidos por meio de assembléia específica; e IV - dois representantes indicados por entidades civis organizadas, escolhidos em assembléia específica; Considerando que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão, a seu critério, ampliar a composição dos membros do CAE, desde que obedecida a proporcionalidade supramencionada; Considerando que os membros do CAE terão mandato de quatro anos, podendo ser reconduzidos de acordo com a indicação dos seus respectivos segmentos e, também, que a presidência e a vice-presidência desse conselho não poderão ser exercidas por representantes do Poder Executivo (art.18, 3 e 4, da Medida Provisória 455/09); Considerando que a entidade executora (Estados, Municípios e DF), no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis, a contar da data do ato de nomeação do CAE, deverá encaminhar ao FNDE a documentação que comprova a composição e a indicação dos respectivos segmentos, bem como a ata de eleição do Presidente e do Vice-Presidente do Conselho (art. 16, 9, da Resolução FNDE/CD n 32, de 10 de agosto de 2006); Considerando as atribuições cometidas ao CAE, conforme o art. 19 da Medida Provisória 455/09, de: I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes da alimentação escolar; II - acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recursos destinados à alimentação escolar; III - zelar pela qualidade dos alimentos, em especial quanto às condições higiênicas, bem como a aceitabilidade dos cardápios oferecidos; e IV - receber o relatório anual de gestão do PNAE e emitir parecer conclusivo a respeito, aprovando ou reprovando 3
4 a execução do Programa; Considerando o quanto disposto no art. 25, da Resolução FNDE/CE 32/06, segundo o qual o FNDE está autorizado a suspender os repasses dos recursos do PNAE quando os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios: I - não constituírem o respectivo CAE ou deixarem de efetuar os ajustes necessários, visando o seu pleno funcionamento; II - não apresentarem a prestação de contas dos recursos anteriormente recebidos para execução do PNAE, na forma e nos prazos estabelecidos pelo Conselho Deliberativo do FNDE; e III - cometerem irregularidades na execução do PNAE, na forma estabelecida pelo Conselho Deliberativo do FNDE; Considerando que, segundo o art. 20, 1º e 3, da Resolução FNDE/CD n 32, de 10 de agosto de 2006, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios elaborarão e remeterão ao respectivo CAE a prestação de contas dos recursos financeiros recebidos à conta do PNAE, até o dia 15 de janeiro do exercício subseqüente àquele do repasse efetuado pelo FNDE, acompanhada da documentação julgada necessária para a comprovação da execução do Programa, e que o CAE, após análise da prestação de contas e registro em ata, emitirá parecer conclusivo acerca da execução do PNAE e o encaminhará ao FNDE, até o dia 28 de fevereiro do mesmo ano, juntamente com o Demonstrativo Sintético Anual da Execução Físico-Financeira, acompanhado do(s) extrato(s) bancário(s) da(s) conta(s) única(s) e específica(s); Considerando que nos autos do Procedimento Administrativo n / , instaurado para acompanhar o funcionamento do PNAE no Município de Quatipuru, consta documentação comprobatória de que o mandato do CAE desse município encontra-se vencido, desde o dia 06 de fevereiro de 2009, aferindo-se, disso, que não houve a devida entrega e análise da prestação de contas dos recursos do PNAE, referentes a 2008, fatos esses que ocasionarão a suspensão dos repasses do programa em 2009; Considerando que os alunos da atenção básica da rede municipal de ensino de Quatipuru poderão ser prejudicados pela ausência dos recursos 4
5 provenientes do PNAE, face a eventuais dificuldades financeiras alegadas pelo município para a manutenção do fornecimento regular da alimentação escolar, embora este tenha o dever de arcar com os custos integrais da merenda, garantindo a sua qualidade nutricional; Considerando que o restabelecimento do repasse dos recursos do PNAE às entidades executoras ocorrerá quando sanadas as irregularidades motivadoras da suspensão, podendo ocorrer, inclusive, o repasse dos valores relativos aos meses da inadimplência, desde que o CAE já estivesse devidamente constituído, nesse período (art. 26, incisos I e II, e 3, da Resolução FNDE/CD n 32/2006); Considerando que, tratando-se de transferências automáticas, sem necessidade de convênio ou contrato, inexiste dúvida quanto à competência federal no tocante à aplicação dos recursos do PNAE e, consequentemente, cristalina é a legitimidade do Ministério Público Federal para fiscalizar o programa, velando pelo seu eficaz funcionamento, RESOLVE RECOMENDAR ao Município de Quatipuru, por meio de seu(sua) Prefeito Municipal, que adote as seguintes providências: 1. promova nova constituição do Conselho Municipal de Alimentação Escolar, no prazo máximo de 30 (trintra) dias, devendo encaminhar ao FNDE os documentos necessários à comprovação da regular composição e vigência do novo Conselho; 2. apresente ao novo Conselho de Alimentação Escolar, tão logo seja nomeado o seu presidente, a prestação de contas referente ao PNAE 2008, para que esse órgão, após analisá-la, encaminhe-a, com o respectivo parecer conclusivo, ao FNDE; 3. arque com os custos integrais da merenda escolar, velando pela sua qualidade, enquanto, eventualmente, estiver suspenso o repasse dos 5
6 recursos federais do PNAE, sob pena de sofrer as responsabilizações cíveis, criminais e administrativas cabíveis. Estabeleço o prazo de 03 (três) dias, a contar do recebimento desta Recomendação, para que o Prefeito Municipal de Quatipuru manifeste-se acerca do acatamento, ou não, de seus termos. Deverá a autoridade destinatária, ainda, encaminhar a esta Procuradoria da República o comprovante do cumprimento desta Recomendação. A omissão na remessa de resposta no prazo estabelecido será considerada como recusa ao cumprimento da recomendação, ensejando a adoção das medidas legais pertinentes. Belém, 06 de março de Ana Karízia Távora Teixeira PROCURADORA DA REPÚBLICA PROCURADORA REGIONAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO 6
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