Indisciplina e Estratégias de Gestão de Conflitos 2ªSessão Isabel Castro Lopes

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Transcrição:

Indisciplina e Estratégias de Gestão de Conflitos 2ªSessão Isabel Castro Lopes Isabel Lopes 1

É uma metodologia de intervenção em sistemas humanos e fundamentada na ideia de que estes são heliotrópicos, ou seja, por muito degradada que seja a qualidade de qualquer grupo humano, alguma característica ou propriedade assegura a sua viabilidade, a sua existência. Esta propriedade essencial de constituição dos grupos humanos torna-se, no entanto, inexistente se o observador daqueles grupos não estiver conceptualmente preparado para a encontrar. Isabel Lopes 2

Consiste numa busca coletiva da raiz das causas do sucesso no grupo de pessoas considerado, o que é completamente diferente de buscar a raiz das causas no fracasso. Buscar as raízes do sucesso ou da vitalidade através de uma questão apreciativa típica como Em que momento se sentiu mais vivo nesta escola? Isabel Lopes 3

Se fizer perguntas sobre coisas boas, encontrará respostas que referem coisas boas As questões que coloca determinam as respostas que vai obter Em todas as sociedades, organizações ou grupos humanos que existem, alguma coisa funciona A linguagem que usamos cria a nossa própria realidade Isabel Lopes 4

Inquérito Apreciativo: Paradigma (Cooperider, 1987) RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Necessidade sentida Identificação dos problemas Analisar causas Analisar possíveis soluções INQUÉRITO APRECIATIVO Valorizar o que há de melhor Ser apreciativo Visualizar O que pode ser Dialogar O que deve ser Planeamento da Acção (Tratamento) Pressuposto básico: A organização/família têm problemas que precisam ser resolvidos Isabel Lopes Inovar O que será (desejo) Pressuposto básico: A organização/família é um mistério que precisa ser abraçado 5

Inquérito Apreciativo: princípios subjacentes 1. O princípio do construccionismo. Nós criamos o futuro...a linguagem é uma ferramenta... 2. O princípio da simultaneidade. Quando fazemos uma questão estamos simultaneamente a criar mudança. 3. O princípio da poesia. As organizações assemelham-se mais a "obras de arte" do que a "máquinas". 4. O princípio da antecipação. As organizações existem no imaginário colectivo dos seus membros. O ser humano desenvolve-se em direcção aos seus sonhos, desejos e antecipações..., 5. O princípio do "ser positivo". Quanto mais positiva for a questão, mais positiva será a resposta ou a história que as pessoas contam... Isabel Lopes 6

Enquanto comunidade relacional activa, com climas e dinâmicas específicos que evidencie o que em cada um há de especial e próprio, o que há a amplificar e a transformar. Abordar a eficácia educacional em contexto escolar e não o insucesso. Intenção é promover o crescimento intelectual, afetivo, social de todos os que vivem na escola. Isabel Lopes 7

Escola: Sistema: conjunto de unidades com interrelações mútuas Como Unidade (Todo) inclui a diversidade (partes) Complexidade entretecido tecido de inúmeros fios que se transformam num único tecido Nesta dinâmica surge a história da escola, singular que a diferencia das outras escolas

Salientar a positividade Promover a qualidade da comunicação a linguagem enquanto visão da realidade e mundo de significações tem efeitos imediatos Alargar o campo de observação Ser empático colocar-se empaticamente no ponto de vista do outro Não repetir as más soluções Estabelecer e solidificar relações de aliança Escuta Ativa compreender o ponto de vista do outro não é concordar com o outro

Escuta ativa Mensagens com EU Resumir os sentimentos e opiniões do outro Demonstrar compreensão Tom emocional neutro Partilha da experiência pessoal Foco em assuntos concretos Capacidade de reconhecer e entender o mundo privado do outro

O indivíduo, sem perder a identidade, não é exatamente o mesmo num contexto diferente. Em cada sistema ganhamos e perdemos qualidades: Capacidade de organização Adaptação Criatividade

As resposta às questões que se seguem, de novo, relacionam-se muito com o sentir do professor face à sua profissão. Estão associadas a tensão ou o bem-estar. Veja como, depois de tudo o que aqui ficou dito, lhes responderia: 1. A função do Professor mudou. Tal como a tradição, já não é o que era. Mas o que realmente se converteu e se transformou? 2. O que espera hoje um Professor ao começar cada ano e cada dia de trabalho (não só o que o espera, mas o que ele imagina que espera). 3. O que há de mais fantástico nesta transformação? O que de melhor se pede hoje ao Professor? 4. Em conclusão, o que é hoje ser Professor? Isabel Lopes 12

Partilhar um espírito alegre e entusiasmado Saber que aprender é um processo afetivo Gostar daquilo que se faz Inspirar e motivar alunos e colegas Ligar o que se ensina à vida real e aos interesses doa alunos Conhecer cada aluno de forma individualizada Ter alunos que o admirem, que não o desrespeitam Ser um modelo positivo e credível Isabel Lopes 13

Ter alunos que já adultos, lhe vêm agradecer aquilo que lhes ensinou Ter alunos que escolhem ser professores no futuro por causa da forma fantástica como desempenha essa função Isabel Lopes 14

Lawrence Peter Isabel Lopes 15

Fenómeno complexo onde intervêm várias variáveis de diversa natureza. Por isso, parece impossível oferecer soluções de sucesso garantido. Isabel Lopes 16

Algo de particularmente perturbador para a generalidade dos professores. Perturba os professores, afeta-os emocionalmente. É vivida como obstrução à relação. Desconsideração pessoal. Ataque pessoal. Professores sentem-se desconsiderados, desprezados, questionados enquanto pessoas. Isabel Lopes 17

Relação entre a indisciplina escolar e as características da sociedade. Relação entre as expectativas, as representações, as motivações de quem frequenta a escola, dos seus familiares, do meio onde estão inseridos e os modos de a frequentar. Isabel Lopes 18

O que há de novo atualmente é a intensidade e a amplitude que esse fenómeno atingiu na escola nos nossos dias. Extensão da escolaridade obrigatória. Medidas que retêm os alunos, permanência na escola de um elevado número de alunos. Mutações sociais e culturais imigração, heterogeneidade da população discente. Dificuldades de comunicação alunos/professores, alunos/alunos, carência de atenção e de afeto. Ausência de significado da escola. Isabel Lopes 19

É reconhecida pelos próprios Alunos que percebem o efeito devastador de muitas destas situações e do seu efeito negativo no auto-conceito e na auto-estima do professor. Isabel Lopes 20

Um grande número de questões de indisciplina depende do clima relacional gerado na turma e este é em grande parte construído pelo professor. Isabel Lopes 21

Auto-conhecimento do professor Conhecimento do aluno e do grupo turma Gestão da sala de aula Isabel Lopes 22

Processo de categorização: Falar a despropósito Evitar o trabalho Levantar-se do lugar sem pedir licença Dizer asneiras Conversar com os colegas Fazer barulho Não ser pontual Ser altivo ou responder inadequadamente Quebrar as regas estabelecidas Isabel Lopes 23

Indisciplina Escolar deve ser analisada e compreendida no contexto da relação pedagógica em que a situação emerge. É no contexto da relação pedagógica que o professor categoriza alguém, ou algum ato como indisciplinado. Mas é todo o contexto pedagógico que aparece implicado na situação. Isabel Lopes 24

Convergência de Projectos Reflexão conjunta Trabalho em equipa. Enorme responsabilidade do Professor na investigação de cada situação particular. Partilha de experiências Esta pode ser incompatível com o trabalho solitário do Professor. Isabel Lopes 25

Qual a postura do Professor Marin? Qual a posição do Conselho de Turma? Qual a postura dos alunos? Falhas? Onde? Propostas de Resolução de Conflitos.