1- Dimorfismo térmico dos fungos: Algumas espécies de fungos na natureza (~25 o C; vida saprofítica) são encontradas sob a forma de bolor, enquanto no hospedeiro animal (37 o C; vida parasitária) sob a forma de levedura 25 o C 37 o C
Fatores de Virulência relacionados: -Termotolerância -Dimorfismo - -1-3 glucanas - parede celular - melanina -Adesinas -Ureases -Proteases
ESPOROTRICOSE Micose sub-cutânea Agente: Sporothrix schenckii (complexo) Inclui: S. brasilensis, S. schenkii (sensu stricto), S. globosa, S. lurei. Fungo Dimórfico: 25 o C Bolor (fase M) 37 o C Levedura (fase Y)
Characterization of virulence profile, protein secretion and immunogenicity of different Sporothrix schenckii sensu strictoisolates compared with S. globosa and S. brasiliensis species https://doi.org/10.4161/viru.23112 Geisa Ferreira Fernandes, Priscila Oliveira dos Santos, Anderson Messias Rodrigues, Alexandre Augusto Sasaki, Eva Burger & Zoilo Pires de Camargo Expressão de melanina, urease, e proteases em S. brasiliensis é maior que a presente em S. schenckii http://dx.doi.org/10.1155/2015/212308
Habitat-Epidemiologia Fungo saprófitico: Vegetação em decomposição Espinhos de roseiras Madeiras Feno Transmissão: Contato por injúria com material contaminado. Contato com lesões supuradas (comum com gatos)
Ela é conhecida como a doença dos jardineiros, pelo fato de os primeiros casos diagnosticados nos Estados Unidos no fim do século 19 terem sido entre plantadores de rosas. O fungo ocorre naturalmente no solo e sobre a superfície de plantas como a roseira. No caso norte-americano, os pacientes se infectaram ao se arranhar em seus espinhos.
Epidemia no Rio de Janeiro: De 2013 a 2017 5000 casos em humanos 4703 casos em felinos Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz
Fig 1. Feline sporotrichosis cases around the world, 1952 2016. Gremião IDF, Miranda LHM, Reis EG, Rodrigues AM, Pereira SA (2017) Zoonotic Epidemic of Sporotrichosis: Cat to Human Transmission. PLOS Pathogens 13(1): e1006077. https://doi.org/10.1371/journal.ppat.1006077 http://journals.plos.org/plospathogens/article?id=10.1371/journal.ppat.1006077
Esporotricose - Patogenia Lesão inicial forma um nódulo cutâneo ulcerativo Infecção prossegue pelos vasos linfáticos Cicatrização vagarosa. Lesões são piogranulomatosas Cães e gatos é comum a disseminação para articulações, ossos e SNC
Quanto maior o número de células presentes na infecção inicial pior o prognóstico, confirmando a correlação entre o tamanho do inóculo e a patogênese de esporotricose.
Equinos: Forma linfocutânea é a mais comum Lesões iniciam-se na parte inferior dos membros Nódulos ulcerados com exsudato amarelo ao longo do curso dos vasos linfáticos Edema
Esporotricose Canina Freqüentemente manifesta-se como lesões cutâneas múltiplas, ulceradas e crostosas, alopecia sobre a cabeça e tronco. Doença disseminada é rara
Forma cutâneo-linfática
Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. v.44 n.6 São Paulo 2007
Esporotricose Felina Manifestação nas extremidades dos membros, cabeça e cauda. Nódulos secundários podem desenvolver ao longo dos vasos linfáticos Nódulos ulceram e liberam exsudatos purulento, extensivas áreas de músculos e ossos podem ficar expostas A grande quantidade de leveduras nos materiais biológicos podem infectar quem esta manipulando o animal
Nódulos eritematosos e ulcerados
Felinos e Equinos com esporotricose ulcerativa da pele
Diagnóstico Laboratorial Exame direto: Freqüentemente não conclusivo. Exceto a partir de amostras oriundas de gatos Quando positivas: presença de leveduras Cultura: Cresce prontamente em meio sabouraud/bhi 25 o C = colônias filamentosas (inicialmente brancas e depois tornam-se pretas ou marrons) 37 o C = colônias do cor creme (3 semanas) Histopatológico: Coloração pela prata
Braz. J. Microbiol. v.37 n.3 São Paulo jul./set. 2006 Estudo na cidade de Rio Grande/RS : de 24 gatos saudáveis, 7 tinham Sporothrix schenkii
Sporothrix schenckii : Cultivo a 25 o C Colônias que tendem para violeta escuro
Sporothrix schenckii MICROSCOPIA DE CULTIVO A 25 o C Fase filamentosa Observação de microconídios dispostos na forma de margarida
Sporothrix Schenckii cultivado a 37 o C Leveduras alongadas em forma de charuto
CORPO ASTERÓIDE Elemento fúngico circundado por material eosinofílico (imunoglobulinas)
Tratamento Iodo Itraconazol Anfotericina B Enquanto não estiver livre do fungo, o gato pode continuar transmitindo o fungo. Após o primeiro ou o segundo mês de tratamento, geralmente as lesões desaparecem, mas o fungo, não. A interrupção do tratamento antes de seis meses pode levar ao ressurgimento das lesões
Histoplasmose Micose sistêmica Agentes: Histoplasma capsulatum var capsulatum Histoplasma capsulatum var farciminosum Histoplasma capsulatum var duboissi Fungo Dimórfico: 25 o C Bolor (fase M) 37 o C Levedura (fase Y)
Histoplasma capsulatum Epidemiologia O fungo é encontrado em solo enriquecido com fezes de aves, ou morcegos. Concentrado nas vertentes dos rios Mississippi e Ohio, e toda américa latina. Os aerossóis nas áreas contaminadas contêm grande número de conídios infectantes.
Considerada Cosmopolita Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.42 no.2 Uberaba Mar./Apr. 2009
Contato com fungo - testes hipersensibilidade com histoplasmina - Alguns dados da Literatura: Humanos - trabalhadores rurais - 10% - trabalhadores de granja - 40% Animais -Zoológico de São Paulo - 45% (Mycopathologia. 1994 Jan;125(1):19-22. )
Nature Reviews Microbiology 5, 167 (March 2007) 1,3 glucanas bloqueiam resposta inata a -1,3 glucanas
Patogenia Cães - Gatos (2a micose sistêmica mais comum em gatos) Pneumonia, letargia, anorexia Lesões mucosas. Lesões intestinais Pele Fígado, Baço Forma disseminada esta associada a imunossupressão, e é fatal
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. v.57 supl.2 Belo Horizonte set. 2005
Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.42 no.2 Uberaba Mar./Apr. 2009
Diagnóstico Laboratorial Exame direto Esfregaços com células brancas, sedimento ou aspirados Leveduras intracelulares Histopatológico Cultivo - Bolor com Estalagmósporos PCR
Cultura Ágar sangue e ágar Sabouraud (inibidores) Temperatura ambiente por até 3 meses Colônia aspecto enrugado e coloração avermelhada, presença de micélio aéreo cotonoso de coloração castanha a branca Microcultivo Microconídios e macroconídios Dimorfismo deve ser evidenciado Sorologia/testes cutâneos
Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.42 no.2 Uberaba Mar./Apr. 2009
Histoplasmose causando Pneumonia em cães Photos courtesy of TFH Publications
Histopatológico - Histoplasma capsulatum leveduras parasitas intracelulares
Histopatológico com presença de leveduras intracelulares Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.42 no.2 Uberaba Mar./Apr. 2009
Histoplasma capsulatum Cultivo em ágar Sabouraud Colônias de crescimento lento (até 3 meses de cultivo) e tonalidade marrom
Microcultivo Histoplasma capsulatum a 25 o C Característica mais marconte: Macroconídios ornamentados = estalagmósporos
Tratamento Itraconazol, fluconazol Fluorcitosina Anfotericina B
Paracoccidiodomicose Micose sistêmica
Paracoccidioides brasiliensis Fungo Dimórfico: 25 o C Bolor (fase M) 37 o C Levedura (fase Y) Arq Neuropsiquiatr 2006;64(2-A)
Histórico: --> 1908 - Identificado por Adolfo Lutz: micose pseudococcidioica
-> 1912 Alfonse Splendore: Zymonema brasiliense -> 1930 Floriano de Almeida: Paracoccidioides brasiliensis -> 1931 Pablo Negroni : dimorfismo térmico -> 1941 Almeida & Lacaz: isolamento paracoccidioidina -> 1958 Lacaz & Sampaio: uso de Anfotericina B -> 1967 Pablo Negroni: isolamento do fungo no solo
Epidemiologia Autóctone e restrita ao continente americano, sendo endêmica em quase toda América Latina Regiões com temperatura média entre 17-24 o C, pluviosidade entre 500-2500mm/ano Reservatório natural: solos férteis com cobertura vegetal rasteira. Por seu modo de vida, frequentemente encontrado em tatus.
Distribuição geográfica da doença: Rev Soc Bra Med Trop 39(3):297-310
Não é considerado um reservatório natural, mas potencialmente mantém cepas do fungo virulentas.
Epidemiologia Inalação de artroconídio é provavelmente o método de infecção Infecção primária é assintomática. O fungo pode permanecer dormente por anos em linfonodos e aparecer somente anos depois por alguma deficiência do sistema imune. (maior tempo de latência documentado é de 60 anos!) Infecta mais homens (90% casos), trabalhadores rurais abaixo dos 12 anos incidência semelhante entre os sexos.
Ciclo de vida Paracoccidioides brasiliensis Mycopathologia 165(4-5):197-207.
Taxonomia Paracoccidioides brasiliensis -> Classificação filogenética o coloca dentro dos Ascomicetos BMC Evol Biol. 2009 Aug 10;9:195.
Morfologia Paracoccidioides brasiliensis A 20 o C o micélio cresce lentamente, forma colônia de cor branca a creme, com micélio aéreo curto, com artrósporos
Cultura 25 o C Agar Sabouraud
Morfologia Paracoccidioides brasiliensis A 37 o C a cultura de levedura possui aspecto cerebriforme de cor creme. As leveduras apresentam tamanho de 6 a 30 m, são multinucleadas com gemulações múltiplas.
P. Brasiliensis leveduriforme retirados de cultura a 37 o C LIB Instituto Carlos Chagas
Virulência Paracoccidioides brasiliensis Transição bolor -> levedura é essencial para o estabelecimento da infecção 17- -estradiol e dietilestilbestrol inibem a transição explicando o menor acometimento de mulheres. Variação do componente antigênico (GP-43, GP-55, GP-70) Apresenta atividade proteolítica e também facilita adesão a lamina extra celular
Virulência Paracoccidioides brasiliensis -> Constituição da parede celular: micélio contém somente -1,3 glucanas levedura contém predominantemente -1,3 glucana Aumenta a virulência do fungo, pois ocorre escape às defesas do hospedeiro (resposta inata e menor produção de TNF- )
Virulência Paracoccidioides brasiliensis -> capacidade de se alojar intracelularmente em células epiteliais e endoteliais constituindo reservatórios infecciosos para o fungo Mycopathologia. 165:237-48
Patogênese Paracoccidiodomicose Prática Hospitalar X (58):23-25
Contágio por inalação conídios No pulmão pode ocorrer disseminação hematogênica Infecção até então assintomática pode evoluir para doença progressiva pulmonar ou multissistêmica. Ou involuir para focos quiescentes com fungos viáveis no parênquima pulmonar A reativação desses focos pode se dar tanto por estímulos exógenos (nova reinfecção) quanto endógenos (ruptura do equilíbrio agente-hospedeiro)
Manifestações clínicas da Paracoccidiomicose 1. Paracoccidiodomicose infecção 2. Paracoccidiodomicose doença 2.1 Forma aguda-subaguda (tipo juvenil) 2.1.1 Moderada 2.1.2 Grave 2.2 Forma crônica (tipo adulto) 2.2.1 Unifocal: leve, moderada, grave 2.2.2 Multifulcal: leve, moderada, grave 3. Paracoccidiodomicose associada a imunossupressão (associada a cancer, AIDS, transplantes... Paracoccidiodina negativos!) 4. Paracoccidiodomicose sequelar (processo infeccioso associado a agravantes, como tabagismo Classificação segundo comitê de especialistas de 1987
Rev Soc Bra Med Trop 39(3):297-310
Rev Soc Bra Med Trop 39(3):297-310
Acometimento do SNC na forma crônica Arq Neuropsiquiatr 2006;64(2-A)
Paracoccidiodomicose sequelar Rev Soc Bra Med Trop 39(3):297-310
Diagnóstico Laboratorial Exame direto escarro: células hialinas com multibrotamentos Cultura Cultivo a 20oC e 37oC, observação colônias e aspectos microscópicos Histopatológico Lesão da mucosa ou cutânea coloração com prata. Sorologia mais utilizada para acompanhamento e após tratamento: imunodifusão e contraimunoeletroforese
Exame direto Rev Soc Bra Med Trop 39(3):297-310
Cultura 37 o C 20 o C Rev Soc Bra Med Trop 39(3):297-310
Histopatológico Arq Neuropsiquiatr 2006;64(2-A)
Preparação histopatológica de P. brasilensis.
Tratamento Paracoccidiomicose Tratamento longo relapso é frequente. Responde a: Sulfonamidas (inibição síntes DNA fungo), indicado para as formas leves e moderadas, por até 18 meses. Anfotericina B - casos graves Azóis: Cetoconazol, Itraconazol, Fluconazol indicados para s formas leves e moderadas também por até 18 meses.