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Transcrição:

Tribunal de Contas da União Representante do Ministério Público: MARINUS EDUARDO DE VRIES MARSICO; Dados Materiais: c/ 01 volume Assunto: Recurso de Reconsideração Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial de responsabilidade do Sr. José Antônio Pedro (falecido), em que ora se analisa recurso de reconsideração. Considerando que a 1ª Câmara julgou irregulares as presentes contas e determinou à Prefeitura Municipal de Santos Dumont/MG que efetuasse o recolhimento de débito aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE-, em decorrência da doação à Fundação Educacional São José, pessoa jurídica de direito privado, de um prédio construído com os recursos recebidos por meio de convênios, sendo que este caso abrange os valores do Convênio nº 850/94 (Acórdão nº 583/2000-1ª Câmara, Ata n 43/2000); Considerando que o responsável interpôs recurso contra o mencionado acórdão; e Considerando que as justificativas apresentadas pelo recorrente não foram capazes de descaracterizar a responsabilidade da Prefeitura Municipal de Santos Dumont no desvio de finalidade na aplicação dos recursos do Convênio nº 850/94. ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara, em: 8.1. conhecer do presente recurso de reconsideração para, no mérito, negar-lhe provimento, com base nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei nº 8.443/92; 8.2. manter os termos do Acórdão nº 583/2000-1ª Câmara; e Colegiado: Primeira Câmara Classe:

Classe I Sumário: Recurso de Reconsideração. Justificativas apresentadas não descaracterizam a responsabilidade da prefeitura no desvio de finalidade na aplicação dos recursos de convênio. Conhecimento. Não-provimento. Manutenção do acórdão recorrido. Natureza: Recurso de Reconsideração Data da Sessão: 04/09/2001 Relatório do Ministro Relator: Este processo tem por objeto o recurso de reconsideração interposto pelo Município de Santos Dumont/MG contra o Acórdão nº 583/2000, em que a 1ª Câmara julgou irregulares estas contas e, afastada a hipótese de responsabilidade pessoal do falecido prefeito, determinou à Prefeitura Municipal de Santos Dumont/MG que efetuasse o recolhimento de débito aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE-, em decorrência da doação à Fundação Educacional São José, pessoa jurídica de direito privado, de um prédio construído com os recursos recebidos por meio de convênios, sendo que este caso abrange os valores do Convênio nº 850/94 (Sessão de 21/11/2000, Ata nº 43/2000). Parecer da Unidade Técnica Após ressaltar que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade previstos na Lei nº 8.443/92, a analista Liomara Martins Lopes Oliveira, com a anuência do Diretor da 2ª Divisão Técnica e do titular da SERUR, assim se pronunciou (fls. 18/26):... 5. No recurso interposto, os representantes do Município de Santos Dumont/MG requerem, em preliminar, o efeito suspensivo, previsto no art. 33 da Lei nº 8.443/92, e, no mérito, o reconhecimento do presente recurso e sua procedência, para absolver o mencionado município das sanções que lhe foram impostas, condenando, em conseqüência, os sucessores do ex-prefeito municipal, Sr. José Antônio Pedro, a recolher ao FNDE as importâncias reclamadas pelo TCU, até o limite do valor do patrimônio transferido (fls. 13 e 14, Vol. 1).

6. Quanto ao efeito suspensivo requerido em preliminar pelo recorrente, cabe transcrever o conceito mencionado por Nelson Nery Júnior (Princípios Fundamentais - Teoria Geral dos Recursos - p. 383, 5ª ed.), in verbis: O efeito suspensivo é uma qualidade do recurso que adia a produção dos efeitos da decisão impugnada assim que interposto o recurso, qualidade essa que perdura até que transite em julgado a decisão sobre o recurso. 6.1 À semelhança dos recursos judiciais que têm efeito suspensivo, também no TCU terá efeito suspensivo o recurso de reconsideração, conforme dispõe o art. 33 da Lei nº 8.443/92, da interposição até o exame do recurso pelo Tribunal. Assim, o efeito suspensivo seria atribuído ao presente recurso de reconsideração mesmo que o recorrente não tivesse solicitado, posto que a concessão é legal. 7. No mérito, o recorrente apresenta a tese de que o fato gerador da irregularidade - doação de prédio construído com recursos federais à Fundação Educacional São José - foi gerado por ato discricionário do ex-prefeito, Sr. José Antônio Pedro (fls. 3 e 4, Vol. 1). Visando dar sustentação a essa tese, desenvolve uma argumentação consolidada da seguinte forma: a) inexistência de interesse público devidamente justificado para que ocorresse a doação do prédio à Fundação Educacional São José (fl. 4, Vol. 1), caracterizando descumprimento do art. 17 da Lei nº 8.666/93. Essa doação causou prejuízo à comunidade sandumonense, mormente aos mais carentes que precisavam do ensino fundamental gratuito. Hoje o imóvel aloja uma faculdade particular, cujo preço da mensalidade é de R$ 270,00. Ressalte-se que foi com o objetivo de otimizar o ensino fundamental que o ex-prefeito Sr. José Antônio Pedro dirigiu-se ao MEC para obtenção dos recursos, solicitando verbas para edificação de uma escola de ensino público para atacar os problemas do ensino fundamental (fls. 4 e 5, Vol. 1); b) violação à Lei nº 8.666/93, haja vista o objetivo do ex-prefeito, Sr. José Antônio Pedro, na criação de uma fundação pública (administração indireta municipal), para, depois, transformá-la em uma entidade de direito privado, na tentativa de contornar os impeditivos legais, a fim de legitimar a transferência de um bem público para a iniciativa privada (fl. 4, Vol. 1); c) ilegalidade do ato de doação, provocando lesões ao patrimônio público. Argumenta ainda que a Lei nº 8.429/92, regulamentando o art. 37, 4º, da CF/88, descreve as infrações contra a probidade administrativa e explicita as respectivas sanções a serem aplicadas quando houver prática daqueles ilícitos por qualquer agente público ou terceiro que deles se beneficie. Nesse contexto, ressalta os arts. 5º, 7º, 8º e 10, da Lei nº 8.429/92, visando imputar ao ex-prefeito, Sr. José Antônio Pedro, a irregularidade da doação do prédio (fls. 5/9, Vol. 1);

d) entendimento de que compete ao ex-prefeito, Sr. José Antônio Pedro, providenciar o ressarcimento ao erário público, haja vista que a irregularidade se deu por ato pessoal, discricionário e ilegal do mencionado gestor municipal (fl. 10, Vol. 1); e) não-aceitação da quitação dada ao Sr. José Antônio Pedro ante a inexistência de débito e a inaplicabilidade de multa diante de seu falecimento (fl. 12, Vol. 1). O recorrente comenta ainda que o falecimento do ex-gestor não o exime das responsabilidades de seu cargo, destacando a possibilidade de responsabilização do ex-gestor político pelo descumprimento legal e pelas sanções decorrentes, notadamente as pecuniárias, que devem ser suportadas pelos sucessores, até o limite do valor da herança, nos termos do art. 8º da Lei nº 8.429/92. Informa também que o ex-prefeito possuía patrimônio considerável e que, os herdeiros, poderiam reparar o dano ao erário, nos limites da herança recebida (fls. 12 e 13, Vol. 1); f) ressalta que a isenção de culpa do ex-prefeito, além de premiar e incentivar os maus administradores, acarretaria um problema social a Santos Dumont, já que o município enfrenta uma complicada situação financeira, trabalhando hoje, contra todos os tipos de adversidades para honrar seus compromissos com credores, pagar o salário de seus funcionários, executar e desenvolver obras e projetos essenciais apara a cidade sic (fl. 12, Vol. 1). 8. Com referência ao mérito, convém ressaltar, de início, que a decisão do TCU, prolatada por meio do Acórdão nº 583/2000-1ª Câmara, foi motivada pelo desvio de finalidade de parte dos recursos do Convênio nº 850/94, que foi aplicada após a doação, pela referida Prefeitura, no Colégio Municipal São José, destinado à constituição do patrimônio da Fundação Educacional São José, levando o TCU a determinar à Prefeitura Municipal de Santos Dumont/MG que recolhesse aos cofres do FNDE as importâncias devidas (fls. 524 e 525, Vol. Princ.). 8.1 Em 30.6.1995, por meio da escritura pública de doação e constituição, lavrada e registrada no Cartório do 2º Ofício de Notas de Santos Dumont/MG, foi criada a Fundação Educacional São José, pessoa jurídica de direito privado (fls. 135/137, Vol. 1 - do TC nº 000.504/2000-7). Consta também do Cartório de Registro de Imóveis - Comarca de Santos Dumont/MG, sob o nº 12.763, o registro geral do imóvel referente ao prédio do Colégio São José doado à mencionada Fundação (fl. 138, Vol. 1 - TC nº 000.504/2000-7). Posteriormente, a Lei Municipal nº 2.810, de 27.11.95, dá nova redação ao artigo 1º da Lei Municipal nº 2.733, de 13.2.95, autorizando o Poder Executivo Municipal a instituir, como pessoa jurídica de direito privado, a Fundação Educacional São José (fls. 20/23, Vol. 2 - TC nº 000.504/2000-7).

8.2 Note-se que os atos para a constituição da Fundação Educacional São José foram providenciados em datas posteriores a da assinatura do Convênio nº 850/94, ocorrida em 20.6.1994 (fls. 21 e 22, Vol. Principal). Quer-se chamar atenção para esses dados, a fim de esclarecer que era possível ao interessado, por meio de seus representantes na Câmara de Vereadores de Santos Dumont/MG, acompanhar, tanto no legislativo como no executivo municipal, a tramitação da matéria acerca da criação da Fundação Educacional São José, bem como da doação do Colégio São José, não deixando para indagar somente por ocasião desta TCE, em fase recursal, a falta de interesse público na mencionada doação. Ao contrário do que alega o recorrente, a feitura das leis pela Câmara Municipal e sua respectiva aprovação pelo Prefeito parece-nos evidenciar interesse público na criação da Fundação Educacional São José, pois, não havendo manifesto interesse público, tais leis não seriam, em tese, aprovadas. 8.3 Entretanto, os argumentos sobre a inexistência de interesse público na doação do imóvel (alínea a, item 7, retro) não atacam a questão precípua do decisum do Tribunal, que é a imputação do débito à Prefeitura Municipal de Santos Dumont/MG, em decorrência do desvio de finalidade de parte dos recursos do Convênio nº 850/94, repassada ao Colégio São José após a doação feita à Fundação Educacional São José. O desvio de finalidade caracteriza-se no momento em que os recursos deixam de ser aplicados no ensino fundamental - que era o motivo pelo qual se firmou o Convênio (fl. 522, item 3, Vol. Principal), para serem empregados na referida Fundação, cuja finalidade principal era a implantação de uma Faculdade de Turismo (3º Grau) em Santos Dumont/MG (Lei Municipal nº 2.733/95, art. 2º, fl. 123, e Estatuto da Fundação Educacional São José, art. 4º, fl. 127, ambos do Vol. 1, do TC nº 000.504/2000-7). 8.4 Quanto à alegada tentativa de contornar os impeditivos legais para legitimar a transferência de um bem público para a iniciativa privada (item 7, alínea b, retro), o recorrente deixa de juntar aos autos quais as providências adotadas pela Prefeitura Municipal de Santos Dumont para reverter a doação tida como ilegal, buscando eliminar ou reduzir as alegadas lesões ao patrimônio público municipal. Em se tratando de imóvel municipal, como era o caso do Colégio São José, cabia à Prefeitura zelar pela sua correta utilização. Ao controle externo importa, neste momento, fiscalizar os recursos públicos federais e sua correta aplicação nos termos do acordo convenial. No presente caso, não se pode perder de vista que os recursos transferidos ao Município de Santos Dumont e que foram aplicados no mencionado Colégio, após sua doação, tiveram destinação diversa da pactuada, posto que não foram empregados no ensino fundamental, mas, sim, na Fundação Educacional São José, cuja finalidade preferencial era a implantação de uma Faculdade de Turismo (fl. 524, 3º e 5º considerandos, Vol. Principal).

8.5 Com referência ao argumento constante da alínea c do item 7, retro, o recorrente, ao invocar a Lei nº 8.429/92, o faz para demonstrar que, em conseqüência da ilegalidade da doação, houve lesão ao patrimônio público municipal, portanto, caberia ao responsável, Sr. José Antônio Pedro, ressarcir ao FNDE em vez da Prefeitura Municipal de Santos Dumont/MG (fls. 5/9, Vol. 1). 8.6 Sobre a argüida ilegalidade da doação, ante a falta de interesse público, cabe reportar ao art. 14 da Lei nº 8.429/92 para destacar que, havendo lesão ao patrimônio público, qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade, e mais, no art. 16, da citada lei, no caso de haver fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à Procuradoria do órgão para requerer ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. Observa-se que o recorrente apenas menciona que houve a ilegalidade e emprega os artigos da Lei nº 8.429/92 para responsabilizar o ex-prefeito pelas alegadas lesões ao patrimônio municipal. No entanto, não juntou aos autos peças que comprovem a observância da mencionada lei quanto à representação feita contra a doação e o posterior encaminhamento ao Ministério Público, nos termos dos arts. 14 e 16 da citada lei. A falta de adoção das providências indicadas nos mencionados artigos parece-nos revelar o desinteresse efetivo na recuperação do prédio do Colégio São José para integrá-lo novamente ao patrimônio municipal. Além do mais, em se tratando de doação de imóvel municipal (fl. 135, Vol. 1, do TC nº 000.504/2000-7), deverá a questão ser tratada pelo próprio Município, administrativamente ou junto ao Poder Judiciário. 8.7 No que se refere ao argumento constante da alínea d, item 7, retro, importa ressaltar que a responsabilidade do Sr. José Antônio Pedro limita-se à gestão dos recursos liberados por meio do Convênio nº 850/94, os quais deveriam ser aplicados no objeto da avença. Dessa forma, os recursos que foram aplicados pela Prefeitura Municipal de Santos Dumont/MG no Colégio São José, após sua doação à Fundação Educacional São José, caracterizam desvio de finalidade, haja vista que tais recursos destinavam-se ao ensino fundamental e não à implantação de uma Faculdade de Turismo. Ademais, não se constatou a existência de locupletamento do ex-prefeito, e sim que os recursos foram aplicados em proveito do Município (implantação de uma Faculdade de Turismo). Note-se que a implantação dessa Faculdade favorece apenas uma parcela da população, perecendo, assim, as crianças carentes que seriam beneficiadas com o ensino fundamental gratuito. Houve desvio de finalidade, mas, não o enriquecimento ilícito do ex-prefeito. Houvesse existido locupletamento decorrente dos recursos do Convênio nº 850/94, aí, sim, caberia ao ex-prefeito reparar o dano causado aos cofres do FNDE.

8.8 Especificamente aos argumentos constantes da alínea e, item 7, retro, é bem verdade que o falecimento do ex-prefeito, Sr. José Antônio Pedro, não o exime da responsabilidade pela gestão dos recursos relativos ao Convênio nº 850/94. Tanto é responsável, que o TCU julgou suas contas irregulares, concedendo-lhe, porém, quitação, em face da inexistência de débito a ele imputável (fl. 524, subitem 8.1, Vol. Principal). A irregularidade das contas é devida porque parte dos recursos do citado convênio sofreu desvio de finalidade, isto é, foi aplicada pela Prefeitura Municipal no Colégio São José, após sua doação à Fundação Educacional São José, cujo objetivo era a implantação da Faculdade de Turismo, diferentemente do objetivo acordado no convênio. 8.9 Cometeu irregularidade o ex-prefeito ao permitir essa aplicação de recursos após a doação do Colégio. No entanto, resta claro que a doação do prédio do aludido Colégio para a Fundação Educacional São José, não pode ser atribuída à pessoa física do ex-prefeito, mas, sim, ao Município Santos Dumont/MG, tendo em vista a edição de leis municipais para tanto (Leis nºs 2.733/95 e 2.810/95), envolvendo, conseqüentemente, o executivo e o legislativo municipal. Por isso a determinação a essa municipalidade para recolher ao FNDE o débito que lhe fora imputado (fl. 525, subitem 8.2, Vol. Principal). Pela irregularidade praticada caberia ao ex-prefeito a multa prevista no parágrafo único do art. 19 da Lei nº 8.443/92, não fosse a morte causa extintiva dessa modalidade de penalidade. Não é demais relembrar que, nos termos do art. 5º, inc. XLV, da CF/88, nenhuma pena passará da pessoa do condenado, portanto, não se poderia cogitar da aplicação da multa aos herdeiros do de cujus, sob pena de descumprimento de dispositivo constitucional, uma vez que esse tipo de penalidade é personalíssimo. 8.10 Ademais, se fosse comprovado o enriquecimento ilícito do ex-prefeito com recursos do Convênio nº 850/94, o processo prosseguiria sem obstáculos, uma vez que os sucessores seriam chamados a integrar a relação processual, tendo em vista que a eles se estende a responsabilidade patrimonial de reparar o dano até o limite do valor da herança recebida (art. 8º da Lei nº 8.429/92), porque o débito, contrariamente à multa, recairia sobre os herdeiros. Mas, a situação fática constatada nestes autos é diferente da hipótese anteriormente aventada, ou seja, a inexistência de locupletamento do ex-prefeito Sr. José Antônio Pedro, a aplicação de parte dos recursos no Colégio São José, após sua doação à Fundação, e a extinção de punibilidade, ante o falecimento do ex-prefeito em 6.8.1999, ratificam a acertada decisão do Tribunal, prolatada por meio do Acórdão nº 583/2000-1ª Câmara. Nesse contexto, os argumentos apresentados pelo recorrente nas alíneas d e e, item 7, retro, não se sustentam. 8.11 Sobre o argumento constante da alínea f, item 7, retro, importa ressaltar que as dificuldades financeiras enfrentadas pela Prefeitura Municipal de Santos Dumont/MG não

podem constituir razão para esquivar-se do pagamento do débito que lhe fora atribuído por meio do Acórdão ora recorrido. Ademais, como forma de amenizar o impacto desse débito nas finanças municipais, o recorrente, se considerar apropriado ao caso, poderá solicitar ao Tribunal o parcelamento da importância devida, com base no art. 26 da Lei nº 8.443/92. CONCLUSÃO 9. Assim, observa-se no presente recurso de reconsideração que o recorrente não apresentou elementos capazes para descaracterizar a responsabilidade da Prefeitura Municipal de Santos Dumont quanto ao débito que lhe fora imputado por meio do Acórdão nº 583/2000-1ª Câmara. Nesse sentido, consideramos oportuno propor ao Tribunal que conheça do recurso de reconsideração, por preencher os pressupostos recursais, para, no mérito, negar-lhe, provimento. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 10. Ante o exposto, propomos: 10.1 conhecer do recurso de reconsideração, interposto pelo Município Santos Dumont/MG, representado pelos Srs. Pacífico Estites Rodrigues, Prefeito Municipal, e Sandro Vilela Damasceno, Procurador Jurídico Municipal (fls. 1/14, Vol. 1), na conformidade dos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei nº 8.443/92, para, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo, em seus exatos termos, o Acórdão nº 583/2000 - TCU - 1ª Câmara. 10.2 dar conhecimento ao recorrente do inteiro teor da decisão que vier a ser adotada pelo TCU. Parecer do Ministério Público O representante do Ministério Público manifestou-se de acordo com a proposta da SERUR (f. 27). Voto do Ministro Relator: Inicialmente, destaco que cabe receber o presente recurso de reconsideração com base nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei nº 8.443/92. Quanto ao mérito, o recorrente não apresentou elementos capazes para descaracterizar a responsabilidade da Prefeitura Municipal de Santos Dumont no desvio de finalidade na aplicação dos recursos do Convênio nº 850/94.

Assim sendo, acolho os pareceres da SERUR e do Ministério Público e Voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à 1ª Câmara. T.C.U., Sala das Sessões, em 04 de setembro de 2001. MARCOS VINICIOS VILAÇA Interessados: Recorrente: Município de Santos Dumont/MG Grupo: Grupo I Indexação: Tomada de Contas Especial; Convênio; FNDE; Prefeitura Municipal; Santos Dumont MG; Doação; Bens Imóveis; Recolhimento; Débito; Direito Privado; Instituição; Fundação; Data da Aprovação: 11/09/2001 Unidade Técnica: SERUR - Secretaria de Recursos; Quorum: Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça (Relator) e Guilherme Palmeira. Ementa: Tomada de Contas Especial. Convênio. FNDE. Prefeitura Municipal de Santos Dumont MG. Recurso de reconsideração contra acórdão que determinou o recolhimento de débito aos cofres do FNDE, em razão da doação de imóvel a entidade privada, construído com recursos de convênio. Insuficiência das razões apresentadas. Negado provimento. Data DOU: 13/09/2001 Número da Ata: 31/2001

Entidade: Órgão: Prefeitura Municipal de Santos Dumont/MG Processo: 000.507/2000-9 Ministro Relator: MARCOS VINICIOS VILAÇA;