Representante do Ministério Público: UBALDO ALVES CALDAS;

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1 Tribunal de Contas da União Representante do Ministério Público: UBALDO ALVES CALDAS; Dados Materiais: c/ 01 volume Assunto: Recurso de Reconsideração Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Recurso de Reconsideração interposto pelo Sr. Saluniel Pinheiros de Campos, ex-delegado da Delegacia Regional do Trabalho no Estado de Mato Grosso - DRT/MT, contra o Acórdão n 210/ TCU - 2ª Câmara, exarado em Sessão de 18/04/2000, por meio do qual este Tribunal, examinando o processo de Tomada de Contas Anual da referida Delegacia, exercício de 1998, julgou irregulares as contas de responsabilidade do ex-gestor e aplicou-lhe a multa prevista no art. 58, I, da Lei nº 8.443/92, no valor de R$ 1.500,00, em virtude da realização de despesa vedada expressamente pelo art. 18, II da Lei de Diretrizes Orçamentárias nº 9.473/97, utilizando-se, para tanto, de dotação orçamentária imprópria (gastos com obras de reforma e ampliação do edifício sede da DRT/MT com a utilização de recursos do orçamento de despesas de custeio - elemento de despesa Despesas Correntes - Outros Serviços de Terceiro Pessoa Jurídica - ao invés de despesa de capital). Considerando que para a consecução da ampliação do edifício sede da Delegacia Regional do Trabalho no Estado de Mato Grosso, o Sr. Saluniel Pinheiros de Campos solicitou formalmente ao Ministério do Trabalho os recursos necessários, tendo sido deferido o pleito pelas instâncias superiores, inclusive com o aval da Consultoria Jurídica daquele Ministério; Considerando, dessa forma, que foram obedecidas, pelo gestor, todas as formalidades legais no seu âmbito de competência, exigidas para a obtenção dos recursos e execução das obras; Considerando que, uma vez liberados os recursos pleiteados, foram eles aplicados no objeto acordado sem a ocorrência de prejuízo ao Eário; Considerando que o presente Recurso de Reconsideração atende aos pressupostos de admissibilidade previstos nos arts. 32 e 33 da Lei n 8.443/92; Considerando os pareceres uniformes da Unidade Técnica e do Ministério Público;

2 ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª Câmara, ante as razões expostas pelo Relator em: 8.1conhecer, com fulcro nos arts. 32 e 33, da Lei nº 8.443/92, do Recurso de Reconsideração interposto pelo Sr. Saluniel Pinheiros de Campos para, no mérito, dar-lhe provimento, tornando-se insubsistentes os subitens 8.1 e 8.2 do Acórdão nº 210/ TCU - 2ª Câmara; 8.2julgar regulares com ressalva a Tomada de Contas Anual, exercício de 1998, da Delegacia Regional do Trabalho no Estado de Mato Grosso - DRT/MT, com fulcro nos art. 1º, inciso I, 16, inciso II, e 23, da Lei nº 8.443/92, dando-se quitação ao Sr. Saluniel Pinheiros de Campos; 8.3alterar a redação do subitem 8.4 do Acórdão 210/ TCU- 2ª Câmara para os seguintes termos: determinar à Delegacia Regional do Trabalho no Estado de Mato Grosso - DRT-MT e ao Ministério do Trabalho que: a) abstenham-se de realizar despesas sem a existência de dotação orçamentária própria (art. 167, inciso I, da Constituição Federal e art. 23, do Decreto nº /86); b) observem, rigorosamente, os ditames das Leis de Diretrizes Orçamentárias ; e Colegiado: Segunda Câmara Classe: Classe I Sumário: Recurso de Reconsideração interposto em processo de Tomada de Contas Anual. Contas julgadas irregulares e aplicação de multa ao gestor. Alegações do recorrente lograram modificar o juízo emitido mediante o Acórdão atacado. Conhecimento. Provimento. Ciência ao interessado. Natureza: Recurso de Reconsideração

3 Data da Sessão: 27/09/2001 Relatório do Ministro Relator: Tratam os autos do Recurso de Reconsideração interposto pelo Sr. Saluniel Pinheiros de Campos, ex-delegado da Delegacia Regional do Trabalho no Estado de Mato Grosso - DRT/MT, contra o Acórdão n 210/ TCU - 2ª Câmara, exarado em Sessão de 18/04/2000, por meio do qual este Tribunal, examinando o processo de Tomada de Contas Anual da referida Delegacia, exercício de 1998, julgou irregulares as contas de responsabilidade do ex-gestor e aplicou-lhe a multa prevista no art. 58, I, da Lei nº 8.443/92, no valor de R$ 1.500,00, em virtude da realização de despesa vedada expressamente pelo art. 18, II da Lei de Diretrizes Orçamentárias nº 9.473/97, utilizando-se, para tanto, de dotação orçamentária imprópria (gastos com obras de reforma e ampliação do edifício sede da DRT/MT com a utilização de recursos do orçamento de despesas de custeio - elemento de despesa Despesas Correntes - Outros Serviços de Terceiro Pessoa Jurídica - ao invés de despesa de capital). Preenchidos os requisitos de admissibilidade, a Secex/MT propôs que o presente recurso fosse conhecido por esta Corte de Contas (fl Vol. 1). Na análise de mérito, expõe a Serur (fls. 17/9 - Vol. 1): (...) 8.As alegações do recorrente giram em torno de dois pontos. Primeiro, da necessidade de se realizar a obra por razões de insuficiência de espaço para abrigar o quantitativo de pessoal e de precariedade das condições do local de trabalho (fls. 2/3). Segundo, da legalidade da tramitação do processo de reforma e ampliação no âmbito do Ministério do Trabalho e da própria DRT/MT (fls. 3/5). 9.Da análise da documentação que compõe o recurso, verifica-se que: a) está robustamente comprovada a necessidade de reforma e ampliação do prédio (fl. 101 do principal); b) em março/98, o recorrente formulou pedido de autorização de ampliação do prédio da DRT/MT e de abertura de crédito no valor de R$ ao Secretário Executivo do MTb. O ofício foi despachado pelo Subsecretário de Assuntos Administrativos (fls. 98/100 do principal); c) em abri/98, a DRT/MT teve os recursos disponibilizados exatamente no montante solicitado, consignados no elemento de despesa Despesas Correntes, Plano Interno , com título Reparos e Recuperação de Instalações Físicas e objetivo Promover a manutenção periódica dos bens imóveis, pequenos reparos e adaptações das unidades

4 regionais (fl. 104 do principal); d) depois de creditados os recursos, o ex-delegado enviou à Consultoria Jurídica - Conjur do MTb as minutas de licitação e respectivo contrato para a execução da obra. Neste, dispõe a cláusula primeira, que se refere ao objeto: o objeto do presente Contrato é a execução dos serviços de reforma e ampliação do Edifício Sede da DRT/MT... (fl. 126 do principal). Já a cláusula nona deixa claro a fonte de recursos que custeará a obra (fl. 129 do principal). Do exame desses documentos e mesmo de posse dessas informações, o órgão jurídico emitiu parecer favorável, afirmando que não se verifica qualquer óbice jurídico ou formal ao seu prosseguimento (fl. 109 do principal). A Conjur veio suscitar a questão de infringência à LDO quando lhe foi submetido à análise o termo aditivo. Todavia, ao apreciar as justificativas e as manifestações favoráveis da Coordenação Geral de Serviços Gerais às fls. 157/158 e da Coordenação de Orçamento das Unidades Regionais do MTb à fl. 161, considerou não haver qualquer impedimento jurídico para a sua efetivação... (fls. 155/156 do principal). 10.Do que se colhe dos autos, diante da precária instalação da DRT/MT, o recorrente solicitou permissão e recursos ao MTb para a realização da obra de reforma e ampliação. O Ministério autorizou a execução da obra e, utilizando-se de dotação orçamentária para despesas correntes, abriu o crédito solicitado pela Delegacia. Ressalte-se que, no requerimento endereçado ao Secretário Executivo do MTb (fls. 98/100 do principal), constam especificações a respeito da espécie de obra que atenderia as necessidades de espaço e de condições de trabalho: reforma e ampliação. Aproveitando o mesmo expediente, foi encaminhado o projeto de ampliação das instalações físicas da DRT/MT. Ora, ampliação de imóvel público significa aumento patrimonial do órgão. Caracteriza, portanto, investimento e, dessa forma, os gastos com a obra, uma despesa de capital. Apesar de evidente a natureza da despesa, o Ministério concedeu dotação, enquadrando-a como despesa corrente (fl. 161 do principal). A Conjur, ao analisar o processo, emitiu parecer favorável. O gestor, então, para a aplicação dos recursos na obra, obedeceu a todas as formalidades legais que lhe cabiam. 11.Percebe-se que todo o processo viola dispositivos legais (LDO/97) e constitucionais (art. 167, VI). Todavia, a necessidade reiteradamente comprovada da realização da obra (fls. 94/96, 98/100, 101 e 157/158 do principal) levou setores como a Subsecretaria de Planejamento e Orçamento do MTb e a Consultoria Jurídica do mesmo Ministério a emitir pareceres favoráveis à despesa (fls. 161/162 e 155/156 do principal, respectivamente). Foi o próprio MTb quem abriu o crédito para a execução da ampliação do imóvel, utilizando-se de dotação para despesa de custeio. 12.O requerimento formulado pelo gestor passou por processo em que diversos órgãos do MTb puderam manifestar-se. De forma unânime, emitiram opinião favorável à realização da obra e tomaram providências para viabilizá-la. O gestor teve liberados os recursos

5 pleiteados para aquele determinado fim e, dessa forma, os aplicou no objeto acordado. A considerar as declarações e ações dos demais órgãos envolvidos, em especial daquele que gerencia o orçamento e avalia a sua disponibilidade para o caso concreto, não se pode tratar o ato do gestor de executar a obra como um ato discricionário ao arrepio da lei, conforme tratado no voto condutor do Acórdão condenatório. 13.Não foi suscitada qualquer espécie de impropriedade nos demais procedimentos referentes à obra. Ao contrário, foi constatado que não houve prejuízo ao erário. Também não foram verificadas falhas em outro ponto relacionado às contas. Por conta disso, consideramos o ato do gestor de aplicar os recursos na obra, por si só, motivo insuficiente para ensejar o julgamento pela irregularidade das contas, vez que o MTb liberou os recursos exatamente para esse fim. Concluiu a Unidade Técnica que as alegações do recorrente, comprovadas pelos anexos incluídos no volume principal, trouxeram informações documentadas capazes de justificar a aplicação dos recursos na reforma e ampliação da DRT/MT. Sem deixar de registrar que o processo que culminou na despesa não obedeceu a dispositivos legais e constitucionais, mas que o gestor não agiu de forma discricionária, estando amparado pelos órgãos de consultoria jurídica e de planejamento e orçamento do Ministério do Trabalho, opinamos pelo provimento do recurso. Assim, propôs a Serur: a) conhecer do presente recurso para, no mérito, dar-lhe provimento, tornando insubsistentes os subitens 8.1 e 8.2 do Acórdão nº 210/2000 da Segunda Câmara; b) julgar as contas do recorrente regulares com ressalva, dando-lhe quitação; c) retificar o nº do Decreto constante do subitem 8.4, letra a, para /86; d) estender as determinações contidas no subitem 8.4 ao Ministério do Trabalho; e e) dar ciência ao interessado da decisão que vier a ser proferida (19/22). O Ministério Público anui à proposta supra, por entender que não se caracterizou falha grave para resultar a irregularidade das contas e a cominação de multa, ante a alegada necessidade de reforma e ampliação do prédio em que funcionava a Delegacia, bem como que o gestor efetivamente cumpriu as formalidades relativas à solicitação de recursos para custear tal obra. Ressalta, por fim, que a determinação contida no item 8.4 do decisum recorrido pode ser estendida ao Ministério do Trabalho, tendo em vista a participação de alguns de seus Órgãos no indevido enquadramento orçamentário (fl. 23/4). Voto do Ministro Relator: Preliminarmente, o recurso deve ser conhecido uma vez que atende aos requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 32 e 33, da Lei n 8.443/92.

6 Dois foram os fatos que levaram ao julgamento pela irregularidade das contas do Sr. Saluniel Pinheiros de Campos - infringência à Lei de Diretrizes Orçamentárias, que vedava a realização de despesas com início de construção, ampliação, reforma voluptuária e a aquisição de imóveis administrativos no âmbito da administração pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos poderes; e utilização de dotação imprópria na realização da ampliação do edifício sede da Delegacia Regional do Trabalho no Estado de Mato Grosso - DRT/MT (despesa corrente no lugar de despesa de capital). Para a ocorrência dos fatos supra, foi necessária a ação de várias instâncias do Ministério do Trabalho. Na verdade, observa-se que o Sr. Saluniel solicitou ao aludido Ministério recursos financeiros para a ampliação do edifício sede do DRT e quando foi liberado o dinheiro, o destino era exatamente o objeto então requerido. Assim, não me parece que o gestor tenha usado de qualquer subterfúgio com vistas a utilizar recursos relativos de uma categoria de despesa em outra. Destarte, não havendo dúvida de que o gestor, para a aplicação dos recursos na obra, obedeceu a todas as formalidades legais que lhe cabiam e que, uma vez liberados os recursos pleiteados, foram eles aplicados no objeto acordado sem a ocorrência de prejuízo ao Erário, acolho as propostas exaradas nos autos pela Unidade Técnica e Ministério Público. Isto posto, VOTO por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à deliberação desta Segunda Câmara. T.C.U., Sala das Sessões, em 27 de setembro de ADYLSON MOTTA Interessados: Interessado: Saluniel Pinheiros de Campos Grupo: Grupo I Indexação: Tomada de Contas; DRT MT; Despesa; Pagamento; Execução de Obras e Serviços; Infração; Legislação; LDO; Dotação Orçamentária; Autorização Legislativa; Despesas Correntes; Despesas de Capital; Data da Aprovação:

7 04/10/2001 Unidade Técnica: SERUR - Secretaria de Recursos; Quorum: Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Adylson Motta (Relator), Ubiratan Aguiar e Benjamin Zymler. Ementa: Tomada de Contas. DRT MT. Exercício de Recurso de reconsideração contra acórdão que julgou as contas irregulares, com aplicação de multa ao responsável, ante a realização de despesa com obra de reforma e ampliação da sede da entidade, sem amparo legal, e com a utilização de dotação orçamentária imprópria. Provimento. Contas regulares com ressalva. Quitação. Data DOU: 09/10/2001 Número da Ata: 35/2001 Entidade: Delegacia Regional do Trabalho no Estado de Mato Grosso/MT Processo: / Ministro Relator: ADYLSON MOTTA;