Sérgio Izidoro Heil PRESIDENTE E RELATOR



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Transcrição:

Apelação Cível n. 2011.048624-2, de Itajaí Relator: Des. Sérgio Izidoro Heil APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. ACIDENTE DE TRÂNSITO. NEGATIVA DE SEGURO AO ARGUMENTO DE QUE A AUTORA PERMITIU QUE SEU FILHO MENOR E NÃO HABILITADO DIRIGISSE O AUTOMÓVEL SEGURADO. CONJUNTO PROBATÓRIO CONDIZENTE COM A VERSÃO DA SEGURADORA. AGRAVAMENTO DO RISCO CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 2011.048624-2, da comarca de Itajaí (2ª Vara Cível), em que é apelante Viviane Wippel Moser, e apelada HDI Seguros S/A: A Quinta Câmara de Direito Civil decidiu, por votação unânime, conhecer do recurso e negar-lhe provimento. Custas legais. Participaram do julgamento, realizado nesta data, os Exmos. Srs. Des. Henry Petry Junior e Jairo Fernandes Gonçalves. Florianópolis, 16 de janeiro de 2014. Sérgio Izidoro Heil PRESIDENTE E RELATOR

RELATÓRIO Trata-se de recurso de apelação interposto por Viviane Wippel Moser contra sentença proferida pelo Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da comarca de Itajaí que, nos autos da ação indenizatória n. 033.07.036672-4, ajuizada contra HDI Seguros S/A, julgou improcedente o pedido, condenando a autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais) (fls. 180/186). Alega, em resumo, que: o presente feito não comporta julgamento antecipado; não restou comprovado que o filho menor da recorrente estava conduzindo o veículo no momento do acidente; não é possível reconhecer o agravamento do risco pelo simples fato de que um menor teria dirigido o automóvel; há prova substancial de que a recorrente não autorizou seu filho a dirigir o veículo. Pugna pela reforma da sentença para julgar procedente o pedido inicial. Contra-arrazoado (fls. 209/214), os autos ascenderam a esta Corte de Justiça. VOTO Viviane Wippel Moser insurge-se contra sentença proferida pelo magistrado de primeiro grau, que julgou improcedente seu pedido nos autos de ação de cobrança de seguro intentada contra a seguradora apelada. No caso em tela a recorrente visa a condenação da ré ao pagamento de apólice securitária correspondente ao valor de mercado de veículo sinistrado, mais 10% (dez por cento). De início, ressalto que o julgamento antecipado do feito está adequado, uma vez que as provas documentais existentes, bem como aquelas emprestadas da ação penal relativa ao mesmo evento são suficientes para o exame da lide (art. 330, I, do CPC). Cumpre enfatizar, ainda, que a prova testemunhal produzida na esfera criminal foi colhida na presença do Ministério Público e do mesmo advogado militante nestes autos, Dr. Dalírio Anselmo da Silva, observados, desta forma, os princípios do contraditório e da ampla defesa. Quanto ao mérito, cabe observar, por oportuno, a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor à hipótese, dado que autora e ré se enquadram no conceito de consumidor e de fornecedor, respectivamente, nos termos dos artigos 2º e 3º do aludido diploma legal. A negativa de seguro, in casu, se deu com base na Cláusula 9ª das Condições Contratuais do Seguro HDI Auto, ao argumento de que a proprietária do automóvel teria permitido que seu filho menor e não habilitado dirigisse o veículo segurado, verbis: 9. Perda de Direitos Além dos casos previstos em lei, a HDI Seguros ficará isenta de quaisquer obrigações decorrentes desta apólice se:

[...] d) o sinistro ocorrer e o veículo estiver sendo dirigido por pessoa não habilitada legalmente, entendendo-se como tal, aquela que não possua carteira de habilitação ou cuja habilitação não seja apropriada para a categoria do veículo segurado, ou ainda, a habilitação tenha o prazo do exame de saúde vencido, ou esteja retida, cassada ou suspensa pelas autoridades de trânsito; (fl. 72). No Registro de Ocorrência realizado pela Polícia Militar, consta como condutor do veículo envolvido no acidente Leonardo Wippel Moser, filho da autora. De acordo com os relatos do policial militar que redigiu o histórico da ocorrência, "O condutor do veículo foi conduzido em estado grave pelo ASU até o Hospital Marieta Konder Bornhausen" (fl. 58). Tendo em vista a notícia de que o veículo da autora/apelante estava sendo conduzido por seu filho menor, restou instaurado Termo Circunstanciado, no qual foram colhidas as declarações do filho da autora, do possível condutor do veículo e dos policiais presentes na ocasião dos fatos. Muito embora as declarações colhidas na fase policial sirvam apenas de indícios de prova, são muito importantes quando analisadas concomitantemente a todo o conjunto probatório. Vale transcrevê-las: Guarda Municipal Ricardo Luis Barbosa: [...] que ao chegar no local da ocorrência o socorro médico ali já se encontrava e a informação que obteve junto aos presentes foi de que o condutor do veículo se tratava de uma pessoa menor de idade; que esta informação obteve junto a polícia militar, e inclusive no registro gerado pelo COPOM, consta como condutor LEONARDO WIPPEL MOSER com 17 anos de idade; que o declarante telefonou para a residência do referido menor, onde em conversa com a genitora de Leonardo, para checar sobre o acidente, esta relatou que "tinha entregado" o veículo para seu filho, para que o mesmo fosse até uma agência bancária em Balneário Camboriú sacar dinheiro; que no dia 29/09/2006, compareceu nesta distrital a pessoa de nome HILTON ALCINÉZIO BITTENCOURT, acompanhado de um advogado para registrar a ocorrência, onde este disse ser ele o motorista do veículo astra no momento do acidente; relata também que nesta delegacia foram entregues duas carteiras de identidade de Leonardo, e foi constatado que uma delas é falsa (fl. 59, grifo nosso). Carlos Alberto Vaz Junior, policial militar que também atendeu a ocorrência: [...] lá chegando os bombeiros já tinham conduzido a vítima, o motorista do automóvel GM/Astra para o hospital; que no local apenas estava presente um masculino o qual não foi identificado naquele momento, mas que relatou estar também no veículo, mas nada sofreu; que as informações que o declarante recebeu no local dos fatos davam conta de que o motorista do veículo no momento do acidente se tratava de um masculino menor de idade (fl. 61, grifo nosso). Em juízo, nos depoimentos colhidos na ação criminal, os policiais Ricardo Luiz Barbosa e Carlos Alberto Vaz Junior confirmaram os mesmos fatos relatados na fase policial, vejamos: [...] que quando chegou no local a vítima já tinha sido socorrida pelos bombeiros; que ouviu comentários de pessoas no local de que o rapaz que havia

sido socorrido pelos bombeiros estava dirigindo, e que havia um outro ocupante de carona, que ainda estaria no local; que não chegou a conversar com esse outro ocupante, acredita que seu colega, acredita que de nome Cristian, conversou com ele; [...] que melhor esclarece o que disse na fase policial, confirmando o que falou acima no sentido de que o outro ocupante do veículo relatou estar como carona para o seu outro colega policial" (Carlos Alberto Vaz Junior, fls. 131). [...] que quando chegaram no local a PM lhes informou que o rapaz que havia sido socorrido ao hospital, um menor, era quem dirigia o veículo; que não tem certeza de como a PM obteve essa informação; que depois apareceu um amigo da vítima e disse que também estava no veículo sem precisar se como motorista ou como carona; que depôs na Delegacia de Polícia, confirmando sua assinatura à fl. 36; que confirma o que consta no seu depoimento na fase policial no sentido de que pessoalmente ligou para a casa desse menor que havia sido socorrido, foi atendido pela mãe, que confirmou ter entregue o veículo para o filho ir a uma agência bancária em Balneário Camboriú para sacar dinheiro; que não sabe dizer se quando ligou a genitora já sabia ou não do acidente; que confirma que no dia 29/09 uma pessoa de nome Hilton compareceu na delegacia acompanhado de advogado, para registrar ocorrência, dizendo que era ele, Hilton, quem estaria na direção do veículo; que a PM lhe entregou no local uma carteira de identidade da vítima socorrida e depois apurou-se ser falsa, no que tange à data de nascimento; [...] que a vítima já havia sido socorrida quando lá chegou; que foi o depoente quem fez o B.O. acima referido (Ricardo Luis Barbosa, fls. 132-133, grifo nosso). Extrai-se do depoimento de Leonardo Wippel Moser, filho da autora: [...] que estava no veículo, como caroneiro, no banco da frente; que foi o próprio informante quem pegou as chaves que estavam em um chaveiro na parede da cozinha e as entregou para Hilton, que foi quem dirigiu o carro; que saíram para ir à casa de um amigo do informante, de nome Estefâno que morava em Balneário, onde lá pegariam um outro amigo de nome Samuel para levá-lo para casa, no bairro Itaipava; que sua mãe e seu pai estavam na missa; que estava sem cinto de segurança; que não sabe dizer em que parte do carro passou quando foi jogado para fora do carro; que nunca dirigiu o carro antes, mas seu amigo Hilton sim; [...] que era comum usar o carro para passeio, mas nunca o dirigia, que Hilton e outros eram os que dirigiam; que seus pais só permitiam que amigos habilitados dirigissem; que não se recorda de detalhes do acidente (fls. 141-142, grifo nosso). E de Hilton Alcinesio Bittencourt que, segundo a autora e seu filho, era o condutor do veículo no momento do acidente: [...] que estava com o menor Leonardo no veículo, afirmando o depoente ser o condutor; que saíram da casa de Leonardo em direção à Balneário para darem uma volta; que pelo que sabe Leonardo nunca dirigia o carro; que já dirigiu aquele carro antes; que Leonardo estava sem cinto, feriu-se mais gravemente, e foi socorrido, já o informante foi espontaneamente depois ao hospital do coração no outro dia de manhã, porque sentia dores; que esteve na delegacia uma semana depois para registrar a ocorrência, que só o fez naquela data quando foi procurado pela família; que do local ligou para os bombeiros de um orelhão; que foi ajudado por um terceiro para sair do veículo; que chegou a ajudar no socorro de Leonardo; que saiu pelo lado do motorista; que já saiu mais de dez vezes com

aquele carro, sendo que no dia em que saíram os pais estavam na igreja; que foi o informante quem pegou as chaves e não chegou a pedir permissão aos pais de Leonardo, donos do carro; que estava com cinto; que o carro ficou na pista contrária capotado; que Leonardo ficou a uns 3 ou 4 metros do carro; que não sabe se dava para abrir a porta do carona, que a porta do carona não estava aberta, não sabendo dizer por onde saiu o corpo da vítima; que a PM ainda não estava no local quando a vítima foi socorrida; que pediu, mas os bombeiros não deixaram que acompanhasse a vítima sendo socorrida; que não se apresentou aos PM s quando ali chegaram; que naquele dia pretendiam dar uma volta na Barra Sul; que confirma que foi o próprio depoente quem pegou as chaves que estavam penduradas na parede da cozinha; que foi Leonardo quem convidou para darem a volta; que os pais tinham outro carro, uma Courrier; que esclarece que não viu a PM chegar ao local, saiu antes, só conversou com o bombeiro; que falou de um orelhão do lado da pista de quem vem de Balneário, em frente a um ferro-velho; que não ligou para os pais da vítima porque não lembrou do número (fls. 134-135, grifo nosso). Por fim, o depoimento da autora: [...] que só permitia que amigos de confiança e com habilitação dirigissem; que seu filho já sabia disso e quais os autorizados; que seu filho já havia saído com amigos, estes dirigindo, sem falar com a interroganda; que um policial lhe telefonou umas duas semanas depois do acidente, mas nega ter dito para ele que autorizara seu filho a conduzir o veículo aquele dia; que o policial só perguntou se poderia comparecer a delegacia, quando disse que não em razão da saúde de seu filho; [...] que das saídas anteriores nunca houve acidentes, apreensões ou multas; que era comum Hilton dirigir o carro, confiava nele pois frequentava sua casa assiduamente; que não lembra se procurou Hilton ou este a procurou para registrar a ocorrência; que não lembra se acompanharam Hilton quando do registro da ocorrência (fls. 143-144). Em atenta análise da prova testemunhal, é possível perceber várias contradições entre os depoimentos do filho da autora e de seu amigo Hilton Alcinesio Bittencourt, suposto condutor do veículo segurado, os quais parecem faltar com a verdade. O filho da autora, Leonardo, relatou que foi ele quem pegou as chaves do veículo na parede da cozinha, enquanto que Hilton também disse que pegou as chaves. Leonardo afirmou que iriam para Balneário Camboriú para visitarem dois amigos; de outro lado, Hilton asseverou que iriam para o município vizinho apenas "dar uma volta na Barra Sul". Ora, tais divergências levam a crer na intenção de Leonardo e Hilton de distorcer a realidade dos fatos, de forma a convencer o juízo de que era Hilton Bittencourt quem conduzia o automóvel na ocasião do acidente. Se os fatos tivessem ocorrido da forma narrada pela autora, não haveria razão para que os envolvidos faltassem com a verdade. Conforme registrou, com propriedade, o Magistrado de primeiro grau, é "demais curioso o fato de Hilton evadir-se do local antes da chegada da polícia militar, bem como não aguardar atendimento emergencial para si, tendo em vista a proporção do acidente e os significativos danos causados no veículo, que restaram evidenciados

pelas fotos de fls. 17-20. Da mesma forma causa estranheza Hilton não entrar em contato com a autora e sua família logo após o acidente, porquanto conforme relata a autora, por ser uma pessoa de sua confiança e frequentar assiduamente seu domicílio, certamente Hilton acompanharia a recuperação de Leandro e ainda entraria imediatamente em contato com a autora, o que, estranhamente, não aconteceu" (fl. 185). Chama atenção, ademais, o fato de Hilton dirigir-se à Delegacia de Polícia somente uma semana após o evento para registrar a ocorrência e declarar, na presença de um advogado, ser o condutor do veículo envolvido em acidente de tão significativa proporção. Levando-se em conta os depoimentos prestados, sobretudo as declarações dos policiais - que confirmaram a informação de que era o menor Leonardo, pessoa não habilitada, quem dirigia o automóvel no momento do sinistro - a versão mais coerente com o conjunto probatório constante dos autos é aquela defendida pela seguradora. Cabe observar, por oportuno, que a absolvição da requerente/apelante no juízo criminal (fls. 175/177) em nada altera o resultado desta demanda, porquanto o acórdão respectivo foi fundamentado na ausência de provas para a condenação. Neste sentido: SENTENÇA CRIMINAL. ABSOLVIÇÃO DO PREPOSTO DA EMPRESA TRANSPORTE ELVI S/A POR FALTA DE PROVAS. DECISÃO QUE NÃO SURTE QUALQUER EFEITO NA ESFERA CÍVEL. A absolvição criminal por falta de provas, nos termos do art. 386, VII, do Código de Processo Penal, não gera coisa julgada na esfera cível. (AC n. 2010.036887-9, de Joinville, rel. Des. João Batista Góes Ulysséa, j. 3.10.2013). Portanto, a ausência de provas para condenação na esfera penal não é garantia de improcedência do pedido em demanda indenizatória no âmbito civil. Destaco, ainda, que nada obstante a incidência do Código de Defesa Consumidor à relação jurídica havida entre as partes, com interpretação do contrato de seguro de forma a favorecer a consumidora/segurada, não vislumbro qualquer abusividade na cláusula de exclusão de riscos (objeto desta ação), uma vez que foi redigida de forma nítida e de fácil entendimento, inexistindo qualquer desvantagem passível de nulidade. Sendo assim, caracterizado o descumprimento, pela recorrente, da cláusula contratual de exclusão de risco previamente estipulada, agiu com acerto o magistrado a quo ao julgar improcedente o pedido da segurada. A propósito, já decidiu esta Corte: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - CONTRATO DE SEGURO - VEÍCULO CONDUZIDO POR MENOR NÃO HABILITADO - PROVA TESTEMUNHAL - CAUSA EXONERATIVA DO DEVER DA SEGURADORA DE ARCAR COM O PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO - SENTENÇA CONFIRMADA - INSURGÊNCIA RECURSAL DESPROVIDA (AC N. 2003.001864-6, de Indaial, rel. Des. José Volpato de Souza, j. 10.11.2003). E o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. AÇÃO DE COBRANÇA. VEÍCULO

ENVOLVIDO EM ACIDENTE DE TRÂNSITO CONDUZIDO POR MOTORISTA MENOR DE IDADE. AGRAVAMENTO DO RISCO CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. Trata-se de ação de cobrança de indenização securitária decorrente de contrato de seguro de veículo que objetiva a condenação da seguradora ao pagamento dos danos provocados pelo filho do autor, menor de idade, em acidente de trânsito, julgada improcedente na origem. Não obstante a incidência do Código de Defesa Consumidor à relação jurídica havida entre as partes, e mesmo que o contrato em testilha tenha sido analisado com o olhar favorecido para o consumidor, não há como considerar a cláusula de exclusão de riscos (enfoque da lide), por si só, abusiva, pois esta foi redigida de forma nítida e de fácil entendimento ao consumidor, parte hipossuficiente da relação, inexistindo atribuição de desvantagem exagerada ao aderente. A apólice sub judice, destarte, observou o dever de informação preconizado no art. 6º, inc. III, do CDC. Afora isso, a liturgia do caput do artigo 757 do Código Civil estabelece que a seguradora obrigar-se-á apenas pelos riscos predeterminados, ou então, pelos riscos assumidos, de sorte que sua interpretação possibilita a eleição de riscos sobre os quais recairá a cobertura securitária, bem como a exclusão daqueles que não pretende garantir. In casu, configurou-se legítima a negativa da cobertura securitária por parte da seguradora, mormente porque o veículo sinistrado, no momento do acidente, estava sendo conduzido por pessoa não habilitada, menor de idade, e, dessa forma, configurou-se o risco sobre o qual a seguradora não está obrigada a responder, a teor da pactuação da cláusula 4.1. Com efeito, o autor não logrou êxito em comprovar a ausência do agravamento do risco, ex vi legis do artigo 333, inciso I, do CPC. Malgrado o demandante tenha alegado que não teria sido intencional a situação do sinistro, mas resultante da utilização por terceiro não autorizado, tendo em vista que nunca deu autorização para o seu filho menor conduzir o veículo, o panorama probatório não socorre o direito pretendido, uma vez que insuficiente e sem foro de convencimento. Se o demandante/segurado quisesse alcançar verossimilhança em suas alegações, deveria ter se valido de outras provas, inclusive a testemunhal, mas, todavia, quando intimado para se manifestar acerca do interesse na produção de provas silenciou a respeito. Não há falar em impossibilidade de produção de prova negativa, pois poderiam ter sido arroladas testemunhas a fim de corroborar as alegações de que o menor de idade não sabia dirigir e de que os seus pais jamais lhe emprestaram o carro, que ele se apropriou indevida e desautorizamente das chaves do veículo, o que não ocorreu. Ademais, além de o motorista do veículo segurado não possuir habilitação, por ser menor de idade, estava sob a influência de álcool, circunstância que, por evidente, contribuiu para a ocorrência do sinistro e o agravamento do risco do contrato de seguro, mormente em face da dinâmica do acidente (colisão em um muro sem referência de envolvimento de outro (s) veículo (s)). APELAÇÃO DESPROVIDA. (AC n. 70042852442, rel. Des. Niwton Carpes da Silva, j. 4/4/2013). Por conta de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e negar-lhe provimento, mantendo-se a sentença de improcedência.