PIBID e educação inclusiva: contribuições para a formação inicial de professores de química

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Transcrição:

PIBID e educação inclusiva: contribuições para a formação inicial de professores de química Joana de Jesus de Andrade (PQ), Daniela Gonçalves de Abreu (PQ), Mirella Araújo Nosete (IC), João Francisco Tasso (IC) Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo CAPES - PIBID Eixo 2: Ciências Exatas e da Terra RESUMO Neste texto são apresentados os relatos de atividades bem como os resultados das ações efetivas desenvolvidas por alunos do curso de Licenciatura em Química da FFCLRP/USP em uma escola Estadual da cidade por meio do subprojeto PIBID-Química. O grupo PIBID- Química RP atua em duas escolas, mas neste texto são discutidas apenas ações de uma escola que tem como diferencial o atendimento a alunos com deficiência visual. As atividades na escola Estadual Cid de Oliveira Leite iniciaram em março de 2014 e até o momento já foram feitos acompanhamento dos alunos da escola nas aulas de química e, em especial, tem acontecido o acompanhamento de oito alunos com deficiência visual que frequentam o ensino médio regular. Além da limpeza e organização do laboratório, acompanhamento das aulas, desenvolvimento de aulas teóricas e práticas, realização de feiras de ciências e teatro, existem planejamentos quinzenais e, neste segundo semestre os licenciandos tem atuado diretamente na ADEVIRP. A experiência desse grupo com a demanda de ensinar química a alunos com deficiência visual tem sido um desafio sustentado teórica e metodologicamente pelos preceitos da Psicologia Histórico-Cultural e acontece, portanto, por meio de ações especificas na escola e por meio de estudos dirigidos na Universidade. INTRODUÇÃO Quando a expressão educação especial aparece no cenário brasileiro, esta já vem associada a uma dicotomia (im)posta antes mesmo de sua criação: a ideia de que existem alguns alunos que são especiais. As nomenclaturas têm sido alteradas e, atualmente, o que temos é uma educação especial na perspectiva de uma educação inclusiva (KASSAR, 2011). Esses novos modos de dizer da educação, do outro e da escola têm gerado muitas dúvidas e diferentes posturas entre professores das escolas que recebem muitos alunos considerados, por algum (ou qualquer) motivo especiais. O caráter especial atualmente tem

sido relativizado e é nesse cenário que destacamos que as experiências que trazemos dizem respeito a alunos todos especiais porque dependentes de um outro para ensinar buscam, na complexidade das relações sociais produtoras de conhecimento, crescer/desenvolver. Entende-se, portanto, que o caráter de especialidade tem sido encontrado na atitude responsiva e ativa dos(as) professores(as) que acolhem o convite para melhorar a sua prática pedagógica com todos os seus alunos, na excepcionalidade do ato de ensinar. É sobre esses alunos e professores e licenciandos especiais que este texto trata. Apresenta-se neste relato as experiências e os resultados obtidos por meio do desenvolvimento, no primeiro semestre de 2014, do Subprojeto PIBID_Química RP na escola Estadual Cid de Oliveira Leite na cidade de Ribeirão Preto. O referido subprojeto acontece em duas escolas estaduais diferentes sendo que em uma delas há o acompanhamento de 12 bolsistas e dois professores supervisores e na outra (Cid) há o acompanhamento de 10 graduandos do curso de Licenciatura em Química FFCLRP/USP e dois supervisores (um professor de Química e uma Professora de Educação Especial). A escola Cid de Oliveira Leite é considerada uma escola polo no atendimento de alunos com deficiência visual e, desde 1998, recebe alunos matriculados em classes regulares de mais de 30 municípios da região, compondo um quadro atual com 20 alunos com algum tipo de deficiência visual que frequentam tanto o Ensino Fundamental quanto Médio. A escola conta com uma sala de recursos visuais e uma professora especializada que atende os alunos da escola, tanto na escola quanto em contra turno na Associação de Deficientes Visuais de Ribeirão Preto ADEVIRP. O objetivo do subprojeto na escola Cid baseia-se no acompanhamento de todos os alunos nas aulas de química mas, em especial, os alunos com algum tipo de comprometimento visual. Objetivando, portanto, contribuir para uma melhor inclusão dos alunos com deficiência visual durante as aulas e procurando ajudar a amenizar os problemas que encontram em salas de aula derivados das metodologias de ensino, dos recursos didáticos, das formas de acesso aos conteúdos, dentre outros. Baseados na Teoria da Atividade de Leontiev, nas contribuições da Neuropsicologia de Luria e na Abordagem Histórico-Cultural (2012) busca-se o ensino dos alunos no conteúdo de química, mas também a compreensão da aprendizagem em seus aspectos biopsico-socias, e a compreensão dos meandros que compõem o ato de ensinar ao outro. Atentos aos conceitos caros às estes referenciais teóricos, as duas coordenadoras do referido subprojeto procuram manter uma dinâmica de estudos teóricos e metodológicos constantes com discussões acerca das formas de mediação, das ações propositivas em

termos de metodologias de ensino, na atenção aos processos de elaboração conceitual e na formação inicial de professores ciente de seu papel crítico, reflexivo e responsivo. As ações entre o total de 22 bolsistas, quatro supervisores e duas coordenadoras acontecem em parceria e de modo direto e intencional na melhoria da qualidade de ensino de ciências/química e na qualificação dos profissionais da educação tanto na formação inicial quanto na formação continuada de professores. MATERIAIS E MÉTODOS OU DESENVOLVIMENTO As atividades do subprojeto PIBID_Química na Escola Estadual Cid de Oliveira Leite acontecem seguindo o plano de reuniões quinzenais entre todos os participantes com objetivo de discutir, avaliar e programar as ações de cada semana na escola e na ADEVIRP; acompanhamento diários dos licenciandos na escola nas aulas de química utilizando para isso de variados recursos didáticos como livros, apostilas, vídeos, aulas no laboratório de informática e no laboratório de ciências/química. E, no segundo semestre de 2014 houve uma divisão do grupo de alunos sendo que cinco alunos permanecem na escola e cinco alunos frequentam a ADEVIRP e, além do auxílio nas aulas de química e de ciências, transcrição de provas em Braille os licenciandos ainda acompanham os alunos em atividades como: educação física adaptada, atletismo, aulas de interpretação de textos, informática, A.V.D. (atividades da vida diária), O&M (orientação e mobilidade), aulas de canto, flauta, violão, teclado, estúdio, natação, biodança, xadrez e outros. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados das ações desenvolvidas estão organizadas em cinco itens que expressam momentos importantes do trabalho até o momento. 1- Acompanhamento com a Prof. Patrícia na sala de Recursos visuais Com a experiência do acompanhamento com a professora foi possível aprender o sistema Braille e aprender também a como lidar com os alunos deficientes visuais, sejam eles cegos ou com baixa visão. Estas aprendizagens, por parte dos licenciandos, tem sido voltada para o ensino do conteúdo, mas também para provocar no aluno o interesse pela matéria sem torná-lo uma exceção da turma. Passados já seis meses de subprojeto na referida escola e sabendo o sistema Braille, tem sido possível elaborar materiais de química para os alunos que leem através desse sistema. A permanência na sala de recursos durante o primeiro semestre de 2013 possibilitou aprendizagens voltadas para o modo de abordagem, modo de orientação e ajuda, modo de falar e interagir com pessoas com

deficiência visual. Essas aprendizagens, apesar de marginais no ensino de química, são centrais na prática da docência que logo se efetivará para os licenciandos do grupo. No exercício de aprender a ensinar os alunos videntes, cegos e com baixa visão, os licenciandos já se acostumaram em sala de aula a ver os alunos com netbooks pedindo para ditarem enquanto os mesmos escrevem e outras vezes a desenhar nos cadernos aquilo que eles não identificam na lousa. Essa experiência tem sido relatada como muito gratificante, pois as aprendizagens para todos tem sido muito intensas. Nessa parte do trabalho os licenciandos tem trabalhados com a preparação de materiais didáticos adaptados, bem como com diversos materiais (Tabela Periódica, diagrama de Pauling, gráficos de reações química, modelos moleculares) em Braille ou em autorrelevo. 2 Acompanhamento das aulas com o Professor Marcos em sala de aula Com o professor Marcos, os pibidianos tem tido a experiência de entrar pela primeira vez em sala de aula como futuros professores de química. Nas aulas tem sido possível acrescentar informações no conteúdo que o professor vem abordando, bem como reconhecer os limites e as relações complexas entre: as demandas do currículo oficial, as demandas do interesse dos alunos, as questões de tempo, de (in)disciplina, de modos de utilização dos recursos didáticos, etc. Além disso, também existem interações entre os alunos com orientações sobre vestibulares, curiosidades científicas, recursos na Internet relacionados com ciências e química, etc. Tanto os alunos D.V como os outros alunos aceitaram muito bem os pibidianos em sala de aula e, de acordo com o Professor, estão demonstrando mais interesse sobre a matéria, aumentaram as notas nas avaliações e sentem falta da ajuda oferecida a eles nas aulas de química, em outras matérias. 3 Aulas Experimentais no Laboratório A primeira ação feita no laboratório da escola foi a organização e limpeza. Depois disso foram feitos pelo menos dois experimentos por bimestre para cada ano do Ensino Médio. Essas aulas são feitas com aproximadamente quinze alunos de cada vez, sendo que os outros alunos permanecem na sala convencional com o professor Marcos. Obviamente, essas aulas têm sido muito requisitadas e despertaram o interesse dos alunos pela área de química. Essa situação de ter alunas experimentais para cada conteúdo abordado na disciplina é uma experiência única e muito diferenciada do restante das escolas públicas do país. Para o mês de novembro de 2014 estão sendo organizados experimentos que sejam de interesse da comunidade para serem apresentados na Feira de Ciências da escola. Além

disso haverá um teatro sobre a história do átomo e uma sala organizada pelos alunos deficientes visuais chamada Trilha das sensações. 4 Cursos Complementares (WebQDA) O curso foi oferecido por uma professora especializada vinda de São Paulo e com formação em Portugal. Pretende-se futuramente introduzir todos os dados do projeto no software para maior comunicação entre os pibidianos e os professores. 5 Planejamento e avaliações coletivas No começo do projeto o grupo chegou no acordo de realizar uma reunião do grupo, no campus da USP-RP, as sextas-feiras as 14:00. Nessas reuniões tem sido abordadas ações futuras, as experiências dos pibidianos em sala de aula, planejamento do mês, temas para aulas práticas, dentre outros assuntos. Vendo que o grupo já havia se organizado e estava conseguindo comunicar-se por e-mail, redes sociais, etc. Observou a necessidade de se reunir a cada 15 dias apenas, mas sempre mantendo contato entre os pibidianos, professores e coordenadora. CONSIDERAÇÕES FINAIS O que torna todo processo relatado como especial é a disposição de pensar junto o ensino, rever conhecimentos pelo diálogo com o outro, reconhecer a diversidade da escola e a necessidade de transformação da realidade. Esta experiência tem impactado tanto a realidade escolar quanto a formação dos licenciandos e também dos professores do ensino médio e universitário. Cientes de que os ganhos desse Programa têm sido aventados em diversos outros trabalhos, percebe-se que tal iniciativa tem contribuído substancialmente tanto para a formação inicial dos licenciandos e para a formação continuada professores envolvidos quanto para a a melhoria do ensino público do país. REFERÊNCIAS KASSAR, M. Educação especial na perspectiva da educação inclusiva: desafios da implantação de uma política nacional. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 41, p. 61-79, jul./set. 2011. Editora UFPR. VIGOTSKII, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2012. 228 p.